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Espiritualidade nas Empresas

Espiritualidade nas Empresas

Intuito do estudo

Inicialmente, gostaríamos de explicar a origem do nosso estudo e seu objetivo.
No meio espírita vivemos falando na transformação do nosso mundo. Um planeta de
expiação e provas que está prestes a se tornar um planeta de regeneração. Uma vida
bem melhor para a humanidade está por vir.

É curioso, no entanto, que muitos ainda vivamos de forma dividida entre o nosso
lado espiritual e material. Por mais que tentemos incorporar, ao nosso cotidiano,
a nossa maneira de pensar associada aos conceitos da doutrina espírita e da caridade,
nem sempre tal atitude consiste em uma tarefa fácil. Atribulações e conflitos do
nosso dia-a-dia acabam nos afastando da nossa linha de raciocínio voltada para a
caridade. Vivemos de uma forma que ainda nos leva a associar a prática do bem a
centros espíritas, igrejas e outros locais religiosos. Sabemos que o bem é essencial,
mas nem sempre temos oportunidades de praticá-lo.

Neste sentido, surgiu a idéia de estudar como aplicar o amor dentro das organizações.
O local em que trabalhamos deve dar vazão e motivar essa nossa vontade de praticar
o bem para com o próximo. É preciso que o clima esteja propício para que as pessoas
desenvolvam seu potencial de amar. Não é suficiente que cada um, individualmente,
queira praticar o bem. Esta deve ser a política de uma organização. Só então as
pessoas conseguirão viver em função do bem, da ética e da caridade de forma mais
completa.

Infiltrar estes conceitos de caridade e espiritualidade nas empresas é perfeitamente
possível, porém isso deve ser realizado de uma forma adequada. Para isso, é interessante
cuidar para que não se insista em aplicar diretamente nas empresas práticas religiosas
ou associadas a algum tipo de religião, por mais que acreditemos nelas ou que as
julguemos indispensáveis. Dogmas devem ser deixados de lado. A leitura de textos
religiosos, por exemplo, pode ser uma prática muito adequada para promover os conceitos
morais e espirituais na empresa, desde que todos os participantes acreditem que
tal atitude traga um retorno positivo para as pessoas e para a organização. No entanto,
a criação de um modelo de gestão voltado para o bem, que seja aplicável a qualquer
tipo de organização, não pode definir a obrigatoriedade de realização de uma atividade
deste tipo. Estudando uma empresa específica para a implantação deste modelo de
gestão, talvez se perceba características próprias dessa organização que permitam
ou não implantar, por exemplo, essa leitura religiosa.

É possível observar atualmente muitas mudanças no comportamento empresarial (vide
reportagem de capa da revista Exame no 9 de 22/04/98) com o grande número de atividades
de assistência social realizadas pelas empresas, com a preocupação com o ser humano,
com o cuidado dispensado ao meio ambiente, entre outros. Certamente, tais ocorrências
não existem por acaso e demonstram uma transformação, transformação esta que vem
se promovendo gradativamente e que se constitui como objeto de nosso estudo. Entretanto,
estamos aproveitando nosso conhecimento como espíritas sobre moral e espiritualidade
para ajudar na consolidação de conceitos que vem se desenvolvendo naturalmente nas
empresas independentemente de religião.

(Publicado no Boletim GEAE Número 299 de 30 de junho de 1998)