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Estudos Bíblicos – Refutação

Estudos Bíblicos – Refutação

Não entendemos por que certas pessoas que se dizem cristãs, e para elas somente elas o são, ficam tão preocupadas com o que os outros pensam. Estudando, e não somente lendo a Bíblia, principalmente o Novo Testamento, não encontramos, em momento algum, Jesus querendo impor sua maneira de pensar a quem quer que seja. Também nunca O vimos preocupado em convencer ou converter ninguém. Mais ainda, não O encontramos a condenar a maneira que as outras pessoas tinham de se relacionarem com Deus. Será que os que se dizem Seus exclusivos seguidores se esqueceram de que Ele disse: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18, 20). Não dizendo, portanto, que deveria ser uma determinada religião, mas todas as pessoas que se reunissem em Seu nome. A única coisa que combateu, e sistematicamente, foi a hipocrisia dos sacerdotes, dos fariseus e dos saduceus, que mesmo assim conseguiu sobreviver, chegando aos nossos dias, por alguns líderes religiosos.

Por outro lado, não deixou de fazer uma importante recomendação citada por Mateus 7, 1-2: “Não julgueis, e não sereis julgados. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos”. Disse, mais: “Por que reparas no cisco que entrou no olho de teu irmão, quando existe uma trave no teu? Ou como é que dizes a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco de teu olho quando existe uma trave no teu? Hipócritas! Tira primeiro a trave do teu olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho de teu irmão”. (Mateus 7, 3-5). E, finalmente, disse: Vós julgais por critérios da carne; mas eu não julgo a ninguém: e se alguma vez eu julgo, o meu julgamento é conforme a verdade”. (João 8: 15-26).

Infelizmente muitos ainda não compreenderam os ensinamentos de Jesus, pois coisas que nem mesmo Ele fez, se julgam com autoridade para fazer. Como os textos que encontramos no site:www.geocities.com/filhodedavi/inicial.htm. Nele não poupam palavras para combater o Espiritismo, mas não podem tirar o nosso direito de defesa. É o que faremos, texto a texto, os quais ressaltaremos colocando fora do alinhamento normal do que é nosso, e com letras diferentes, para facilitar a identificação por parte dos que porventura irão ler-nos.

1º Texto: Cristianismo e Espiritismo

Por Pr Airton Evangelista da Costa

INTRODUÇÃO

Ao estudar a doutrina espírita, mais especificamente, ao ler o livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, fiquei perplexo e ao mesmo tempo preocupado com algumas afirmações ali encontradas, como por exemplo: “o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa”; “o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã”; “no cristianismo se encontram todas as verdades”. No referido livro, diversas citações bíblicas são analisadas sob o enfoque e a ótica do espiritismo.

Seguindo o caminho de Allan Kardec, várias mensagens da Bíblia Sagrada são citadas pelos espíritas como prova de que a doutrina espírita tem o apoio da Palavra de Deus.

Sabe-se que muitos crentes, principalmente os novos convertidos, não se encontram preparados para rebater essas inverdades e investidas contra a pureza do Evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Por isso, este trabalho tem por objetivo esclarecer que espiritismo e cristianismo são irreconciliáveis e não ensinam a mesma coisa. Por exemplo, para os espíritas Jesus foi um homem como outro qualquer, no máximo um grande médium, ou um espírito puro. Para nós, evangélicos, Jesus é Senhor; Jesus é o Verbo que desceu de Sua glória e habitou entre nós.

Tive a preocupação, também, de analisar várias das questões levantadas pelos espíritas, nas quais eles tentam explicar que a Bíblia Sagrada dar legitimidade à doutrina da reencarnação; da preexistência da alma; da comunicação dos vivos com os mortos; da salvação somente pela caridade, e outras. Que esta leitura lhe seja proveitosa.

A Paz do Senhor

O AUTOR

Nós é que ficamos perplexos diante de tanta intolerância religiosa, pois ninguém é obrigado a entender os ensinamentos de Jesus com a mesma cabeça que o autor pensa.

Quanto à questão do Espiritismo ensinar a mesma coisa que o Cristianismo, para não repetirmos nossos argumentos, pedimos ao Pastor que faça uma visita ao site: www.redevisão.net. Lá temos publicado o artigo “Espiritismo x Cristianismo” que fala exatamente sobre este assunto, inclusive, nele nós estamos rebatendo um outro “dono da verdade” que também colocou, na Internet, artigos contra o Espiritismo.

Para compreender o que é o Espiritismo é necessário muito estudo, ressaltamos estudo, e não apenas leituras e, da mesma forma, diremos em relação à Bíblia. Não terá uma perfeita compreensão dele os que, por razões de dogmas ou preconceitos religiosos, que atualmente estão caindo no esvaziamento, mantêm a sua mente fechada para qualquer coisa que não se enquadra naquilo que têm como verdade.

Cita, o autor, as seguintes passagens Bíblicas:

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.(1 Timóteo 4.1).

“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema” [amaldiçoado](Gálatas 1.8).

Se o próprio Jesus foi chamado pelos fariseus de príncipe dos demônios, imaginem o que esses fariseus de ontem, hoje reencarnados como pastores, dirão de nós. A não ser por ignorância do autor, ninguém está anunciando outro Evangelho. Ah! Desculpem-nos, tem sim, os que hoje querem transformar a “casa de Meu Pai em covil de ladrões”, já que fazem do Evangelho um meio de comércio, vivendo uma vida mansa, explorando os fiéis com o dízimo. Os líderes espíritas não vivem da sua religião, mas vivem para ela.

A bíblia do espiritismo é o Livro dos Espíritos, escrito em 1857 pelo escritor francês Hyppolyte Léon Denizart Rivail, conhecido pelo nome de Allan Kardec. Este livro, segundo seu autor, contém mensagens recebidas de espíritos desencarnados. Entre 1859 e 1868, escreveu outros livros: O Que é Espiritismo, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, Livro dos Médiuns, Céu e Inferno. Esses compêndios formam o que se chama codificação da doutrina espírita, nascendo daí o Espiritismo, denominação criada pelo referido escritor.

Inúmeras religiões há no mundo e algumas até defendem princípios e doutrinas ensinados por outras. É exemplo o ensino budista e hinduísta da transmigração das almas adotado no espiritismo, com algumas alterações, com o nome de reencarnação. Outro exemplo é a absorção, pelo espiritismo, da teoria evolucionista do inglês Darwin, desenvolvida no livro A Origem das Espécies, em 1859, na mesma época em que Kardec escrevia seus livros. Até aqui nada de anormal nessa colcha de retalhos, não fosse a moldura que o kardecismo colocou em sua doutrina: o cristianismo, mais precisamente o Evangelho do Senhor Jesus.

Se realmente tivesse estudado a Doutrina Espírita, como seria de se esperar, veria que nossos princípios não são tirados de outras religiões, mas por informações dos Espíritos Superiores que orientaram a Kardec. Vejamos o que ele diz na Revista Espírita de fevereiro 1862, sobre o dogma da reencarnação: “Quando nos foi revelado, ficamos surpresos, e o acolhemos com hesitação, com desconfiança: nós o combatemos durante algum tempo, até que a evidência nos foi demonstrada. Assim, esse dogma, nós o ACEITAMOS e não INVENTAMOS, o que é muito diferente”.

Entretanto, certos princípios que adotamos, já são de muito conhecidos por outras religiões. Mas, somente as religiões dogmáticas é que não aceitam, já que não querem admitir que possam existir muitas verdades por aí afora. A questão da reencarnação, por exemplo, é clara para os que “têm olhos de ver”, pois é um princípio que consta do Evangelho. Mas, ela traz um grande problema, pois tira das mãos de certos líderes religiosos a salvação do indivíduo, já que, com a reencarnação, ele se salva por seu próprio esforço, ao tornar-se cada dia melhor do que foi ontem, até atingir a plenitude.

Assim, difunde-se o “Espiritismo Cristão”, com fachada cristã, com nomenclatura cristã, com apelos cristãos, mas na verdade nega as doutrinas do cristianismo. Qual trepadeira enrosca-se o kardecismo na frondosa árvore do cristianismo, não para lhe dar vida ou beleza, mas, suponho, para ter mais credibilidade e sustentação. Os cristãos-evangélicos denunciamos e rejeitamos, porque falsos, os afagos, aplausos e palavras doces originários de uma seita que se compraz, por exemplo, em desonrar a imagem do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e negar a autoridade e inspiração divina das Sagradas Escrituras, como veremos mais adiante. Assim, o quadro do espiritismo apresenta uma moldura falsa.

Alguns querem, a qualquer custo, colocar as Sagradas Escrituras como de autoridade absoluta, dizendo serem elas de total inspiração divina, para manter sob jugo os pobres coitados dos seus fiéis. Utilizam-se deste pretexto para cobrar o dízimo, cujo destino é o enriquecimento de muitos líderes religiosos. Realmente, não queremos que nos confundam com tudo isso que se encontra por aí. Queremos ser independentes para seguir a Jesus de nossa maneira, não como queiram nos impor. E nos esforçamos para honrá-Lo é na prática do bem e no amor ao próximo. Não com palavras vãs, farisaicas.

Quanto às Sagradas Escrituras serem de inspiração divina, é só analisar nosso outro texto “A Palavra de Deus na Bíblia”, para ver se ainda continuarão a pensar desta maneira. Não que nela não haja alguma inspiração. Há sim, mas toda ela, ou seja, de capa a capa, não. Recomendamos, também, aos que querem conhecer a verdade, que leiam o livro “A Face Oculta das Religiões” do escritor José Reis Chaves, editado pela Martin Claret.

E para nós, que não nos apegamos a nenhum dos dogmas impostos pelas religiões, pois eles, em verdade, não são do Cristianismo, temos que Jesus revogou o Antigo Testamento, fato confirmado por Paulo, conforme demonstramos, apoiados na Bíblia, em nosso outro artigo “O Antigo Testamento foi revogado por Jesus?”.

Percebe-se pela leitura do texto que o autor quer dar ao leitor a impressão de que conhece bem a Doutrina Espírita, daí citar várias frases de Allan Kardec, vejamos:

A MOLDURA

“Mas, o papel de Jesus não foi o de um simples legislador moralista, tendo por exclusiva autoridade a sua palavra. Cabia-lhe dar cumprimento às profecias que lhe anunciaram o advento; a autoridade lhe vinha da natureza excepcional do seu Espírito e da SUA MISSÃO DIVINA” (Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. I, item 4).

