Em Quem Votar? (A Questão Política)
Estudo Dirigido
“Os maus governantes são eleitos pelos bons cidadãos que votam mal”.
A) Responda as seguintes questões:
- Muitos dizem: “religião e política não se misturam”, o que você acha disso?
- O “Homem de Bem” é um ser político?
B) Leia a parte do artigo(*) selecionada e em seguida escolha e responda 02 questões das 14 abaixo formuladas.
- Por que em política transparência é palavra chave?
- A visão “trans-disciplinar” é importante para a política?
- Sabemos que a igualdade das riquezas é impossível. Como fazer para que todos sejam felizes?
- O político pode se enganar quanto à extensão do seu direito. Como deveria fazer para encontrar o limite desse direito?
- De que forma podemos organizar a sociedade, levando em consideração as inúmeras diferenças?
- Dizem: “o pior analfabeto é o político”, como justificar a afirmativa?
- Qual candidato obteria mais votos e qual seria o melhor, Zaqueu ou o “Moço Rico”?
- Vereadores e deputados, por ignorância, costumam votar em causa própria. Como poderiam descobrir se “uma ação é boa ou má” e escolher o caminho certo na hora da votação?
- Podemos comparar os candidatos aos fariseus da época de Jesus? Justifique.
- De que lei derivam todas as outras, importantes para o progresso da sociedade?
- É válido oferecer o voto a quem pagar uma quantia razoável? Como se classifica esse comportamento?
- É possível formular uma lei contra a corrupção?
- Se a corrupção é uma doença, como podemos diagnosticá-la no laboratório?
- Pode-se fundar uma ONG contra a corrupção?
“Os homens neutros são aliados do demônio” – Edwin Chapin
Texto 1
Em Tendências do Trabalho, em agosto, 312: 8-10, 2000, lemosque um desafio para a universidade é o resgate de princípios éticos. A ética ao falar de valores e agir humano, parte do pressuposto que todo ser humano age por uma motivação em vista de uma finalidade. Entre a motivação e a finalidade não existe uma transparência que possa determinar a natureza boa ou não deste ato. Transparência é palavra chave. Um ato político pode ser mau e irresponsável. O salto de qualidade será uma nova consciência política. Precisamos encontrar e votar nos políticos éticos.
Num país espiritualista como o nosso os parlamentares deverão estar a par dos raciocínios que advém da ótica do holismo espiritualista, no mínimo para trafegarem melhor na estrada do diálogo, construída pela visão trans-disciplinar. Esta visão está aberta na medida em que ultrapassa o domínio das ciências exatas por sua reconciliação não somente com as ciências humanas mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência espiritual. Rigorosa na sua argumentação, levando em conta todos os dados transforma-se numa barreira às possíveis distorções. A sua abertura comporta a aceitação do desconhecimento, do inesperado e do imprevisível. Sendo tolerante reconhece o direito às idéias e verdades contrárias às próprias posições.
Num período de efervescência das ideias políticas rogamos a quem encontrar uma pessoa justa, candidata a cargo eletivo, que entre em contato conosco. Solicitamos que este comunicado seja enviado aos parentes e amigos. Qualquer informação deverá ser enviada para a Rua da Esperança, Bairro da Felicidade, Estado do Voto Consciente. Quando ela aparecer deverá apresentar as características do “Homem de Bem”, que é bom e justo.
Uma breve reflexão sobre a Justiça pode facilitar sua identificação. Um dado importante é que um bom político já internalizou o ensinamento de Jesus encontrado em Mateus, 5: “Com efeito eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder as dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.”
Deve haver alguma norma para determinar o que é bom e o que é ruim. Conduzir à felicidade humana é o princípio geral. Mas todas as regras da prática humana devem a ele obedecer?
