Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu,
porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para
que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque ele faz nascer o seu sol
sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Porque, se amardes os
que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E,
se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios
também o mesmo? Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai
celeste.
Mateus 5.43-48
Talvez nenhum ensinamento de Jesus seja, hoje, tão difícil de ser seguido
como este mandamento do “amai os vossos inimigos”. Há mesmo quem
sinceramente julgue impossível colocá-lo em prática. Consideramos fácil amar
quem nos ama, mas nunca aqueles que abertamente e insidiosamente procuram
prejudicar-nos. Outros ainda, como o filósofo Nietzsche, sustentam que a
exortação de Jesus para amarmos os nossos inimigos prova que a ética cristã se
destina somente aos fracos e aos covardes, e nunca se pode aplicar aos corajosos
e aos fortes. Jesus – dizem eles – era um idealista sem sentido prático.
Apesar dessas dúvidas prementes e persistentes objeções, o mandamento de
Jesus desafia-nos hoje com nova urgência.
Insurreições sobre insurreições demonstram que o homem moderno caminha ao
longo de uma estrada semeada de ódios, que fatalmente o conduzirão à destruição
e à condenação. O mandamento para amarmos os nossos inimigos, longe de ser uma
piedosa imposição de um sonhador utópico, é uma necessidade absoluta para
podermos sobreviver. O amor pelos inimigos é a chave para a solução dos
problemas do nosso mundo. Jesus não é um idealista sem sentido prático; é um
realista prático.
Estou certo de que Jesus compreendeu a dificuldade inerente ao ato de amar os
nossos inimigos. Nunca pertenceu ao número dos que falam fluentemente sobre a
simplicidade da vida moral. Sabia que toda a verdadeira expressão de amor nasce
de uma firme e total entrega a Deus. Quando Jesus diz: “Amai os vossos
inimigos”, não ignora a dificuldade dessa imposição e conhece bem o
significado de cada uma das suas palavras. A responsabilidade que nos cabe como
cristãos é a de descobrir o significado desse mandamento e procurar
apaixonadamente vivê-lo toda a nossa vida.
Como Amar os nimigos?
Agora sejamos práticos e formulemos a pergunta: Como devemos nós amar os
nossos inimigos?
Temos, primeiro, de desenvolver e manter a capacidade de perdoar. Aquele que
não perdoa, não pode amar. É mesmo impossível iniciar o gesto de amar o inimigo
sem a prévia aceitação da necessidade de perdoar sempre a quem nos faz mal ou
nos injuria. Também é preciso compreender que o ato do perdão deve partir sempre
de quem foi insultado, da vítima gravemente injuriada, daquele que sofreu
tortuosa injustiça ou ato de terrível opressão. É quem faz o mal que requer o
perdão. Deve arrepender-se e, como o filho pródigo, retomar o caminho do
regresso de coração ansioso pelo perdão. Mas só o ofendido, seu próximo, pode
realmente derramar as águas consoladoras do perdão.
O perdão não significa ignorância do que foi feito ou imposição de um rótulo
falso em uma má ação. Deve significar, pelo contrário, que a má ação deixe de
ser uma barreira entre as relações mútuas. O perdão é o catalisador que cria a
atmosfera necessária para de novo partir e recomeçar; é alijar um fardo ou
cancelar uma dívida. As palavras “perdôo-te, mas não esqueço o que fizeste”
não traduzem a natureza real do perdão. Nunca ninguém, decerto, esquece, se
isso significar varrer totalmente o assunto do espírito; mas quando perdoamos,
esquecemos, no sentido em que a má ação deixa de constituir um impedimento para
estabelecer relações. Da mesma maneira, nunca devemos dizer: “Perdôo-te, mas
já não quero nada contigo”. Perdão significa reconciliação, um regresso a
uma posição anterior; sem isso, ninguém pode amar os seus inimigos. O grau da
capacidade de perdoar determina o da capacidade de amar os inimigos.
