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A força do ideal

O ideal espírita é de fraternidade, e possui força incalculável de trabalho
em prol do progresso e felicidade do homem.

Estivemos em jornada de palestras, em região muito querida de São Paulo, convivendo
com muitos companheiros e nos Centros Espíritas. Experiência valiosa, como sempre,
vivendo os frutos da fraternidade.

Na oportunidade, ficamos a meditar sobre a importância do Centros Espíritas e
suas atividades. Em toda parte, a influência da Doutrina Espírita inspira grupos
e seareiros ao aprimoramento das tarefas. Com o próprio progresso humano, nota-se
modernização dos Centros e interesse crescente pela qualidade do que se faz….
Isso demonstra claro comprometimento com o ideal espírita. Hoje, respira-se, no
movimento, a consciência de que é preciso estudar e divulgar. Estudar para compreender
exatamente os fundamentos e objetivos da Doutrina, e divulgar, amplamente, para
torná-la conhecida.

Esses caminhos – estudar e divulgar – formarão espíritas conscientes, e essa
meta deve ser perseguida de maneira permanente, para evitar-se os equívocos e distorções
ainda existentes no Espiritismo.

O ideal espírita é de fraternidade, e possui força incalculável de trabalho em
prol do progresso e felicidade do homem. Verifique-se, por exemplo, o ambiente em
que se vive quando há afinidades, quando superam-se os velhos inimigos da vaidade,
da concorrência ou disputa por posições, por imposição de idéias… Neste caso de
conquista de ambientes fraternos, onde estão superados os melindres ou o pisar em
“cascas de ovos”, é onde se espelha o verdadeiro ideal Espírita, o ideal da fraternidade.

Veja-se o exemplo de espíritas que são amigos entre si, antes de serem espíritas.
Gostam de estar juntos, desfrutam o prazer da convivência e, por conseqüência, realizam
muito. Essa é a meta a ser alcançada pelos grupos e seus integrantes: serem amigos
antes de tudo. Já que nos aproximamos pelo ideal da Doutrina, que nos esforcemos
por ser, também, amigos uns dos outros. As disputas internas e a imposição
de idéias, somadas ao orgulho ferido é que tem posto a perder muitas e nobres iniciativas.

Quando integrados, unidos, amigos, pela força do ideal espírita, encontraremos,
sim, grupos fortes, trabalhando, produzindo muito pelo estudo, pela divulgação,
pela assistência aos necessitados. Grupos que têm uma marca forte de progresso,
de realizações , de influência decisiva nos ambientes em que atuam.

É admirável, por exemplo, em nossos dias – e, diga-se, assim como no passado
-, os esforços pela divulgação. No caso de palestras, verifica-se, em toda parte,
os planejamentos para a realização de semanas, eventos, congressos, ou mesmo palestras
ocasionais. Os expositores se esforçam, levam a mensagem, os organizadores se esmeram,
o público é beneficiado, a Doutrina é reconhecida. O intercâmbio entre as casas
e cidades que utilizam, às vezes, o mesmo expositor que viajou e aproveitou para
visitar cidades vizinhas, é notável iniciativa, pois que, proporcionando a convivência
entre os espíritas, aproxima-os. Muitas vezes, pessoas que nem se conhecem já passam
a se abraçar, e vibrar. Tudo por força do ideal espírita.

Por outro lado, verifique-se o público das palestras. A maioria é formada por
simpatizantes, novatos, pessoas que estão buscando a lógica e o esclarecimento da
Doutrina. Estudiosos e conhecedores, mesmo, são poucos. A maioria é de aproximação
recente. E, por tendência natural, essa maioria constitui-se de pessoas tímidas,
que esperam por estímulos para, verdadeiramente, se integrarem ao trabalho espírita
e ao conhecimento. Surge, aqui, a grande responsabilidade das Casas, de seus dirigentes
e expositores, pois se trata da matéria prima dos Centros: o público e o conhecimento
a espalhar, explicar, divulgar… Somente a vivência consciente consegue transmitir
o entusiasmo e dinamismo que são próprios da Doutrina. E transmitir para que contagie
o público, com a força do ideal.

Mas, para alcançar-se essa vivência consciente, há que se conquistar, primeiro,
o ideal da fraternidade, que surge com a amizade pura, vibrante, desinteressada.

Quando verdadeiros amigos estão reunidos, não há outro interesse senão o de desfrutar
da convivência. É isso que os espíritas precisamos alcançar dentro de nossas Casas,
pois estaremos “privilegiados” pelo conhecimento que a Doutrina traz. O que estamos
esperando para transformar nossas Casas em pólos de conhecimento em favor uns dos
outros?

O ideal, já o temos. O conhecimento, também. Falta, agora, aplicar a mensagem
há tanto ensinada, para vencer a desagradável e insensata tentativa da imposição
de idéias.

Querem outro exemplo? Veja–se o caso da acomodação, da indiferença, verificadas
com relação a outros esforços – que o leitor poderá relacionar de suas próprias
experiências. Por que ela existe, sobrecarregando os ombros de um ou dois? Por que
uns se esforçam tanto e levam críticas, “pancadas”, ou mesmo desagradáveis ataques
verbais, ocultos ou diretos?

A força que os move é a do ideal. Quem conhece, sabe que tem que agir. E os outros,
por que ficam à distância, à margem dos acontecimentos para criticar?

Falta-lhes a conquista deste ideal, falta-lhes verificar, pessoalmente, a força
da fraternidade, da vivência consciente. Muitas vezes, surpreendo-me com essa indiferença,
mas, depois, já concluo que agem assim por desconhecerem completamente as maravilhas
dessas conquistas. Quem vive, sabe… Conquistemos, pois, quem ainda não sabe!

Por isso, nada melhor que levar adiante este magnífico ideal, mesmo que à custa
de incompreensões ou ingratidão, pois que ele representa o ideal maior da Humanidade.

 

(Dirigente Espírita Nº 59 – Maio/Junho de 2000)