O Espiritismo, desde o seu aparecimento na metade do século 19, levantou
contra si adversários poderosos e renitentes. Logicamente, porque incomodou e
continua incomodando, pelo seu pensamento lógico e lúcido.
Os inimigos principais, foram os religiosos dogmáticos, porque só tinham a
perder com o esclarecimento do povo, e o orgulho acadêmico, que via com
desconfianças, qualquer manifestação de cultura, fora dos seus dogmas
científicos. Muito mais do que os micróbios patogênicos de Pasteur, invisíveis
fora das lentes do microscópio, que suscitaram tantas discussões, os espíritos,
que não são visíveis, nem mesmo ao microscópio eletrônico, que aumenta a imagem
300 mil vezes, tem suscitado até hoje, muitos adversários.
Na primeira metade do século, aqui no Brasil, os grandes adversários do
Espiritismo eram, os padres e os médicos psiquiatras. Vários destes, se tornaram
célebres, pelas acusações de insanidade dos seguidores do Espiritismo, e a grave
acusação de que os espíritas mantinham os manicômios cheios. O delírio espírita
era comum na visão deles, bastando que um paciente, tivesse ido, uma única vez a
um centro espírita, mesmo depois do surto de loucura ter se desencadeado,
certamente, engrossaria as estatísticas do que denominavam loucura espírita.
Logicamente não queremos generalizar, pois existiram na época, profissionais
da saúde mental que não adotavam essas idéias, e alguns até foram espíritas.
Quanto aos sacerdotes católicos, e pastores protestantes, também não
generalizamos, porque sempre houve muitas e belas exceções.
A tônica dos religiosos, no combate ao Espiritismo, era a manifestação
diabólica. Para eles, somente os anjos e os demônios podiam se manifestar aos
homens, como os anjos eram proibidos de fazer isso, sobravam os demônios.
Hoje, os adversários diversificaram suas atuações. Há o interesse de algumas
igrejas evangélicas, em fazer acreditar que os fenômenos do sincretismo, são
manifestações espíritas. Por outro lado, alguns sacerdotes católicos, a exemplo
do sacerdote que é estrela de um show de televisão, não negando os fenômenos,
também não culpam mais o diabo, e sim, a mente, o cérebro, o inconsciente.
Abordamos esse assunto porque alguns espíritas estão incomodados com a
atuação de um padre na televisão. Aliás, o maior propagandista do Espiritismo na
segunda metade deste século. Mistura ele, o dogmatismo religioso, com a vaidade
acadêmica, passando por um forte treinamento de ilusionismo.
Tanto na época de Kardec, como agora, são muitos os que procuram conhecer a
Doutrina Espírita, exatamente porque é atacada, achincalhada por adversários,
não raro, desleais.
Esses adversários não nos preocupam, pois são externos. Contudo, nos preocupa
muito mais, aqueles que estão dentro do Espiritismo, e são intolerantes,
sectários, vaidosos, ou convencidos de um missionarismo salvacionista. Os
ataques externos nos despertam para a defesa, mas os conflitos e rachaduras
internas solapam as bases, especialmente quando são feitas com aparente espírito
caritativo, mas que não aceitam qualquer observação crítica, ou que alguém reze
por outra cartilha, que não seja a sua
(Jornal Verdade e Luz Nº 171 de Abril de 2000)