A ação mais justaparece ser aquela que beneficia, com a felicidade, maior número de pessoas que qualquer outra. No entanto, pode-se levantar dúvidas sobre esta justiça que deve requerer avaliações quantitativas do prazer e da felicidade. A soma total de felicidade pode ser diferente do número de pessoas felizes. Sabemos que a igualdade das riquezas é impossível, mas, o bem estar pessoal é relativo e todos dele poderiam gozar.
Texto 2
A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, o fundamento da estrutura social. Assim, todas as decisões devem sujeitar-se aos limites impostos pelos princípios de justiça.
O terreno primário no qual opera a justiça é a distribuição de bens. Numa sociedade justa, esta distribuição estará na dependência dos princípios de justiça refletidos no sistema de direitos, leis, processos e posições que faz da sociedade uma entidade política funcional. Numa sociedade baseada num senso utilitarista da justiça o bem social mais importante será o bem-estar máximo.
Como evitar que cada um defenda os seus próprios interesses? Isso só seria possível se essas pessoas não estiverem de posse de todo o conhecimento. Essas pessoas não poderiam saber se uma posição tomada os beneficiaria ou prejudicaria, quando descobrissem suas posições reais.
Na incerteza de como deva proceder trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própriaconsciência não se lhe poderia haver oferecido. Na justiça cristã toma-se o direito pessoal por base do direito do próximo.
Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais. A primeira é o respeito aos direitos dos seus semelhantes. A vida social outorga direitos e impõe deveres recíprocos. Os princípios por nós adotados devem ser de tal natureza que possamos aceitar viver sob eles, mesmo após percebermos que somos o menos favorecido.
O primeiro de todos os direitos naturais é o de viver. Um dos princípios fundamentais de justiça é a liberdade. A escravidão não permitiria a realização de um plano de vida pessoal. Quando qualquer pessoa é privada de liberdade, todos estão ameaçados.
O homem pode enganar-se quanto à extensão do seu direito. Como encontrar o limite desse direito? O limite do direito que, aplicado a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente. Mas, se cada um atribuir a si mesmo direitos iguais aos de seu semelhante, desaparecerá a subordinação aos superiores. Haverá então a anarquia de todos os poderes. A subordinação só não se achará comprometida quando a autoridade, não só política, estiver acompanhada dos níveis mais altos dos domínios cognitivo e afetivo, havendo uma liderança intelecto-moral.
Texto 3
O princípio da diferença é o segundo princípio da justiça. Com base nesse princípio é que as desigualdades sociais e econômicas devem ser organizadas de forma que tragam os maiores benefícios aos menos favorecidos e possam propiciar funções e posições acessíveis a todos em condições de uma justa igualdade de oportunidades.
A política é a ciência de criar o bem de todos, mas a grande maioria não é apaixonada pelo tema. Como age o cidadão em relação à política? Qual a importância do voto? Seremos responsáveis pelos resultados do novo governo?
“O pior analfabeto é o político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão; do peixe; da farinha; do aluguel; do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. Esse analfabeto se orgulha dizendo que odeia política. Mas é da sua ignorância política que nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista e corrupto”. Foi, mais ou menos, assim que disse Bertold Brecht.
Será que a frase – “política não se discute”- não está escondendo insuficiências e deficiências? O homem de bem é um ser político. Devemos examinar a ciência de criar o bem de todos, contribuindo para o progresso da humanidade.
Possuindo sentimento de religiosidade devemos ficar atentos para não repetirmos os erros do passado. A religião não pode deixar de ser movimento espiritualizante, para se transformar em partido político de conquista do poder temporal. Sem a conscientização de que há em nós um princípio inteligente eterno e perfectível, nenhuma religião ou filosofia se liberta do poder temporal e da decadência própria.
Cuidar para não deixar que nossos templos religiosos se transformarem em comitê de campanha ou palanque de candidato. “Quando você votar e o país tomar o rumo, então você é responsável, porque o rumo que o país seguir, será o resultado do homem que você escolheu”. Difícil escolher!
