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A Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo) – Parte 1

A Gênese Segundo o Espiritismo (Resumo) – Parte 1

REVELAR = “sair de sob o véu”; descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou
desconhecida. Assim pode-se considerar que:

  • A Astronomia revelou o mundo astral;
  • A Geologia revelou a formação da Terra;
  • A Química, a lei das afinidades;
  • A Fisiologia, as funções do organismo, etc.

A REVELAÇÃO tem por característica a VERDADE. Se for desmentida por fatos,
deixa de ter origem Divina, pois Deus não se engana nem mente.

O Professor, ao ensinar seus alunos, é um revelador de fatos não conhecidos
por eles. Ensina o que aprendeu; por isso é revelador de SEGUNDA ORDEM. O homem
de gênio ensina o que descobriu por esforço próprio; é o revelador de PRIMEIRA
ORDEM. O homem de gênio não é mais do que um espírito mais experiente,
adiantado, missionário, por ter vivido muitas vidas e adquirido mais
conhecimentos do que o comum dos homens. A preexistência da alma e a pluralidade
das vidas é a explicação racional para a existência de homens de gênio, pois
caso contrário ter-se-ia que admitir que Deus é parcial. São como professores ou
messias, que, através de suas revelações, auxiliam os homens em seu adiantamento
científico como também moral, que seria muito lento se ficassem entregues às
próprias forças.

Todas as religiões tiveram seus reveladores; semearam germens do progresso,
que acabariam por se desenvolver à luz brilhante do Cristianismo, apesar da
existência dos pretensos messias, que exploram a credulidade em proveito de sua
ganância, de seu orgulho.

Os espíritos adiantados, quando encarnados, podem ministrar conhecimentos
próprios ou recebê-los mesmo dos mensageiros de Deus que falam em Seu nome,
através da Inspiração, audição das palavras, tornam-se visíveis durante as
visões e aparições, durante a vigília ou sonho do revelador que é sempre um
médium inspirado, audiente ou vidente.

A revelação pode ser SÉRIA, VERDADEIRA ou apócrifa, mentirosa. “O caráter
essencial da revelação divina é o da eterna verdade
“.

O DECÁLOGO tem característica de revelação DIVINA: permaneceu inalterado ao
longo dos séculos, tendo servido de base para os ensinamentos de CRISTO que
aboliu outras leis mosaicas por não serem mais apropriadas ao desenvolvimento do
povo.

O ESPIRITISMO é uma verdadeira revelação, pois dá a conhecer: o mundo
invisível que nos cerca; as Leis que regem suas relações com o mundo visível; o
destino do homem depois da morte. Tem caráter de revelação divina por ter origem
nos ensinamentos dos ESPÍRITOS SUPERIORES. Participa do caráter de revelação
científica por ser seu ensino acessível a todos os homens, não de maneira
passiva, mas sendo-lhes recomendado o exame, pesquisa, raciocínio,
respeitando-lhes o livre-arbítrio. Não pretende ser completa nem imposta à fé
cega. A revelação espírita é portanto: de origem divina, de iniciativa dos
espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem. Utiliza o método
experimental, observando fatos novos inexplicados pelas leis conhecidas,
comparando, analisando-os; dirigindo-se dos efeitos para as CAUSAS, chega à LEI
que os rege. Através do processo DEDUTIVO chega às suas conseqüências buscando
as aplicações úteis. Observando os fatos concluiu pela existência dos espíritos,
deduzindo da mesma forma todos os demais princípios, não partindo portanto de
nenhuma teoria preconcebida. Um exemplo: Observou-se várias manifestações de
espíritos que não tinham conhecimento de seu estado de desencarnados, o que
permitiu deduzir tratar-se de uma fase da vida do espírito pouco adiantado
moralmente, peculiar a certos gêneros de morte, podendo durar de horas a anos.
Pois bem, os espíritos superiores não revelaram tais fatos; permitiram tais
manifestações submetendo-as à observação a fim de deduzir-se a regra. O objeto
da CIÊNCIA é o estudo das leis do princípio material, assim como o objeto do
ESPIRITISMO é o conhecimento do princípio espiritual. Como os dois princípios
reagem um sobre o outro, o ESPIRITISMO e a CIÊNCIA completam-se reciprocamente.

A Ciência evoluiu ao longo dos séculos, tendo abandonado os quatro princípios
constitutivos da matéria (terra, água, fogo, ar), concebendo um único elemento
gerador. O Espiritismo demonstrou-lhe a existência acrescentando a ele o
elemento espiritual. Assim como a Alquimia gerou a Química, a Astrologia gerou a
Astronomia, o ESPIRITISMO, através da experimentação, observação, demonstrando
as leis que regem o mundo espiritual, seguiu-se à magia e feitiçaria, as quais,
embora aceitassem a manifestação dos espíritos, misturavam crenças ridículas,
por desconhecerem as verdadeiras leis das manifestações.

