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Ações Básicas no Centro Espírita

Ações Básicas no Centro Espírita

É bem expressivo o número de Instituições Espíritas constituídas em nosso
país. Em Pernambuco muito particularmente, já podemos contar com mais de
trezentas Instituições, filiadas ou não a uma Federativa, cada qual com o seu
perfil administrativo, sociocultural. Apesar de todas terem como base a
Codificação Kardequiana, e seus dirigentes dizerem conhecer os postulados da
Doutrina Espírita, na prática observamos que uma grande parte destas
Instituições agem bem diferente da proposta da Doutrina.

Em visita a algumas Casas Espíritas e em conversas com seus dirigentes,
observamos pontos que geram dificuldades no processo administrativo e
doutrinário, dificuldades que poderiam ser resolvidas, se alguns irmãos
dirigentes, implantassem no centro espírita ADMINISTRAÇÃO DEMOCRÁTICA, unida a
um plano de AÇÕES BÁSICAS, certamente as instituições estariam dentro dos
padrões para os quais foram fundadas:

HOSPITAL – ESCOLA – OFICINA DE TRABALHO.

Problemas por ausência de público, e a não adesão de trabalhadores aos
trabalhos, entre outros, são algumas das reclamações dos dirigentes. Fazendo uma
análise geral na administração destas Casas, concluímos que nas instituições que
enfrentam estes tipos de problemas, os dirigentes portam-se como verdadeiros
“super heróis”, trabalham isolados, dirigem e fazem tudo sozinhos. Fazem a
palestra toda semana, dirigem as reuniões públicas, o passe, a desobsessão, a
consulta, a mediúnica, quando não são o “médium Principal”, atendem na
secretaria, fazem a entrevista fraterna, não participam de reuniões de área, não
visitam as instituições co-irmãs, exceto quando estão aniversariando. Não
aceitam sugestões, muito menos delegam poderes, mas exigem de todos que prestem
serviços à Instituição (sem direito a opinião), vê os trabalhadores como
subalternos. Não divulgam as correspondências relacionadas ao Movimento
Espírita, como também não participam, nem incentivam aos trabalhadores e ao
público participarem dos eventos fora de “sua” Instituição, não mantém na casa o
estudo sistematizado da doutrina espírita e quando mantém não participam, por
comodismo ou por julgarem não mais precisar. Perpetuam-se nos cargos, e dizem
agir assim, porque os outros trabalhadores não estão preparados ou não querem
fazer o trabalho…

Interessante é que quando surge oportunidade de eventos para orientação e
reciclagem dos trabalhos como dos trabalhadores, estes mesmos dirigentes não
aceitam, e quando permitem que estes trabalhos sejam feitos dentro de “suas”
Instituições, na maioria das vezes não colocam em prática. Com isso, geram
Instituições antagônicas, criam práticas fora da Coerência Doutrinaria, como por
exemplo: luzes apagadas para orar, preces de pé, garrafas dos irmãos em
tratamento destampadas para a fluidificação, ventiladores desligados para não
dispersar fluídos, determinadas portas fechadas para os espíritos não saírem…,
número volumoso de pessoas a mesa da tribuna, muitas vezes maior que na
assistência, pessoas sendo convocadas para o trabalho (dirigente e precistas) no
momento de iniciar a tarefa completamente despreparados para o serviço, exórdios
infinitos prejudicando a palestra, médiuns deseducados, despreparados, etc.,
etc., etc. E ainda pior, durante o horário da palestra pública, mantém outros
trabalhos (exceto evangelização infanto-juvenil) retirando dos trabalhadores
como dele mesmo a oportunidade de obter novos conhecimentos.

