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Curso de Introdução ao Espiritismo – Centre Spirite Lyonnais Allan Kardec Parte 2 O Espiritismo é uma ciência?

Curso de Introdução ao Espiritismo – O Espiritismo é uma Ciência?

Os fenômenos da ” Dança das Mesas “, que haviam decolado da história das irmãs Fox, tinham se tornado uma verdadeira moda. Em conseqüência, foram muitas vezes acolhidos com uma grande incredulidade, mas não obstante, fizeram atrair a atenção dos homens de ciência, que se puseram a observar e a estudar seriamente o fenômeno.

Entre eles figurava Hippolyte Rivail, que mais tarde adotou o pseudônimo de Allan Kardec. Começou sua carreira como professor de letras e de ciências. Excelente pedagogo, publicou diversos livros didáticos e contribuiu para a reforma do ensino francês.

Foi em 1854 que ouviu falar pela primeira vez das mesas girantes e das manifestações inteligentes. Cético no início, adotou entretanto uma atitude correta aceitando assistir às experiências, só depois empreendendo o estudo sério do fenômeno. Sem jamais elaborar teorias preconcebidas ou prematuras, aplicou o método experimental que consiste em observar os fatos, a seguir deduzir uma teoria, então confrontá-la com a experiência, e rejeitá-la se fosse incapaz de explicar os novos fatos.

Analisando não somente o aspecto externo dos fenômenos, mas também o teor mais coerente das melhores comunicações recebidas, aplicou o princípio da causalidade: os efeitos inteligentes devem ter uma causa inteligente. Essa causa é, ela mesma, definida como sendo o espírito, ou o princípio inteligente dos seres humanos sobrevivendo à morte, que não é senão a destruição dos corpos físicos. Mas o Espiritismo não tem concluído pela existência de Espíritos a não ser quando essa existência é ressaltada com evidência da observação dos fatos e também dos outros princípios.

Allan Kardec rapidamente descartou a infalibilidade dos espíritos, que não sabem mais que quando estavam encarnados entre os humanos. Não é porque alguém morreu que se torna sábio. Todavia, constatou que alguns dentre eles possuem um nível intelectual e moral bem acima da média terrestre, que se exprimem sem alegoria, e dão às coisas um sentido claro e preciso que não possam estar sujeitas a nenhuma falsa interpretação. De mais, seus ensinamentos lógicos aclaram, confirmam e sancionam por provas os textos das escrituras sagradas e as noções filosóficas por vezes muito antigas. Os fenômenos sendo naturais e universais, remontam à noite dos tempos.

Por um trabalho de observação e de análise metódica, multiplicando as fontes (50.000 mensagens) e os médiuns, comparando as mensagens e passando-as sob o crivo da razão e do bom-senso, Allan Kardec organizou e selecionou os ensinamentos dos espíritos, e os publicou em 18 de Abril de 1857 em “O Livro dos Espíritos”. Esse livro contém os princípios da doutrina espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e seus relacionamentos com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade, segundo os ensinamentos dados pelos Espíritos Superiores.

Allan Kardec escreveu: “Por sua natureza, a revelação espírita tem um duplo caráter: ela atinge ao mesmo tempo a revelação divina e a revelação científica. Guarda relação com a primeira, porque seu advento é providencial, e não o resultado da iniciativa e do desígnio do homem; que os pontos fundamentais da doutrina são de fato o ensinamento dado pelos Espíritos, encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre as coisas que eles ignoravam e que não podiam aprender por eles mesmos, mas que lhes importa de conhecer, hoje que estão mortos e podem compreendê-los. Guarda relação com a segunda, porque esse ensinamento não é privilégio de nenhum indivíduo, mas é dado a todo o mundo pela mesma via; que aqueles que o transmitem e aqueles que os recebem de maneira nenhuma são seres passivos, dispensados do trabalho de observação e de pesquisa; que não precisam de forma alguma abnegar de seu julgamento e de seu livre arbítrio; que o controle não lhes é interdito, mas, ao contrário, recomendado; enfim, que a doutrina de forma alguma impõe a crença cega; que é deduzida pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos colocam sob seus olhos, e das instruções que lhes deram, instruções que ele estuda, comenta, compara, e donde tira ele mesmo as conseqüências e as aplicações. Em uma palavra, o que caracteriza a revelação espírita, é que a fonte é divina, a iniciativa pertence aos Espíritos, e a elaboração é feita pelo trabalho do homem.”

Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma maneira que as ciências positivas, o que quer dizer que aplica o método experimental. Fatos de uma nova ordem se apresentaram que não puderam ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa, e, dos efeitos remonta às causas, chega à lei que os rege; depois deduz suas conseqüências e busca aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não colocou como hipótese, nem a existência e intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem nenhum dos princípios da doutrina; conclui pela existência de Espíritos quando essa existência é ressaltada com evidência da observação dos fatos; e também dos outros princípios. Não são os fatos que vieram posteriormente confirmar a teoria, mas a teoria que veio subseqüentemente explicar e resumir os fatos. É então rigorosamente exato dizer que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências não fizeram progresso sério senão depois que seu estudo passou a se basear no método experimental; mas até hoje se acredita que esse método não se aplicava senão à matéria, enquanto que é igualmente aplicado às coisas metafísicas.

Citemos um exemplo. Acontece, no mundo dos Espíritos, um fato singular, e que seguramente ninguém teria suspeitado, aquele dos Espíritos que não se crêem mortos. Bem! Os Espíritos superiores, que o conhecem perfeitamente, não vieram de forma alguma dizer por antecipação: “Há Espíritos que crêem ainda viver a vida terrestre; que conservaram seus gostos, seus hábitos e seus instintos”; mas provocaram a manifestação de Espíritos dessa categoria para nos fazer observá-los. Tendo então visto os Espíritos incertos de seu estado, onde afirmam que eles ainda são desse mundo, e crendo perambular em suas ocupações ordinárias, do exemplo se conclui a regra. A multiplicidade de fatos análogos tem provado que isso está longe de ser uma exceção, mas que é uma das fases da vida espiritual; ela permite estudar todas as variedades e as causas dessa singular ilusão; de reconhecer que essa situação é, sobretudo, própria dos Espíritos pouco avançados moralmente, e que é particular de certos gêneros de morte; que não é senão temporária, mas que pode durar dias, meses e anos. É assim que a teoria nasce da observação. Acontece o mesmo com todos os princípios da doutrina.

O Espiritismo não coloca então princípios absolutos senão os que são demonstrados pela evidência, ou que ressaltam logicamente da observação. Marchando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque, se novas descobertas demonstrarem que está errado em um ponto, ele se modificará nesse ponto; se nova verdade se revela, ele a aceita.

Da mesma forma que a Ciência propriamente dita tem por propósito o estudo das leis do princípio material, o propósito especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do princípio espiritual; ou, como esse último princípio é uma das forças da natureza, que reage incessantemente sobre o princípio material e reciprocamente, resulta que o conhecimento de um não pode ser completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a ciência se completam um ao outro: a ciência sem o Espiritismo se encontra impotente para explicar certos fenômenos somente pelas leis da matéria; o Espiritismo sem a ciência ficaria sem apoio e controle. O estudo das leis da matéria devia preceder aquele da espiritualidade, porque é a matéria que toca primeiro que tudo os sentidos. O Espiritismo vindo antes das descobertas científicas teria sido uma obra abortada, como tudo aquilo que vem antes de seu tempo.

Gabriel Delanne acrescenta: “Muito bem, nós espíritas, viemos dizer aos positivistas isto: Nós nos tornamos vossos discípulos, adotamos vosso método, e não aceitamos por verdadeiras senão as verdades demonstradas pela análise e pelo senso de observação. Longe de nos conduzir aos resultados aos quais tendes chegado, seus instrumentos de pesquisa nos têm feito descobrir um novo modo de vida e nos trazem a certeza sobre os pontos mais discutidos.”

As grandes vozes de Crookes1 e de Wallace2, proclamam que do exame positivo dos fenômenos espíritas ressalta claramente que a alma é imortal e que, não somente não morre, mas ainda que pode se manifestar, aos humanos, por meio de leis, embora pouco conhecidas, que regem a matéria ponderável. Todo efeito tem uma causa, e todo efeito inteligente supõe uma causa inteligente; tais são os princípios primeiros, os axiomas inabaláveis sobre os quais repousam nossas demonstrações.

Os materialistas podiam, há pouco tempo atrás, repelir os argumentos das filosofias dizendo que eles não possuíam o verdadeiro método que conduzisse à verdade; mas, com os procedimentos espíritas, nada de semelhante se deve temer. Não viemos dizer: É preciso fé para compreender nossa revelação. Não interditamos a pesquisa livre, dizemos ao contrário: Venham, instruam-se, façam experiências, procurem se dar conta de todos os fenômenos, sejam observadores meticulosos, não aceitem uma experiência senão se tiver podido repeti-la muitas vezes e dentro de circunstâncias variadas, em uma palavra, avance prudentemente na pesquisa do desconhecido, porque marchando à descoberta de novos princípios, os erros são fáceis de cometer. Uma vez que tenham estudado suficientemente, o fenômeno vos instruirá ele mesmo sobre sua natureza e seu poder.

 

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