Em segundo lugar, temos de reconhecer que a má ação de um nosso próximo,
inimigo, – ou seja, aquilo que magoa, – nunca exprime a sua completa maneira de
ser. É sempre possível descobrir um elemento de bondade no nosso inimigo. Existe
algo de esquizofrênico em cada um de nós, que divide tragicamente a nossa
própria personalidade, e trava-se uma persistente guerra civil dentro das nossas
vidas. Há em nós alguma coisa que nos obriga a lamentarmo-nos com o poeta latino
Ovídio: “Vejo e aprovo o que é melhor, mas sigo o que é pior”, e ou como
Platão, que comparava a pessoa humana a um cocheiro que guiasse dois cavalos
possantes, e cada um deles puxasse o carro em direções opostas. Também podemos
repetir o que disse o Apóstolo Paulo: “Pois não faço o que prefiro e sim o
que detesto”.
Isso significa muito simplesmente que naquilo que temos de pior há sempre
algo de bom, assim como no melhor existe algo de mau. Quando percebemos isso,
sentimo-nos menos prontos a odiar os nossos inimigos. E quando olhamos para além
da superfície ou para além do gesto impulsivo de maldade, descobrimos em nosso
próximo um certo grau de bondade, e percebemos que o vício e a maldade dos seus
atos não traduzem inteiramente aquilo que ele de fato é. Observamo-lo a uma nova
luz. Reconhecemos que o seu ódio foi criado pelo medo, orgulho, ignorância,
preconceito ou mal-entendido, mas vemos também que, apesar disso tudo, a imagem
de Deus se mantém inefavelmente gravada no seu ser. Amamos os nossos inimigos
porque sabemos então que eles não são completamente maus, nem estão fora do
alcance do amor redentor de Deus.
Em terceiro lugar, não devemos procurar derrotar ou humilhar o inimigo, mas
antes granjear a sua amizade e a sua compreensão. Somos capazes, por vezes, de
humilhar o nosso maior inimigo: há sempre, inevitavelmente, um momento de
fraqueza em que podemos enterrar no seu flanco a lança vitoriosa, mas nunca
deveremos fazê-lo. Todas as palavras ou gestos devem contribuir para um
entendimento com o inimigo e para abrir os vastos reservatórios onde a boa
vontade está retida pelas paredes impenetráveis do ódio.
Não devemos confundir o significado do amor com desabafo sentimental; o amor
é algo de mais profundo do que verbosidade emocional. Talvez que o idioma grego
nos possa esclarecer sobre este ponto. O Novo Testamento foi escrito em grego; e
em sua versão original há três palavras que definem o amor. A palavra eros
traduz uma espécie de amor estético ou romântico. Nos diálogos de Platão,
eros significa um anseio a alma dirigido à esfera divina. A segunda palavra
é philia, amor recíproco e afeição íntima, ou amizade entre amigos.
Amamos aqueles de quem gostamos e amamos porque somos amados. A terceira palavra
é ágape, boa vontade, compreensiva e criadora, redentora para com todos
os homens. Amor transbordante que nada espera em troca, ágape é o amor de
Deus agindo no coração do homem. Nesse nível, não amamos os homens porque
gostamos deles, nem porque os seus caminhos nos atraem, nem mesmo porque possuem
qualquer centelha divina: nós os amamos porque Deus os ama. Nessa medida, amamos
a pessoa que pratica a má ação, embora detestemos a ação que ela praticou.
Podemos compreender agora o que Jesus pretendia quando disse: “Amai os
vossos inimigos”. Deveríamos sentir-nos felizes por Ele não ter dito:
“Gostai dos vossos inimigos”. É quase impossível gostar de certas pessoas;
“gostar” é uma palavra sentimental e afetuosa. Como podemos sentir afeição por
alguém cujo intento inconfessado é esmagar-nos ou colocar inúmeros e perigosos
obstáculos em nosso caminho? Como podemos gostar de quem ameaça os nossos filhos
ou assalta as nossas casas? É completamente impossível. Jesus reconhecia, porém,
que o amar era mais do que o gostar. Quando Jesus nos convida a
amar os nossos inimigos, não é ao eros nem à philia que se refere,
mas ao ágape, compreensiva e fecunda boa vontade redentora para com todos
os homens. Só quando seguimos esse caminho e correspondemos a esse tipo de amor,
ficamos aptos a ser filhos do nosso Pai que está nos céus.
