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As Obsessões nos Evangelhos

As páginas dos Evangelhos estão repletas de passagens as obsessões
espirituais, sobejamente abordadas nas obras básicas do espiritismo.

Os versículos evangélicos que ensinam esta página, são decisivos da
convocação dessa assertiva, representando uma ilustração típica feita por Jesus
Cristo sobre os casos de obsessão: Um espírito obsessor foi afastado de um homem
e levado para o umbral ou para um plano espiritual compatível com seu estado
vibratório. Andando por lá e não achando consolo, decidiu-se a voltar para as
proximidades da criatura de quem foi afastado. Ali chegando, notou com surpresa,
que o antigo perseguido não havia se moralizado, não havia tomado nova diretriz
e permanecia distanciado do Bem, deixando, como decorrência, a porta aberta para
a volta do perseguidor. Este, por sua vez, não contentou em voltar sozinho; foi
e arranjou sete espíritos piores do que ele. Sob a influência dessa legião do
mal, o estado do antigo perseguido se agravou, tornando-se muito pior do que
antes.

É questão pacífica que todos os seres humanos, quando encarnam, assumem
encargos para com a justiça Divina e, para que tenham sucesso no novo
aprendizado torna-se imperioso que levem uma vida pautada nos moldes rígidos da
moral e do equilíbrio desincumbindo-se, pelo menos parcialmente, daquilo que se
comprometeram realizar.

A falta de satisfação dos compromissos assumidos, acarreta enfermidades que
são autênticos avisos salutares para o espírito encarnado. De um modo geral,
essas advertências se traduzem em perseguições espirituais sob a forma de
obsessão, que persiste, diminui de intensidade ou cessa completamente,
dependendo do rumo que o obsediado emprestar à sua vida.

Se o antigo perseguido decide-se a persistir na senda do erro, mergulhando-se
na imoralidade, estará abrindo de par em par, as portas para a volta do obsessor,
que retorna com fúria desdobrada, trazendo em sua companhia outros espíritos
inferiores que passam a formar uma “legião”, cuja ação nefasta faz com que a
situação do obsediado se torne muito pior do que antes.

O homem, assoberbado por cogitações de ordem puramente material, esquece-se
dos seus deveres mais fundamentais no campo da espiritualização, enveredando por
caminhos dúbios que levam ao descalabro moral e fazem com que se torne dócil
instrumento de espíritos que brilham pela falta de escrúpulo, não trepidando em
contribuir decididamente para que seu perseguido se chafurde no lamaçal do erro
e dos vícios.

Nos Evangelhos deparamos com a narração de vários casos de obsessões
espirituais:

Em Lucas, 8:2, observamos que “algumas mulheres foram curadas de espíritos
malignos e enfermidades, dentre elas Maria Madalena, de quem o Mestre expeliu
sete espíritos imundos”;

Marcos, 5:7-9, relata que um homem gadareno vivia assediado por espíritos
obssessores. Quando Jesus se aproximou dele, passou a clamar com grande voz:
“que tenho eu contigo, Jesus, Filho de Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que
não me atormentes.” O Mestre, após ordenar que o espírito imundo saísse do
homem, perguntou-lhe: “Qual é o teu nome? E ele respondeu, dizendo: Legião é o
meu nome; porque somos muitos.

Segundo a descrição de Lucas, 9:38-42, um homem que tinha um filho
atormentado por espírito maligno, dirigindo-se ao Messias, pediu: “Mestre,
peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho. Eis que um
espírito o toma, e de repente clama, e o despedaça, até espumar; e só o larga
depois de o ter quebrantado. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, e
não o puderam. E Jesus, respondendo, disse: ö geração incrédula e perversa! até
quando estarei ainda convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho. E quando
vinha chegando, o espírito o derribou e convulsionou; porém Jesus repreendeu o
espírito imundo, e curou o menino.”

Existem muitos outros casos nos Evangelhos, tais como o do servo do
centurião, da filha da mulher cananéia, da mulher paralítica, descrita em Lucas
13:10-17, sem falar no assedio dos espíritos inferiores no sentido de que os
apóstolos Pedro e Paulo fossem frustados em suas missões, conforme narrações
contidas em Lucas, 22:31-34:

Disse Jesus a Pedro: “Simão, Simão, os espíritos das trevas vos pediram para
vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça;
e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.”

E na II Epístola aos Corintios, 12:7-8, quando Paulo afirma: “E para que me
não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me dado um espinho na carne,
a saber, um mensageiro de “satanás” para me esbofetear, a fim de me não exaltar.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.”

Os casos de Maria Madalena e do Possesso Gadareno se enquadram melhor no
ensinamento que serve de tópico para está página. é obvio que Madalena para ter
chegado ao ponto de ter sete espíritos obssessores atormentando-a como autêntica
legião, deve ter passado pelas fases mais brandas da obsessão, quando o
obsediado recebe toda a sorte de advertências e amparo espirituais ( É a fase
quando o espírito imundo tem saído, anda por lugares secos, buscando repouso).
Dando de ombros a esses avisos salutares, o obsediado entra na fase mais aguda
(quando o espírito achando a casa varrida e adornada, vai e leva consigo outros
espíritos piores do que ele).

O Clarim Nº 15 – Novembro de 1971