Vive-se atualmente um momento de impasse com a Ciência a demonstrar que podemos
interferir muito mais em assuntos considerados até em tão “sagrados” e, por outro
lado, o crescimento de movimentos religiosos que insistem em “desafiar” a Ciência.
Tais grupos propõem uma visão do mundo em absoluto conflito com a descrição científica
da realidade. Como conciliar esses dois pontos de vista?
Lembremos as antigas escolas de pensamento: cada indivíduo, instituição ou agrupamento
social é atraído ou advoca um ponto de vista de acordo com sua própria bagagem intelectual
e moral. Tal como as abelhas, os indivíduos se afinam uns com os outros de acordo
com seus próprios gostos pessoais e padrões de opinião. Os grandes movimentos religiosos
(de todos os matizes) e agrupamentos científicos são como grandes colméias que atraem
Espíritos afins. Uns veêm Deus em uma simples pedra, outros apenas nos raios do
Sol enquanto que há outros que não acreditam em nada.
Em grande parte o debate toma proporções imerecidas justamente porque ambos os
lados apenas apreendem aspectos parciais da realidade. Mas nos dois lados, o Espírita
deve observar com atenção as descobertas científicas e evidências empíricas que
sempre trazem as novidades do “Livro da Natureza”. Esse foi o primeiro livro
escrito pela mão daquele que criou todo o Universo e que, portanto, tem precedência
natural sobre qualquer outro livro seja ele considerado sagrado ou não.
A Doutrina Espírita apóia e advoca todas as teorias científicas, não tendo nada
contra esse ou aquele posicionamento da Ciência. Sabemos que não existe uma “ciência
oficial”; oficial apenas pode ser a breve opinião de alguma comunidade de cientistas.
Mas a Doutrina Espírita vai mais além por considerar que o Universo teve um começo
bem determinado, uma causa primeira. Essa causa possui inteligência. Além disso,
advoca que somos seres sem fim na criação. O conhecimento espírita é bem o complemento
espiritualista que falta às considerações puramente científicas. Todas as proposições
que pretendem dar andamento seguro ao debate entre a Fé e a Razão passarão pelas
questões e considerações feitas na Doutrina Espírita. Por isso, a Doutrina Espírita,
na minha humilde opinião, é bem o ponto presente de convergência entre Fé e Razão,
entre Ciência e Religião, embora sejam raros os lados do debate que tenham condição
de reconhecer esse fato.
Estejamos certos desse fato e acolhamos com interesse as novas proposições da
Ciência, venham elas de onde for, ainda mais certos de que todas essas coisas estão
previstas nas Leis da Natureza da qual a Doutrina Espírita, através de seus princípios,
também faz parte.
Muita paz,
Editores GEAE
(Retirado do Boletim GEAE Número 478 de 15 de julho de 2004)