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A DIALÉTICA DO SUICÍDIO

Sonia Theodoro da Silva – www.filosofiaespirita.org

Há momentos em que palavras e gestos não conseguem exprimir os sentimentos que envolvem os corações humanos diante da tragédia, seja ela pessoal ou coletiva. Tragédias essas onde apenas as justificativas simplistas não alimentam a necessidade que temos de uma explicação madura e condizente ao progresso intelecto-moral já alcançado.

Refiro-me a justificativas tais como: “é a transição”, é “a lei de causa e efeito”. Ou ainda, “nada devemos temer, pois Jesus está no leme deste barco navegante em mares tumultuosos”.

Essas “explicações” poderiam levar à uma acomodação de pensamentos e sentimentos, já que “nada podemos fazer” diante da lei de “causa e efeito” que atinge vítimas e algozes, e nos coloca “a salvo” de qualquer evento menos feliz. Mistura de carma indiano com lei de talião mosaica.

Por outro lado, as aflições que muitos hoje vivenciam fruto de desastres ecológicos principalmente no Brasil, oriundo da ganância de governos e empresas multinacionais, de assaltos com morte, principalmente nas grandes metrópoles, e por abandono e violência, está ceifando vidas que não suportam conviver sem seus amados, seus pertences, sem o trabalho que lhes garantia a dignidade de viver.

O suicídio foi institucionalizado por circunstâncias as mais diversas além das acima citadas, como a imolação da própria vida para o cumprimento da jihad islâmica e assim alcançar o paraíso distante do mundo ocidental perverso e corrupto; como único caminho para abolir o sofrimento diante da perda de entes queridos, de bens materiais que sustentavam a família, e ainda pelo fato de enfermar sem perspectivas de futuro, e, muitas e muitas vezes por tristeza, vazio existencial e estresse emocional.

Como exemplos, o governo dos EUA enfrenta hoje uma epidemia de suicídio nas fileiras militares por parte de jovens traumatizados pelas guerras das quais participaram no Oriente Médio; o Japão enfrenta epidemia de suicídio de jovens que não conseguiram matrícula nas universidades mais conceituadas e partem para a alternativa cultural do autocídio como saída estratégica da vida e manutenção do orgulho pessoal e familiar.

E poderíamos elencar todas as causas possíveis para essa “alternativa” que milhões buscam hoje no mundo inteiro para não enfrentarem a dor e o sofrimento, o vazio existencial e a sensação de abandono.

O ser humano está em crise profunda. Não podemos achar que as Leis Divinas estejam por detrás dessa tragédia. Se Deus é misericordioso, as Suas Leis, que expressam o Seu pensamento, expandem o Seu amor por toda a humanidade nesse instante. As Leis Divinas são misericordiosas, nunca agem em desacordo com Deus, pois Ele as dirige e comanda, embora o homem seja o algoz do próprio homem, embora haja optado pela cruel lei de talião contra o próximo e contra si mesmo.

Então, porque tudo isto?  O que faz um jovem imolar-se tão cruelmente por um ideal utópico preconizado por argumentos rasteiros, como vemos hoje os jovens que se unem a grupos dotados de ódio profundo à civilização e tudo o que ela representa?

Qual a verdadeira causa dessa ausência de si mesmo? Não somos adeptos de explicações menores nem justificativas que nada explicam, senão ampliam o nosso estupor diante de tanta dor.

Sem dúvida que as verdadeiras causas, geradas ao longo de 6.000 anos de civilização, permanecem ocultas à curiosidade e julgamentos parciais e limitantes, porém, podemos visualizar a AUSÊNCIA DE AMOR como paradigma a ser superado. Amor ao próximo, amor à natureza, amor ao país que acolhe as comunidades dentro de suas fronteiras, amor ao ar e ao alimento que nutre a vida, amor à família que traz à reencarnação, amor ao trabalho – por mais humilde que seja – que faculta conforto, amor a tudo o que nos cerca, amor sem apego, amor sem exigência, sem satisfação e egolatria pessoal.

Respeito ao corpo que abriga a alma. Que fala com ela quando tem dor, quando tem fome e sede, quando precisa de higiene e cuidados, quando  encaminha a alma às experiências pessoais e à convivência com o outro.

Corpo que resiste aos desvarios e erros de conduta, mas que vai se esfacelando diante dos abusos a que tenta desesperadamente resistir.

Talvez o homem quisesse ser como Ícaro que voa em direção à luz que tanto almeja mas quanto mais se aproxima, ela, a falsa luz das utopias terrestres derrete as frágeis asas e o projeta no vácuo e na escuridão.

 

Pensadores e filósofos somatizaram seus próprios problemas existenciais e criaram as filosofias existencialistas; encararam a prevalência do orgulho e do egoísmo nas comunidades onde viviam como “culpa” de Deus, daquele Deus cruel e desfigurado por três divinas pessoas que nada faziam diante das dores humanas. E preconizaram o suicídio como alternativa de fuga do sofrimento sem esperança.

Por outro lado, sabemos que há falanges e falanges de Espíritos em verdadeiro desvario moral, emocional e existencial hoje reencarnados na face do planeta. Mas, perguntaríamos, e as influências do ambiente em que vivem? E o materialismo feroz que os isola (refiro-me aos jovens recrutados pela ferocidade e loucura de uns poucos)  e agride sem perspectivas de um possível refazimento (mesmo que minimamente) a potencializar a chama divina que trazem consigo (afinal também são criaturas de Deus)?

Meditemos na mensagem de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Caridade para com os Criminosos… sem julgamentos, sem ódio que alimenta ódio, mas com espírito de misericórdia, tal como Jesus olhou a humanidade que o torturou, e oremos neste momento de grandes aflições.

Vamos buscar alternativas para que o país no qual vivemos seja respeitado e a sua população encontre mecanismos de bem viver.

Lei de Causa e Efeito não é lei de talião; o barco que Jesus conduz nesses mares revoltos não prescinde de nossa colaboração para que continue a navegar em segurança.

E nós, espíritas, temos o dever e a responsabilidade de sair da nossa acomodação e semear a Paz, a Fraternidade, a Esperança e a Consolação nos corações próximos ou distantes. Isso também se chama FRATERNIDADE.

E você, meu irmão e minha irmã que pensa continuadamente no suicídio como rota de fuga ao sofrimento que o/a atormenta, pense que o Espírito é imortal, seu corpo sofrerá o efeito desastroso de seus atos, que não solucionarão os seus problemas; mire-se em Jesus, acolha-se em seus braços, busque-o com toda a força de sua vontade, refugie-se em seu olhar doce e humilde mas enérgico e forte, como o irmão mais velho que Ele é, e busque a serenidade com Ele, em Suas palavras, em Sua mansuetude, em Seu amor. E descanse a sua mente fatigada com Ele.

Sonia Theodoro da Silva

www.filosofiaespirita.org

Filosofando: O Sofrimento segundo a Filosofia Espírita: https://www.youtube.com/watch?v=CoMsTsZ3E4k

 

Mundo Maior em Debate: O que em após a Morte? https://www.youtube.com/watch?v=XimVtWpuErA

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