Conceito – Os lexicógrafos conceituam o sexo como sendo a “conformação
particular do ser vivo que lhe permite uma função ou papel especial no ato da
geração”. Biologicamente, são os “caracteres estruturais e funcionais pelos
quais um ser vivo é classificado como macho ou fêmea…”
A reprodução sexuada é condição inerente aos animais, e entre esses aos
metazoários, sendo necessário particularizar como exceção alguns que são
constituídos por organismos inferiores, cujos processos procriativos obedecem a
leis especiais. Esse processo de reprodução entre os animais sexuados se dá,
obedecendo à faculdade de elaboração de células próprias, tendo a Escola de
Morgan, nas suas pesquisas, classificado e diferenciado as sexuais das
somáticas, que são muito diferentes na constituição do organismo.
Fundamental na espécie humana para o “milagre” procriativo, é dos mais
importantes fatores constitutivos da personalidade, graças aos ingredientes
estimulantes ou desarmonizantes do equilíbrio, de que se faz responsável.
Considerando as conseqüências eugênicas, que o desbordar do abuso vem
produzindo nas sucessivas gerações, pensam alguns estudiosos quanto à
necessidade de ser aplicada a Eutanásia nos “degenerados”, a fim de evitar-se um
“crepúsculo genético”, incorrendo, conseqüentemente, na realização de um
hediondo “crepúsculo ético” de resultados imprevisíveis. Isto, porque o sexo tem
sido examinado, apenas, de fora para dentro, sem que os mais honestos
pesquisadores estejam preocupados em estudá-lo de dentro para fora, o que
equivale dizer: do espírito para o corpo.
Aferrados a crasso materialismo em que se fixam, não se interessam esses
estudiosos pela observância das realidades espirituais, constitutivas da vida,
no que incidem e reincidem, por viciação mental ou simples processo atávico, em
relação aos cientistas do passado.
O sexo, porém, queira-se ou não, nas suas funções importantes em relação à
vida, procede do espírito, cujo comportamento numa existência insculpe na
vindoura as condições emocionais e estruturais necessárias à evolução moral.
Desdobramento – A princípio, considerado instrumento de gozo puro e
simples, através do qual ocorria a fecundação sem maiores cuidados, passou, nas
Civilizações do pretérito, a campo de paixões exorbitantes, que, de certo modo,
foram responsáveis pela queda de grandes Impérios, cujos governantes e povos,
alçados à condição máxima de dominadores, permitiram-se resvalar pelas rampas do
exagero encarregado de corromper os costumes e hábitos, amolentando caracteres e
sentimentos, que culminaram na desagregação das sociedades, que chafurdaram,
então, em fundos fossos de sofrimento e anarquia.
Perseguido e odiado após a expansão da Igreja Romana, transformou-se em causa
de desgraças irreparáveis, que por séculos sucessivos enlutaram e denegriram
gerações.
Pelas suas implicações na emotividade humana, a ignorância religiosa nele viu
adversário soez que deveria ser destruído a qualquer preço, facultando
sucessivas ondas de crimes contra a Humanidade, crimes esses que ainda hoje
constituem clamorosos abusos de que o homem mesmo se fez vítima inerme.
Cultivado, depois, passou pelo período do puritanismo, em que a moral
experimentou conceituação aberrante e falsa, dando lugar a nefandos conúbios de
resultados funestos.
A Sigmund Freud, sem dúvida, o indigne médico vienense, deve-se a liberação
do sexo, que vivia envolto em tabus e preconceitos, quando se propôs examiná-lo
com vigorosa seriedade, tentando penetrar-lhe as nascentes, através do
comportamento histérico e normal dos seus pacientes, tendo em vista a
necessidade de elucidar as incógnitas de larga faixa dos neuróticos e psicóticos
que lhe enxameavam a clínica, e desfilavam, desfigurados, padecendo sofrimentos
ultrizes nos manicômios públicos.
