Casas abandonadas não são somente aquelas esquecidas por seus proprietários,
ensejando à mente popular as figuras simbólicas, cultivadas principalmente pelas
crianças e chamadas de “assombrações“. Também não são somente aquelas que
nunca recebem pintura e cuidados com sua conservação. Podemos enquadrar inclusive
a casa mental, quando distraída dos deveres de cultivar a vigilância, a prudência,
o entusiasmo pela vida. Ou se preferirmos podemos situar também aquelas habitadas
por famílias esquecidas, filhos ou pais desprezados, doentes solitários ou outras
situações que a realidade do mundo apresenta, inclusive as casas de moradia coletiva,
como prisões, asilos ou orfanatos, quando também mal conduzidos…
Mas o objetivo do artigo é outro. Queremos citar as Casas Espíritas, também sujeitas
a abandonos coletivos ou de direção. Detentora do título intransferível de PROMOTORA
DO ESTUDO E DIVULGAÇÃO da Doutrina Espírita, embora o intenso e extenso trabalho
desenvolvido em todo país, encontra-se – repetimos – também sujeita a ficar abandonada.
Isto pode ocorrer nas seguintes situações (a relação não se esgota, pois o leitor
poderá completá-la com experiências vividas):
- Quando desvia seus objetivos primeiros: Estudar e divulgar;
- Quando permite seja invadida pelo egoísmo, orgulho, vaidade ou disputa de
poder; - Quando deixa que os vermes do melindre envolva seus integrantes;
- Quando o ciúme passa a ser companheiro de trabalho em suas atividades;
- Quando o estudo espírita fica colocado em degrau secundário;
- Quando a infância e mocidade estão esquecidas;
- Quando fecham-se em si mesmos, deixando de valorizar o intercâmbio com outras
Casas ou são administradas com displicência e conduzidas como propriedade particular; - Quando as chamadas terapias alternativas tomam o lugar da prece e do passe;
- Quando o interesse material predomina sobre os verdadeiros objetivos espíritas.
- Quando transforma-se em consultório do além ou em centro cirúrgico.
- Quando livros são trancados, jamais comentados ou jornais e revistas engavetados.
Mas também, é óbvio, quando são esquecidas as noções de higiene (aí incluída
uma pintura), os deveres legais, as providências administrativas, a valorização
das pessoas, as iniciativas em favor da Causa (muito maior que a Casa)… Lemos
uma frase que gostaríamos de oferecer aos leitores (não nos lembramos da origem
da frase), mas que define bem os compromissos que os espíritas devem ter com o Centro
Espírita: “atravessar as portas de entrada para um Centro Espírita é uma decisão
de vida!“. Claro ! Pois é uma decisão de trabalho, de comprometimento com a
maior Causa da Humanidade: a Causa do Evangelho.
Com todo o conhecimento que a Doutrina oferece, como ficar alheio à importância
que representa uma Casa Espírita, desprezando-a com nossa indiferença ou esquecendo-a
debaixo dos braços ou nas prateleiras do comodismo …
Para ela, a Casa Espírita, destinemos toda nossa dedicação, pois elas verdadeiramente
são abençoados Postos de libertação e felicidade para os homens.