O candidato deve estar liberto do ter. Zaqueu seria, na época, um bom candidato: “Senhor, dou a metade dos meus bens aos pobres e, se causei dano a alguém, seja no que for, indenizo-o com quatro tantos”.
O moço rico perdeu a eleição! Dar aos pobres talvez fosse mais fácil, o problema era seguir Jesus.
O candidato deve estar liberto do poder. Na estrada de Damasco Saulo de Tarso era o poder equivocado, mas compreendeu a verdade que o libertou. “De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” ( 2 Corintios 12: 9)
Políticos do futuro, líderes autênticos, serão “pobres de espírito”. A incredulidade zombou dessa máxima. Eruditos, doutores não entenderam a mensagem de Jesus, porque julgavam possuir muito saber e, por isso, alimentaram a falsa idéia de superioridade e infalibilidade.
Alguns dizem que o parente-candidato não é bom, mas que vão votar nele assim mesmo, porque pelo menos tirarão algumas vantagens. É o pensamento inconsciente imediatista incapaz de prever as conseqüências. “Se você escolheu, porque tinha interesses pessoais e não os interesses da comunidade, responderá pelo carma histórico e coletivo que virá”.
Texto 4
Fácil votar, difícil escolher. “O homem constrói a primeira cidade (civitas), de onde nasceu a palavra civilização e, desde então, com a vida em sociedade, começa a vida moral.”
O candidato, diante da telinha, não fez por menos: – “Se eu for eleito as pessoas sem casa ou ameaçadas de perdê-las terão seus problemas resolvidos porque vou lutar para aumentar o salário-mínimo paraR$ 1.126,00. Um ponto acima do que foi aprovado como auxílio moradia dos deputados.” Promessa de Candidato.
Vê-se logo que o candidato é produto de nossa pobre imaginação. Não tão pobre é o que se pode perceber dentro do pote dourado no final do arco-íris.
Após a aprovação pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa vereadores dos quase 100 Municípios chegaram a fazer suas contas, diante do inusitado fenômeno da natureza humana. Acontece que o aprovado representa 75% do benefício recebido pelos deputados federais e é garantido pela Constituição. Vereadores poderiam assim pleitear receber 75% do auxílio-moradia dos deputados estaduais, diante do precedente. Nem sempre o que é legal é moral e “versa-vice”. A norma anterior, sancionada pela própria Mesa Diretora, em 1995, era superior. Nela apenas os deputados que moravam a mais de 100 km da Assembléia poderiam requerer o auxílio.
Os que votaram em causa própria esqueceram que a política é a ciência de criar o bem, mas de todos. Todos pode ser interpretado, no raciocínio dos parlamentares, como deputados, vereadores, promotores, procuradores, juízes e desembargadores. Estes salários atualmente parecem variar entre R$ 4.374,00 e 13.893,00. Reajustados iriam para R$ 5.499,00 até 15.018,00.
Os parlamentares que votaram a favor do aumento, legal, deverão enfrentar as Comissões de Ética dos seus partidos. Uma pergunta pode ser feita ao leitor. Quantas casas populares poderiam ser construídas?
Quando desenvolvemos o intelecto somos capazes de saber se uma ação é boa ou má, mas a escolha do caminho a tomar depende do desenvolvimento de outro domínio. As duas asas simbólicas já são bem conhecidas. Sem uma delas, sociedade alguma poderá voar e ser considerada evoluída.
Nossos candidatos deverão demonstrar respeito pela autoridade, pela manutenção da ordem social, pelos direitos individuais. Deverão ser guiados por princípios éticos, como justiça, reciprocidade, igualdade e respeito pela dignidade do ser humano. Sem essas condições não deverão ser eleitos.
Eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder as dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus. Jesus (Mateus cap. V)
Texto 5
Sabemos que é na revelação das Leis Morais que reside a verdadeira grandeza da Religião. Jesus lecionou lembrando a justiça dos escribas e dos fariseus. Escriba era nome dado a secretários e intendentes e que, só posteriormente, foi aplicado aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os fariseus, de cujos princípios partilhavam. Daí o envolvê-los Jesus na reprovação que lançava aos fariseus. Eram servis cumpridores das práticas exteriores do culto e das cerimônias. Sob as aparências de meticulosa devoção, céticos, eles ocultavam costumes dissolutos, muito orgulho e, acima de tudo, excessiva ânsia de dominação”. Ainda hoje encontramos candidatos cuja semelhança não é mera coincidência. “Os fariseus, poderosos em Jerusalém, tinham a religião mais como meio de chegarem a seus fins, do que como objeto de fé sincera. Da virtude nada possuíam, mas exerciam grande influência sobre o povo, a cujos olhos passavam por santas criaturas. Jesus, que demonstrou a imortalidade da alma, se aplicou durante toda a sua missão, a lhes desmascarar a hipocrisia.”
Algumas pessoas, dentre as mais céticas, se fazem apóstolos da fraternidade e do progresso. Mas, a fraternidade pressupõe desinteresse, abnegação. Como acreditar nesses candidatos?
Não será mais natural para o cético que trate de viver o melhor possível? Daí o desejo de possuir muito para melhor gozar. Que é que o detém? A lei? A lei, porém, não abrange todos os casos. Direis que a consciência, o sentimento do dever. Mas, em que baseais o sentimento do dever? Terá razão de ser esse sentimento, de par com a crença de que tudo se acaba com a vida? Onde essa crença exista, uma só máxima é racional: cada um por si, não passando de vãs palavras as idéias de fraternidade, de consciência, de dever.” Promessas de candidatos?!
O cético só rende homenagem à matéria. O falso religioso é também cético, não pode ser agente do verdadeiro progresso. “O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade, lei que se funda na certeza do futuro. Tirai-lhe essa certeza e lhe tirareis a pedra fundamental. Dessa lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições da felicidade do homem.”
No terceiro milênio estaremos mais evoluídos, de posse das evidências científicas da imortalidade da alma, da existência do mundo espiritual, da transparência dos candidatos e certamente será fácil escolher e votar.
Aqui e agora precisamos examinar o curriculum vitae do candidato. É difícil, mas necessário para escolher. O voto é também, nesta hora, uma forma de expressão pela qual o povo poderá demonstrar sua indignação não votando neles.
“O homem quer ser feliz e é natural esse desejo. Ora, buscando progredir, o que ele procura é aumentar a soma da sua felicidade, sem o que o progresso careceria de objeto. Quando conseguir a soma de gozos que o progresso intelectual lhe pode proporcionar, verificará que não está completa a sua felicidade.” “Reconhecerá ser esta impossível, sem a segurança nas relações sociais, segurança que somente no progresso moral lhe será dado achar. Logo, pela força mesma das coisas, ele próprio dirigirá o progresso para essa senda.”
E o salário-mínimo? A verdade é que o auxílio-moradia nele embutido não está dando para pagar o aluguel daquele barraco na favela que fica a mais de 100 km.
Seu candidato já sabe que “com a vida em sociedade começa a vida moral” e com ela a necessidade do voto consciente? Ele sabe que o eleitor tem mais poder do que ele pensa?
Diante de milhares de assinaturas, em inúmeros abaixo-assinados vindos de todos os cantos do Estado, os deputados voltaram atrás. Maior do que ganância foi o medo, não de uma CPI, mas de perder votos!
Texto 6
Brasileiros, nos acostumamos com as CPIs. A sigla ganha maior peso na época das eleições. Recordamos aqueles candidatos que estão impedidos de participarem e principalmente da causa deste impedimento.
Um eleitor desavisado ofereceu seu voto a quem lhe pagasse uma quantia. A notícia nos classificados, talvez estimulada pela idéia de que no Brasil corruptores não são alvo da Justiça, deixou-o de saia justa.
