Amilcar Del Chiaro
No último domingo de janeiro o mundo vai comemorar o 51º DIA MUNDIAL DO HANSENIANO. Esse dia foi criado pela ONU-Organização das Nações Unidas por proposta de Raul Folerreaux, com a intenção de que um dia ele não seja mais necessário. O Brasil é o segundo país com o maior número de hansenianos no mundo e a doença é endêmica em várias regiões da nossa pátria. Mas esse não é um artigo científico. Por que, então, estamos abordando esse tema num Site Espírita? Simplesmente porque há profundas ligações entre os espíritas e os hansenianos, e porque a idéia em nosso meio, é que, a hanseníase é uma moléstia cármica, o que quer dizer no entendimento de muitos, punitiva. A idéia geral, é que os hansenianos são terríveis pecadores de vidas passadas, e inúmeras mensagens, depoimentos, histórias, parece confirmar essa idéia. Acreditamos sim, que os hansenianos erraram muito em vidas passadas, mas quem pode dizer que não errou, não cometeu equívocos? Para nós, a hanseníase, como outras enfermidades mutilantes, objetiva o nosso progresso, o nosso desenvolvimento. Os hansenianos não são, para nós, nem criminosos, nem santos ou heróis, e sim, espíritos em evolução, em crescimento. Entretanto, existe uma parte de responsabilidade humana.
A hanseníase é uma doença predominantemente das classes pobres, e encontrada especialmente no terceiro mundo. Hoje o tratamento é cômodo é rápido, durando 6 meses ou no máximo 2 anos. Apesar disso, continua endêmica, e o número de casos novos, a cada ano, é muito grande. Fala-se que à cada 12 minutos é diagnosticado um novo caso de hanseníase no Brasil. A OMS-Organização Mundial da Saúde afirma que para cada caso diagnosticado, existem dois ignorados. O grande desafio ainda é o diagnóstico precoce. Nossas faculdades médicas não priorizam o ensino sobre a hanseníase, e as nossas condições sociais ainda facilitam a disseminação da doença. O Brasil, como os demais países do terceiro mundo, sofre de duas doenças endêmicas que mantêm todas as outras. Essas enfermidades sociais, são: a pobreza e a ignorância. Pobreza se corrige com desenvolvimento e justiça social. É preciso que as riquezas beneficiem a todos, diminuindo as grandes diferenças sociais, para que todos tenham condições de viver com dignidade. Ignorância se corrige com escolas. Que todos tenham oportunidades de educação. É por isso que ainda somos de opinião que existem duas doenças dermatológicas no Brasil, que parecem ser iguais: a hanseníase, doença de pele, perfeitamente curável pela medicina, quando devidamente tratada. E lepra, doença social, incurável no momento, por má vontade política e ignorância.