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A Divindade de Jesus

Tentaremos, com este estudo, mostrar que esta questão é importante para nós
os Cristãos.

Se tivermos a Jesus como o próprio Deus é-nos difícil seguir seus ensinos,
exemplificados em suas ações, pois tudo o que fez não servirá para nós como
modelo de como fazer ou agir, visto ter partido de um ser que tudo pode, seria
algo inatingível para nós os mortais. Por outro lado, com o conhecimento que
vamos adquirindo através de estudos vemos, como iremos demonstrar, uma perfeita
consonância com os missionários divinos de religiões não cristãs, e com isto a
crença em nossa religião fica bem abalada. E se ao contrário o colocarmos na
condição de homem, ficaria muito mais fácil seguir seus exemplos, pois de igual
para igual encontraremos forças para aplicar os seus ensinos.

Mas afinal quando Jesus foi considerado Deus? Desde o início do cristianismo?
O que pensavam seus discípulos sobre o assunto? O que o povo e Ele mesmo
pensava?

Para respondermos estas perguntas, primeiramente, iremos recorrer ao
Evangelho.

a) O que o povo pensava

Mateus 16, 13-14: “Tendo chegado à região de Cesaréia de Filipe, Jesus
perguntou aos discípulos: Quem dizem por ai as pessoas que é o filho do homem?”
Responderam: “Umas dizem que é João Batista, outras que é Elias, outras enfim,
que é Jeremias ou alguns dos
profetas”.

Mateus 26, 67-68: “Então, cuspiram no seu rosto e cobriram-no de socos.
Outros lhe davam bordoadas. E lhe diziam: “Mostra que és
profeta,
ó Cristo, advinha quem foi que te bateu? “

João 7, 40-41: “Muitos daquela gente que tinham ouvido essas palavras de
Jesus afirmavam: “Verdadeiramente ele é o
profeta”.

João 9, 17: “Perguntaram ainda ao cego: “Qual é a tua opinião a respeito
de quem abriu os olhos?” Respondeu: “É um
profeta“.

b) O que os discípulos pensavam

Lucas 24, 19 “Jesus de Nazaré foi um profeta,
poderoso em obras e palavras diante de Deus e do povo”.

Atos 2, 22: “Homens de Israel, escutai o que digo: “Jesus de Nazaré foi
o homem credenciado por Deus junto a nós com poderes
extraordinários, milagres e prodígios. Bem sabeis as coisas que Deus realizou
através dele no meio de vós. “

c) O que dizia Jesus

Lucas 13, 33: “Entretanto devo continuar meu caminho hoje, amanhã e no dia
seguinte, porque não convém que um
profeta morra fora de
Jerusalém”.

João 8, 40: “Procurais tirar-me a vida a mim que sou homem,
que vos digo a verdade que de Deus ouvi”.

Marcos 6, 4-5: “Mas Jesus lhes dizia:” Um profeta só deixa
de ser honrado em sua pátria, em sua casa e entre seus parentes. E não podia ali
fazer milagre algum”.
(Argumento que utilizou para justificar porque Ele não
conseguia fazer milagres em Nazaré).

Observamos, assim, que o povo e os seus discípulos acreditavam que Jesus era
um profeta, o que foi confirmado pelo próprio Jesus.

Na passagem de João 14, 12-13, ele diz: “Eu vos afirmo e esta é a verdade:
quem crê em mim fará as obras que eu faço. E fará até maiores,
porque vou ao Pai, e o que pedirdes ao Pai em meu nome eu farei, para que o Pai
seja glorificado no filho
“.

Se seguirmos a linha de raciocínio que Ele seja Deus, nós também seríamos
deuses, pois segundo suas próprias palavras, poderíamos fazer o que ele fez e
até mais. Vemos que não há como considerá-lo Deus.

A base central desta linha de pensamento, que ele era Deus, basicamente vamos
encontrá-la em João 10, 30: “Eu e o Pai somos um”. Com isto chegaram à
conclusão de que se o Pai é Deus e Jesus sendo um com o Pai, por conseguinte
também seria Deus. Conclusão digamos apressada e incoerente, pois não pegaram o
sentido da frase, apegaram-se à letra. Mas porque não tiveram a mesma linha de
pensamento nesta outra passagem de João (17, 20-23): “Não rogo somente por
eles, mas também por todos aqueles que hão de crer em mim pela sua palavra. Que
todos sejam um! Meu pai, que eles estejam em nós, assim como tu estás em mim e
eu em ti. Que sejam um, para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a
glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em
mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e
que os amaste como tu me amaste”.
Não seria o caso de dizer então que
os discípulos eram deuses?