“O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos: que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma perfeita moral, enfim, QUE HÁ DE TRANSFORMAR A TERRA, TORNANDO-A MORADA DE ESPÍRITOS SUPERIORES aos que hoje a habitam” (E.S.E., cap. I, item 9).

“O espiritismo não encerra uma moral diferente daquela de Jesus” (Livro dos Espíritos, seção VIII, conclusão).

“Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na JUSTIÇA DE DEUS, QUE CRISTO VEIO ENSINAR AOS HOMENS” (E.S.E., cap. VI, item 2).

“Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. NO CRISTIANISMO ENCONTRAM-SE TODAS AS VERDADES. São de origem humana os erros que nele se enraizaram” (E.S.E., cap. VI, item 5).

“Deus transmitiu a sua lei aos hebreus, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus” (E.S.E., cap., XVIII, item 2).

“O Espiritismo diz: Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução. NADA ENSINA EM CONTRÁRIO AO QUE ENSINOU O CRISTO, mas desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica” (E.S.E., cap. I, item 7).

“Bem compreendido, mas sobretudo bem sentido, o Espiritismo leva aos resultados acima expostos, que caracterizam o verdadeiro espírita, como o cristão verdadeiro, POIS QUE UM O MESMO É QUE OUTRO. O Espiritismo não institui nenhuma nova moral; apenas facilita aos homens a inteligência e a prática da do Cristo, facultando fé inabalável e esclarecida aos que duvidam ou vacilam” (E.S.E., cap. XVII, item 4).

“O Cristianismo e o Espiritismo ensinam a mesma coisa” (E.S.E., Introdução, VII). 
“O espiritismo é a única tradição VERDADEIRAMENTE CRISTÃ e a única instituição verdadeiramente divina e humana” (Obras Póstumas, Allan Kardec, p. 308). 
“O reino de Cristo, ah! passados que são dezoito séculos e apesar do sangue de tantos mártires, ainda não veio. Cristãos, voltai para o Mestre, que vos quer salvar” (E.S.E., cap. I, item 10).

Sobre o apóstolo Paulo: “Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!”

“E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho” (E.S.E., cap. I, item 11).

“Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso” (A Gênese, p. 60, FEB, 28 ª Ed., Rio de Janeiro, 1985).

“O Espiritismo é a terceira revelação de Deus… e os Espíritos são as vozes do Céu” A primeira revelação de Deus teria sido em Moisés, e a segunda, em Jesus. (E.S.E. cap. I, item 6).

“Assim, será com os adeptos do Espiritismo. Pois que a doutrina que professam mais não é do que o desenvolvimento e a aplicação da do Evangelho, também a eles se dirigem as palavras do Cristo” (E.S.E., cap. XXIV, item 16).

“Esforçai-vos, pois, para que os vossos irmãos, observando-vos, sejam induzidos a reconhecer que verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam” (E.S.E., cap. XV, item 10. Esta mensagem teria sido do desencarnado apóstolo Paulo – Paris 1860).

“Jesus promete outro Consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece… O Espiritismo vem, na época predita, cumprir a promessa de Cristo… Assim o Espiritismo realiza o que Jesus disse do Consolador prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra” (E.S.E., cap. VI, item 4).

Vimos, portanto, as palavras afáveis e elogiosas ao cristianismo dirigidas. A pintura, todavia, não guarda sintonia com a moldura. Somente a fachada é cristã, como veremos a seguir. (O realce nas citações acima é nosso). O espiritismo tem-se esforçado por encontrar na Bíblia Sagrada passagens que dêem sustentação ou legitimidade aos seus ensinos sobre comunicação com os mortos, preexistência das almas, reencarnação, salvação somente pela caridade, mediunidade, pluralidade de mundos habitados, inexistência de céu, de inferno e de juízo final, e outros. O principal objetivo deste trabalho é refutar essas doutrinas e mostrar que o ensino das Palavras de Deus é totalmente diferente.

Engano seu, meu caro, o Espiritismo não tem se esforçado para provar que alguns dos nossos princípios se encontram na Bíblia, são pessoas, como você, que usam dela para tentar, de qualquer maneira, provar o contrário, até mesmo deturpando o sentido das narrativas bíblicas para justificar suas pretensões. Sabe por que não nos esforçamos? É porque a verdade, por mais que queiram escondê-la, ela se imporá por si mesma, e continuará sobrevivendo a todos os ataques. Veja que, mesmo a pretexto de dizerem “está na Bíblia”, a Terra não é o centro do Universo. E isso não mudaria, mesmo que tivessem queimado o astrônomo Galileu Galilei. Pessoas retrógradas, como existem muitas ainda nos dias de hoje, tentaram fazer calar a verdade. Assim, acontecerá com os princípios da Doutrina Espírita, pois serão, um dia, sancionados pela ciência oficial. Não sabemos se os “doutos” irão levar talvez uns 350 anos para reconhecê-los, mas, de qualquer forma, o tempo fará com que a verdade também chegue a eles, mesmo que não o queiram.

Segue o nosso detrator:

A ORIGEM DO HOMEM

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

“Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura dos primeiros espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. VESTIU-SE ENTÃO DAS PELE DE MACACO, sem deixar de ser espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem” (A Gênese, Allan Kardec, FEB, Rio de Janeiro, 1985, 28ª ed., p. 212).

Allan Kardec, como se vê, ficou muito impressionado com a teoria revolucionista do seu contemporâneo inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), e resolveu incluí-la na codificação do Espiritismo. Seus adeptos seguiram-lhe os passos. O espírita Alexandre Dias, no livro Contribuições para o Espiritismo (2ª ed., Rio de Janeiro, 1950, a partir da p. 19), além de corroborar o pensamento kardecista, acrescentou que antes de serem macacos, os homens foram um mineral qualquer, ou seja, uma pedra ou um tijolo. Não apenas isso: “A espécie humana provém material e espiritualmente da pedra bruta, das plantas, dos peixes, dos quadrúpedes, do mono (macaco). E, de homem, ascenderá a espírito, a anjo, indo povoar mundos superiores…” (Leopoldo Machado, Revista Internacional do Espiritismo, 1941, Matão, SP, p. 193).

“A espécie humana não começou por um só homem. Aquele a quem chamais Adão não foi o primeiro nem o único a povoar a Terra” (Livro dos Espíritos, Allan Kardec, resposta à pergunta número 50).

Primeiramente, queremos ressaltar que não é a Teoria Revolucionista de Charles Darwin, mas sim Teoria Evolucionista.

Se Kardec lança em 18 de abril de 1857 o “Livro dos Espíritos” e, Darwin só lança o seu, “A Origens das Espécies”, em 1859, ou seja, dois anos após o de Kardec, não dá para entender a sua afirmativa de que Kardec buscou a teoria evolucionista de Darwin para incluí-la na codificação!

Segundo a Enciclopédia Encarta, o cientista britânico Charles Robert Darwin apresenta o conceito de que todas as formas de vida se desenvolveram em um lento processo de seleção natural. Sua teoria sustenta que os membros jovens das diferentes espécies competem intensamente pela sobrevivência. Os que sobrevivem darão origem à geração seguinte, pois tendem a incorporar modificações naturais favoráveis, que se transmitem por meio da hereditariedade. Em conseqüência, cada geração será melhor, em termos adaptativos, em relação às anteriores. Este processo gradual e contínuo é a causa da evolução das espécies. Nota-se que sua teoria está centrada puramente na questão física.

Vejamos se na codificação encontramos Kardec dizendo o mesmo. Na questão 607 do “Livro dos Espíritos”, pergunta ele aos Espíritos:

“Foi dito que a alma do homem, em sua origem, está no estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e ensaia para a vida (190); onde o Espírito cumpre essa primeira fase?”.

“ – Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade”.

“ – A alma pareceria, assim, ter sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação?”

“ – Não dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade? É nesses seres, que estais longe de conhecer totalmente, que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É, de alguma sorte, um trabalho preparatório, como o da germinação, em seguida ao qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É então que começa para ele o período da humanidade, e com ela a consciência de seu futuro, destinação do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos; como depois do período de infância vem o da adolescência, depois da juventude e, enfim, a idade madura. Não há de resto, nessa origem, nada que deva humilhar o homem. Os grandes gênios são humilhados por terem sido fetos informes no seio de sua mãe? Se alguma coisa deve humilhá-lo é a sua inferioridade diante de Deus e sua impotência para sondar a profundeza dos seus desígnios e a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa harmonia admirável que torna tudo solidário na Natureza. Crer que Deus haja feito alguma coisa sem objetivo e criado seres inteligentes sem futuro, seria blasfemar contra a sua bondade, que se estende sobre todas as suas criaturas”. (os grifos são nossos).

Portanto, não é o Espírito propriamente dito que evoluí dos seres inferiores, mas o princípio inteligente. Somente poderemos dizer Espírito, quando o princípio espiritual estiver animando um ser humano, nos animais é princípio inteligente. Isso não fica difícil de entender, se utilizarmos para efeito de comparação uma semente. Até antes da germinação, poderemos dizer que é uma semente, mas depois de germinada, é uma plantinha, não mais uma semente, embora tenha procedido dela.

Constatamos que, na Codificação Kardequiana, é tratada a questão da evolução do princípio inteligente, enquanto que, pela Teoria de Darwin a evolução é do princípio material, portanto não estão falando da mesma coisa. Na Codificação não é citado Darwin em momento algum, o que encontramos Kardec falando foi sobre a geração espontânea (Revista Espírita, julho 1868), pelo que, para esclarecer dúvidas quanto à questão da evolução dos seres, citamos:

“A questão que se liga à formação desse envoltório não é menos importantíssima, primeiro porque ela resolve um sério problema científico, que ela destrói os preconceitos há muito tempo enraizados pela ignorância, e em seguida porque aqueles que a estudam exclusivamente, se chocarão com as dificuldades insuperáveis, quando quiserem se dar conta de todos os efeitos, absolutamente como se quisessem explicar os efeitos da telegrafia sem a eletricidade; eles não encontrarão a solução dessas dificuldades, senão na ação do princípio espiritual que deverão admitir no final das contas, para sair do impasse em que estarão empenhados, sob pena de deixarem a sua teoria incompleta”.