POR QUE Amar os Inimigos?
Saltemos agora do prático como para o teórico porquê.
Por que devemos amar os nossos inimigos? A principal razão é
perfeitamente óbvia: retribuir o ódio com o ódio multiplica o ódio e aumenta a
escuridão de uma noite já sem estrelas. A escuridão não expulsa a escuridão, só
a luz o pode fazer. O ódio não expulsa o ódio: só o amor o pode fazer. O ódio
multiplica o ódio, a violência multiplica a violência e a dureza multiplica a
dureza, numa espiral descendente que termina na destruição. Quando, pois, Jesus
diz: “amai os vossos inimigos”, é uma advertência profunda e decisiva que
pronuncia. Não chegamos nós, em nosso mundo moderno, a uma encruzilhada onde
nada mais resta do que amar os nossos inimigos? A cadeia de reação ao mal, –
ódios provocando ódios, guerras gerando guerras – tem de acabar, sob pena de
sermos todos precipitados no abismo sombrio do aniquilamento.
Outro motivo por que devemos amar os nossos inimigos são as cicatrizes que o
ódio deixa nas almas e a deformação que provoca na nossa personalidade.
Conscientes de que o ódio é um mal e uma força perigosa, pensamos muitas vezes
nos efeitos que exerce sobre a pessoa odiada e nos irreparáveis danos que causa
nas suas vítimas. Podemos avaliar as suas terríveis conseqüências na morte de
seis milhões de judeus, ordenada por um louco obcecado pelo ódio, cujo nome era
Hitler; na inqualificável violência exercida por turbas sanguinárias sobre os
negros, ou ainda nas terríveis indignidades e injustiças perpetradas contra
milhões de filhos de Deus por opressores sem consciência.
Mas há ainda outro aspecto que não podemos omitir. O ódio é também
prejudicial para a pessoa que odeia. É como um cancro incurável que corrói a
personalidade e lhe desfaz a unidade vital. O ódio destrói no homem o sentido
dos valores e a sua objetividade. Faz com que ele considere bonito o que é feio
ou feio o que é bonito, confunda o verdadeiro com o falso, ou vice-versa.
O Dr. E. Franklin Frazier, no seu interessante ensaio “The Pathology of Race
Prejudice” cita vários exemplos de pessoas brancas normais, simpáticas e
acessíveis no seu trato do dia-a-dia com outros brancos, e que reagem com
inconcebível irracionalidade e anormal descontrole quando alguém alude à
igualdade dos negros, ou ao problema da injustiça racial. Ora, isso acontece
quando o ódio invadiu o nosso espírito. Os psiquiatras afirmam que muitas coisas
estranhas passadas em nosso subconsciente e grande parte dos nossos conflitos
íntimos são criados pelo ódio. Dizem eles: “ama ou morrerás”. A
psicologia moderna reconhece a doutrina que Jesus ensinou há muitos séculos: o
ódio divide a personalidade, e o amor, de maneira espantosa e inexorável,
restabelece-lhe a unidade.
Um terceiro motivo por que devemos amar os nossos inimigos é que o amor é a
única força capaz de transformar o inimigo em um amigo. Nunca nos livraremos de
um inimigo opondo o ódio ao ódio – só o conseguiremos, libertando-nos da
inimizade. O ódio, pela sua própria natureza, destrói e dilacera; e também pela
sua própria natureza, o amor é criador e construtivo: a sua força redentora
transforma tudo.
Lincoln experimentou o caminho do amor e legou à História um drama magnífico
de reconciliação. Quando da sua campanha eleitoral para Presidente, um dos seus
mais acérrimos inimigos era um homem chamado Stanton que, por qualquer razão,
odiava Lincoln. Todas as suas energias eram empregadas para o diminuir aos olhos
do público e tamanho era o ódio que sentia, que chegava a usar expressões
injuriosas sobre o seu aspecto físico, procurando ao mesmo tempo embaraçá-lo com
as mais azedas diatribes. Mas, apesar de tudo, Lincoln foi eleito Presidente dos
Estados Unidos. Chegou então a hora de constituir o seu gabinete e nomear as
pessoas que, mais de perto, teriam de participar na elaboração do seu programa.