Em outras passagens, Jesus se coloca na condição de subordinado a Deus,
prestando-lhe obediência e cumprindo-lhe a vontade, ora quem é subordinado está
sob ordens de alguém que lhe é superior, vejamos:

João 4, 34: “Jesus afirmou: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me
enviou a levar a cabo a sua obra”.

João 5, 19: “Eu vos afirmo e esta é a verdade: o Filho nada pode fazer por
si mesmo, a não ser o que vê o Pai fazer”.

João 5, 30: “Não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo segundo o que ouço;
e o meu julgamento é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade
daquele que me enviou”.

João 6, 37-38: “Tudo o que o Pai me dá, virá a mim e não jogarei fora o
que vem a mim, porque desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou”.

João 7, 28: “Se me amásseis, vos alegraríeis de que eu vá ao Pai, porque o
Pai é maior do que eu”.

Nessa última passagem, é bem taxativa a superioridade do Pai sobre Jesus. Não
há como contestar.

A questão da divindade de Jesus, rejeitada por três concílios, dos quais o
mais importante foi o de Antioquia (269) foi, em 325, proclamado pelo de Nicéia.
Após a declaração de que Jesus era Deus, vem para encaixá-lo o dogma da
Santíssima Trindade. Mas somos levados a crer, que esta trindade nada mais foi
que uma cópia da base fundamental de outras religiões, bem mais antigas que o
cristianismo. Podemos citar as que constam do Livro “O Redentor” de Edgard
Armond:

  • Brahma, Siva e Vischnu – dos hindus
  • Osiris, Isis e Orus – dos egípcios
  • Ea, Istar e Tamus – dos babilônios
  • Zeus, Demétrio e Dionísio – dos gregos
  • Orzmud, Arimam e Mitra – dos persas
  • Voltan, Friga e Dinas – dos celtas

Achamos muito interessante o estudo do Dr. Paul Gibier (O Espiritismo –o
faquirismo ocidental) em que ele coloca: “Uma das analogias mais notáveis do
catolicismo, não com o Budismo, mas com Bramanismo, encontra-se em uma das
encarnações de Vischnu (filho de Deus) sob a forma de Krischna.

Krischna, que alguns autores escreviam Christna ou Kristna, foi concebido
“sem pecado”, seu nascimento foi anunciado por profecias numerosas e muito
antigas. Sua mãe Devanaguy, o concebeu por obra de um Espírito, que lhe
apareceu sob os traços de Vischnu, segunda pessoa da trindade Hindu. Segundo a
tradição Hindu e o “Bhagavedagita”, anunciando uma profecia que ele destronaria
seu tio, o tirano de Madura, este último mandou encarcerar sua sobrinha
Devanaguy, que foi libertada por Vischnu; então o tirano mandou assassinar em
todos os seus estados as crianças do sexo masculino nascidas na mesma noite em
que Krischna viu a luz
(grifo do original). Mas o menino foi salvo por
milagre, e, 3500 anos mais ou menos antes de nossa era, ele pregava a sua
doutrina. Depois de converter os homens, morreu de morte violenta as margens do
Ganges, segundo ordens de Brahma (Deus, o Pai), para realizar a redenção dos
homens, como lhes fora prometido.”

Parece que tudo se encaixa na tradição cristã a respeito de Jesus, talvez até
fosse necessário, considerando a cultura da época, torná-lo um Deus para que as
pessoas pudessem acreditar em seus ensinos, entretanto, achamos, que para os
dias de hoje isto poderá causar mais incrédulos, por uma coisa bem simples é que
o homem moderno coloca a razão e a lógica com base para acreditar ou não em
algo, e agindo assim também em relação à crença religiosa terá uma fé
inabalável.

Com relação a Jesus, poderemos afirmar com absoluta certeza que era um ser
superior a nós humanos, sem, entretanto, chegar a ser um Deus, principalmente
pelos seus ensinos e exemplos de vida, virtudes essas que serão o nosso
passaporte para o “Reino dos Céus”, pois somente através dele é que chegaremos
ao Pai, conforme suas palavras: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Ninguém vai ao Pai senão através de mim”.

Bibliografia:

  • Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984.
  • O Espiritismo (o faquirismo ocidental), Dr. Paul Gibier, FEB, Brasília,
    DF, 4ª Edição, 1990.
  • O Cristianismo: a mensagem esquecida, Herminio C. Miranda, Matão, SP, Casa
    Editora O Clarim, 1ª Edição, 1988.
  • Cristianismo e Espiritismo, Léon Denis. Brasília – DF, FEB, 8ª Edição.
  • O Redentor, Edgard Armond. São Paulo, SP, Editora Aliança, 6ª Edição.

 

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