“Deixemos, pois, o materialismo estudar as propriedades da matéria; este estudo é indispensável, e o será tanto de fato: o espiritualismo não terá mais do que completar o trabalho naquilo que lhe concerne. Aceitemos as suas descobertas, e não nos inquietemos com suas conclusões absolutas, porque sua insuficiência, para tudo resolver, estando demonstrada, as necessidades de uma lógica rigorosa conduzirão forçosamente à espiritualidade; e a espiritualidade geral sendo ela mesma impotente para resolver os inumeráveis problemas da vida presente e da vida futura, encontrar-se-á a sua única chave possível nos princípios mais positivos do Espiritismo”.

Sobre a questão controvérsia do Evolucionismo ou Criacionismo, recentemente fizemos um artigo sobre esse assunto, motivo pelo qual não falaremos disso aqui. Pedimos ao Pastor para lê-lo.

Quanto a Kardec dizer que a espécie humana não começou por um só homem, além da ciência confirmar isso, podemos recorrer à Bíblia, já que você a aceita como totalmente inspirada por Deus, e por isso de autoridade absoluta.

Narra em Gêneses, capítulo 4, que Caim, após matar seu irmão Abel, vai habitar a região de Nod, ao Oriente do Éden. Nessa região conhece sua mulher, e chega a fundar uma cidade. Ora, se após ter assassinado seu irmão, ficam apenas ele (Caim) e seus pais, Adão e Eva, então que mulher é essa? E que povo é esse que veio habitar a cidade que se fundou? É de se supor que tenha existido um povo, pois que não vemos a menor lógica em se fundar uma cidade para que fosse povoada apenas pela família de Caim. Assim, meu caro, para se ter como verdadeiro o relato bíblico, é necessário aceitar que Adão e Eva não foram o primeiro casal humano, a não ser que você venha a dizer que somente aí a Bíblia tenha errado.

Vejamos o que diz Kardec, a esse respeito, conforme consta do livro “A Gênese”, cap. XI:

A doutrina que fez o gênero humano proceder de uma única individualidade, há seis mil anos, não é mais admissível no estado atual dos conhecimentos. As principais considerações que a contradizem, tiradas da ordem física e da ordem moral, se resumem nos seguintes pontos”:

“Do ponto de vista psicológico, certas raças apresentam tipos particulares característicos, que não permitem assinalar-lhes uma origem comum. Há diferenças que, evidentemente, não são o efeito do clima, uma vez que os brancos que se reproduzem no país dos negros não se tornam negros, e reciprocamente. O ardor do Sol tosta e amorena a epiderme, mas nunca transformou um branco em negro, achatou o nariz, mudou a forma dos traços da fisionomia, nem tornou encarapinhados e lanudos os cabelos longos e macios. Sabe-se hoje que a cor do negro provém de um tecido particular, subcutâneo, que se liga à espécie”.

“É necessário, pois, considerar as raças negras, mongólicas, caucásicas, como tendo a sua origem própria e nascidas simultaneamente, ou sucessivamente, sobre diferentes partes do globo; seu cruzamento produziu as raças mistas secundárias. Os caracteres fisiológicos das raças primitivas são o indício evidente de que elas provieram de tipos especiais. As mesmas considerações existem, pois, tanto para os homens como para os animais, quanto à pluralidade de estirpes”.

Assim, é também por pura questão de lógica que vemos a impossibilidade do homem ter vindo de um só casal. Veja, caro Pastor, se consegue contra-argumentar o que Kardec disse.

A PALAVRA DO CRISTIANISMO

A teoria da seleção natural das espécies é contrária ao que ensina a Bíblia Sagrada. Esta teoria diabólica que incorpora o pensamento panteísta (Deus é tudo em todos) é a negação do Deus criador de todas as coisas. “NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA”. É assim que inicia o primeiro livro da Bíblia, Gênesis, escrito por Moisés. Com a Sua palavra, Deus criou a luz, as águas, o firmamento, a parte seca (a terra), a relva e árvores frutíferas para “darem frutos segundo a sua espécie”; depois produziu os astros luminosos para iluminarem a terra; produziu os peixes e as aves, segundo suas espécies; produziu Deus os animais domésticos, répteis e animais selvagens conforme a sua espécie.

“Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os animais domésticos, sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida, e o homem tornou-se alma vivente. Assim Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. Viu Deus que tudo o que tinha feito, e que era muito bom” (Gênesis 1 e 2).

“Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva” (1 Timóteo 2.13).

Como vimos, depois de fazer a terra e os céus, Deus criou as matas, as árvores frutíferas, os animais, e, enfim, o homem. O sopro de Deus no homem formado do pó representa que a vida é um dom de Deus; que o homem foi criado para ser moralmente semelhante a Deus, como expressão do seu amor e glória; para ter permanente comunhão com Deus. Portanto, não tem respaldo das Sagradas Escrituras a afirmação de que a alma humana encontrou morada primeiramente em animais, e que o homem é conseqüência de uma seleção natural das espécies. O Senhor Jesus legitima o livro de Gênesis, ao dizer: “Não leste que no princípio o Criador os fez macho e fêmea?”.

Como poderia a alma humana, nascida do sopro de Deus, haver se instalado no macaco, criado antes do homem? Por que então afirmar que espiritismo e cristianismo ensinam a mesma coisa? Proselitismo, engodo, mentira, hipocrisia ou leviandade? Moisés teria escrito uma asneira? Mas como, se o espiritismo diz que Moisés foi a Primeira Revelação de Deus? Se as revelações de Deus não sabem o que afirmam ou mentem, a Terceira Revelação, o espiritismo, seria uma exceção?

(Espiritismo e Cristianismo – Pr Airton E. da Costa)

Para os que se apegam à letra tudo é confuso e contraditório. Já que não percebem que a Bíblia Sagrada não é um compêndio de Ciência, que ela também é fruto do conhecimento e da cultura da época.

Você afirma que, conforme o Gênesis, Deus criou as águas, entretanto, seguindo estritamente o que lá consta não se encontra este fato. Ao dizer Deus criou os céus e a terra não diz que tenha criado as águas, mas que o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Veja que quando se narra em detalhes a criação, nós iremos verificar que Deus em momento algum cria a água. O que podemos encontrar é Deus criando os céus para separar as águas das águas, ou seja, as águas superiores das águas inferiores. Pensavam que os céus era sólido, daí ser dito firmamento, que vem de firme, e ele tinha a função de separar as águas, já que nada sabiam sobre a evaporação da água, pensavam que existiam águas superiores mais ou menos conforme os mares. Depois Deus disse para se ajuntarem as águas debaixo, num só lugar, aparecendo a porção seca: a terra. Tudo é narrado como se a água já existisse, mas não fala como e quando ela foi criada.

Na passagem citada de Gênesis 1, 26, temos os seguintes questionamentos: o “façamos”, que dela consta, estaria a dizer que existem vários Deuses? Se não, quem estava lá com Ele? Se Deus é espírito, conforme disse Jesus, qual imagem seremos Dele? Devemos entender que Deus criou macho e fêmea, como fez com os animais, ou somente no caso do homem é que criou o macho e depois a fêmea? Mas, não seria isso apenas fruto de uma sociedade machista, onde a mulher não tinha o menor valor?

Interessante é que a criação volta a ser narrada em Gêneses 2, e é aqui que se diz que Deus formou o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida, e assim o homem se torna um ser vivente. Se somos a sua imagem e semelhança, como foi dito, terá Deus sido formado do barro também? Aqui fica mais evidente o reflexo cultural de uma sociedade machista, pois coloca o homem sendo criado primeiro, e não bastasse isso, ainda diz que a mulher veio de sua costela, ressaltando ainda mais a submissão da mulher em relação ao homem. Assim a própria Bíblia está a sustentar o domínio do homem sobre a mulher.

Pergunta o Pastor:Como poderia a alma humana, nascida do sopro de Deus, haver se instalado no macaco, criado antes do homem? Justamente por ele, o macaco, ter sido criado antes do homem. Por outro lado, se você aceita que Deus conseguiu colocar a alma do homem num monte de barro, porque motivo não poderia colocá-la num ser vivente? E, para os que ainda não sabem, 98% dos genes do homem estão no macaco. E mais ainda, os mesmos elementos químicos, carbono, oxigênio, hidrogênio e azoto, são encontrados em ambos, então onde reside a grande diferença material entre nós e eles? Será que é porque você não quer aceitar a idéia de ter vindo de um ser irracional? Entretanto, se, por um momento de lucidez, viesse a acompanhar as pesquisas científicas realizadas com os chimpanzés, você não teria mais dúvida alguma de que nossa origem é a mesma que a deles. Afinal, se tudo foi criado por Deus, e Ele afirma que tudo que criou é bom, então qual o problema? Não é mais racional dizer que viemos de um ser vivo do que de um monte de barro? Ah! E por falar em barro, de onde vem o tijolo? Não que estamos a sustentar a idéia que tenhamos vindo do tijolo, apenas para mostrar a você que ter vindo do barro e do tijolo é tudo a mesma coisa.

Na Revista Espírita, de março 1860, Kardec, responde:

“A questão do primeiro homem na pessoa de Adão, como única fonte da Humanidade, não é a única sobre a qual as crenças religiosas deverão se modificar”.

“O movimento da Terra, numa certa época, pareceu de tal modo oposto ao texto das Escrituras, que foi motivo de perseguições das quais essa teoria não foi o pretexto, e, todavia, vê-se que, Josué detendo o sol não pôde impedir a Terra de girar; ela gira apesar dos anátemas, e hoje ninguém poderia contestá-lo sem prejuízo de sua própria razão”.

“A Bíblia diz igualmente que o mundo foi criado em seis dias, e fixa-lhe a época em torno de 4 mil anos antes da era cristã. Antes disso, a Terra não existia, ela foi tirada do nada: o texto é formal; e eis que a ciência positiva, inexorável, vem provar o contrário. A formação do globo está escrita em caracteres imprescritíveis do mundo fóssil, e está provado que os seis dias da criação são igualmente de períodos cada um, talvez, de várias centenas de milhares de anos. Isto não é um sistema, uma doutrina, uma opinião isolada, é um fato tão constante quanto o movimento da Terra, e que a teologia não pode se recusar em admitir; também não mais senão nas pequenas escolas que se ensina que o mundo foi feito em seis vezes vinte e quatro horas, prova evidente do erro no qual se pode cair tomando ao pé da letra as expressões de uma linguagem, freqüentemente, figurada. A autoridade da Bíblia recebeu um insulto aos olhos dos teólogos? De nenhum modo, eles se renderam à evidência, e disto concluíram que o texto podia receber uma interpretação”.

