Com a proximidade do Natal é comum ouvirmos de algumas pessoas a seguinte frase: “Se pudesse, dormiria dia 23 de dezembro e só acordaria dia 2 de Janeiro.” Mas porque isso acontece?
Enquanto alguns ficam felizes com o balanço de suas ações e projetos concretizados ao longo do ano, outros sofrem pelas pequenas falhas cometidas ou por objetivos não alcançados. Mas há quem sofra pela ausência de parentes já falecidos ou que moram em locais distantes; lembranças melancólicas devido a perdas sentimentais e até mesmo materiais; algum tipo de dificuldade de estar com a família; aumento de estresse e da pressão social ao consumismo excessivo; ou até mesmo a intensificação de uma depressão latente.
“É uma época de cobranças, em que fazemos balanços do que foi conquistado. E isso pode trazer sentimentos de fracasso, baixa autoestima e desesperança”, explica Acioly Lacerda, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
A psiquiatra Paula Borba considera ser este um cenário comum nesta época do ano. “é necessário tentar perceber quais os motivos de cada um, os mais relacionados à esfera dos afetos, memória triste, saudade, problemas de cunho pessoal, religioso ou familiar, mas há uma coisa em comum que é ser um momento de reflexão. As pessoas passam a pensar nas coisas que não realizaram, nas exigências de si mesma, das falhas, dos erros e isso traz uma sensação de tristeza, de frustração. Então passam associar a data a uma reflexão bem pessoal.”, explica.
Para a especialista Juliana Teixeira Fiquer, no final de ano ocorre um “curto-circuito”: “Ao mesmo tempo em que nos é passada a ideia de que o consumismo vai nos realizar como pessoas, nos completar e fazer um Natal mais feliz, nós somos também convocados a repensar nossas vidas; olhar para trás e ver que há vazios”.
Nesta hora “Seja menos rígido e faça as pazes com essa sensação de vazio. Não tente se livrar dela”, sugere a psicóloga Dorit Wallach, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP e especialista em dependência química pelo Instituto Sedes Sapientiae.
Para os especialistas é importante que as pessoas revejam a maneira como lidam com esta época do ano, perceba se há algum problema emocional presente nesta data, esteja ciente do problema, para que você possa lidar melhor com a situação. Esteja atento à frustração, caso seus planos não saiam como o planejado. Não desconsidere as experiências desagradáveis, use-as a seu favor aprenda com os erros. “É aconselhável evitar o rigor excessivo consigo mesmo, além de relativizar os acontecimentos recentes. Ao invés de fazer uma lista das coisas ruins que ocorreram no ano, enumere as boas”, diz o psiquiatra Ricardo Moreno, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Lembre-se com carinho, e não com tristeza, dos que já foram e dos que não estão mais na condição de cônjuge ou namorado. Lembre-se o quanto você é querido pelas pessoas mais próximas, as que realmente importam. Isso ajuda a elevar a autoestima. As Festas são um momento propício para tentar resolver conflitos com familiares e amigos. “É uma ocasião em que as pessoas estão abertas para ouvir, perdoar e restabelecer vínculos afetivos”, diz Moreno. “Esse sentimento gregário é inconsciente, mas é o verdadeiro espírito de Natal.”
Nunca tente passar as comemorações só. Estresse e depressão podem aumentar nessa situação Se estiver distante das pessoas queridas, procure se ocupar com atividades diversas. Caso não consiga se engajar em algum grupo, faça parte de um trabalho voluntário. Mantenha-se ocupado, participando das comemorações e entrando na confraternização, curta o Natal e Ano Novo dentro de suas possibilidades econômicas e psicológicas Esqueça os problemas que podem atrapalhar suas comemorações, tais como financeiros, pessoais, conjugais.
Além disso, é preciso tomar cuidados ao se olhar para o futuro, para o Ano Novo que se aproxima. “Essa data não deve ser encarada como um marco para uma vida nova, pois isso gera um clima de euforia e ansiedade”, aconselha Lacerda. Os especialistas sinalizam que é de grande ajuda não estabelecer metas inatingíveis e prazos para a mudança – o que pode criar ambientes favoráveis à depressão. “Ter metas é bom, desde que elas sejam alcançáveis. É preciso adequar os desejos às possibilidades”, afirma a psicanalista Dorli Kamkhagi, especialista em estudos do envelhecimento. Lembre-se e acredite que uma nova etapa, uma nova oportunidade se abre à sua frente.
Confira 12 dicas de especialistas para lidar com a depressão e o estresse causados pelas festividades de fim de ano.
- Minimize as expectativas e transforme o Natal em uma “festividade normal”;
- Tenha um programa organizado para esse período de festas:
- Procure manter o ritmo do seu dia a dia e principalmente o ritmo do sono;
- Pratique atividade física. O exercício físico atua em neurotransmissores que aumentam a disposição física e mental;
- Beba com moderação e evite exagerar com a comida;
- Exercite o pensamento positivo. Cada vez que tiver um pensamento negativo, se obrigue a pensar em dois positivos;
- Tenha expectativas realizáveis. Faça pequenos propósitos para um futuro real e concreto;
- Esteja com pessoas. Busque a companhia de pessoas queridas;
- Foque no que você tem;
- Para cada empecilho que surgir na sua cabeça para não participar das festividades, descubra uma solução prática e viável;
- Se envolva com os preparativos das festas. Tente descobrir coisas que lhe dão prazer, como cozinhar, contribuir com donativos ou como voluntario em uma ONG;
- Lembre-se das pessoas ausentes com carinho, e não com tristeza;
Conheça algumas de nossas dicas para ajudá-lo a lidar com o estresse de fim de ano e viver esta época de uma maneira mais tranquila e harmônica.
- Programa Tempo de Vida com William Sanches na Rádio Boa Nova. De segunda à sexta-feira às 6 horas. Ouça aqui.
- Programa Bela Vida apresentado por Felipe Ohno na TV Mundo Maior. Assista aqui.
- Livro Feliz de José Carlos de Lucca – Clique aqui.
- Livro Dia a Dia – Reflexões de Rick Medeiros – Clique aqui.
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