A Criança e o Mundo
Vivemos num mundo globalizado onde o egoísmo alcança níveis insuportáveis.
Para muitos, a luta pela sobrevivência consome todas as suas forças, pois
perderam emprego e esperanças. Mas, a nossa esperança de construir um mundo
melhor não acaba, mas precisa estar bem alicerçada, para que o edifício da
fraternidade seja sólido e firme.
O alicerce deste edifício deverá ser a educação. Porém não apenas a
instrução, mas também a educação moral, e de uma moral praticada, vivida,
valorizada.
A maioria das pessoas acreditam que as nossas esperanças de construir esse
mundo novo está na criança. Todos concordam que a criança é o futuro. Mas não
haverá futuro se não cuidarmos delas agora. Não é possível adiar por mais tempo
as medidas necessária de apoio e amparo à criança.
Como podemos esperar que os futuros cidadãos sejam bons e fraternos se
descuramos do seu presente? Não podemos permitir que muitas delas continuem
sendo aviltadas, exploradas em trabalhos duros, que as impedem de freqüentar a
escola, ou prostituídas, seduzidas por traficantes de drogas, usadas em
assaltos.
A esperança da paz está na criança. Mas como ela será pacífica se é induzida
à violência pela televisão, histórias em quadrinhos e pelos brinquedos em forma
de armas, ou mesmo por conviver com a violência no lar ou nas ruas? Qual é a paz
das crianças que tem que sobreviver nas guerras das ruas, e das guerras
verdadeiras, em tantos países do mundo, onde elas são as maiores vítimas,
juntamente com os idosos ?
O mundo precisa saber que existem crianças e adolescentes lutando em
revoluções e guerrilhas em várias partes do planeta. Permitir isto é confiá-las
ao mal, é roubar-lhes as esperanças. Se já é triste ver adultos se estraçalhando
em guerras, mais triste ainda é ver essas crianças portando armas realmente
assassinas.
Toda criança é um apelo mudo ao universo adulto. Elas nascem com uma mensagem
de Deus que precisamos decodificar.
Embora tenhamos esboçado esse quadro contristador, temos, não esperanças, mas
a certeza, de que este mundo novo será uma realidade, e tão mais rapidamente
quanto mais esforços fizermos para construi-lo.
Em nome das crianças do mundo suplicamos amor. Não apenas afagos e carícias,
brinquedos e viagens, mas também a luz do entendimento, a educação, bons
exemplos, palavras amigas, bondade. Não façamos delas estatuetas para exibir aos
parentes e amigos. Toda criança é bela, pois não existem crianças feias.
A criança chega ao mundo completamente dependente. Se a mãe não colocar o
peito em sua boquinha ela perece de fome. Mas ela vem em nome de Deus para
aprender com os adultos, especialmente os pais e avós, a humildade, o
devotamento, o amor ao trabalho, o perdão e a fé.
Como espíritas e reencarnacionistas, sabemos que a forma infantil guarda um
espírito adulto, que já tem armazenado um grande patrimônio de coisas boa e
ruins. Muita coisa fica registrado no íntimo do espíritos e se manifesta como
tendências e vocações. Observar essas tendências e estimular as boas e corrigir
as ruins é um dos maiores deveres dos pais e educadores.
Os pais tem, do zero aos sete anos, um campo fértil para semear o amor, o
respeito, a bondade, estimular a criatividade e dar noções de cidadania. Dos 7
aos 14 essa facilidade vai diminuindo, e dizem muitos que após os 14 anos
somente a dor tem forças para modificar o caráter.
22/11/2002