“A ciência, folheando os arquivos da Terra, reconheceu a ordem na qual os diferentes seres vivos apareceram na superfície; a observação não deixa nenhuma dúvida sobre as espécies orgânicas que pertencem a cada período, e essa ordem está de acordo com aquela que está indicada no Gênese, com a diferença de que esta obra, em lugar de ter saído miraculosamente das mãos de Deus em algumas horas, cumpriu-se, sempre por sua vontade, mas segundo a lei das forças da Natureza, em alguns milhões de anos. Deus, por isso, é menos grande e menos poderoso? Sua obra é menos sublime por não ter o prestígio da instantaneidade? Evidentemente não; seria necessário fazer-se da Divindade uma idéia bem mesquinha por não reconhecer sua onipotência nas leis eternas que ela estabeleceu para reger os mundos”.

“A ciência, do mesmo modo que Moisés, coloca o homem em último na ordem da criação dos seres vivos; mas Moisés coloca o dilúvio universal no ano de 1654 do mundo, ao passo que a geologia nos mostra esse grande cataclismo anterior à aparição do homem, tendo em vista que, até este dia, não se encontrou nas camadas primitivas nenhum traço de sua presença, nem dos animais da mesma categoria no ponto de vista físico; mas nada prova que isto seja impossível; várias descobertas já lançaram dúvidas a esse respeito; portanto, pode ser que, de um momento para outro, adquira-se a certeza dessa anterioridade da raça humana. Resta a ver se o cataclismo geológico, cujos traços estão por toda a Terra, é o mesmo do dilúvio de Noé; ora, a lei da duração da formação das camadas fósseis não permite confundi-las, a primeira remontando talvez a cem mil anos. Do momento em que forem encontrados os traços da existência do homem antes da grande catástrofe, ficará provado, ou que Adão não foi o primeiro homem, ou que a sua criação se perde na noite dos tempos. Contra a evidência não há raciocínios possíveis; os teólogos deverão, pois, aceitar este fato como aceitaram o movimento da Terra e os seis períodos da criação”.

“A existência do homem antes do dilúvio geológico, é verdade, é ainda hipotética, mais eis o que o é menos. Admitindo que o homem apareceu pela primeira vez na Terra quatro mil anos antes de Cristo, se 1650 mais tarde toda a raça humana foi destruída com exceção de um único, disso resulta que o povoamento da Terra não data senão de Noé, quer dizer, de 2350 anos antes de nossa era. Ora, quando os hebreus emigraram para o Egito, no décimo oitavo século, encontraram este país muito povoado e já muito avançado em civilização”.

“A história prova que, nessa época, as Índias e outros países estavam igualmente florescentes. Seria necessário, pois, que do décimo quarto ao décimo oitavo século, quer dizer, no espaço de 600 anos, não somente a posteridade de um único homem pôde povoar todos os imensos continentes então conhecidos, supondo que os outros não o fossem, mas que, nesse curto intervalo, a espécie humana pôde se elevar da ignorância absoluta, do estado primitivo, ao mais alto grau do desenvolvimento intelectual, o que é contrário a todas as leis antropológicas. Tudo se explica, ao contrário, admitindo-se a anterioridade do homem, o dilúvio de Noé com a catástrofe parcial confundida com o cataclismo geológico, e Adão, que viveu há 6.000 anos, como tendo povoado um continente ainda inabitável. Ainda uma vez, nada poderia prevalecer contra a evidência dos fatos; por isso cremos prudente não se inscrever muito levianamente em falso contra doutrinas que podem, cedo ou tarde, como tantas outras, por em erro aqueles que as combatem. As idéias religiosas, longe de perderem, se engrandecem caminhando como a ciência; é o meio de não dar ensejo ao ceticismo em demonstrando um lado vulnerável”.

“Que teria acontecido à religião se ela se obstinasse contra a evidência, e se persistisse em cunhar de anátema quem não aceitasse a letra das Escrituras, disso resultaria que não poderia ser católico sem crer no movimento do sol, nos seis dias, nos 6.000 anos da existência da Terra; contai, pois, o que restaria hoje de católicos. Proscrevei também aquele que não se prende à letra, à alegoria da árvore e de seu fruto, da costela de Adão, da serpente, etc? A religião será sempre forte quando ela marchar de acordo com a ciência, porque ela reunirá a parte esclarecida da população; é o único meio de dar um desmentido ao preconceito que a faz considerar, pelas pessoas superficiais, como a antagonista do progresso. Se jamais, e isso a Deus não praza, ela repelisse as evidências dos fatos, hostilizaria os homens sérios, e provocaria o cisma, porque nada poderia prevalecer contra a evidência. Também a alta teologia, que conta com homens eminentes por seu saber, admite, sobre muitos pontos controversos, uma interpretação conforme a sã razão. Somente é deplorável que ela reserve suas interpretações para os privilegiados, e continue a fazer ensinar a letra nas escolas; resulta disso que esta letra, primeiro aceita pelas crianças é mais tarde rejeitada por elas quando chega a idade de raciocínio; nada tendo por compensação, rejeitam tudo e aumenta o número dos incrédulos absolutos. Não dai, ao contrário, à criança senão aquilo que sua razão possa admitir mais tarde, e sua razão, em se desenvolvendo, a fortalecerá nos princípios que lhe inculcaram. Assim falando, cremos servir aos verdadeiros interesses da religião; ela será sempre respeitada quando mostrada onde realmente está, e quando não fará consistir nas alegorias das quais o bom senso não pode admitir a realidade”.

Em “A Gênese”, capítulo XI, item 10, diz Kardec:

“Devendo a matéria ser objeto de trabalho do Espírito, para o desenvolvimento de suas faculdades, era necessário que pudesse atuar sobre ela, por isso veio habitá-la, como o lenhador habita a floresta. Devendo ser a matéria, ao mesmo tempo, o objeto e o instrumento de trabalho, Deus, em lugar de unir o Espírito à pedra rígida, criou, para seu uso, corpos organizados; flexíveis, capazes de receber todos os impulsos de sua vontade, e de se prestar a todos os seus movimentos”. (grifo nosso).

Com isso deixamos claro o ponto de vista de Kardec. Mas como não impomos nada a ninguém, podemos encontrar em nosso meio pessoas que podem pensar de maneira diferente, o que é um direito de cada um de nós. E sendo assim, isso está longe de significar que todos os Espíritas comunguem com esse pensamento ou que o próprio Espiritismo assine embaixo.

Nunca dissemos que Moisés tenha sido infalível, vocês é que o vêem desta forma. Para nós ele, querendo imprimir no povo hebreu algum censo moral, ditou diversas leis sociais, dizendo terem sido elas provindas de Deus. Segundo ele, Deus disse: “Não matarás”, entretanto se contradisse, quando, entre outras ordens, disse: “Aquele que ferir o seu pai e ou sua mãe, será morto”. Temos também, por um relato bíblico, que Moisés recebeu diretamente de Deus, no Monte Sinai, os Dez Mandamentos. Entretanto, em Atos 7, 53, encontramos: “Vós que recebeste a Lei pelo ministério dos anjos, e não a guardastes…” Afinal, os Dez Mandamentos foram recebidos pelo ministério dos anjos ou diretamente de Deus? E quanto ao aparecimento de Deus junto à sarça, veja o que encontramos em Atos 7, 35: “Este Moisés, que desprezaram, dizendo: Quem te constituiu chefe ou juiz?, a este Deus enviou como chefe e libertador pela mão do anjo que lhe apareceu na sarça”. Assim, perguntamos: quem apareceu na sarça a Moisés, foi Deus, pessoalmente, ou foi um anjo? E convém que se lembre aqui que, antes de mais nada, anjo é um espírito.

A Primeira Revelação Divina, que Moisés recebeu, foram os Dez Mandamentos, mesmo assim, em muito boa lógica, ainda poderemos colocar uma ressalva, pois como as mulheres irão cumprir o: “Não cobiçar a mulher do próximo”? Isso não reforça a idéia, que temos dito, a respeito da sociedade machista?

É assim que estudamos a Bíblia, com a razão e a lógica, muito longe da fé cega de alguns dos nossos detratores. Eis aí uma grande diferença entre o Espiritismo e o Cristianismo de alguns, não o do Cristo, certamente.

Continua, em seus argumentos:

A BÍBLIA SAGRADA

A PALAVRA DO ESPIRITISMO:

“A Bíblia não pode ser considerada produto da inspiração divina. É de origem puramente humana, semeada de ficções e alegorias, sob as quais o pensamento filosófico se dissimula e desaparece o mais das vezes” (Cristianismo e Espiritismo, de León Denis, p. 130, 5a, FEB).

“Do velho Testamento, já nos é recomendado somente o Decálogo, e do Novo Testamento, apenas a moral de Jesus. Já consideramos de valor secundário, ou revogado e sem valor, mais de 90% do texto da Bíblia” (FEB, O Reformador, p. 13, janeiro/1953).

“Nem a Bíblia prova coisa nenhuma, nem temos a Bíblia como probante. O espiritismo não é um ramo do cristianismo como as demais seitas cristãs. Não assenta seus princípios nas Escrituras. Não rodopia junto à Bíblia. A nossa base é o ensino dos espíritos, daí o nome espiritismo” (À Margem do Espiritismo, FEB, 3a edição, 1981, p. 2l4).

“A Bíblia, evidentemente, encerra fatos que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia hoje aceitar e outros que parecem estranhos e derivam de costumes que já não são os nossos” (A Gênese, p. 87, opinião de “espíritos”).

Os evangelistas S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João foram alvo de uma dura crítica do codificador da doutrina espírita: “Eles possivelmente se enganaram quanto ao sentido das palavras do Senhor, ou dado interpretação falsa aos seus pensamentos…” (A Gênese, p. 386). Contudo, na tentativa de legitimar seu espiritismo Kardec buscou a experiência cristã e as palavras dos evangelistas, principalmente de Mateus, muito citado no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo. Ademais, como vimos inicialmente, Kardec declarou que o espiritismo é de tradição verdadeiramente cristã, e que no cristianismo estão todas as verdades. Podemos levar a sério o que o espiritismo diz? O kardecismo seria muito mais autêntico se se firmasse em seus próprios pés, na palavra e experiência de seus “espíritos”.

