Quando o homem entender que a educação constitui-se em alicerce seguro para uma pacífica e equilibrada vida em comunidade, por promover os legítimos processos de respeito e justiça que ensejam a evolução moral do indivíduo, e consequentemente da sociedade, tudo se modificará para melhor. A educação não se resume simplesmente num preparo para a vida através do desenvolvimento intelectual do indivíduo mediante a aquisição de conhecimentos pelos métodos da aprendizagem acadêmica.
“Em todos os lugares e posições, cada qual pode revelar qualidades divinas para a edificação de quantos com ele convivem.
Aprender e ensinar constituem tarefas de cada hora,para que
colaboremos no engrandecimento do tesouro comum de sabedoria e de amor”. (1)
Precisamos saber diferenciar a educação da instrução. A instrução é setor da educação, na qual os valores do intelecto encontram necessário cultivo.
A educação, porém, abrange área muito maior, não se restringe apenas ao desenvolvimento da cultura externa do indivíduo, representa a transformação moral espiritual do Ser criado para a perfeição e felicidade relativas.
“(…) A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral.
Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação (…)” (O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 917). (2)
É preciso que se entenda a educação como um processo de desenvolvimento de experiências, no qual o educador e educando desenvolvem as aptidões inatas, aprimorando-as de forma consciente para uma utilização adequada nas múltiplas oportunidades da existência. Tem como objetivo maior o intercâmbio de experiências para uma aprendizagem mútua, com a formação de hábitos no desenvolvimento do intelecto, para que a educação se torne um procedimento contínuo e permanente, em que as experiências se fixem ou se reformulem, tendo em vista as exigências de uma convivência pacífica na sociedade.
Os métodos educacionais devem levar em conta as condições mentais e emocionais do aprendiz, em alguns casos pelo processo da repetição, em outros tantos, cabe ao educador buscar práticas motivacionais incentivando o educando a novas descobertas, e facilitando sua aprendizagem entendendo que não há métodos infalíveis, nem fórmulas milagrosas, pois, o método que deu certo para uma comunidade pode não dar certo em outra. Para cada caso, a aplicação dos métodos e escolha das matérias merece o cuidado criterioso do educador que deve respeitar a natureza intelectual, emocional e psicológica de seus educandos.
A finalidade da boa educação está muito além das linhas da escolaridade, deve visar o alcance e equilíbrio da razão para que o indivíduo compreenda que é muito mais que um simples corpo físico, e passe a se ver como ser espiritual, em processo evolutivo a caminho da pureza espiritual que nos aguarda no porvir. Por isso mesmo, torna-se imprescindível começar a ser ministrada desde os primeiros passos da vida física do espírito encarnado.
“Desde pequena, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho (…)” (O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, capítulo 14º, item 9)”. (3)
A criança não pode ser vista como um “adulto miniaturizado”, pois, não carrega consigo o manual de informações de suas mais íntimas necessidades espirituais, é alguém de volta às experiências materiais, esquecido das realizações positivas e negativas que traz das vidas pretéritas, empenhado na reforma moral que precisa empreender em seu próprio benefício, e carece desde cedo de um apurado cuidado de seus pais ou responsáveis para verificar suas tendências na maioria das vezes inferiores, para corrigir e disciplinar o rebelde que, apesar da manifestação física em período infantil, é espírito relapso, rebelde mais de uma vez acumpliciado com o erro, a ele fortemente vinculado, em fracassos morais sucessivos.
Compete aos pais ou responsáveis no santuário do lar alicerçar em seus filhos os legítimos valores da educação e não transferir para a escola as responsabilidades que lhes estão confiadas. A escola tem por finalidade, continuar esse trabalho dando sua contribuição na formação intelectual, para as experiências que os aguardam nas exigentes relações sociais que eles vivenciarão. O lar constrói o homem, e a escola forma o cidadão.
O Espiritismo sendo uma doutrina eminentemente racional oferece preciosos recursos para a edificação dos valores da educação, porque valoriza as ocorrências dede as raízes da vida do Ser reencarnado, através dos tempos, de modo a elucidar as tendências positivas ou negativas que repontam desde os primeiros dias da conjuntura carnal, com respostas precisas para uma melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no aprimoramento da arte de viver, apontando aos reiniciantes o caminho redentor, através da porta estreita dos esforços para que se tornem homens de bens voltados para Deus.
Bibliografia
1- Xavier, Francisco Cândido, pelo espírito Emmanuel, Livro: Fonte Viva- FEB. 1ª edição especial Cap. 4.
2- Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, FEB. 76ª edição, questão 917.
3- Kardec, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, FEB. 112ª edição, capítulo 14º, item 9.
Francisco Rebouças