Começou por escolher um ou outro para as diversas pastas e, por fim, foi preciso
preencher a mais importante, que era a da Guerra. Imaginai agora quem ele foi
buscar: nada menos do que o tal homem chamado Stanton. Houve imediatamente
grande agitação lá dentro quando a notícia começou a espalhar-se, e vários
conselheiros vieram dizer-lhe: “O Senhor Presidente está laborando num grande
erro. Sabe quem é esse Stanton? Está lembrado do que ele disse a seu respeito?
Olhe que ele é seu inimigo e vai tentar sabotar a sua política. Pensou bem no
que vai fazer?” A resposta de Lincoln foi nítida e concisa: “Sei muito
bem quem é Stanton, e as coisas desagradáveis que tem dito de mim. Considerando,
porém, o interesse da nação, julgo ser o homem indicado para este cargo”.
Foi assim que Stanton se tornou Secretário da Guerra do governo de Abraão
Lincoln e prestou inestimáveis serviços ao país e ao seu Presidente. Alguns anos
mais tarde, Lincoln foi assassinado e grandes elogios lhe foram feitos. Ainda
hoje milhões de pessoas o veneram como a maior homem da América. H. G. Wells
considerava-o um dos seis maiores vultos da História. Mas de todos os elogios
que lhe fizeram, os maiores são constituídos, decerto, pelas palavras de Stanton.
Junto do corpo do homem que ele odiara, Stanton a ele se referiu como um dos
maiores homens que jamais tivesse existido, e acrescentou: “agora pertence à
História”. Se Lincoln tivesse retribuído o ódio com ódio, ambos teriam ido
para a sepultura como inimigos implacáveis, mas, pelo amor, Lincoln transformou
um inimigo num amigo. Foi essa mesma atitude que tornou possível, durante a
Guerra Civil – e quando os ânimos estavam mais azedos – uma palavra sua a favor
do Sul. Abordado então por uma assistente escandalizada, Lincoln retorquiu:
“Minha Senhora, não será fazendo deles meus amigos que destruirei os meus
inimigos?” Este é o poder do amor que redime.
Apressemo-nos a dizer que não são esses os supremos motivos para amar os
nossos inimigos. Há uma outra razão muito mais profunda para explicar por que
somos intimados a fazê-lo e essa está claramente expressa nas palavras de Jesus:
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis
filhos do vosso Pai celeste”. Somos chamados para essa difícil incumbência
com o fim de realizarmos um parentesco único com Deus. Somos, em potência,
filhos de Deus e, através do amor, essa potencialidade torna-se realidade. Temos
a obrigação de amar os nossos inimigos, porque somente amando-os podemos
conhecer Deus e experimentar a beleza da Sua santidade.
É claro que nada disso é prático. A vida é uma questão de desforra, de
desagravo, de “quem mais faz paga mais”. Quererei eu dizer que Jesus nos manda
amar quem nos magoa e oprime? Não serei eu como a maioria dos pregadores
idealista e pouco prático? Talvez que numa utopia distante – direis vós – a
idéia possa ser realizável, mas nunca neste mundo duro e hostil em que vivemos.
Queridos amigos, seguimos já há muito esses caminhos que consideramos
práticos e que nos conduzem inexoravelmente a uma confusão e a um caos cada vez
maiores. Vêem-se, acumuladas através dos séculos, as ruínas das comunidades que
sucumbiram à tentação do ódio e da violência. Para salvar o nosso país e para
salvar a humanidade, temos de seguir outro caminho. Isso não significa o
abandono dos nossos retos esforços; devemos continuar a empregar toda a energia
para libertarmos este país do pesadelo da injustiça social. Mas nesta emergência
nunca podemos esquecer o nosso privilégio e a nossa obrigação de amar. Ao mesmo
tempo em que detestamos a injustiça social, devemos amar os que praticam tais
injustiças. Será a única forma de criar uma comunidade de amor.