Não necessitamos mais falar sobre a questão da Bíblia ser ou não ser a palavra de Deus, além do que já falamos um pouco atrás, mas não deixaremos de recomendar mais uma vez o artigo de nossa autoria intitulado “A Palavra de Deus na Bíblia”.

A ciência vem confirmando que alguns fatos narrados na Bíblia são impossíveis de terem acontecido como, por exemplo: a Terra não ser o centro do Universo, a Terra ter sido criada há pouco mais de 4.000 anos antes de nossa era, o dilúvio como sendo universal, a passagem Mar Vermelho adentro, a parada do Sol por Josué, etc. Se, nestes casos, não há como refutar a ciência, devemos convir que a Bíblia contém fatos que não são verdadeiros.

Quanto à questão dos evangelistas terem sido alvo de dura crítica de Kardec, é necessário, para que se esclareça, colocar o contexto em que isso foi dito, pois constantemente vemos a tentativa de mudar o sentido do que ele disse. Vamos, então, ao texto completo, quando comenta a passagem de João 16, 7-14:

“Esta predição, sem contradita, é uma das mais importantes do ponto de vista religioso, porque constata, da maneira menos equivocada, que Jesus não disse tudo o que tinha a dizer (grifo do original), porque não seria compreendido, mesmo pelos seus apóstolos, uma vez que era a eles que se dirigia. Se lhes tivesse dado instruções secretas, delas faria menção no Evangelho. Desde que não disse tudo aos seus apóstolos, os seus sucessores não poderiam saber mais do que ele; portanto, puderam se equivocar sobre o sentido de suas palavras, dar uma falsa interpretação aos seus pensamentos, freqüentemente velados sob a forma de parábolas. As religiões fundadas sobre o Evangelho não podem, pois, se dizerem na posse de toda a verdade, uma vez que ele reservou para si completar ulteriormente as suas instruções. Seu princípio de imutabilidade é um desmentido dado às próprias palavras de Jesus (grifo nosso)”.

Assim, não existe, por parte de Kardec, nenhuma dura crítica aos apóstolos, apenas uma conclusão lógica tirada do que consta do próprio Evangelho.

Mas, nós não os consideramos infalíveis, já que um deles mesmo alertado por Jesus, O negou por três vezes, portanto são homens como nós, sujeitos a erros e acertos. E para que você não fique com nenhuma dúvida que podem errar, vejamos algumas passagens narradas pelos evangelistas:

Cego e mudo, ou só mudo?

Mateus 12:22 – Então lhe trouxeram um endemoninhado, cego e mudo; e ele o curou, passando o mudo a falar e a ver.

Lucas 11:14 – De outra feita estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiraram.

Mateus diz ser o homem cego e mudo, mas Lucas diz tratar-se apenas de um mudo o que estava possesso.

Cegos de Jericó, um ou dois?

Mateus 20:29-30 – Saindo eles de Jericó, uma grande multidão o acompanhava. E eis que dois cegos, assentados à beira do caminho, tendo ouvido que Jesus passava, clamaram: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!

Marcos 10:46-47 – E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho. E, ouvindo que era Jesus, o Nazareno, pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

Lucas 18:35-38 – Aconteceu que, ao aproximar-se ele de Jericó, estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas. E, ouvindo o tropel da multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Anunciaram-lhe que passava Jesus, o Nazareno. Então ele clamou: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!

Aqui temos Mateus dizendo que eram dois cegos em contradição com Marcos e Lucas que afirmam ser apenas um. Por que somente Marcos identifica quem era este cego?

Afinal quem carregou a cruz?

Mateus 27:32 – Ao saírem, encontraram um cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.

Marcos 15:21 – obrigaram a Simão Cireneu, que passava, vindo do campo, pai de Alexandre e de Rufo, a carregar-lhe a cruz.

Lucas 23:26 – E como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado Simão, que vinha do campo, puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus.

João 19:17 – Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico.

Mateus, Marcos e Lucas dizem que o cireneu chamado Simão foi obrigado a carregar a cruz de Jesus, enquanto que João diz que foi o próprio Jesus quem levou a cruz. Com relação a João, alguém poderia alegar que Jesus saiu carregando a cruz (no início) e que Cirineu ajudou Jesus depois, entretanto isso foge ao narrado por João.

O que fez o “bom ladrão”?

Mateus 27: 38 e 44 – E foram crucificados com ele dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda. E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele.

Marcos 15:27 e 32 – Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Também os que com ele foram crucificados o insultavam.

Lucas 23:39-43 – Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro repreendeu-o dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós na verdade com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhes respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

João 19:18 – Onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

Mateus, Marcos e João nada relatam de qualquer diálogo entre os três crucificados.Os dois primeiros dizem que os ladrões estavam, isto sim, entre os que escarneciam de Jesus. Só Lucas diz que Jesus teria dito para um deles que hoje estarás comigo no Paraíso. Se isso aconteceu, temos uma contradição de Jesus, pois Ele mesmo disse: “a cada um segundo suas obras” (Mateus 16, 27). Quando do episódio com Madalena, após sua ressurreição, disse Jesus a ela: “Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João 20, 17). Ora, se Jesus três dias após sua morte ainda não tinha subido ao Pai, como ele poderia ter afirmado ao “bom ladrão” que hoje estarás comigo, ou seja, justamente no dia de sua morte na cruz? Por outro lado, o “bom ladrão” ao reconhecer que “Nós padecemos com justiça porque recebemos o castigo digno de nossas obras, enquanto este nada fez de mal”, ele está aceitando a justiça dos homens. Assim, por mais forte razão, aceitaria uma pena merecida pela justiça de Deus. Por isso ele não aceitaria uma recompensa por algo que não teria feito, não é mesmo? Já falamos, várias vezes, mas não custa repetir, coloquemos a frase do seguinte modo: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso. É muito mais condizente com a justiça divina, pois alguém somente irá para o Paraíso, quando tiver realizado as obras que venham a fazê-lo merecer esse paraíso, não importando quanto tempo levará para isso.

Se lhe interessar mais algumas divergências, pedimos-lhe, novamente, que leia o nosso artigo “A palavra de Deus na Bíblia”.

Continuando, nossa leitura, diz o Pastor:

A PALAVRA DO CRISTIANISMO:

“Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa obra” (2 Timóteo 3.16-17).

Esta belíssima mensagem é da lavra do apóstolo Paulo, de quem Allan Kardec disse ter sido “um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho”. É o mesmo Paulo que escreveu 1 Coríntios 13.13, mensagem plenamente aceita pelo codificador da doutrina espírita. Podemos dizer que “o cristianismo e o espiritismo ensinam a mesma coisa”? No mesmo livro, em 1 Coríntios 15, Paulo empresta o devido valor às Escrituras Sagradas: “Pois primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; e que foi sepultado, e que ressurgiu ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1.21). O Senhor Jesus confirma a inspiração divina da Bíblia quando diz:

“Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26).

“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Jesus, Mateus 22.29). Quem assim falou foi o Senhor Jesus, aquele que veio em “missão divina” para ensinar a justiça de Deus aos homens”, conforme assim definiu Allan Kardec, na embalagem do espiritismo. Podemos confiar no Livro dos Espíritos e nos demais, soprados por “espíritos” que dizem e se contradizem, fazem e desfazem, juram e negam? Fiquemos com o Salmo 119.105: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho”.

Se Paulo voltasse hoje e resolvesse ler a Bíblia, com absoluta certeza não diria mais que toda Escritura é divinamente inspirada. Pois a Bíblia passou por tantas traduções e tantas adulterações que não é mais a original, conforme demonstra magistralmente os autores Dr. Severino Celestino da Silva em seu livro “Analisando as Traduções Bíblicas”, e José Reis Chaves no livro “A Face Oculta das Religiões”, os quais recomendamos ao nosso detrator estudar, mas estudar mesmo, não apenas ler.

Mas voltando à questão de Paulo, gostaria então de que me explicasse: considerando o que você pensa, ou seja, que a Bíblia é a palavra de Deus, como poderemos analisar estas passagens:

Romanos 7, 6: Mas agora, livres da Lei, estamos mortos para aquilo que nos conservava prisioneiros, de sorte que podermos servir a Deus conforme um espírito novo e não segundo a letra antiga.

Hebreus 7, 11-12 e 18-19:“Ora bem, se acaso a perfeição tivesse sido possível por meio do sacerdócio levítico – graças a cujo serviço o povo recebeu a lei – que necessidade haveria ainda de surgir um sacerdote de outro gênero, um sacerdote à maneira de Melquisedec, e não à maneira de Aarão? Pois, mudado o sacerdócio, deve também haver uma mudança de lei. Dessa maneira é que se dá a ab-rogação do regulamento anterior em virtude de sua fraqueza e inutilidade – A Lei, na verdade, nada levou à perfeição – e foi introduzida uma esperança melhor pela qual nos aproximamos de Deus”.

Hebreus 8, 6-7 e 13:“Mas, agora, Jesus foi encarregado de um ministério tanto mais excelente quanto melhor é a aliança da qual é mediador, sendo esta legalmente fundada sobre promessas mais excelentes. Se, na verdade, a primeira aliança tivesse sido sem falhas, não teria cabimento ser substituída por uma segunda. Dizendo; aliança nova, Deus declarou antiquada a primeira. Ora, o que se torna antiquado e envelhece está próximo a desaparecer”.

Veja Pastor, que apesar de estar bem claro na Bíblia que o Antigo Testamento (primeira Aliança ou regulamento anterior) foi revogado por Cristo, pois os seus ensinamentos eram superiores, ainda você o segue com fervor.

Devemos ter muito cuidado, ao analisar os textos Bíblicos, veja o que podemos encontrar em alguns textos de um mesmo autor. Neles realçamos o que julgamos ser mais importante observar:

Romanos 1, 17: Porque nele se manifesta a justiça de Deus, pela fé e para a fé, como está escrito: O justo viverá da fé!

