Jesus estivera no Templo, em Jerusalém (João, 9:1-39).
Questionado pelos fariseus, verberara sua má conduta e fora hostilizado. Pensaram até em apedrejá-lo.
Nada conseguiram porque, como explicava o Mestre, ainda não chegara o tempo dos testemunhos.
Na saída da cidade santa postava-se um cego.
Perguntaram os discípulos:
– Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego? Ele ou seus pais?
A indagação guarda, em seu bojo, valiosas informações relacionadas aos membros do colégio apostólico:
- Conheciam o homem.
- Sabiam que nascera cego.
- Admitiam existir males resultantes do pecado.
- Aceitavam a preexistência da Alma.
- Concebiam a possibilidade de estar pagando por faltas de vida anterior.
- Não tinham uma visão bem definida dos mecanismos da justiça divina.
- Estavam imbuídos das concepções mosaicas. No primeiro mandamento da Tábua da Lei está registrado que Jeová pune a iniquidade dos pais nos filhos, até a quarta geração.
Responde Jesus:
– Nem ele pecou, nem seus pais. Isso aconteceu para que nele se manifestem as obras de Deus.
Evidente que o Mestre também admitia o princípio das vidas sucessivas.
Assim não fora, esclareceria:
– Estão equivocados. Não existe essa história de voltar à carne. Ninguém reencarna.
***
Sua informação pode soar estranha.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que ninguém paga senão o que deve.
Se aquele homem nasceu cego, tinha comprometimentos que justificavam tal sofrimento.
Pecou.
Regra geral, sim, mas é preciso avançar um pouco na problemática do resgate.
Espíritos atrasados, ou de mediana evolução, têm a reencarnação planejada por mentores espirituais, passando por experiências que lhes são impostas, sofrimentos relacionados com seus comprometimentos do passado.
Reencarnam em expiação.
Os Espíritos mais evoluídos também passam por experiências difíceis, atendendo suas necessidades evolutivas, com uma diferença – eles próprios fazem o planejamento, conscientes de suas responsabilidades.
Reencarnam em provação.
Esta seria posição daquele homem.
Não nasceu privado da visão por imposição Divina. Não era indispensável que nascesse com essa deficiência. Poderia trilhar caminhos mais suaves.
Foi escolha sua, por entender que a cegueira lhe seria sumamente proveitosa, ampliando suas experiências, favorecendo seu crescimento espiritual.
Ao mesmo tempo seria o instrumento para que se manifestassem nele as obras de Deus, na cura de um mal de nascença, atestando, uma vez mais, os poderes de Jesus, que muito mais do que visão física aos cegos viera oferecer aos homens a gloriosa visão de um Deus que é o pai de infinito amor e misericórdia a trabalhar incessantemente pela felicidade de seus filhos.