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Criança, espírito em evolução

Indo além das pesquisas da pedagogia tradicional e da psicologia educacional,
a Doutrina Espírita nos revela, principalmente nos livros de André Luiz, o
imenso trabalho do Mundo Espiritual na preparação de uma nova encarnação.
Iluminando a pedagogia e a psicologia, a Doutrina Espírita nos revela que a
criança é o Espírito que retorna, trazendo necessidades individuais e um
programa de vida estabelecido durante sua preparação para reencarnar.
Essencialmente, podemos afirmar que o Espírito se prepara tendo em vista suas
necessidades básicas evolutivas, levando-se em conta:

  • Sua bagagem evolutiva conquistada nos milênios anteriores, até o momento
    presente.
  • O potencial futuro, passível de ser desenvolvido na próxima encarnação, a
    partir das conquistas atuais.

Da bagagem do passado, destacam-se as qualidades apreciáveis conquistadas
pelo Espírito, bem como os defeitos, erros e viciações amealhadas em seu
livre-arbítrio.

Todo o seu passado servirá de base para as conquistas futuras.

As conquistas anteriores, as tendências nobres, as qualidades superiores,
servirão de ponto de partida para novas conquistas no campo intelectual e
afetivo.

Temos, pois, na criança, um Espírito que reencarnou com um programa de vida,
elaborado no Mundo Espiritual, que prevê as necessidades básicas evolutivas do
reencarnante. É fácil perceber que as necessidades variam imensamente de
Espírito para Espírito.

Cada espírito, pois, renasce no meio mais propício ao seu desenvolvimento
interior, com um programa de vida traçado no Mundo Espiritual.

Isso não inclui a ação educativa em absolutamente nenhum caso. Por mais revel
seja o Espírito, tenha ele renascido no antro mais profundo de inferioridade,
abandonado pelos pais, nas piores condições, será ele o que mais necessitará da
ação educativa, que fornecerá ao Espírito que reencarnou para evoluir, a energia
e a força interior para vencer as provas necessárias ao seu aprimoramento. Por
mais fundo tenha entrado nos liames da inferioridade, o Espírito recomeçará daí
sua escalada evolutiva. A evolução é determinista. Variam as formas e os meios,
mas todos os seres, filhos de Deus, evoluem incessantemente, alguns mais
rapidamente, outros muito lentamente, conforme o próprio livre-arbítrio, mas
todos caminham para frente e para cima, embora possa parecer aos olhos dos menos
avisados que a Humanidade possa regredir.

Um dos grandes exemplos de fé na educação, nos deu Pestalozzi, quando, em
Stans, na Suíça, arrebanhava as crianças abandonadas nas piores condições
possíveis, albergando-as no orfanato que dirigia. A ação educativa de
Pestalozzi, embasada no amor e na fé, reconduzia o Espírito aos canais
superiores da evolução. Transformava crianças rebeldes em homens de bem. O
educador sabe amar seu discípulo e ver nele o Espírito eterno, filho de Deus que
renasceu para evoluir, seja qual seja a sua situação atual.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XI-9, encontramos o seguinte
trecho esclarecedor:

“Os efeitos da lei de amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e a
felicidade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e os mais viciosos deverão
se reformar quando virem os benefícios produzidos por esta prática: Não façais
aos outros o que não quereríeis que vos fosse feito, mas fazei-lhe, ao
contrário, todo o bem que está em vosso poder fazer-lhes.”

“Não creiais na esterilidade e no endurecimento do coração humano; ele cede,
a seu malgrado, ao amor verdadeiro; é um imã ao qual não pode resistir, e o
contato desse amor vivifica e fecunda os germes dessa virtude que está nos
vossos corações em estado latente. A Terra, morada de prova e de exílio, será
então purificada por esse fogo sagrado, e verá praticar a caridade, a humildade,
a paciência, o devotamento, a abnegação, a resignação, o sacrifício, virtudes
todas filhas do amor.”

Do livro Educação do Espírito. Introdução à Pedagogia Espírita.