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A Família no Serviço Assistencial Espírita

Se visamos ao atendimento do homem integral em trabalhos assistenciais, é
indispensável prepará-lo para as condições do mundo em que vivemos,
responsabilizando-o pela sua própria vida e pelo seu crescimento,
favorecendo-lhe condições para que ele se utilize de suas próprias ferramentas
interiores e se construa num sentido crístico.

A família é a fonte e o alicerce da saúde mental da criatura e responsável
pela sustentação e equilíbrio da sociedade. Em atividades do serviço
assistencial espírita, a constelação familiar é priorizada no trabalho de
atendimento ao carente, pois ela é a responsável pela constituição dos laços
emocionais e pela formação da estrutura psicológica de cada ser.

A Doutrina Espírita amplia esta visão, enfatizando que é no lar que reatamos
e ampliamos os laços eternos com aqueles que, na condição de desafetos e afetos
passados, assumimos compromissos de resgate, aprendizado e amor.

Compreender os compromissos da maternidade e da paternidade, segundo
Emmanuel, é participar da obra divina no encaminhamento de espíritos
necessitados de orientação e amparo. Além do mais, é através das relações da
criança com seus pais que surge a percepção de si própria e dos outros, assim
como se aprende o modo e capacidade de amar e de interagir com a vida.

É no contexto familiar que cada um adquire as bases do comportamento, da
identidade sexual, das noções de direitos e deveres e as maneiras de lidar com
afetos e emoções.

O homem sobrevive em grupos e isto é inerente à condição humana. “O homem não
foi feito para viver só. ” – lecionam os Mensageiros do Senhor, em “O Livro dos
Espíritos”.

Os hábitos desenvolvidos durante toda a vida física prosseguem na vida
espiritual e os hábitos familiares, se alicerçados no apreço, na consideração e
no amor, sedimentarão relações seguras que projetarão no campo social mais amplo
exemplos de dignidade e respeito, influenciando beneficamente outros espíritos
necessitados de rumo seguro, firme, para os grandes cometimentos.

Se visamos ao atendimento do homem integral em trabalhos assistenciais, é
indispensável prepará-lo para as condições do mundo em que vivemos,
responsabilizando-o pela sua própria vida e pelo seu crescimento. Isto é o mesmo
que lhe favorecer condições para que ele se utilize de suas próprias ferramentas
interiores e se construa num sentido crístico.

A Terra – todos sabemos – é planeta de expiação e provas e a humanidade toda
se ajusta a problemas dos mais variados gamas. Uma rajada de tristeza e
insatisfação pervaga todas as esferas da vida, não só nas classes sociais
paupérrimas. Há no homem um desejo incessante de algo mais, que não se refere
apenas ao atendimento de suas necessidades primárias (aqui entendidas como o
alimento, a água e o repouso…), porém transcende a elas.

Elaborar esses conteúdos com o carente é transmitir-lhe uma nova percepção da
vida, clareando-lhe o mundo sombrio em que ele se debate e procurando
despertar-lhe a razão, o sentimento e a ação para que, bem direcionados, o
auxiliem na concretização de seus objetivos maiores.

Sinalizar-lhe quanto à finalidade do lar, na realização espiritual de cada
ser que a Misericórdia Divina colocou-lhe nas mãos é o que de mais
extraordinário podemos fazer para a elevação do espírito. Apontar-lhe ainda que
seu lar é o lugar sagrado por Deus, concedido às criaturas para que elas,
aproximando-se e reaproximando-se numa existência comum e limitada, tenham
condições de construir os elos do amor – real sentimento e significado do
Evangelho de Jesus -, representa tarefa sublime com a qual todos nós, em
Doutrina Espírita, estamos compromissados.

São Paulo – SP

Dirigente Espírita N.54