Há confusões absurdas que estão a ser desfeitas, graças ao maior estudo deste
assunto.
É bem o caso de espiritismo não ser mediunidade.
Ele é doutrina. Ela é fenômeno que está bem longe de só existir ligado aos
espíritas.
Tanto a diferença é notória que, em referência concreta da doutrina e do
fenômeno às pessoas, foram criados por Kardec os neologismos espírita e médium,
naturalmente com significados bem distintos. O primeiro é o adepto da idéia. O
segundo é a pessoa que tem faculdades mediúnicas (aquelas que permitem
intercambiar informação entre este plano de vida e o post mortem; o médium é o
intermediário entre duas dimensões: a espiritual e a material).
O espiritismo não só em nada se assemelha a bruxarias, superstição ou
crendice, como não é já o dissemos também mediunidade. A mediunidade, enquanto
fenômeno paranormal não utilizado, é neutra, serve para o bem ou não. O
espiritismo aponta sempre a edificação do bem. Mas, na prática, há sempre uma
utilização do fenômeno mediúnico! Aqui devemos falar de mediunismo, que é o já
dito fenômeno praticado de acordo com as idéias próprias de quem o pratica,
quaisquer que elas sejam.
Existem, por exemplo, os chamados sincretismos afro-religiosos, como a
umbanda e outros, e existem, por igual, pessoas habituadas às religiões
tradicionais que, talvez por se sentirem insatisfeitas, verificando a existência
concreta do fenômeno mediúnico, passam a praticá-lo, juntando-lhe as suas idéias
pessoais. Depois, usam e abusam da palavra espiritismo e dizem-se espíritas sem
o serem. Mas isso pouquíssimo tem a ver com a doutrina espírita. E porquê
«pouquíssimo»? Simplesmente porque o elo comum, único e singular é a
mediunidade. Mediunidade que é neutra, não tem valores próprios, pois depende
dos valores de quem a utiliza e para quê.
O texto acima é de autoria do Sr. Jorge Gomes – Vice Presidente da Federação
Espírita Portuguesa.