Além de todos estes procedimentos que caracterizam a falta de estudo da
Codificação, algumas ainda incluem práticas alternativas alheias à Doutrina
Espírita., dentre as quais citamos: CROMOTERAPIA, RADIESTESIA, CRISTALTERAPIA,
FITOTERAPIA, entre outras. Não queremos aqui entrar na eficácia destes
trabalhos, sabemos que alguns vêm buscando reconhecimento social, profissional e
acadêmico. Mas certo é que não fazem parte da Doutrina Espírita. Todas as
práticas aqui citadas, só vêm corroborar o quanto ainda é grande o número de
Irmãos Espiritistas apegados a FORMALISMOS, SUPERSTIÇÕES E EXPRESSÕES DE CULTO
EXTERIOR.

O mínimo que a Casa Espírita espera dos que se propõem a dirigir a
Instituição, como também de qualquer dos seus departamentos é que se tenha
conhecimento básico da Doutrina Espírita. Superar problemas administrativos e
doutrinários sempre será possível, desde que as equipes de trabalhos, e
principalmente os dirigentes, criem planos de organização e métodos. As
Federativas mantém programas de cursos, seminários e capacitações, em todas as
áreas de trabalho do Centro Espírita.

Procedimentos simples como:

  • saber ouvir;
  • estar aberto para
    sugestões e críticas construtivas;
  • incentivar o
    crescimento do relacionamento interpessoal no Centro Espírita;
  • levantar dados e
    informações sobre os departamentos;
  • definir metas;
  • descentralizar as
    atividades;
  • delegar poderes;
  • levantar com o
    grupo as necessidades de reciclagem, capacitação e aprimoramento dos trabalhos
    e trabalhadores;
  • proporcionar
    recursos físicos, didáticos e tecnológicos para o aprendizado;
  • envolver as
    pessoas nas decisões;
  • compartilhar
    resultados;
  • fazer avaliação
    periódica dos trabalhos;
  • manter um programa
    de palestras interessante e didática;
  • ampliar listagem
    de expositores Espíritas;
  • trocar
    experiências com outros Centros Espíritas;
  • manter intercâmbio
    e parceria com o Movimento Espírita;
  • etc.,

caracterizam Instituições harmoniosas, onde TODOS os colaboradores sentem-se
incluídos, por conseqüência participativos. Evitando assim, as cadeiras vazias
por ausência de público e a não adesão dos Irmãos aos trabalhos, como também a
falta de conhecimento doutrinário.

Quando as portas das Instituições Espíritas são abertas para o aprendizado, a
Doutrina Espírita alcança seus objetivos: INSTRUÇÃO, EDUCAÇÃO, ESCLARECIMENTO,
RENOVAÇÃO, CONSOLO E SOLIDARIEDADE. Portanto, propicia ao SER conhecimento das
Leis Universais, justiça, destino, imortalidade e fé raciocinada, equilibrando-o
e erguendo-o na sua estrutura Moral. Mudando o SER no individual este por
conseqüência mudará na coletividade. Mas tudo isso só é possível, quando a
Doutrina Espírita é estudada na sua essência, e colocada em prática na sua
pureza, evitando assim que cada um faça dentro dos Centros Espíritas trabalhos
baseados em “ACHISMO”, pois este tipo de procedimento negligencia os trabalhos,
os trabalhadores e todos os que precisam de ajuda e conhecimento para a evolução
do Espírito, além de colocar em dúvida o nome da Doutrina Espírita, como o da
própria Instituição.

“ESPÍRITAS! AMAI-VOS, eis o primeiro ensinamento; INSTRUÍ-VOS eis o segundo.
Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram
são de origem humana.” 2

Espíritas! Não podemos continuar enraizando erros em nossa Doutrina. Todas as
verdades encontram-se na Codificação. Instruí-vos. Eis a fórmula correta para
evitar “Espiritismo à moda da casa”.

(1) Rosemere Kiss Guba é Coordenadora de Apoio às Adesas da Comissão Estadual
de Espiritismo – CEE/PE

(2)O ESPÍRITO DE VERDADE (O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. VI / 5)

Rosemere Kiss Guba (PE)