A primeira grande revelação veio com MOISÉS:

  • Um DEUS ÚNICO, Soberano Senhor e Orientador de tudo que existe.
  • Promulgou a Lei do Sinai;
  • Lançou as bases da verdadeira FÉ.

Entretanto o DEUS revelado era cruel, implacável, vingativo, injusto, pois,
era tido por ferir o filho pela culpa dos pais, ordenava guerras, escravizando
os povos, matando mulheres e crianças. Com JESÚS CRISTO veio a segunda
revelação, exemplificando um DEUS clemente, soberanamente justo, bom e
misericordioso. Revelou que a verdadeira pátria não é deste mundo, mas no REINO
CELESTIAL, onde os humildes serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.
Ensinou a necessidade do PERDÃO e da CARIDADE para que sejamos perdoados,
retribuir o mal com o BEM.

Com Moisés os homens aprenderam a TEMER A DEUS, enquanto que através de
Cristo foram levados a AMAR A DEUS.

Cristo ensinava por meio de parábolas, pois, o povo da época não tinha
condições de entendê-lo completamente. Prometeu a vinda do Espírito de Verdade –
que restabelecerá todas as coisas e vo- las explicará todas“.

O ESPIRITISMO é a terceira revelação, o Consolador prometido por Jesus,
acrescentando à idéia da vida futura, a existência do mundo invisível, definiu
os laços que unem a alma ao corpo, desvendou os mistérios do nascimento e da
morte. Demonstra a Lei do Progresso manifestada através da Reencarnação dos
espíritos até atingir a Perfeição. O sofrimento passa a ser visto como mola do
progresso, quando do mal uso do livre-arbítrio. Todos têm as mesmas
oportunidades de progredir através do trabalho. Os “demônios” são espíritos
imperfeitos que no futuro se transformarão em “anjos”: espíritos puros. “TODOS
OS SERES SÃO CRIADOS SIMPLES E IGNORANTES E GRAVITAM PARA UM FIM COMUM QUE É A
PERFEIÇÃO
“. É a grande Lei de Unidade que rege o Universo.

Pela lei de Causa e Efeito constata-se que a desdita é resultado da prática
do mal. Entretanto, o sofrimento cessa com o arrependimento e a reparação,
inexistindo portanto o “sofrimento eterno – o inferno” conceitos estes
contrários à suprema Bondade e Justiça divinas.

A pluralidade das existências foi ensinada por Cristo e demonstrada pelo
Espiritismo, explicando as aparentes anomalias da vida, mortes prematuras,
diferenças sociais, mentais e intelectuais; justifica os laços de família,
mostrando a inutilidade dos preconceitos de raças castas, posição social, etc,
incentivando o exercício da fraternidade universal.

O princípio da sobrevivência da alma dá ao homem a certeza de que, mais que
uma máquina organizada sem responsabilidade, tem um destino maior – a perfeição.
A preexistência da alma concilia a doutrina do pecado original com a Justiça
Divina, na medida em que cada espírito é responsabilizado pelas suas faltas e
não as de outrem, podendo em cada existência redimir-se e progredir,
despojando-se de suas imperfeições.

O Espiritismo Experimental demonstrou a existência do perispírito, citado por
São Paulo como corpo espiritual, invólucro fluídico inseparável da alma e um dos
elementos constitutivos do ser humano. O estudo das propriedades do perispírito,
dos fluídos espirituais e atributos fisiológicos da alma explica fenômenos como:
– vista dupla, visão à distância, sonambulismo, catalepsia e letargia,
presciência, pressentimentos, aparições, transfigurações, transmissão do
pensamento, obsessões, curas instantâneas, etc. Demonstra que ocorrem segundo
leis naturais, podendo ser reproduzidos, fazendo desmoronar o império do
maravilhoso e sobrenatural.

O Espiritismo veio confirmar, explicar e desenvolver os ensinamentos de
Cristo , elucidando os pontos obscuros existentes no Evangelho; pregando a moral
cristã e demonstrando que até aos últimos minutos de vida o homem pode crescer
em inteligência e moral, confirma a promessa de Cristo: é o Consolador dos
aflitos, o Espírito de Verdade. Foram, a primeira e segunda revelação,
personificadas por Moisés e Cristo, enquanto que a terceira surgiu
simultaneamente por todos os pontos da Terra, sendo portanto, coletiva. Kardec,
na humildade própria aos espíritos elevados, atribui a si o papel de coordenador
dos ensinos dos espíritos. É o CODIFICADOR da doutrina espírita.

