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É Natal

É costume festejar a data do nosso nascimento. Neste dia aportamos mais uma vez à Terra, com promessas, roteiros de trabalho e compromissos acertados antes de reencarnar. Uma nova etapa iniciou-se, imensa esperança e possibilidades de renovação. Outro arranjo familiar e muitas expectativas para o futuro. Quando chega o dia do aniversário, quanta alegria, quantos preparativos, quantas surpresas. Os amigos são chamados a se reunir, e juntos confraternizam-se em torno do homenageado, comunicando ao aniversariante as mais sinceras expressões de respeito, consideração, amizade, em suma, afeto. Chegou 25 de dezembro, e nos perguntamos como vamos realizar esta festa, em homenagem a este particular Espírito, Jesus, quando ao passar pela Terra, nos deixou presentes incalculáveis através dos seus exemplos, ensinos, sabedoria e amor? Ao ganhar presentes, pensamos logo em retribuir, porém, em relação a Jesus, quanto temos a restituir! Temos a obrigação de preparar uma festa de Natal muito especial, não mediremos esforços. Tudo do bom e do melhor, pede a nossa tradição.

Os Convidados

Certamente convidaremos as pessoas mais importantes da sociedade, afinal o Aniversariante merece todo o nosso apreço. Faremos uma lista imensa e não podemos esquecer ninguém. Gente bonita, jovem e colunável. Todavia, revendo os escritos sobre Ele, não há registro de se ter Jesus impressionado por reis e rainhas da Terra, tampouco pelos nobres e abastados. Sempre se interessou pelo povo, este foi sim objeto de sua dedicada e extremada paixão. E mais, Ele mesmo já era Rei, de um reino por hora inexistente na Terra, mas que por certo existirá, um dia. Personalidades ilustres, assim, não vão garantir o sucesso da festa, nem a satisfação do Aniversariante. Mas como convidar todo o povo? Aonde acomodá-lo? Como alimentá-lo? No entanto, quando Ele fazia as suas preleções, naqueles sermões ao ar livre, nos salões belíssimos e incomparáveis da Natureza, nos convidando para a Sua festa de ensinos, multidões de convidados estavam presentes e, ao final, todos se alimentavam e se satisfaziam plenamente, seguro indicador de terem recebido outro tipo de alimento, o verdadeiro, o espiritual. É fato também terem todos saciado a sede, pois bebiam da água viva, e os que a tomam, nunca mais têm sede. Precisamos avaliar melhor quem convidaremos…

Os Preparativos

É nosso costume, para este dia, tomar várias providências, para que a festança agrade a todos, principalmente ao Aniversariante. Neste dia nos esmeramos em preparar as melhores iguarias e quitutes, toda a sorte de bebidas, de modo a não faltar comes e bebes a ninguém. Tudo escolhido a dedo. Se possível, importados! Contudo, nos foi dito uma vez pelo homenageado: deveríamos nos preocupar com o que sai de nossas bocas, pois procede dos corações, e não com o que entra por elas. Ah, é fato, o salão da festa deve estar limpíssimo, cadeiras arrumadas, poltronas disponíveis para todos, música agradável, ambiente acolhedor e alegre para receber os convivas e o Homenageado. Jesus, porém, quando aqui esteve, ter-se-á preocupado com o asseio da poeira dos salões terrestres, com a música mundana, ou se manteve mais concentrado na limpeza dos nossos pensamentos e atos, de modo a melhor seguirmos as leis de Deus? Promover a higiene moral do nosso ambiente íntimo, não foi um dos objetivos de sua mensagem de amor? Convivendo há bom tempo na intimidade do Pai e certamente conhecendo as mais sublimes melodias capazes de sensibilizar o mais bruto dos corações, pergunta-se: Poderia a nossa música popular alcançá-lo?
E agora, qual espécie de preparativos devemos realizar, assim perguntamos?

A Vestimenta

Não podemos esquecer, consoante a tradição destes dias, que devemos usar a melhor roupagem possível, destacando grifes e modelos, combinações de cores traduzindo a última moda, joias e penduricalhos, perfumes importados. Deste modo, a festa transcorrerá bonita, aparentando um ambiente rico e saudável. Entretanto, o Mestre não afirmou ser o interior mais importante do que o exterior? Poderíamos agradar a Jesus pelo uso de roupagem externa, bela e reluzente, limpa e perfumada, mas com os nossos Espíritos maculados de iniquidades e imundices morais, não podendo ser disfarçadas nem escondidas de Espíritos perfeitos? Não seria motivo de tristeza, ao invés de júbilo, o fato de Jesus constatar não estarem os seus exemplos sendo perfeitamente seguidos, nem observados, e ainda nos encontrarmos muito preocupados com a aparência externa em detrimento das verdadeiras e imortais conquistas?
Qual o valor de joias a nos merecer tanta consideração, se o tempo às relegará inexoravelmente ao esquecimento? E os verdadeiros tesouros não alcançados pela corrosão da ferrugem, tampouco pela destruição das traças, onde estariam armazenados? Não foi dito por Ele: “Aprendei dos lírios do campo, como crescem, e não trabalham e nem fiam. E, no entanto, eu vos asseguro que nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como um deles.” (Mateus 6: 28 e 29).1
Com qual indumentária devemos nos apresentar então!?