A relação corruptores/corruptos é complexa. Ambos se encontram no mesmo patamar. Suas posições são alternadas segundo as circunstâncias. O pagamento de propinas era prática corriqueira e nas repartições públicas se falava em “molhar a mão” do funcionário e tudo se resolveria mais rápido. Havia testemunha ocular do milagre, mas o santo era modesto. Recentemente falou-se em corrupção de vereadores e fiscais de uma Prefeitura.
Esta prática, embora vista como prejudicial, é encontrada nas relações sócio-familiares. Pais “de tempo exíguo” oferecem, aos filhos, pequenas fortunas para compensarem suas ausências. Um jornalista de Belo Horizonte fez uma comovente Declaração de Alerta. No final de sua exposição afirma: “Eu trocaria – explodindo de felicidade – todas as linhas de declaração de bens por duas únicas que tive de retirar da relação de dependentes: os nomes de Luiz Otávio e Priscila. Luiz se drogou e morreu e Priscila fugiu um mês antes de completar 15 anos.
Os terapeutas criaram a CPI da família. Através dela é possível encontrar aquele filho desajustado, o menino problema, que grita e esperneia, que faz de tudo para chamar a atenção, usa até drogas, mas só aumenta os pontos na carteira que o leva a ser o “bode expiatório” da família que seria “feliz” se não fosse ele.
Parecendo concorrer ao Oscar os candidatos combatem o que é prejudicial ao desenvolvimento e tudo o que é inimigo das políticas públicas, incluindo a propina. Hoje estamos felizes porque, mobilizados contra a corrupção, conseguimos uma lei preventiva e quem tentar comprar votos terá o seu registro cassado. Tudo foi possível porque a Iniciativa Popular de Lei, prevista na Constituição, foi assumida por deputados. O projeto “chegou pela mão de um milhão de brasileiros, apoiados por 60 entidades de peso”(2). As assinaturas foram colhidas durante um ano e três meses.
“Essa conquista histórica – a aprovação, pela primeira vez no Brasil, de uma Iniciativa Popular de Lei, 11 anos depois de a Constituição ter dado aos cidadãos essa possibilidade – teve, portanto uma base sólida”(2)
A Lei é um sopro de esperança e também uma indicação do que poderá ser feito pela sociedade brasileira no Congresso. Para isso precisamos descobrir a Educação. Não essa educação que se fala em épocas de campanha eleitoral. Não basta estar bem informado é necessário saber o que fazer com a informação.
“Educar nossos jovens a abominar este flagelo que é a corrupção, de forma permanente irá assegurar às próximas gerações uma sociedade com justiça social. O combate à corrupção é fundamental porque ela favorece os que usam o governo para obterem vantagens para si próprios, aumentando cada vez mais a desigualdade e a injustiça que tanto caracterizam nossa sociedade” (1).
É necessário lutar para não nos acostumarmos com a corrupção. De tanto ver e ouvir nossa população infanto-juvenil acabará aceitando tudo como se fosse normal. Foi assim com o álcool e com o cigarro de tabaco.
Texto 7
Em 1994, durante o Congresso Brasileiro sobre Tabagismo, realizado aqui no Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde apresentou dados alarmantes. Um deles dizia que 80.000 brasileiros morriam de doenças relacionadas ao Tabagismo e que mais de 30 milhões eram fumantes. No ano anterior a indústria nacional de fumo havia faturado mais de 6 bilhões de dólares e o Brasil era o maior exportador mundial de fumo. Nos EUA, 23% dos fumantes norte-americanos levavam aquele país a gastar anualmente 120 bilhões de dólares com doenças relacionadas ao uso do tabaco. Esta despesa era dividida com os não fumantes e as empresas começaram a desenvolver campanhas internas contra o tabagismo. Nesse particular o Brasil também já venceu algumas etapas, mas precisamos estar atentos. Assim como essas campanhas levaram à conscientização sobre esses prejuízos precisamos também empreender esforços para evitar os males causados pela corrupção. Nas doenças pulmonares, relacionadas ao tabaco, podemos nos socorrer do diagnóstico por imagem e lançar mão da “Alta Resolução”. Na mobilização contra a “doença da corrupção” nosso hipotético “Hospital” dispõe do exame referido como “T.I.” –Transparency International. Nesta hora o que é pesquisado pela equipe “médica” é o CPI – Corruption Perception Index. Ele mede, a doença (fenômeno) em 99 países, numa escala que vai de 10, que significa altamente limpo, a zero, altamente corrupto. O Brasil recentemente tirou nota 4.1 e ficou em lamentável quadragésimo sexto lugar (1). Um outro exame é a pesquisa do “Indice de Percepção de Pagamento de Propinas”, que também explora o Diagnóstico por Imagem e verifica se o vírus encontrou hospedeiro imunologicamente incompetente.