Tendo surgido em uma época de maior madureza intelectual, em que a aceitação
ocorre após estudo e exame dos fatos, a terceira revelação fez-se parcialmente,
por partes, em pontos diversos do planeta, de modo que a coordenação e seleção
de todos os assuntos parciais constituiu a doutrina espírita. Não decorreu,
assim, de um sistema preconcebido, tendo os princípios sido apresentados somente
após passarem pelo crivo da razão e de todas as comprovações.

As publicações espíritas desempenham a função de elo de ligação de idéias e
experiências entre os pontos mais distantes, condensando metodicamente o ensino
universal nas várias línguas do globo. Enquanto a ciência em geral necessitou de
vários anos, mesmo séculos, para atingir maior grau de desenvolvimento, bastou
ao Espiritismo poucos anos para se constituir em doutrina, isto em virtude da
multidão de espíritos que, pela Vontade Divina, manifestaram-se simultaneamente
trazendo as várias partes da doutrina que, reunidas, compuseram o todo.

Assim cada espírito, com maior ou menor grau de conhecimentos, contribuiu com
uma pedra para a construção do edifício, solidariamente, de modo que o
Espiritismo emergiu da coletividade dos trabalhos, comprovados uns pelos outros.
A revelação espírita progride juntamente com a ciência, assimilando novas
descobertas, de modo que jamais ficará obsoleta. Muito embora exista no homem a
voz da consciência, que nem sempre é observada, permite Deus que de tempos em
tempos os missionários insistam na prática dos preceitos morais. Sócrates e
Platão já ensinavam a moral pregada posteriormente por Cristo. Assim também os
espíritos voltam a reprisar os conceitos da moral cristã fazendo-se ouvir em
todos os recantos, pobres e ricos, do globo. Tornam conhecidos, ainda, os
princípios que relacionam os encarnados e desencarnados, a natureza origem e
futuro da alma, demonstrando que a solidariedade, caridade e fraternidade
representam uma necessidade social muito mais do que um dever.

A autoridade da revelação espírita vem do fato de que os espíritos se limitam
a pôr o homem no caminho das deduções que ele mesmo pode tirar observando os
fatos. Assim tanto espíritos elevados como também os menos adiantados colaboram
no trabalho de deduzir as leis que regem os fatos. Usando a lógica e o bom-senso
pode o estudioso beneficiar-se de todos os gêneros de manifestações, tendo em
conta que os espíritos superiores se abstêm de revelar tudo o que o homem, com
trabalho próprio, possa descobrir.

Permitiu Deus que assim fosse a fim de que uma multidão de espíritos
desencarnados se manifestassem em vários pontos do planeta e viessem convencer
os vivos das realidades espirituais, pois, difícil e demorada seria a aceitação
global se a revelação se fizesse por apenas um espírito, encarnado ou não, mesmo
que fosse um Moisés ou um Sócrates. Deve-se levar em conta que, pelo fato de
desencarnar, o espírito não passa a categoria de sábio. Entretanto, livre das
limitações da matéria, pode ver as coisas de modo mais elevado, compreendendo
seus erros, reformando conceitos falsos ou inexatos. De acordo com o
desenvolvimento atingido, pode, portanto, melhor aconselhar o encarnado. Com
relação ao futuro da alma após a morte, tanto os espíritos elevados como os de
menos luzes podem auxiliar na elucidação, tendo em vista relatarem suas próprias
experiências.

Pode-se comparar a revelação espírita a um navio que, partindo para um país
distante, tenha naufragado, tendo-se notícia de se terem afogado todos os
passageiros, levando o luto a seus familiares. Entretanto, tendo conseguido os
tripulantes aportar em uma ilha ensolarada, lá permaneceram em vida ditosa.
Posteriormente outro navio os encontrou e levou notícia aos familiares de que
estavam bem. Embora não pudessem ver-se, permutavam demonstrações de afeto à
distância, podendo inclusive corresponder-se. Assim, como o segundo navio, o
Espiritismo é a boa-nova que revela a sobrevivência dos entes queridos aos quais
nos reuniremos um dia.

Resumindo, os espíritos vieram nos esclarecer que:

  • o nada não existe; clareiam o caminho dos homens quanto ao futuro,
    demonstrando que a vida terrena é passageira; mostrando a natureza do
    sofrimento, fazem-nos ver a justiça de Deus; o bem é uma necessidade, a
    fraternidade longe de ser uma teoria, funda-se numa lei da Natureza.
  • se tudo acabasse com a vida o egoísmo reinaria; com a certeza no porvir os
    espaços infinitos se povoam não havendo vazio nem solidão, todos os seres
    unidos pela solidariedade.
  • É o reino da caridade; “UM POR TODOS E TODOS POR UM“.
  • Quando do desencarne de um ente querido em vez de doloroso adeus, passa-se
    a dizer “até breve“.

(Publicado no Boletim GEAE Número 425 de 4 de setembro de 2001)