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A Influência da Mídia – A Sedução de Pocotó

A Influência da Mídia – A Sedução de Pocotó

Luiz Carlos D. Formiga

Luciano Pires, profissional de comunicação, jornalista, escritor, conferencista e cartunista; atualmente Diretor de Comunicação Corporativa da Dana, fez circular na internet um comentário onde diz que “se sentiu ofendido quando Pocotó se tornou o grande sucesso da música popular brasileira, domingo (16-2-03)”.

O quadro no programa do Gugu ocupou horas preciosas do horário nobre. Bateu recordes de audiência. Luciano Pires comenta que, por enquanto, “tem sorte porque sua pequena filha não entende as letras paupérrimas, chulas, apelando para o sexo e tratando as mulheres de éguas e cadelas”. Disse: “neste domingo, milhões de brasileiros assistiram, espero que envergonhados, ao triunfo da mediocridade”. Conclui: “existe um processo para mediocrizar o Brasil. O consolo de desligar a televisão, não adiantou”.

Pocotó está na moda. O que está por trás dessa magia?

No livro Alcoolismo e Drogas. Caminhos de Esperança. Enfoques a partir dos textos de Joanna de Angelis. Leymarie Editora. RJ.RJ. tel. (021) 2228-3341 e 3684-3510/Fax (021)2261-3413. Cel. (021)9254-3011, encontramos, pág. 83, no título A Influência da Mídia: “o período infanto-juvenil, é decisivo na vida das pessoas. Por isso pais e professores estão querendo mais rigor para a programação televisiva e estão apontando filmes, novelas e programas que mais rejeitam pelo conteúdo pornográfico e apelativo, porque sabem que os ágeis meios de comunicação exercem intensa influência nos jovens. A televisão entra nos lares indiscriminadamente e exibe valores éticos e consumistas, nem sempre adequados à formação das identidades de seus filhos e/ou alunos. Por outro lado, os pais reconhecem que não são onipresentes. Não parece válido o argumento que diz que o aparelho possui um botão para desligar”.

O cinema, a televisão, as revistas e os jornais veiculam informações de todos os tipos: ora fiéis e corretas, ora tendenciosas, preconceituosas, ambíguas e destorcidas.

O aparecimento de uma informação inadequada na televisão, numa tarde de domingo, no decorrer de um jogo de futebol importante ou durante um capítulo de novela, com alto índice de audiência, pode destruir o trabalho de muitos anos de investimentos e esforços de Instituições que mantêm programas dirigidos à educação e à saúde.

Os que assistem aos programas de entretenimento podem não ter a intenção de aprender, mas aprendem, e acabam sendo manipulados. É preciso desconfiar da televisão. Com a mídia muitos acabam se confundindo na distinção, por exemplo, entre amor e sexo.

A televisão tem assumido o papel de principal educador de crianças a adolescentes e isso aconteceu não por opção, mas por omissão dos segmentos responsáveis pela educação das novas gerações. Não há dúvida de que a TV é um educador eficaz e importante até porque muitos genitores e muitas escolas têm sido ineficazes.

Precisamos oferecer melhores alternativas. A participação efetiva dos pais nas vidas dos filhos é elemento de primordial importância na formação de suas personalidades, na formação de seu caráter.

Fatores biológicos ou psicológicos podem impulsionar os jovens para a beira do precipício, mas esses impulsos são liberados ou bloqueados através da influência social e o que dá legitimidade às interdições sociais são os laços afetivos familiares. Os jovens que apresentam vínculos familiares significativos respeitam os valores da família. À semelhança do que ocorre com a sexualidade, os jovens ao se sentirem órfãos de pais vivos, ansiosos, convivendo com inseguranças e sentimentos de rejeição, podem buscar a droga e o sexo como alívio dessas incertezas ou carências. O afeto recebido, principalmente no período infanto‑juvenil, é que os torna capazes de tolerar e se submeterem às normas sociais e familiares, controlando seus impulsos ao invés de por eles serem controlados.

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