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Esquecimento do Passado

Esquecimento do Passado

1 – Se reencarnamos para ressarcir dívidas, não seria interessante guardar
a lembrança delas? Não haveria maior facilidade em aceitar sofrimentos e
dissabores que ensejam o resgate?

O objetivo primordial da existência humana é a evolução. O resgate de dívidas
é apenas parte do processo. Quanto ao esquecimento, funciona em nosso benefício.
Seria impossível incorporar, sem perturbador embaralhamento, o rico, o pobre, o
negro, o índio, o branco, o amarelo, o analfabeto, o letrado e tudo mais que já
fomos, em múltiplas encarnações. É ilustrativo que muita gente vai parar em
hospitais psiquiátricos simplesmente por sofrer a pressão de pálidas lembranças,
envolvendo acontecimentos pretéritos.

2 – Se não lembramos o que fomos e fizemos, de que nos adianta?

Guardamos a experiência. O adulto não se lembra de seus primeiros passos, na
infância, mas conserva a adquirida capacidade de andar.

3 – Há alguma causa física para o esquecimento?

Sim. O Espírito reencarnado registra clara e conscientemente apenas o que
passa pelos cinco sentidos – tato, paladar, olfato, audição e visão. Essa é uma
das razões pelas quais também não lembramos das experiências no mundo espiritual
durante as horas de sono.

4 – As vivências anteriores ficam perdidas?

Nada se perde. Ficam resguardadas nos arquivos do inconsciente, que se
localiza na intimidade do Espírito, o ser imortal. É esse substrato das
experiências pretéritas que compõe a personalidade do indivíduo, com suas
características, tendências e aptidões. Em determinadas circunstâncias,
natural-mente ou sob indução hipnótica, esses arquivos se abrem e surgem as
reminiscências.

5 – Fala-se que o principal objetivo do esquecimento é possibilitar a
reconciliação de desafetos do passado, reunidos pelos laços da consangüinidade
no lar. Seria isso?

Pode acontecer, mas seria exagero generalizar. É mais freqüente nos ligarmos
a Espíritos simpáticos, a fim de consolidarmos afeições e nos ajudarmos
mutuamente nos caminhos da vida.

6 – Por que, então, há tantos conflitos e desentendimentos nos lares? Não
seria lógico imaginar que estamos diante de adversários em confronto?

O objetivo das experiências junto a desafetos do pretérito, quando ocorram,
não é a dissensão, mas a pacificação. Deus não nos une pela consangüinidade para
vivermos às turras. Desentendimentos no lar relacionam-se muito mais com a falta
de compreensão, respeito e tolerância que caracteriza o ser humano, orientado
pelo egoísmo. Falando o português claro: o problema é a falta de educação.

7 – Na análise de todas as circunstâncias que envolvem a reencarnação,
conclui-se que é bom esquecer o pretérito…

É indispensável! No planeta em que vivemos, habitado por Espíritos atrasados,
comprometidos com o vício e a irresponsabilidade, é importante desfrutar a
bênção do recomeço, suprimindo, temporariamente, o passado. Imaginemos um
condenado de consciência atormentada, desfrutando a misericordiosa possibilidade
de cumprir sua pena sem a perturbadora lembrança de seus desatinos…

8 – Chegará o tempo em que recordaremos plenamente das vidas anteriores?

Sim, na medida em que se torne mais sofisticado o cérebro, habilitando-nos a
recuperar informações confinadas no inconsciente; em que se depure o sentimento,
para que contemplemos o passado sem constrangimento; em que sejamos capazes de
evitar desajustes decorrentes de um embaralhamento de lembranças… Levará
milênios, talvez, mas chegaremos lá.

Do livro: Reencarnação: Tudo o que você precisa Saber