Os Presentes

Nossa! Os presentes precisam ser comprados, muitos, originais, se possível, bem caros, embora a dinheiro esteja um tanto escasso e limitado nestes dias de dificuldades econômicas. E ainda nem descobrimos o que falta ao Aniversariante de modo a satisfazê-lo plenamente.
Quanta magia na entrega de um presente! Aquela caixa embrulhada em papel multicor, prenunciando uma surpresa sem fim… Os olhos do Aniversariante brilhando de contentamento ao descobrir exatamente naquele presente o seu desejo atendido.
Entretanto, estamos loucos, como podemos pretender agradar a Jesus com presentes materiais? Desatino puro! Como faremos em tal caso, o dia esta chegando e não conseguimos imaginar um presente do agrado do Rei dos reis. Poderíamos encontrar algo na rua 25 de Março, em São Paulo? Estamos ficando sem horizontes, sem perspectivas. A angústia começa a despontar. Jesus não se sensibilizará, entendemos agora, com salões grandiosos, lustres belíssimos a iluminar os dançarinos, roupagem colorida e perfumada, comidas sofisticadas e abundantes, bebidas especiais cujos sabores nada mais farão além de anestesiar os nossos sentidos, ofuscando a nossa visão espiritual, na busca dos bens imortais. A alegria vazia e sem sentido dos salões das festas terrestres jamais poderá agradar ao Mestre. Convidados ricos e famosos também não vão assegurar o êxito do evento.
Como proceder então neste dia de Natal? Estamos ficando sem opções para agradar o Aniversariante.

A Solução

Os convidados serão todos que nos procuraram ao longo do ano, solicitando apoio, uma palavra amiga, um prato de comida, algumas moedas, muitas vezes apenas o nosso ombro para recostarem as cabeças cansadas, e que foram por nós recebidos de braços abertos e com um sorriso sincero e fraterno. Todos estarão em nossas mentes, testemunhas do trabalho realizado, e agora poderão ser relembrados e convidados mentalmente a participar desta festa sem igual.
Faz-se necessário um ambiente espiritualizado para recebê-lo. Pode ser a nossa casa, o templo escolhido para reverenciá-lo, preparado com orações de agradecimento à nossa atual existência. A própria Natureza pode servir de ambiente festivo para esta homenagem especial. Quantos salões podemos imaginar, muito mais ricos de amor, daqueles habituados a abrigar reis, rainhas, nobres, imperadores e monarcas?
Chegado o dia de honrarmos este especial Aniversariante, no dia do Natal, notamos agora a necessidade de uma vestimenta especial, que nos faça brilhar pelo amor e sabedoria dispensados a todos por nós atendidos, com quem partilhamos experiências durante este quase consumado ano. Qual diamante mais valioso podemos usar neste dia, senão aquele construído pelo nosso esforço sincero em ajudar e aprender? As nossas realizações serão as nossas joias e representarão igualmente os nossos perfumes. Posso usar o rubi da praticada Paciência, a esmeralda da exercitada Tolerância, a safira da vivenciada Brandura, o jade da dispensada Misericórdia e finalmente o brilhante do Amor espalhado aos quatro ventos. Ah! Estas sim são joias eternas, indestrutíveis, que estarão sempre conosco. O nosso crescimento espiritual e realizações caridosas serão os melhores presentes ofertados a Jesus. E tenhamos a certeza de termos acertado nesta escolha, do melhor presente, construído dentro do imortal lema: amemo-nos como Ele nos amou.

Conclusão

Somente quando Ele tiver nascido e frutificado em nossas mentes e corações, chegaremos a entendê-lo e principalmente vivê-lo. Nesta hora diremos confiantes: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim.” (Gálatas, 2:20).2
REFERÊNCIAS:
1 BÍBLIA DE JERUSALÉM. Trad. Gilberto da Silva Gorgulho; et al. 8.imp. São Paulo: Paulus Editora, 2012.

Autor: Rogério Miguez