Lutando tenazmente contra a ignorância dos doutos e a estultície dos
ignorantes, arrostando as conseqüências da impiedade e da má-fé da maioria
aferrada ao dogmatismo chão e às superstições a que se vinculavam, teve o
trabalho grandemente dificultado, vendo-se obrigado ao refúgio do materialismo,
transferindo para a libido a responsabilidade por quase todos os problemas em
torno da neurose humana. Graças a isso, passou a ver o sexo em tudo, pecando,
por ocasião da elaboração das leis da Psicanálise, pelo excesso de tolerância a
respeito do comportamento sexual, no que classificou inibições, frustrações,
castrações e complexos do homem como sendo seus próprios problemas sexuais… Os
cooperadores de Freud alargaram um pouco mais os horizontes da análise, sem
contudo, detectarem no espírito as nascentes das distonias emocionais das
variadas psicopatias…
Com a Era Tecnológica, ante as novas realidades sociais, graças à
“civilização de consumo”, o sexo abandonou o recato, a pudicícia, para ser
trazido à praça da banalização com os agravantes do grosseiro desgaste do seu
valor real, num decorrente barateamento, incidindo na vida da comunidade ao
impacto dos veículos de comunicação com o poder da sua ciclópica penetração, da
maneira destruidora, aniquilante…
Elevado à condição de fator essencial em tudo, é agora razão de todos os
valores, produzindo mais larga faixa de desajustados, enquanto se faz mais
vulgar, mais mesquinho, mais brutalizado…
Problemas de exigência psiquiátrica, distonias de realidade esquizóide,
gritando urgência de terapêutica especializada, defecções morais solicitando
disciplina, educação e reeducação constituem manchetes da leviandade, como se
fossem esses ou reais processos da vida e a reflexão como o equilíbrio passassem
a expressões de anomalia carecente de execração…
Transsexualismo e heterossexualidade expulsos dos porões sórdidos da
personalidade humana doentia, deixaram as salas hospitalares e os pátios dos
frenocômios para os desfiles das ruas, acolitados por desenfreada sensualidade,
através de cujos processos mais aumentam as vagas do desequilíbrio.
Incontestavelmente impressos nos painéis do psicossoma os comprometimentos
morais em que o ser se emaranhou, estes impõem a necessidade da limitação, como
presídio de urgência, no homosssexualismo, no hermafroditismo, na frigidez e
noutros capítulos da Patologia Médica, nos casos dos atentados ao pudor,
traduzindo todos eles o impositivo da Lei Divina que convoca os infratores ao
imperioso resgate, de modo a que se reorganizem nesta ou naquela forma,
masculina ou feminina, a fim de moralizar-se, corrigir-se e não se corromper,
mergulhando em processos obsessivos e alucinatórios muito mais graves, que logo
mais padecerão…
Sexo e Espiritismo – Ante quaisquer problemas de ordem sexual, merece
considerar-se a importância da vida, das leis de reprodução, contribuindo para o
fortalecimento das estruturas espirituais na construção da paz interior de cada
um.
Frustração, ansiedade, exacerbação, tormento, tendências inversas e aflições
devem ser solucionados, do espírito em processo de reajuste ao corpo em
reparação.
Mediante a terapêutica da prece e do estudo, da aplicação dos passes e do
tratamento desobsessivo, a par de assistência psicológica ou psiquiátrica
correta, os que se encontram comprometidos com anomalias do corpo ou da emoção,
recuperam a serenidade, reparam os tecidos ultra-sensíveis do perispírito,
reestruturando as peças orgânicas para a manutenção do equilíbrio na conjuntura
reencarnatória.
A preservação da organização genésica na faculdade sublime das suas
finalidades impõe-se como dever imediato para a lucidez do homem convocado ao
erguimento do Novo Mundo de amor e felicidade a que se refere o Evangelho e o
Espiritismo confirma, através do bem a espalhar-se hoje por toda parte,
repetindo a moral do Cristo, insubstituível e sempre atual.
Estudo e Meditação:
“Que efeito teria sobre a sociedade humana a abolição do casamento?
Seria uma regressão à vida dos animais.”
“Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é mais conforme à lei da
Natureza?
A poligamia é lei humana cuja abolição marca um progresso social. O
casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que
se unem. Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade.” (O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, questões 696 e 701.)
“Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espírito que modela o
seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe
desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de
manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua
inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim
que as raças adiantadas têm um organismo, ou se quiserem, um aparelhamento
cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas. Desse modo igualmente se
explica o cunho especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da
fisionomia e às linhas do corpo.” (A Gênese, Allan Kardec, cap. XI, item 11.)
Texto extraído do livro Estudos Espíritas, de Divaldo Pereira Franco pelo
espírito de Joanna de Ângelis.