“O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo
progresso moral obsta. Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la
ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos
os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua
coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um, para vencer-se
a si mesmo, do que vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os
esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as
inteligências, esse filho do orgulho, é o causador de todas as misérias do mundo
terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à
felicidade dos homens”
(trecho extraído do livro “O Evangelho segundo o Espiritismo”, 109ª edição, FEB,
1994, página 191).
É importantíssimo, verdadeiro e deveras atual o ensinamento contido no texto
acima reproduzido.
Com efeito, o orgulho e, um de seus filhos, o egoísmo continuam sendo as
maiores chagas da Humanidade.
É impressionante como somos egoístas e, sobretudo, como agimos com egoísmo,
mesmo nas pequenas coisas ou nos acontecimentos triviais do dia-a-dia, como, por
exemplo, quando se estaciona o automóvel em largo espaço público, colocando-o no
meio sob o pretexto de melhor preservá-lo, sem cogitação de que ali poderia
também caber com folga outro veículo, de outra pessoa; também quando, diante de
uma fila formada, procura-se o atendimento rápido, na frente dos outros, que
antes chegaram, sob o equivocado entendimento de que o nosso tempo é mais
importante do que o tempo daqueles que ali se encontram, expressando-se assim,
misturados, o orgulho e o egoísmo, que lamentavelmente ainda portamos, em
abundância.
E são essas chagas, características do homem-velho que insiste em habitar o
corpo que possuímos na presente existência física, que vão nos conduzindo ao
terrível engano de querer levar vantagem em tudo, e sempre.
E, assim, a fim de satisfazer à ambição desmedida e à ganância incontrolável,
vai-se passando por cima de valores imperecíveis, como a honestidade, a
seriedade, a honradez, a ética, a correção de conduta enfim, construindo, por
exemplo, edifícios sem condições elementares de solidez, seja porque o material
neles empregado é de qualidade inferior à cobrada dos adquirentes das unidades
autônomas, seja porque a sua quantidade é inferior à mínima exigida por padrões
técnicos de segurança, mas que, assim aplicados, por sua vez, proporcionam
maiores lucros.
É o egoísmo também que faz com que o pão de 50 gramas nem sempre tenha o
mínimo de 50 gramas, não obstante seja vendido como se esse fosse o peso; é o
egoísmo, por igual, que faz com que laboratórios tantas vezes vendam
antibióticos em embalagem que contém oito comprimidos, quando se sabe que a
tomada mínima diária é de dois comprimidos, durante cinco dias pelo menos,
obrigando o usuário a comprar mais de uma caixa, mesmo que tenha que jogar fora
a sobra, procedimento que, como é evidente, gera lucros maiores.
Não se tem levado em consideração, nesses casos, as conseqüências que daí
decorram, mesmo que provoquem a morte do corpo físico dos outros, que são, a
rigor, seus irmãos, uma vez que Deus é o Pai Celestial de todos nós.
São inúmeros os exemplos que estão a demonstrar, de modo inequívoco, a
conduta egoísta do ser humano na face da Terra, esse planeta de provas e
expiações e, portanto, de categoria inferior no Universo.
É necessário, pois, que cada um de nós possa vencer-se a si mesmo, combatendo
e preferencialmente eliminando o egoísmo que insiste em prevalecer em nossos
pensamentos e em nossas atitudes, na certeza de que ele é o causador de todas as
misérias do mundo terreno, porque é a negação da caridade e, por conseqüência, o
maior obstáculo à felicidade dos homens.
Com efeito, cumpre não perder de vista que “Os homens, quando se
houverem despojado do egoísmo que os domina, viverão como irmãos, sem se fazerem
mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mútuo da
solidariedade. Então, o forte será o amparo e não o opressor do fraco e não mais
serão vistos homens a quem falte o indispensável, porque todos praticarão a lei
de justiça.”, assim como convém não esquecer que “O egoísmo se
enfraquecerá à proporção que a vida moral for predominando sobre a vida
material” (trechos encontráveis nas respostas dadas às questões números
916 e 917 de “O Livro dos Espíritos”, a obra basilar do Espiritismo, 75ª edição,
FEB, 1994, página 420).
Sendo assim, empenhemo-nos por substituir, com determinação e vontade, com
urgência e enquanto estamos a caminho, o egoísmo pela caridade,
que, na inspirada definição do apóstolo Paulo de Tarso, “é o amor em ação”
(Jornal Mundo Espírita de Março de 1998)