Romanos 2, 5:Com essa dureza e esse coração impenitente vais acumulando ira contra ti para o dia de cólera e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um conforme suas obras.

Romanos 2, 13: Porque diante de Deus é justo não quem escuta a Lei, mas quem a pratica.

Romanos 3, 27-28:Há, então, motivo de orgulho? Está excluído. Em virtude da lei? Da observância das obras? Absolutamente não! Mas em virtude da fé! Por isso concluímos que o homem é justificado pela fé, sem a prática da Lei.

2 Coríntios 5, 10:Porque todos nós devemos comparecer diante do tribunal do Cristo, para que cada um receba a recompensa das obras realizadas quando estava no corpo, quer boas, quer más.

Efésios 2, 8-9:Porque é de fato pela graça que estais salvos, por meio da fé: não por mérito vosso, mas por dom de Deus. E não por obras, para que ninguém se glorie.

Existem contradições ou não? É o mesmo Paulo que você cita. A não ser que consideremos Deus como falível, não poderemos insistir mais nesta tese da “infalibilidade bíblica”. Jesus deixa claro sobre o que nos salva: “Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai com os seus anjos: e então recompensará a cada um segundo suas obras”. E, como sempre, nós optamos por ficar com Jesus.

Sobre esta frase que disse: esta belíssima mensagem é da lavra do apóstolo Paulo, de quem Allan Kardec disse ter sido “um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho”, quando reporta ao que você tinha colocado como “A Moldura”: Sobre o apóstolo Paulo: “Meu Deus! Meu Deus! perdoai-me, creio, sou cristão!” “E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho” (E.S.E., cap. I, item 11), já que não temos nenhum elemento em que possamos dizer que você está falseando, pelo menos poderemos dizer que na pressa de ler, já que obviamente não estudou, você misturou “as bolas”, como se diz popularmente. Vejamos o texto por completo:

Santo Agostinho é um dos maiores vulgarizadores do Espiritismo. Manifesta-se quase por toda parte. A razão disso, encontramo-la na vida desse grande filósofo cristão. Pertence ele à vigorosa falange dos Pais da Igreja, aos quais deve a cristandade seus mais sólidos esteios. Como vários outros, foi arrancado ao paganismo, ou melhor, à impiedade mais profunda, pelo fulgor da verdade. Quando entregue aos maiores excessos, sentiu em sua alma aquela singular vibração que o fez voltar a si e compreender que a felicidade estava alhures, que não nos prazeres enervantes e fugitivos; quando, afinal, no seu caminho de Damasco, também foi dado ouvir a santa voz a clamar-lhe: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” exclamou: “Meu Deus! Meu Deus! Perdoai-me, creio, sou cristão!” E desde então tornou-se um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho. Podem ler-se, nas notáveis confissões que esse eminente espírito deixou, as características e, ao mesmo tempo proféticas palavras que proferiu, depois da morte de Santa Mônica: Estou convencido de que minha mãe me veio visitar e dar conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura. Que ensinamento nessas palavras e que retumbante previsão da doutrina porvindoura! Essa a razão por que hoje, vendo chegada a hora de divulgar-se a verdade que ele pressentira, se constituiu seu ardoroso disseminador e, por assim dizer, se multiplica para responder a todos os que o chamam. – Erasto, discípulo de S. Paulo. (Paris, 1863)”. (grifo nosso)

Assim, meu caro e muito apressado, Pastor, é Santo Agostinho que desde então se tornou um dos mais fortes sustentáculos do Evangelho, e não S. Paulo, como você entendeu ou, então, quem sabe se quis mesmo fazer os outros entenderem desta forma, com o objetivo de desvirtuar propositadamente o sentido do texto? E também não foi Kardec quem disse isso, mas um espírito que diz ser Erasto, e citado por Kardec.

Na passagem em que Jesus diz: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” foi a resposta que deu aos saduceus que lhe questionavam a respeito de quem seria a mulher que teve sete irmãos por marido. Vamos completar a resposta para melhor entendimento: “Porque, na ressurreição, não haverá esposo nem esposa, mas serão todos como os anjos no céu. E quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que vos foi dito por Deus: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ele é o Deus não dos mortos, mas dos vivos” (Mateus 22, 30-32). O que Jesus deixa claro é que Deus é Deus dos vivos porque o espírito não morre, continua vivendo no “céu”, assim nossa ressurreição é do espírito, e não do corpo físico. A não ser que você prove que Abraão, Isaac e Jacó tenham ressuscitado de corpo e alma, principalmente diante do que Paulo diz: a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus” (1 Coríntios 15, 50), e, o mais importante, confirmando assim o que, também, dissera Jesus: “O espírito é que dá vida; a carne de nada serve (João 6, 63). Daí também, podemos dizer que a nossa “ressurreição” é do espírito e não no corpo físico como crê. E é Paulo que ainda afirma:“E semeando um corpo animal, ressuscita um corpo espiritual. Como há um corpo animal, há também um corpo espiritual”. (1 Coríntios 15, 44).

Desta forma demonstramos, do princípio ao fim, que não existe nenhuma contradição no Livro dos Espíritos. E, como Deus é Deus dos vivos, ou seja, dos espíritos, deixamos aqui uma pergunta: Quem, realmente, se contradiz, são os espíritos ou os supostos seguidores de Jesus?

Assim, como Jesus sofreu um sistemático combate por parte dos sacerdotes, dos saduceus e dos fariseus, e, diga-se de passagem, foram eles, na verdade, que em última instância pregaram Jesus na cruz, é exatamente a mesma coisa que determinados líderes religiosos de hoje fazem com a Doutrina Espírita. Será mera coincidência, ou serão eles os antigos líderes reencarnados?

Bem, aqui termina o texto do Pastor Airton. Assim vamos ao segundo texto.

2 – O Espiritismo Kardecista Segundo a Bíblia Sagrada

Por Alexandre Zuzart

O Espiritismo é a seita que mais cresce no Brasil e no Mundo e conta com cerca de 20 milhões de adeptos só no Brasil.

O Espiritismo Kardecista tem como base a reencarnação, a consulta aos mortos e a salvação através unicamente da caridade.

O Espiritismo se denomina a 3ª revelação de Deus que veio completar e explicar a 2ª revelação que é Jesus Cristo, o Messias (a 1ª revelação seria Moisés). Se o Espiritismo é uma revelação que procede de Deus, então ela deve confirmar as duas revelações anteriores e não contradizê-las. Entretanto, quando comparadas, o Espiritismo ensina o oposto do Cristianismo, além de negar a inspiração divina da Bíblia e dizer que ela não é suficientemente clara, contém erros e foi mal interpretada pelos homens.

A seguir, veremos os fundamentos do Espiritismo e o que a Bíblia nos diz a respeito:

Primeiramente poderíamos dizer que não existe Espiritismo Kardecista, pois isto leva a supor que poderá existir outro tipo de Espiritismo. Não confundam manifestações espirituais como sinônimo de Espiritismo. Isto é pura falta de conhecimento sobre os nossos fundamentos. E só pelo fato de outras correntes filosóficas aceitarem alguns princípios do Espiritismo, não quer isso dizer que elas são espíritas, já que não poderemos afirmar que a tartaruga é um pássaro, somente porque bota ovo, não é mesmo?

Os que estudam seriamente o Espiritismo, sem preconceito e sem nenhuma idéia preconcebida, vêem que justamente ele é o Cristianismo redivivo. O Pastor Presbiteriano Nehemias Marien, percebendo isso, diz textualmente: Vejo a Doutrina Espírita como a mais caudalosa vertente do Cristianismo, especialmente, no exercício da caridade e na prática do amor.

Podemos completar com o autor Católico José Reis Chaves, que diz em seu livro “A Face Oculta das Religiões”:

Os católicos mais esclarecidos, que gostam de estudar a Bíblia e as outras religiões, também, acabam se tornando espíritas, já que o Kardecismo tem verdades inquestionáveis, pois estuda a Bíblia de um modo racional, e pauta a sua doutrina à luz da ciência. E é emocionalmente equilibrado, pois conhece de fato verdades irretorquíveis, com o respaldo da ciência, do bom senso e da lógica, é tranqüilo e sereno, não precisando de barulho nem de gritar para os outros os seus princípios religiosos para os convencer e convencer a si mesmo das verdades da sua crença, pois quem encontra a verdade, de fato, liberta-se dessas picuinhas e fanatismos religiosos que a gente vê por aí. De fato, só quem não tem suas verdades bem estruturadas precisa de ser fanático, num tentativa de encobrir a lacuna interna que atormenta a sua fé”.

Continuando, temos:

COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS

O Espiritismo constantemente recorre a textos bíblicos em busca de apoio para essa crença, embora a palavra de Deus proíba essa prática (Dt 18, 9-12).

Em 1 Samuel 28, 13, a mulher disse: “Vejo um deus que sobe da terra” e no versículo 14 diz: “Entendendo Saul que era Samuel…”, mostra que Saul não tinha convicção de quem era. Há três coisas a considerar: (1) Samuel não apareceu. (2) Um espírito de demônio apareceu (2 Co 11, 13-14 e 1 Sm 16, 23). (3) A mulher usou de fraude e enganou ao Rei Saul.

Mediante o ensino da Bíblia, é inteiramenle impossível a comunicação entre vivos e mortos: Jó 7, 9-10; Ec 9, 5-6; Lc 16, 19-31.

Se, como diz, Deus proíbe a comunicação com os mortos, é porque ela é possível, a não ser que você admita o absurdo de Deus proibir algo que não possa acontecer. Por outro lado, sem a mínima lógica, você diz que a Bíblia ensina que é inteiramente impossível a comunicação entre vivos e mortos. Afinal, a Bíblia, segundo seu pensamento, é a palavra de Deus ou não é? E onde está escrita essa impossibilidade? Ademais, nem tudo que a Bíblia proibia no Velho Testamento valeu para Jesus, e vale para nós, hoje.

Quanto à passagem de Deuteronômio 18, 9-12, é melhor verificarmos a tradução correta, segundo Dr. Severino Celestino da Silva, autor do livro “Analisando as Traduções Bíblicas”: “Quando entrares na terra que Iahvéh, teu Deus, te dá, não aprendas a fazer as abominações daquelas nações. Não se achará em ti quem faça passar seu filho ou sua filha pelo fogo, nem adivinhador, nem feiticeiros, nem agoureiro, nem cartomante, nem bruxo, nem mago e semelhante, nem quem consulte o necromante e o adivinho, nem quem exija a presença dos mortos”.

