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Conhecimento de Si Mesmo

Conhecimento de Si Mesmo

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conhecimento: 2.1. Pensamento e Verdade;
2.2. Estoque de Conhecimento; 2.3.Aquisição, Retenção e Utilização. 3. Sócrates
e o Conhece-te a Ti Mesmo; 3.1. Filosofia e História da Filosofia; 3.2.
Maiêutica; 3.3. Reflexão.3.4. Herança e Automatismo. 4. Como Conhecer-se: 4.1.
Pela Dor; 4.2. Convívio com o Próximo; 4.3. Auto-Análise. 5. Conclusão. 6.
Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é dar ênfase à tomada de consciência de nossas
potencialidades e de nossos limites, no sentido de fazermos uma avaliação mais
serena e mais tranqüila de nós mesmos. Os tópicos a serem abordados são:
conceito de conhecimento, Sócrates e o Conhece-te a ti mesmo, Senso Crítico e
Como Conhecer-se.

2. CONHECIMENTO

2.1.PENSAMENTO E VERDADE

Conhecer é reproduzir em nosso pensamento a realidade. Damos o nome de
conhecimento à posse deste pensamento que concorda com a realidade. À
concordância do pensamento com a realidade chamamos verdade.

Que é pensar bem? André Maurois, em A Arte de Viver, diz-nos que é chegar a
fazer, de nosso pequeno modelo interior de mundo, uma imagem tão exata quanto
somos capazes, do grande mundo real.

Que é verdade? Pauli, em Que é pensar, entende por verdade, no mais
amplo sentido, a autenticidade que o conhecimento deve oferecer. Os dados são
verdadeiros se são o que anunciam. Se os dados, na hipótese do psicologismo, se
comportam como dados puros, a autenticidade se encontra nesta pureza. Se os
dados, na hipótese do intencionalismo, anunciam objetos, a autenticidade se
encontra em efetivamente noticiá-los, não dizendo que noticiam (quando de fato
não noticiam e enganam), nem dizendo que noticiam tal espécie de objetos (quando
de fato noticiam outra espécie). (1964, p. 88 e 89)

2.2. ESTOQUE DE CONHECIMENTO

O conhecimento acumulado pela humanidade está registrado nos arquivos das
bibliotecas espalhadas pelo mundo inteiro. Compõe-se de livros, revistas,
jornais, periódicos etc. A invenção da imprensa por Johann Guttenberg
(1398-1468) é responsável por esse fato, pois a nova técnica de produção
literária propiciou a veiculação de uma grande quantidade de conhecimentos que
até então estava adormecida. É que os trabalhos dos grandes pensadores, podendo
ser duplicados com mais facilidade, aumentou sobremaneira o número de obras à
disposição da população.

2.3. AQUISIÇÃO, RETENÇÃO E UTILIZAÇÃO

O conhecimento pode ser adquirido de forma empírica, vulgar,
intelectual, científica e intuitiva. Porém, a freqüência em cursos, a pesquisa
em livros e os diversos tipos de conversações fazem-nos penetrar objetivamente
no estoque de conhecimento acumulado pela humanidade. Além do mais, a associação
de idéias que dessas pesquisas advém, aumenta ainda mais esse estoque.

A retenção do conhecimento envolve não só o interesse acerca de um
assunto como também a apreensão de técnicas de memorização das informações.
Lembremo-nos de que nem sempre uma boa memória é sinal de grande inteligência. É
o caso do médico, de excelente memória, que tinha dificuldade em prescrever uma
receita médica.

A utilização do conhecimento deve ser sempre para o bem, procurando-se não
colocar a candeia debaixo do alqueire. (Lessa, 1960, p. 240 a 246)

3. SÓCRATES E O CONHECE-TE A TI MESMO

3.1. FILOSOFIA E HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Enquanto a Ciência tenta explicar como se dão os fatos, construindo a partir
de um objeto e do saber que num momento se possui acerca dele, medindo-os,
comparando-os e classificando-os, a Filosofia, que trata dela mesma, quer saber
porque se deram desta forma e não de outra. Assim, para que possamos penetrar no
“conhece-te a ti mesmo” de Sócrates, temos de colocá-lo dentro de um contexto
geral, pois a Filosofia parte de coisas já conhecidas, e segue pelas descobertas
de outros filósofos como que acrescentando algo ao já existente.

Os pensadores que precederam Sócrates queriam descobrir o princípio das
coisas. Este princípio é expresso, para cada um deles, nos seguintes termos:
para Tales de Mileto, o princípio de tudo era a água; para Anaximandro, o
infinito, o ilimitado; para Anaxímenes, o ar, o fogo, as nuvens e a rocha; para
Pitágoras, o número; para Parmênides, o ente, o ser; para Heráclito, o ser
dinâmico; para Empédocles, o ar, o fogo, a terra e a água; para Anaxágoras, tudo
em todas as coisas; para Demócrito, o átomo – última divisão do ser.

