A mediunidade é faculdade inerente a todos os seres humanos, que um dia se apresentará
ostensiva mais do que ocorre no presente momento histórico.
À medida que se aprimoram os sentidos sensoriais, favorecendo com mais amplo
cabedal de apreensão do mundo objetivo, amplia-se a embrionária percepção extrafísica,
ensejando o surgimento natural da mediunidade.
Não poucas vezes, é detectada por características especiais que podem ser confundidas
com síndromes de algumas psicopatologias que, no passado, eram utilizadas para combater
a sua existência.
Não obstante, graças aos notáveis esforços e estudos de Allan Kardec, bem como
de uma plêiade de investigadores dos fenômenos paranormais, a mediunidade vem podendo
ser observada e perfeitamente aceita com respeito, face aos abençoados contributos
que faculta ao pensamento e ao comportamento moral, social e espiritual das criaturas.
Sutis ou vigorosos, alguns desses sintomas permanecem em determinadas ocasiões
gerando mal-estar e dissabor, inquietação e transtorno depressivo, enquanto que,
em outros momentos, surgem em forma de exaltação da personalidade, sensações desagradáveis
no organismo, ou antipatias injustificáveis, animosidades mal disfarçadas, decorrência
da assistência espiritual de que se é objeto.
Muitas enfermidades de diagnose difícil, pela variedade da sintomatologia, têm
suas raízes em distúrbios da mediunidade de prova, isto é, aquela que se
manifesta com a finalidade de convidar o Espírito a resgates aflitivos de comportamentos
perversos ou doentios mantidos em existências passadas. Por exemplo, na área física:
dores no corpo, sem causa orgânica; cefalalgia periódica, sem razão biológica; problemas
do sono – insônia, pesadelos, pavores noturnos com sudorese -; taquicardias, sem
motivo justo; colapso periférico sem nenhuma disfunção circulatória, constituindo
todos eles ou apenas alguns, perturbações defluentes de mediunidade em surgimento
e com sintonia desequilibrada. No comportamento psicológico, ainda apresentam-se:
ansiedade, fobias variadas, perturbações emocionais, inquietação íntima, pessimismo,
desconfianças generalizadas, sensações de presenças imateriais – sombras e vultos,
vozes e toques – que surgem inesperadamente, tanto quanto desaparecem sem
qualquer medicação, representando distúrbios mediúnicos inconscientes, que decorrem
da captação de ondas mentais e vibrações que sincronizam com o perispírito do
enfermo, procedentes de Entidades sofredoras ou vingadoras, atraídas pela necessidade
de refazimento dos conflitos em que ambos – encarnado e desencarnado – se viram
envolvidos.
Esses sintomas, geralmente pertencentes ao capítulo das obsessões simples,
revelam presença de faculdade mediúnica em desdobramento, requerendo os cuidados
pertinentes à sua educação e prática.
Nem todos os indivíduos, no entanto, que se apresentam com sintomas de tal porte,
necessitam de exercer a faculdade de que são portadores. Após a conveniente terapia
que é ensejada pelo estudo do Espiritismo e pela transformação moral do paciente,
que se fazem indispensáveis ao equilíbrio pessoal, recuperam a harmonia física,
emocional e psíquica, prosseguindo, no entanto, com outra visão da vida e diferente
comportamento, para que não lhe aconteça nada pior, conforme elucidava Jesus
após o atendimento e a recuperação daqueles que O buscavam e tinham o quadro de
sofrimentos revertido.
Grande número, porém, de portadores de mediunidade, tem compromisso com a tarefa
específica, que lhe exige conhecimento, exercício, abnegação, sentimento de amor
e caridade, a fim de atrair os Espíritos Nobres, que se encarregarão de auxiliar
a cada um na desincumbência do mister iluminativo.
Trabalhadores da última hora, novos profetas, transformando-se
nos modernos obreiros do Senhor, estão comprometidos com o programa espiritual
da modificação pessoal, assim como da sociedade, com vistas à Era do Espírito imortal
que já se encontra com os seus alicerces fincados na consciência terrestre.
Quando, porém, os distúrbios permanecerem durante o tratamento espiritual, convém
que seja levada em conta a psicoterapia consciente, através de especialistas próprios,
com o fim de auxiliar o paciente-médium a realizar o autodescobrimento, liberando-se
de conflitos e complexos perturbadores, que são decorrentes das experiências infelizes
de ontem como de hoje.
O esforço pelo aprimoramento interior aliado à prática do bem, abre os espaços
mentais à renovação psíquica, que se enriquece de valores otimistas e positivos
que se encontram no bojo do Espiritismo, favorecendo a criatura humana com alegria
de viver e de servir, ao tempo que a mesma adquire segurança pessoal e confiança
irrestrita em Deus, avançando sem qualquer impedimento no rumo da própria harmonia.
Naturalmente, enquanto se está encarnado, o processo de crescimento espiritual
ocorre por meio dos fatores que constituem a argamassa celular, sempre passível
de enfermidades, de desconsertos, de problemas que fazem parte da psicosfera terrestre,
face à condição evolutiva de cada qual.
A mediunidade, porém, exercida nobremente se torna uma bandeira cristã e humanitária,
conduzindo mentes e corações ao porto de segurança e de paz.
A mediunidade, portanto, não é um transtorno do organismo. O seu desconhecimento,
a falta de atendimento aos seus impositivos, geram distúrbios que podem ser evitados
ou, quando se apresentam, receberem a conveniente orientação para que sejam corrigidos.
Tratando-se de uma faculdade que permite o intercâmbio entre os dois mundos –
o físico e o espiritual – proporciona a captação de energias cujo teor vibratório
corresponde à qualidade moral daqueles que as emitem, assim como daqueloutros que
as captam e as transformam em mensagens significativas.
Nesse capítulo, não poucas enfermidades se originam desse intercâmbio, quando
procedem as vibrações de Entidades doentias ou perversas, que perturbam o sistema
nervoso dos médiuns incipientes, produzindo distúrbios no sistema glandular e até
mesmo afetando o imunológico, facultando campo para a instalação de bactérias e
vírus destrutivos.
A correta educação das forças mediúnicas proporciona equilíbrio emocional
e fisiológico, ensejando saúde integral ao seu portador.
É óbvio que não impedirá a manifestação dos fenômenos decorrentes da Lei de
Causa e Efeito, de que necessita o Espírito no seu processo evolutivo, mas facultará
a tranqüila condução dos mesmos sem danos para a existência, que prosseguirá em
clima de harmonia e saudável, embora os acontecimentos impostos pela necessidade
da evolução pessoal.
Cuidadosamente atendida, a mediunidade proporciona bem-estar físico e emocional,
contribuindo para maior captação de energias revigorantes, que alçam a mente a regiões
felizes e nobres, de onde se podem haurir conhecimentos e sentimentos inabituais,
que aformoseiam o Espírito e o enriquecem de beleza e de paz.
Superados, portanto, os sintomas de apresentação da mediunidade, surgem as responsabilidades
diante dos novos deveres que irão constituir o clima psíquico ditoso do indivíduo
que, compreendendo a magnitude da ocorrência, crescerá interiormente no rumo do
Bem e de Deus.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, no dia 10 de julho de 2000,
em Paramirim, Bahia).
(Jornal Mundo Espírita de Março de 2001)