Alguns países nos fazem lembrar a destruição causada pelo vírus da AIDS no Continente Africano. A China, a Coréia e Taiwan possuem as empresas que mais corrompem para conseguir exportar seus produtos e serviços.
Os fundadores da Transparência Brasil (1) nos deixaram um questionamento. O que fazer para nos mobilizarmos contra essa doença contagiosa que assola pessoas com níveis de consciência baixo?
Como cidadãos uma resposta faz cócegas na ponta da língua. Construir um “Hospital Especializado”.
Foi necessária a “construção” de “uma ONG – www. transparência.org.br – que trabalhará no combate às causas sociais e econômicas da corrupção e no desenvolvimento de instrumentos governamentais que dificultem esta prática. O desafio a que se propõe a Transparência Brasil é o de defender o interesse público, mediante o combate à corrupção. Isto possibilitará aperfeiçoar a democracia e as instituições públicas e privadas. E contribuirá para uma nova visão de cidadania: despertar em cada brasileiro a noção de responsabilidade pelo bem público, nosso maior patrimônio coletivo. A Transparência Brasil desenvolverá uma atuação sistemática em favor do aumento da consciência de que a corrupção denigre a cidadania, é prejudicial às políticas públicas, aumenta a exclusão social e atenta contra a democracia”.(1)
Iniciamos este artigo pela enrascada em que se meteu um eleitor com um anúncio colocado no jornal. Terminaremos com uma questão que é na verdade “um pesadelo de uma noite de inverno”.
Seria possível, para a indústria de cigarros de tabaco, comprar os votos de parlamentares no Brasil?
Resposta “de Ministro”: – “Ainda não fazemos Diagnóstico por Imagem, mas já estamos conscientes da necessidade de adquirir o importante equipamento. Podemos, no entanto, afirmar que vamos fazer esforços junto a equipe econômica e a sociedade pode nos ajudar neste mister”.
Referencias Bibliográficas
1. Lições de uma vitória. Folha de São Paulo, 28.10.99. Caderno Opinião, p. 1-3;
2. Mobilização da Sociedade Contra a Corrupção. Transparência Brasil (www. transparência.org.br);
3. Tendências do Trabalho, 312 (agosto): 8-10, 2000;
4. O Livro dos Espíritos (FEB); 5. O Evangelho Segundo O Espiritismo (FEB). 6. Dores, Valores, Tabus e Preconceitos. CELD Editora.
“Espiritualidade, Transparência e Consciência” foi disponibilizado pelo Portal Espírita Plenus Net (http://www.plenus.net/), na versão de artigos produzidos para a Campanha pelo Voto Consciente do NEU-RJ
Editora Tama, Ltda – Rua Baronesa do Engenho Novo, 189. Engenho Novo. CEP 20961-210. Tel (0xx21) 501-2001. Fax (0xx21) 5016222. Atendimento ao cliente (0xx21) 501-2001. E-mail: indice@ccard.com.br
(*) “Espiritualidade, Transparência e Consciência”.
Tendências do Trabalho, 313(set.) : 10-16, 2000.
Disponível na HP do NEU-RJ – http://zap.to/neurj
Luiz Carlos D. Formiga