3.2. MAIÊUTICA

Como vimos anteriormente, os ensinamentos e reflexões dos primeiros filósofos
se voltaram para os problemas do ser, do movimento e da substância primordial do
mundo, a “physis“, procurando dar-lhes uma explicação racional. Entre
tais mestres, situamos Heráclito, Pitágoras e Demócrito. Sócrates, dizia ser
boa, mas queria apresentar algo mais substancioso, ou seja: o homem deveria
voltar para si mesmo
.

Conhece-te a ti próprio é o dístico colocado no frontispício do
oráculo de Delfos. Após a visita de Sócrates a este templo, emanam-se dois
diálogos, que podem ser encontrados em: Platão (Alcibíades, 128d-129) e
Xenofontes (Memoráveis, IV, II, 26).

Sócrates procura o conceito. Este é alcançado através de perguntas. As
perguntas têm um duplo caráter: ironia e maiêutica. Na ironia,
confunde o conhecimento sensível e dogmático. Na maiêutica, dá à luz um
novo conhecimento, um aprofundamento, sem, contudo, chegar ao conhecimento
absoluto.

3.3. REFLEXÃO

É uma volta sobre si mesmo. A reflexão seria mais perfeita se fosse somente
sobre o próprio pensamento, sem a intervenção dos sentidos; mas, como o
pensamento e os sentidos são inseparáveis, de qualquer forma é uma reflexão.

A reflexão faz-nos comparar e raciocinar, a fim de chegarmos a um acordo com
a nossa própria consciência. (Pauli, 1964, p. 88)

3.4. HERANÇA E AUTOMATISMO

O princípio inteligente estagiando no reino mineral adquiriu a atração; no
reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o
livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão. Hoje, somos o resultado de toda
essa herança cultural.

Nosso passado histórico propiciou-nos a automatização de hábitos e atitudes.
É nossa herança, que começa desde o reino mineral. Há hábitos positivos e
negativos. Os positivos devem ser incrementados; os negativos, extirpados. A
função da reforma íntima, no seu sentido amplo, é melhorar o reflexo
condicionado, arquitetado pelo nosso Espírito.

A lei do progresso exige que o princípio inteligente vá-se despojando dos
liames da matéria. Para que tenhamos um olhar crítico, devemos libertar-nos da
obscuridade da matéria, consubstanciada no egoísmo, no orgulho e no interesse
próprio. (Xavier, 1977, p. 39)

4. COMO CONHECER-SE

De acordo com Peres, no capítulo I do seu Manual Prático do Espírita,
podemos nos conhecer:

4.1. PELA DOR

A dor é teleológica e leva consigo um destino. Por ela podemos saber o que
fomos e, também, o que tencionamos ser. Ela é sempre positiva; no sofrimento,
estamos purgando algo ou preparando-nos para o futuro.

4.2. CONVÍVIO COM O PRÓXIMO

Podemos avaliar-nos, observando as reações dos outros com relação às nossas
atitudes.

4.3. AUTO-ANÁLISE

A auto-análise fundamenta-se numa cosmovisão transcendental da vida. A
compreensão integral do homem se apoia em três esteios fundamentais:
filosófico
: paz com a verdade; o psicológico: paz consigo mesmo;
religioso
: paz com o ser transcendental. São técnicas que permitem o homem
chegar a autenticidade de sua doença, não de tirar o homem da doença.

As questões 919 e 919A de O Livro dos Espíritos auxiliam-nos a
praticá-la. Santo Agostinho sugere que todas as noites devíamos revisar o dia
para ver como fomos em pensamentos, palavras e atos.

5. CONCLUSÃO

Embora haja dificuldade de conhecermos a nós mesmos, uma avaliação serena de
nossa dor e do nosso relacionamento com o próximo pode oferecer-nos uma luz no
fim do túnel. Além do mais, tomando consciência de nossa ignorância, estaremos
alicerçados para detectar a nossa verdadeira capacidade.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

  • KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972.
  • LESSA, G. Em Busca de Claridade. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura,
    1960.
  • PAULI, E. Que é Pensar (Teoria Fundamental do Conhecimento).
    Florianópolis, Ed. Biblioteca Superior de Cultura, 1964.
  • PERES, N. P. Manual Prático do Espírita. São Paulo, Pensamento,
    1984.
  • SAUVAGE, M. Sócrates e a Consciência do Homem. São Paulo, Agir,
    1959.
  • XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito
    André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

 

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