Ligue sua televisão pela madrugada. Com o seu controle escolha aquele canal
em que um líder religioso está entrevistando uma pessoa do povo. Você vai ouvir
mais ou menos o seguinte diálogo:
“- Então a senhora se arrependeu de ter sido espírita?
– Sim, me arrependi. Foi um dos momentos de minha vida em que tudo dava
errado e eu não sabia porque.
– E agora que a senhora está em nossa Igreja, como está sua vida?
– Agora, com Jesus no meu coração, tudo mudou. Consegui emprego, consegui
comprar minha casa própria e sou uma pessoa muito mais feliz.
– Então o Espiritismo prejudicou a senhora?
– Prejudicou. Hoje eu vejo que o Espiritismo é coisa de demônio. Se pudesse
diria para todos os espíritas conhecerem a nossa Igreja onde Jesus é o nosso
Mestre e Senhor. Os espíritas precisam enxergar que o seu mestre é o demônio.”
Depois de ouvir tudo isso, nós espíritas ficamos a imaginar:
“Que desconhecimento em relação ao Espiritismo!”.
Um parêntese: Você se lembra, caro leitor, quando chutaram em um dos
programas de televisão a imagem católica de Nossa Senhora Aparecida? Você se
lembra da intensa e imensa reação dos católicos de todo o Brasil? Você se lembra
dos insistentes noticiários da televisão e dos inflamados artigos de jornais e
revistas sobre o assunto?
A reação de todos foi impressionante!
Há tempos não se via tamanha comoção em nosso país. O chute na imagem de
Nossa Senhora era assunto nas escolas, nos bares, em todos os lugares.
Agora reflita comigo:
Você já imaginou que todos os dias determinados pastores chutam
nossa Doutrina?
Por terem chutado uma única vez uma imagem, os católicos e toda
a mídia brasileira prontamente reagiram.
E nós que estamos sendo chutados todos os dias, estamos
reagindo?
Poderíamos pensar que existem duas alternativas para resolver essa crítica
situação de ataque diário e persistente ao Espiritismo:
A primeira:
Culpar o pastor e procurar fazer com que o mesmo nos dê satisfação por
publicamente desrespeitar de maneira infame e inculta a Doutrina que
professamos.
A segunda:
Divulgar melhor nossa Doutrina.
Agirmos de acordo com a primeira alternativa geraria polêmica. E polêmica
gera polêmica, que por sua vez gera polêmica…
Divulgar melhor nossa Doutrina é a solução.
Veja as palavras de Allan Kardec:
“Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados,
levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das
idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os
adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do
ascendente da opinião”.
Vale a pena também ler as palavras de Vianna de Carvalho, espírito:
“Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode
marginalizar, sob pretexto pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à
causa ou a indiferença pela divulgação, porquanto o único antídoto à má
Imprensa, na sua vária expressão, é a aplicação dos postulados espíritas, hoje
ainda ignorados e confundidos com as superstições, crendices, sofrendo as velhas
conotações infelizes com que o caluniaram no passado, aguardando ser despojado
das mazelas que lhe atiraram os frívolos e os déspotas, os fanáticos e os de má
fé, quanto os que se apoiavam nos interesses subalternos, inconfessáveis…
Hora de mentalidades abertas às informações de toda ordem, este é o nosso
momento de programar tarefas, fomentar a divulgação por todos os meios,
tornando-se cada companheiro honesto e dedicado, nova “carta-viva”, para a
estruturação de um homem melhor, portanto, de uma sociedade mais justa, uma
humanidade mais feliz”.
Complementa ainda Vianna de Carvalho “Como não é lícito fomentar debates ou
gerar discussões improdutivas, cabem, freqüentemente, sempre que possíveis, as
honestas informações entre Doutrina Espírita e Doutrinas Espiritualistas,
prática espírita e práticas mediúnicas, opiniões espíritas e opiniões
medianímicas…”
Kardec e Vianna de Carvalho nos mostram que gerar polêmicas, criar discussões
improdutivas a nada levam.
Procurar discutir no mesmo nível dos detratores é agir como eles estão
agindo. É errar como eles estão errando.
Nossa tarefa é melhor divulgar a Doutrina e respeitar todas as
religiões.
Uma eficiente e eficaz divulgação do Espiritismo, como disse Kardec: “imporia
silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da
opinião”.
Portanto, qual deve ser nossa postura ao divulgar nossa Doutrina?
Ao procurar divulgar nossa Doutrina, devemos fazê-la sem proselitismo, com
ousadia e sensatez, tendo sempre em mente que nossa postura tem que ser a
postura do conhecimento, da ética, da dignidade e da boa ação.