Valho-me de texto do notável amigo Rogério Coelho, de Muriaé (MG), em transcrições parciais e com mínimas adaptações, para oferecer ao leitor a preciosidade dessa reflexão sobre o processo sábio das aflições como instrumento depurativo para despertamento dos que dormem, indiferentes ou omissos, diante das graves responsabilidades de viver. Reflete o articulista amigo:
“Bem-aventurados os que choram (aflitos), pois que serão consolados” – disse Jesus.
Nem todo aflito ou todo aquele que chora será consolado… As aflições são processos depurativos, que chegam ao homem, concitando-o à meditação em torno da problemática da existência, que não pode ser conduzida levianamente. Tua aflição mede o teu estado espiritual e representa o patrimônio de que dispões para recuperares a paz.
Dores de hoje, dívidas de ontem. Aquele que ora se aflige, recupera-se das aflições que a outrem impôs, por isso “só na vida futura”, se hoje bem se conduzir, será consolado.
Há, todavia, aflitos que se fazem afligentes, explodindo, em rebeldia, contra os fatores causais das suas necessidades evolutivas, não raro assumindo uma falsa posição de vítima e engalfinhando-se, nas disputas do desequilíbrio pelo trânsito, através do corredor da loucura por onde derrapam.
Há aflições que se fazem fardo de pesado ônus para aquele que da vida somente considera as vantagens utópicas, isto é, as transitórias alegrias decorrentes da ilusão.
Muitas aflições têm a medida que se lhes atribui aumentando-as ou valorizando-as, em face de uma atitude falsa ou decorrente da exigência de um mérito que em verdade não se possui…
Os aflitos a que se refere o Mestre são aqueles que da tribulação retiram o bom proveito; aqueles que encontram na dor um desafio para superarem-se a si mesmos; os que se abrasam na fé ardente e sobrepõem-se às conjunturas dolorosas; todos os que convertem as dificuldades e provações em experiências de sabedoria; os que sob o excruciar dos testemunhos demonstram a sua fé e perseverança nos ideais esposados, porfiando fiéis aos compromissos abraçados…
Os aflitos humildes e que se convertem em lições vivas de otimismo e de esperança ̶ eis os que serão bem-aventurados, porque após as dívidas resgatadas, os labores realizados, os testemunhos confirmados, “serão consolados” pela bênção da consciência tranquila, no país da redenção total.
Tua aflição é o caminho da tua vitória sobre ti mesmo. Ela te dará a medida da tua fraqueza e a grandeza do amor e da sabedoria do Pai Criador.
Utiliza-te da sua metodologia para o mais breve triunfo que te cumpre alcançar.
Aquele que se arrepende de um mal, está aflito; aquele que se encoleriza, sofre aflição; quem persegue, padece agonia; quem inveja extremunha-se e chora; quem odeia, galvaniza-se sob o açodar da fúria e combure-se nos altos fornos do desequilíbrio que gera. Estes não serão, por enquanto, consolados. Somente quando a consciência da dor os faça amar, submetendo-os à Divina Vontade, encontrarão na aflição a felicidade por que anelam.
A aflição está na Terra, por ser este um planeta de provas e dores, onde a felicidade ainda não se instalou, nem poderia fazê-lo por enquanto…
Concentra desse modo, as tuas aflições no Afligido em dívidas e entrega-te a Ele, seguindo-Lhe o exemplo, e, enquanto te encontres aflito, procura diminuir a aflição do teu próximo. Assim, fazendo, serás consolado, porque, conforme já sabemos, “as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa”. Sofrendo-as com resignação, superá-las-ás, encontrando a paz”.
- Autor: Orson Peter Carrara – orsonpeter92@gmail.com