Aos nossos mais implacáveis adversários, diremos: “Corresponderemos à
vossa capacidade de nos fazer sofrer com a nossa capacidade de suportar o
sofrimento. Iremos ao encontro da vossa força física com a nossa força do
espírito. Fazei-nos o que quiserdes e continuaremos a amar-vos. O que não
podemos, em boa consciência, é acatar as vossas leis injustas, pois tal como
temos obrigação moral de cooperar com o bem, também temos a de não cooperar com
o mal. Podeis prender-nos e amar-vos-emos ainda. Assaltais as nossas casas e
ameaçais os nossos filhos, e continuaremos a amar-vos. Enviais os vossos
embuçados perpetradores da violência para espancar a nossa comunidade quando
chega a meia-noite, e, quase mortos, amar-vos-emos ainda. Tendes, porém, a
certeza de que acabareis por ser vencidos pela nossa capacidade de sofrimento. E
quando um dia alcançarmos a vitória, ela não será só para nós; tanto apelaremos
para a vossa consciência e para o vosso coração que vos conquistaremos também, e
a nossa vitória será dupla vitória”. O amor é a força mais perdurável do
mundo. Este poder criador, tão belamente exemplificado na vida de nosso Senhor
Jesus Cristo, é o instrumento mais poderoso e eficaz para a paz e a segurança da
humanidade. Diz-se que Napoleão Bonaparte, o grande gênio militar, recordando a
sua anterior época e conquistas, teria observado: “Tanto Alexandre como
César, Carlos Magno ou eu próprio, criamos grandes impérios. Mas onde se
apoiaram eles? Unicamente na força. Jesus, há séculos, iniciou a construção de
um império fundado no amor, e vemos hoje ainda milhões de pessoas que morrem por
Ele”. Ninguém pode duvidar da veracidade dessas palavras. Os grandes chefes
militares do passado desapareceram, os seus impérios ruíram e desfizeram-se em
cinza; mas o império de Jesus, edificado solidamente e majestosamente nos
alicerces do amor, continua a progredir. Começou por um punhado de homens
dedicados que, inspirados pelo Senhor, conseguiram abalar as muralhas do Império
Romano e levar o Evangelho ao mundo todo. Hoje, o reino de Cristo na terra
compreende mais de um bilhão de pessoas e reúne todas as nações ou tribos.
Ouvimos hoje de novo a promessa de vitória:
Jesus há de reinar enquanto o sol
fizer sua viagem cada dia;
o seu Reino irá de costa a costa
até que a lua deixe de mudar.
A que outro coro, alegremente, responde:
Não há em Cristo Leste ou Oeste,
n’Ele não há Norte nem há Sul,
mas a grande unidade do Amor
por toda a vasta terra inteira.
Jesus tem sempre razão. Os esqueletos das nações que o não quiseram ouvir
enchem a História. Que neste século vinte, nós possamos escutar e seguir as suas
palavras antes que seja tarde demais. Possamos nós também compreender que nunca
seremos verdadeiros filhos do nosso Pai do céu sem que amemos os nossos inimigos
e oremos por aqueles que nos perseguem.
Este sermão foi escrito pelo Pastor Martin Luther King, Jr., prêmio Nobel
da Paz em 1964, nascido em Atlanta, Estado da Geórgia, no dia 15 de janeiro de
1929, e assassinado no dia 4 de abril de 1968, com apenas 39 anos de idade, em
Memphis, no Estado de Tennessee. O autor formou-se em Teologia no Seminário
Teológico de Crozer, em Chester, em 1955. Logo depois foi consagrado pastor e
empossado como pastor-auxiliar da Igreja Batista da Avenida Dexter, de
Montgomery, no Alabama. Depois assumiu o pastorado da Igreja Batista Ebenézer de
Atlanta, sua cidade natal. O pastor King Jr. foi o maior líder dos movimentos
contra a segregação racial nos Estados Unidos e seu nome figura na galeria das
maiores personalidades do Século XX.