Normalmente as pessoas sonham com a paz. Imaginam uma vida paradisíaca, onde só há sombra e água fresca e tudo que se refere a prazer. Um lugar onde possam estar do tamanho da paz.
Pois, bem! Sonhar e imaginar. Paraíso e prazer. Eh, vamos lá!
Qual é o tamanho do sentimento que estamos sonhando e buscando para nós?
Será do tamanho da paz proporcionada por uma vida paradisíaca com ausência de problemas de toda ordem?
Lembremos aqui do exemplo de Chico Xavier, conforme conta o escritor Marcel Souto Maior, no seu livro “As Lições de Chico Xavier (Para quem acredita e para quem quer voltar a acreditar)”, no capítulo “A força do trabalho”, que:
– Chico Xavier ensinava que o trabalho é o fio que engrossa a vida, sendo essa a receita dele contra todos os males.
– Que aos amigos mais íntimos, Chico deixava escapar um trocadilho quando via multidões de plantão na calçada em frente a sua casa, à espera de um contato com ele, pelo que Chico Xavier, quando já estava doente, acenava de longe, dizendo:
– Pá, pessoal, pá!
E os admiradores, sem entender o recado, retribuíam:
– Paz!
* * *
Diante do exemplo acima, podemos estar nos perguntando:
Será o tamanho da nossa paz o diretamente proporcional à nossa capacidade de saber manusear ou utilizar essa ferramenta (pá) nos trabalhos de amansamento da terra da consciência?
Em outras palavras:
Faria sentido buscar este sentimento e vivenciá-lo em terreno onde não houvesse dificuldades a resolver e com total ausência de conflitos?
* * *
Recordemos, também, a proposta do divino Mestre Jesus, quando ele diz no Evangelho de João, capítulo 14, versículo 27:
“Eu vos deixo a paz; eu vos dou a minha paz…”
Jesus referia-se a que tipo de paz?
Certamente, a paz que Jesus e Chico Xavier se referiam não se tratava de vida paradisíaca coroada de prazeres e ausência de desafios.
Mas, de uma paz que existe dentro de cada um de nós e, por incrível que pareça, muitos de nós ainda não a conhecemos. Talvez porque ainda não aprendemos o trajeto da viagem para dentro da nossa própria consciência, ao encontro com a nossa intimidade, onde temos as nossas verdades para trabalhá-las, e as inclinações/tendências a serem domadas mediante a nossa transformação moral e empreendimento de esforços.
Logo, a paz de Jesus, também exemplificada por Chico Xavier, trata-se do tamanho da paz que todos nós temos condições de desenvolvê-lo em nós, naturalmente, para que possamos nos posicionar acima dos desafios, a fim de transpô-los e seguirmos em frente com mais habilidades para vencermos mais e mais outros desafios, engrossando a vida, melhorando o nosso entendimento e a nossa compreensão acerca da vida, educando o nosso olhar em relação aos horizontes da eternidade…
Que cada um de nós pegue a sua própria pá e utilize-a corretamente nos trabalhos de amansamento do terreno da consciência.
E, assim, cada qual fazendo a parte que lhe cabe no terreno evolutivo, a serviço do bem, com as respectivas pás, estará fazendo jorrar, de dentro de si, a verdadeira paz que forma pacificadores para um novo mundo com novos desafios.
Autor: Yé Gonçalves