Não há aí nenhuma proibição aos Espíritas, mas ao povo hebreu. Mas, para combater a Doutrina Espírita, era necessário adulterar este texto para que ficasse evidenciado isso, atitudes altamente desonestas. Comparem a tradução acima com qualquer Bíblia que você possa ter nas mãos, e veja que em algumas encontramos até os termos Espiritismo, Espíritas ou médiuns, neologismos criados por Kardec em 18 de abril de 1857, quando lançou o Livro dos Espíritos, portanto, não poderiam estar na Bíblia, escrita há vários séculos antes. E além do mais, estes termos não existem em hebraico, conforme nos informa Dr. Severino Celestino da Silva.

Assim, meu caro, a sua Bíblia pode até condenar o Espiritismo, mas a Bíblia original não, aquela que nunca deveria ser adulterada.

Veja como querem distorcer completamente o texto da Bíblia para fugirem da possibilidade da comunicação dos mortos. Vamos repetir a fala do autor: Em 1 Samuel 28, 13, a mulher disse: “Vejo um deus que sobe da terra” e no versículo 14 diz: “Entendendo Saul que era Samuel…”, mostra que Saul não tinha convicção de quem era. Há três coisas a considerar: (1) Samuel não apareceu. (2) Um espírito de demônio apareceu (2 Co 11, 13-14 e 1 Sm 16, 23). (3) A mulher usou de fraude e enganou ao Rei Saul.

Só que ele esqueceu-se de citar o versículo 15: “Samuel disse a Saul (…)”, como também os versículos 16-17: “Então disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te desamparou e se fez teu inimigo? Porque o Senhor fez para contigo como por meu intermédio ele te dissera; tirou o reino da tua mão, e o deu ao teu companheiro Davi”. Então a Bíblia não é verdadeira, pois ela afirma categoricamente que foi Samuel quem disse a Saul e não o demônio, e mais ainda se foi fraude da mulher, podemos considerar paradoxalmente uma fraude verdadeira, pois Samuel, quando vivo, tinha realmente falado a Saul que Deus se afastara dele, ficando seu inimigo, quem estuda a Bíblia, sabe perfeitamente que isso está lá.

E para colocar mais lenha na fogueira, iremos buscar na Bíblia dos Católicos, que dizem ser inspirada por Deus e tão verdadeira quanto a sua, o que consta sobre Samuel do Eclesiástico 46, 20: “Mesmo depois de morto profetizou e anunciou ao rei seu próximo fim. Do seio da terra elevou a voz profeticamente para apagar a iniqüidade do seu povo”. Assim, meu caro, é a própria Bíblia que diz que realmente foi Samuel que apareceu e conversou com Saul, mesmo a contra-gosto de alguns fariseus modernos. Mas poderá objetar: a minha Bíblia não tem este livro de Eclesiástico. Se assim for, teremos de perguntar-lhe: Qual das Bíblias é a verdadeira? Poderá apresentar-nos alguma prova para resolver essa questão? Será que justamente este livro não foi tirado, para que não ficasse muito evidente a confirmação da comunicação dos mortos? Quem adulterou a Bíblia, a Igreja ou Lutero?

Voltemos ao último trecho da fala do autor: Mediante o ensino da Bíblia, é inteiramenle impossível a comunicação entre vivos e mortos: Jó 7, 9-10; Ec 9, 5-6; Lc 16, 19-31. Devemos até fazer uma pequena pausa para colocarmos os nossos neurônios para funcionar.

Agora que já estamos completamente sintonizados, vamos lá. Embora já tenhamos falado, perguntamos novamente: Se for realmente impossível a comunicação entre vivos e mortos, porque Deus a proíbe? Por lógica, não vemos nenhum sentido em se proibir algo que nunca poderia acontecer. Só mesmo os fanáticos não percebem tamanho absurdo. Analisando as citações bíblicas colocadas pelo autor, vejamos:

Jó 7, 9-10: “Tal como nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o lugar onde habita o conhecerá jamais”.

Será que Jó, ao dizer isso, estava pensando no corpo físico ou no espírito? Se sua afirmativa se referir ao corpo físico, está completamente correto. Se for quanto ao espírito, ficaria em flagrante contradição com: “Tu, que me tens feito ver muitas angústias e males, me restaurarás ainda a vida, e de novo me tirarás dos abismos da terra”. (Salmo 71, 20) e com “E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. (Eclesiastes 12, 7). Podemos ainda, acrescentar a passagem narrada por Mateus 17, 1-13, onde os mortos Moisés e Elias apareceram em espírito e conversaram com Jesus, na presença de Pedro, Tiago e João. Desta passagem nem quer ouvir falar, pois é a prova bíblica inconteste da comunicação dos mortos com os vivos. Se bem que alguns ainda poderão dizer que não eram os espíritos Moisés e Elias que apareceram a Jesus, mas que Ele estava simplesmente conversando com os demônios!

Não será que com o texto: “me restaurarás ainda a vida, e de novo me tirarás dos abismos da terra”, poderíamos também entender que estaria aí implícita a reencarnação?

Eclesiastes 9, 5-6: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem cousa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em cousa alguma do que se faz debaixo do sol”. Vale aqui os mesmos argumentos anteriores com relação ao que falamos sobre Jó. Poderíamos apenas, acrescentar que se “os mortos tampouco terão recompensa”, então por que aceita que iremos para o céu ou inferno? Qual a necessidade de sermos julgados, já que não teremos recompensa?

A passagem de Lucas 16, 19-31 é uma parábola sobre nosso destino após a morte. O rico representando todos aqueles que mesmo possuindo recursos não se preocupam em ajudar ao próximo e, Lázaro, os sofredores resignados. O rico vai para o “inferno” e Lázaro recebe como recompensa o céu (Uai! Então existe recompensa após a morte.). Vamos colocar a partir do versículo 24, pois aí é que se encontra o que normalmente usam para combater a comunicação dos mortos. Iniciaremos a partir do diálogo do rico com Abraão:

“Então, clamando, disse: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim! e manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós”.

Antes de continuar a narrativa, é necessário dizer-se que numa análise desse texto bíblico, encontramos o ensinamento de que no outro plano da vida não é possível estarem no mesmo lugar os bons e os maus, visto existir, entre eles, um grande abismo. Esse abismo nada mais é que a grande diferença entre a evolução moral e espiritual dos bons e dos maus. Apenas isso. Não é, portanto, um abismo entre os vivos e os mortos.

Continua Lucas:

“Então replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.

Está aí, dita por Abraão, a mais absoluta verdade: Os mortos podem “ressuscitar” e se comunicar com os vivos. E muitos, como é o seu caso, não acreditam, nem se deixando persuadir da necessidade de mudança de atitudes para não irem para um “lugar de tormentos”. Esse “lugar de tormentos” não poderá ser eterno, visto que não se coadunaria com a misericórdia infinita de Deus. É importante ressaltar que, pela passagem, Abraão não disse que não poderá ocorrer a comunicação dos mortos com os vivos, mas que isso era completamente inútil, pois nem mesmo ouviram os vivos (Moisés e os profetas) tampouco ouviriam os mortos.

Seguindo em frente com nossos argumentos:

REENCARNAÇÃO
Para o Espiritismo, o objetivo da reencarnação é: “expiação, aprimoramento progressivo da humanidade” e a cada encarnação, o espírito avança para o estágio final. Allan Kardec disse: “O princípio da reencarnação ressalta, aliás, de várias passagens das Escrituras, e se encontra notavelmente formulado de maneira explícita no Evangelho”. Além de afirmar que a reencarnação está baseada nos evangelhos, Kardec reitera ser ela a única doutrina que satisfaz à justiça de Deus. O Espiritismo segue o pensamento gnóstico, segundo o qual o corpo é algo essencialmente mau, daí ser o objetivo do espírito libertar-se do ciclo de reencarnações, tornando-se um “espírito puro”.

Vejamos se o Espiritismo prega que o corpo é algo essencialmente mau, mas para isso é necessário recorrer-se ao Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IX, item 10, numa mensagem assinada pelo espírito Hahnemann:

“Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primordial da cólera e persuadi-vos de que um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando; somente, a violência tomará outro caráter, a cólera se tornará concentrada, enquanto no outro caso será expansiva”.

“O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito” (grifo nosso). O corpo não é, pois, nem bom nem mau, apenas é um instrumento do espírito, este sim, pode ser bom ou mau.

Assim, vemos mais uma vez, o que acontece com a maioria dos nossos detratores, tentam dar outro sentido ao que os Espíritos ensinaram.

Apontamos alguns textos usados pelo Espiritismo para fundamentar a reencarnação:

1 – Mateus 11, 12-15 – usam este texto para dizer que João Batista era reencarnação de Elias. João Batista não era Elias reencarnado pelas seguintes razões:

· No monte da transfiguração (Mt 17, 1-6), quem apareceu foi Elias e não João Batista, como era de se esperar se João fosse a última encarnação de Elias.

· Quando indagaram se ele era Elias, sua resposta foi: “Não” (Jo 1, 19-23).

· Para que João Batista fosse a reencarnação de Elias, este precisaria ter morrido primeiro. E Elias nunca morreu, pois foi arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2,11). Entendemos que João Batista cumpriu funcional e profeticamente o ministério de Elias.
Observamos que quase todos os nossos detratores batem quase sempre nas mesmas teclas, não possuem o mínimo de criatividade. Vamos colocar mencionada narrativa bíblica de Mateus 11, 12-15, para análise: “Desde a época de João Batista até o presente, o reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. Porque os Profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos que ouça”. E para uma maior clareza, é melhor completarmos com o que diz Mateus 17, 10-12:“Perguntaram-lhe os discípulos: “Como, então, os escribas dizem que tem de vir primeiro Elias?” Ele respondeu: “Elias de fato deve voltar e restabelecer tudo. Mas eu vos digo: Elias já veio e não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele o que quiseram. Do mesmo modo o Filho do homem vai sofrer nas mãos deles”. Os discípulos compreenderam então que lhes falava de João Batista”.

