Na nossa infância espiritual, apegamo-nos às coisas do mundo. Não podemos, ainda, compreender e vivenciar a vida espiritual, pois sequer cogitamos nela como real existência. Parece-nos lógico valorizar somente aquilo que nos traz prazer à vida; enaltece nossa vaidade; está ao nosso alcance. Algo palpável. Concreto.
É compreensível, pois a criança se apega aos seus brinquedos e lhes dá um valor infinitamente maior do que o brinquedo tem. A alma primária ainda estagia no grau evolutivo a que pertence. Está, ainda, ensaiando para a vida onde o conhecimento lhe trará a responsabilidade desejada. Não se exige que a árvore dê frutos saborosos antes de passar pelas fases do crescimento, ou que o fruto seja saboroso antes do amadurecimento.
No vaivém do berço/túmulo, túmulo/berço, o Espírito vai saindo da infância. Vai-se soltando vagarosamente do chão lamacento e tecendo asas para ganhar alturas. Nessa subida, vai-se desapegando das coisas do mundo, pois percebe que não é dono de nada, que tudo pertence a Deus. Percebe que somos apenas os administradores, os usufrutuários de tais bens. E faz uma descoberta importante: Posso levar os bens tão duramente conquistados, para o mundo espiritual? Não. Tudo que é do mundo fica no mundo. Levaremos tão somente os bens espirituais, na forma de luz e felicidade espiritual.
Porém, a luta contra as tendências negativas é hercúlea. Muito temos, ainda, a aprender; a consubstanciar virtudes; a substituir o instinto animal egoísta, conservado ao longo do caminho evolutivo, por sentimentos humanizados que tragam luz e paz.
Hoje estamos vivendo dias de turbulência espiritual. A violência, a frieza, os preconceitos de toda ordem, a inversão de valores, fazem tremer as almas mais sensíveis. O apelo ao consumismo, a alienação que as drogas proporcionam, as obsessões espirituais onde pessoas não titubeiam em roubar, matar, a fim de adquirir bens materiais falam por si mesmas que o mundo não suportará por muito mais tempo tal estado de coisas.
Os espíritas são denominados trabalhadores da última hora. Deus, na sua infinita bondade, permitiu que Jesus trouxesse à Terra sua doutrina esclarecedora, a fim de que pudéssemos segui-la no seu ciclo evolutivo.
Todavia, infelizmente, parece que está difícil sairmos da infância espiritual, pois nos apegamos mais do que nunca aos bens materiais, à vida de sensações ainda grosseiras que nos entorpece a alma e nos faz distanciar da espiritualidade superior.
Nós, os “trabalhadores da última hora”, temos de redobrar a atenção. Em nós, e não no nosso semelhante. Vamos nos olhar para dentro a fim de ver se não estamos agindo de forma equivocada, adorando a Deus e a Mamon. Cuidado para não ficarmos em cima do muro; mostrarmos humildade enquanto pregamos o evangelho com a arrogância estampada no semblante. Cuidado para não cultivar a avareza como se fôssemos viver eternamente aqui.
Amigos, é claro que os bens do mundo estão aí e devem ser aproveitados desde que não traga prejuízo a ninguém e que não sejamos escravos deles. Porém, que não haja excessiva preocupação de nossa parte em guardar, guardar, pois conforme as palavras da Bíblia sobre o homem que construiu celeiros enormes para guardar sacas e sacas de grãos e que depois disse a si mesmo: Agora vou descansar em paz, pois terei alimento para muitos e muitos anos. Então ouviu uma voz que lhe disse: Insensato, para que tanta preocupação em guardar tanto, se esta noite virei buscar sua alma?
Ps.: Os conceitos aqui emitidos não expressam necessariamente a filosofia FEAL, sendo de exclusiva responsabilidade de seus autores.