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É Bom Não Ir

É Bom Não Ir

Ilustra problemas relacionados com velha ! tendência humana:

Imaginar os espíritos como oráculos infalíveis, detentores de todo saber e
protetores perfeitos, capazes de todos os prodígios.

Infelizmente, dirigentes desavisados estimulam essa tendência, transformando
os Centros Espíritas em gabinetes de consulta, envolvendo médiuns sem disciplina
e orientadores sem orientação.

Esqueceram, ou pior, talvez nunca tenham atentado à sábia observação de
Kardec, contida em “Obras Póstumas”, segunda parte, quando fala de seus contatos
iniciais com a Espiritualidade:

“Um dos primeiros resultados que colhi das minhas observações foi de que os
espíritos, nada mais sendo do que as almas dos homens, não possuíam nem a plena
sabedoria, nem a ciência integral; que o saber de que dispunham se circunscrevia
ao grau que haviam alcançado, de adiantamento, e que a opinião deles só tinha o
valor de uma opinião pessoal.

Reconhecida desde o princípio, esta verdade me preservou do grave escolho de
crer na infabilidade dos espíritos e me impediu de formular teorias prematuras,
tendo por base o que fora dito por um ou alguns deles”.

Oportuno lembrar, também, a incisiva recomendação do espírito Erasto, no
capítulo XX de “O livro dos Médiuns”, reportando-se aos cuidados a serem
observados por aqueles que se dispõem ao intercâmbio com o Além:

Observe, portanto, o prezado leitor:

“Na dúvida, abstém-se, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais,
portanto, senão o que seja aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que
uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa,
fazei-a passar pelo crivo da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o
que a razão e o bom senso reprovarem.

Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade…”.

O exercício mediúnico preconizado pela Doutrina Espírita está alicerçado em
disciplinas muito seguras, que, observadas, nos permitem um contato produtivo e
proveitoso com o Além.

Esse intercâmbio é de valor inestimável!

Ele nos familiariza com a vida além-túmulo, dando-nos noção do que nos
espera, a fim de que a morte não nos imponha penosas surpresas.

Mas é preciso discernimento, tendo sempre presente que os espíritos do tipo
“vai que dá”, só conseguem “pôr as mangas de fora” onde, contrariando a
orientação da Doutrina, o estudo, a disciplina e o discernimento ainda não
chegaram.

Nesses grupos, é bom não ir.

Revista “Visão Espírita”, nº 23