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Animismo

Animismo

O que é preciso evitar, em tais circunstâncias, é criar uma atmosfera de
suspeição em tomo do médium. Por duas válidas e significativas razões. Se a
mensagem não está bem, ainda assim não significa, indiscutivelmente, que ele
esteja fraudando. Embora isso possa ocorrer, é também possível que ele tenha
acolhido um espírito despreparado que não tenha muito que dar de si, nesse
campo. Se, por outro lado, a mensagem é aceitável e até boa ou excelente, também
não quer dizer que não possa ter sido produzida pelo próprio espírito do médium,
como estamos vendo.

Continua Delanne:

Agora que sabemos da extraordinária riqueza da memória latente, povoada de
lembranças de tudo quanto estudamos, vimos, ouvimos e pensamos em nossa vida,
que sabemos que a atividade do espírito durante a noite é preservada (na
memória), que impressões sensoriais, das quais não temos consciência, podem
revelar-se aura dado momento, devemos ser bem circunspectos para afana que o
conteúdo de uma mensagem não provém do subconsciente. (Idem)
As mensagens
devem, por conseguinte, ser examinadas e aceitas (ou rejeitadas) pelo que são em
si mesmas e não por serem de origem espiritual ou anímica. Tanto há mensagens
boas de origem anímica como mensagens inaceitáveis de origem espiritual. Não
estamos autorizados a colocar o médium sob suspeita apenas porque produziu uma
mensagem ou manifestação anímica.

Propõe Delanne critério semelhante ao de Boddington para testar a origem da
comunicação. Se ela estiver acima da capacidade do médium, poderá ser
considerada como provinda de espíritos desencarnados.

De minha parte, com todo o respeito que me merecem esses dois eminentes
autores, não acho que o critério, embora válido sob certos aspectos, seja ainda
o definitivo, quando sabemos, pela palavra do próprio Delanne, da insuspeitada
riqueza cultural que trazemos nos vastos armazéns da memória inconsciente.
Sempre que esse material tiver condições de emergir pelo processo da psicografia
automática, será compatível com os conhecimentos que o médium traz como espírito
encarnado, dono que ele é de vasto material acumulado ao longo de inúmeras
existências pregressas.Jamais nos esqueçamos, contudo, do princípio ordenador da
mediunidade, ou seja, o de que ela é um processo de intercâmbio entre as duas
faces da vida inteligente e que, portanto, participa de uma e de outra. Do que
se depreende que toda comunicação ou fenômeno mediúnico terá sempre um
componente maior ou menor de cada uma dessas duas faces da realidade. Há, pois,
nas manifestações mediúnicas, um componente espiritual (do desencarnado) e um
componente anímico (do encarnado). Como também poderá provir apenas do ser
encarnado, sem participação de espíritos desencarnados, pois o espírito encamado
também se manifesto como espírito. .Em suma: o espírito desencarnado precisa do
médium encarnado para comunicar-se conosco, mas este pode prescindir, sob
condições especiais, da participação dos companheiros desencarnados para
transmitir seus próprios pensamentos, armados como material que se encontra
depositado nos seus arquivos inconscientes.Voltamos, para concluir, reiterando o
ensinamento de Ernesto Bozzano sobre a interação animismo/espiritismo:Nem um,
nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos supranormais.
Ambos são indispensáveis a tal &n e não podem separar-se, pois que são efeitos
de uma causa única e esta causa única é o espírito humano que, quando se
manifesto, em momentos fugazes durante a encarnação, determina os fenômenos
anímicos e quando se manifesto mediunicamente, durante a existência
desencarnada, determina os fenômenos espiríticos. (Bozzano, Ernesto, 1987.)

6) Aspectos provacionais do fenômeno anímico

O fenômeno anímico exige, por conseguinte, experiência e atenção de quem
trabalha com médiuns regularmente ou ocasionalmente testemunha manifestações
mediúnicas. Não constitui, contudo, um tabu, nem se apresenta como fantasma
aterrador que é preciso exorcizar.

Escreve André Luiz, em Nos Domínios da Mediunidade:

Muitos companheiros matriculados no serviço de implantação da Nova Era,
sob a égide do espiritismo, vêm convertendo a teoria anímica num travão
injustificável a lhes congelar preciosas oportunidades de realização do bem;
portanto, não nos cabe adotar como justas as palavras “mistificação inconsciente
ou subconsciente” para batizar o fenômeno. (Xavier, Francisco C./André Luiz,
1973a.)
Refere-se o instrutor Áulus, nesta passagem, a uma senhora que,
embora com as usuais características de uma incorporação obsessiva de espírito
perseguidor, estava apenas deixando emergir do seu próprio inconsciente memórias
desagradáveis de uma existência anterior que nem mesmo o choque biológico da
nova encarnação conseguira “apagar”.Tratava-se de uma doente mental, cujos
passados conflitos ainda a atormentavam e se exteriorizavam naquela torrente de
palavras e gestos sonidos como se estivesse possuída por um espírito
desarmonizado. No caso, havia, sim, um espírito em tais condições – era o seu
próprio e, portanto, ela estava ali funcionando como médium de si mesma,
produzindo uma manifestação anímica. Mais que ignorância, seria uma crueldade
deixar de socorrê-la com atenção e amor fraterno somente porque a manifestação
era anímica. Continua Áulus, mais adiante:Um doutrinador sem tato fraterno
apenas lhe agravaria o problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez
lhe impusesse corretivo inoportuno em vez de socorro providencial. (Idem)
Em
Mecanismos da mediunidade (cap. XXIII), encontramos observação semelhante,
colocada nestes termos:Freqüentemente pessoas encarnadas nessa modalidade de
provação regeneradora são encontráveis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos
mais complexos estados emotivos, quais se personificassem entidades outras,
quando, na realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos
trajes mentais em que se externavam noutras épocas sob o fascínio dos
desencarnados que as subjugavam. (Xavier, Francisco C. / André Luiz, 1986.)
Lembra
esse autor espiritual, a seguir, que se fôssemos levados, pelo processo da
regressão da memória, a uma situação qualquer em urna de nossas vidas anteriores
e lá deixados por algumas semanas, apresentaríamos o mesmo fenômeno de aparente
alienação mental, complicada com características facilmente interpretadas como
de possessão, pelo observador despreparado. Ou, então, a pessoa seria tida como
mistificadora inconsciente. Em ambas as hipóteses, o diagnóstico estaria errado
e, por conseguinte, qualquer forma de tratamento porventura proposto ou tentado.

Escreve ainda André Luiz:

Nenhuma justificativa existe para qualquer recusa no trato generoso de
personalidades medianímicas provisoriamente estacionadas em semelhantes
provações, de vez que são, em si próprias, espíritos sofredores ou conturbados
quanto quaisquer outros que se manifestem, exigindo esclarecimento e socorro.
(Idem) (Destaque nosso)
Podemos concluir, pois, que muitos médiuns com
excelente potencial de realizações e serviços ao próximo podem ser
desastradamente rejeitados pela simples e dolorosa razão de que não foram
atendidos com amor e competência na fase em que viviam conflitos emocionais mal
compreendidos.

(Diversidades dos Carismas. Teoria e Prática da Mediunidade – Lachatrê
Publicações)

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