Então não somos nós quem afirma que João Batista era o Elias, isso sai das próprias palavras de Jesus, conforme grifamos logo acima. E ainda dizem que, somos nós que distorcemos as narrativas da Bíblia, para sustentar nosso ponto de vista.

Nas razões que coloca, para fundamentar que João Batista não era a reencarnação de Elias, cita a transfiguração dizendo que João Batista é quem deveria ter aparecido e não Elias, já que João Batista era a última reencarnação de Elias. Entretanto, talvez não saiba, ou mesmo sabendo, quer passar outra coisa, que os Espíritos, em suas aparições, podem tomar a forma que tinham em qualquer de suas reencarnações anteriores, para isso basta que tenham evolução espiritual para tal empreendimento. Os que não possuem evolução espiritual, sim, e, diga-se de passagem, é a esmagadora maioria deles. Estes normalmente se apresentam na forma da última reencarnação, até mesmo porque fica mais fácil de serem identificados os nossos parentes e amigos desencarnados.

Na primeira narrativa de Mateus, Jesus disse: Porque os Profetas e a Lei tiveram a palavra até João. Poderemos daí concluir que a Lei e os Profetas, ou seja, o Antigo Testamento, só vigorou até João? No nosso entender sim, até mesmo porque confirma o que dissemos anteriormente.

A questão de Elias ter dito que não era João Batista, confirma exatamente o que disse Jó “somos de ontem e nada sabemos”. Além disso, não seremos nós que iremos ficar contra Jesus, pois foi Ele quem disse ser João Batista o Elias. E mais, falando a respeito de João Batista disse ainda (Mateus 11, 9-11): “Então, o que saístes a ver? Acaso um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que um profeta. Pois este é de quem está escrito: Eis que envio meu mensageiro à tua frente; ele preparará o caminho diante de ti”. O que significa isso? É simples, Jesus fala que a profecia de Malaquias sobre a volta de Elias se cumpriu, pois João Batista era justamente o Elias, em outras palavras, João Batista era o Elias reencarnado (Malaquias 4, 5).

Contra-argumentando, ainda, sobre João Batista não ser Elias, você disse que: “Para que João Batista fosse a reencarnação de Elias, este precisaria ter morrido primeiro. E Elias nunca morreu, pois foi arrebatado vivo ao céu (2 Rs 2, 11)”.

Temos algumas considerações a fazer sobre isso que você disse. Primeiramente, se Elias não morreu, então não se cumpriu o que consta em Hebreus 9, 27. Esqueceu-se dela? Mas você não gosta tanto de citá-la? Ora, essa passagem fala que “aos homens está ordenado morrerem uma só vez”e já que Elias nunca morreu, como ficamos? Mais ainda, em Gênesis 3, 19, lemos: “Porque tu és pó e ao pó tornarás”. O destino do corpo é, pois, a morte, o pó, em conseqüência.

Em 1 Coríntios 15, 50, Paulo diz que: “a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus”, se acreditarmos que Elias foi arrebatado vivo, quer dizer que ele foi em carne e sangue para o céu, isso, conseqüentemente, contradiz o que Paulo disse, e, novamente, como ficamos? E céu é lugar (vibração) de espírito, e não de corpo. E nem, na ressurreição, como vimos, é o corpo que vai para o céu: “Os ressuscitados serão como os anjos de Deus no céu”, isso foi dito por Jesus, conforme narra Mateus 22, 30.

Mas se disse Jesus: “Ninguém subiu ao céu senão quem desceu do céu, o Filho do homem”. Quem quer contradizer o que Jesus disse? Assim ninguém subiu ao céu a não ser Jesus, e, uma vez mais, como ficamos?

Vejamos, agora, a narrativa sobre a subida de Elias (2 Reis 2, 11-12): “Indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho. O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu…”. Assim é que aconteceu o tal “arrebatamento” de Elias. O que de fato aconteceu é difícil de se dizer pela análise do texto. Podemos daí tirar algumas hipóteses: uma, que Elias foi puxado por um violento tornado, já que o texto fala em redemoinho; outra, que o carro de fogo, com cavalos de fogo seria o veículo de transporte do próprio “demo”, já que ele vive no meio do fogo, que veio buscar Elias; mais uma, principalmente para os aficionados em OVNIS, seriam vários discos voadores que por abdução levaram Elias, já que Eliseu viu “carros e seus cavaleiros”.

2 – João 3, 1-12 – Eles afirmam que neste texto o próprio Jesus ensinou a reencarnação ao falar do novo nascimento. O contexto de João 3,1-12 indica claramente que Jesus estava se referindo a um nascimento espiritual e não físico (v.6). O nascer “de novo”, significa “do alto”, “de cima”, efetuado pelo próprio Espírito Santo (Tt 3, 5; 2 Co 5, 17).

Vamos recorrer ao Dr. Severino Celestino da Silva, autor do livro “Analisando as Traduções Bíblicas”, por ser ele um conhecedor de hebraico, e teve o cuidado de buscar nos originais disponíveis o real significado de muitas passagens bíblicas submetendo-as à apreciação de um israelense. Diz ele no capítulo XVII – A Reencarnação no Novo Testamento, se referindo à passagem de João 3, 1-12:

“Este é o texto que tem dado mais trabalho aos exegetas que querem negar a Reencarnação. No entanto, é o mais claro e contundente de todos, por isso, existe um verdadeiro malabarismo por parte destes, no sentido de obscurecer o verdadeiro e claro sentido desta passagem. Iniciamos pelo vocábulo “anóten” que em grego pode significar “de novo” “do alto”.

“Nesta passagem, esse vocábulo significa realmente “de novo”, porém a maioria dos exegetas emprega o termo “do alto” para justificar a sua descrença na Reencarnação. Este malabarismo envolve também a questão gramatical na tradução do texto, como veremos mais adiante. Colocaremos, aqui, muitas observações e conceitos empregados, sobre este texto, feitos por Torres Pastorino na sua obra“Sabedoria do Evangelho”, com relação ao texto grego. Concordamos plenamente com todos os seus conceitos, razão por que o usaremos para reforçar nossa exegese. A análise do texto hebraico é de autoria e responsabilidade nossa”.

“Muitos começam com a afirmação de que Jesus teria dito: “AQUELE QUE NÃO NASCER “DO ALTO”. Observe, no entanto, que a pergunta feita por Nicodemos, em seguida, denota que ele entendeu que Jesus falava realmente em nascer “de novo” e não “do alto”: Como pode “o homem, depois de velho, entrar pela segunda vez (duteron) no ventre materno?”.

“Esta ambigüidade de entendimento só acontece na língua grega, porque no hebraico, que foi realmente a língua em que Jesus dialogou com Nicodemos, este problema não existe. O texto é bem claro e jamais pode significar “do alto”. Diz o seguinte: (“im lô iauled ish mimkôr ‘al lô-iukal lirôt et-malkut haelohim”) im=se, =não, iualed=incompleto do grau qal[1] do verbo “nolad”=nascer, ish=um homem, mimikôr=palavra composta, formada por mi=de + makôr=fonte de água viva, origem. Existe a expressão hebraica “Mekôr chaim” que quer dizer “fonte da vida”. Observe que não existe nada referente “ao alto”, no texto grego, como muitos querem se fazer entender. Assim, o Cristo fala que aquele que não nascer em origem, no sentido de se voltar à fonte original da vida, ou seja, nascer novamente, “não poderá” (lô-iuchal=incompleto do verbo iachôl=poder) ver o reino de Deus (lirôt et-malkut haelohim)”.

“Assim, no diálogo, a palavra grega “anóten” tem o sentido e significado de “de novo”, portanto, Jesus falava de retorno, ou seja, de Reencarnação mesmo, como foi visto no texto hebraico”.

“Lembramos, ainda, que Nicodemos já era um cidadão de idade avançada e o Cristo lhe fala da Reencarnação (Nascer de Novo), como uma esperança e reconforto para ele, mostrando-lhe que a vida não termina com a morte, nem os velhos devem temer a morte, pois podem renascer e começar tudo novamente”.

“Na seqüência, Cristo confirma que era isso mesmo que Ele queria dizer: “Quem não nascer de água (materialmente, com o corpo denso, dado que o nascimento físico é feito através da bolsa d’água do líquido aminiótico), veja o cap. VII deste livro, Salmo 23 e de espírito (pneumatos), ou seja, que adquira nova personalidade no mundo terreno, em cada nova existência, a fim de progredir). Se Nicodemos entendeu ao pé da letra as palavras de Jesus, o Mestre as confirma ao pé da letra e reforça o seu ensino. Com efeito, o espírito, ao reentrar na vida física, pode ser considerado o mesmo espírito que reinicia suas experiências, esquecido de todo passado”.

“A questão gramatical: No texto em grego não há artigo diante das palavras “água” (ek ydatos= de água) “e espírito” (kai pneumatos), portanto, o texto fala em nascer “de água e de espírito”. Não é portanto, nascer da água do batismo, nem do espírito, mas de água (por meio da água) e de espírito (pela Reencarnação do espírito).

“O primeiro versículo do Gênesis (1:1) fala que no princípio criou Deus os Céus e a terra. A palavra “céus” em hebraico “Shamaim” ([2] )- significa: “Carrega água”“Ali existe água”“fogo e água”que misturados um ao outro, formaram o Céus”.

“Como podemos observar, tudo começou com as águas. Água é vida e essa era a crença geral naquela época. É lógico que o Cristo não falava de batismo e sim de retorno através da água. Lembramos ainda que 99% da constituição das células reprodutoras são água”.

“Daí a explicação que segue: “o que nasce da carne (ek tês sarkos) com artigo (tês) em grego, é carne”, isto é com corpo físico, com toda a hereditariedade física herdada do corpo dos pais; “e o que nasce do espírito (ek tou pneumatos) é espírito”, ou seja, o espírito que reencarna provém do espírito da última encarnação com toda a hereditariedade pessoal (cármica) que traz do passado”.

E Jesus prossegue: “Por isso não te admires de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo”. Observe a diferença de tratamento: “dizer-TE” no singular, e “é-VOS” no plural, porque o renascimento é para todos, não apenas para Nicodemos. E mais: “o espírito sopra (isto é, age, reencarna, se manifesta onde quer), e não sabes de onde veio (ou seja, sua última encarnação), nem para onde vai (qual será a próxima)”.

“As palavras de Jesus foram de modo a embaraçar Nicodemos, que indaga: “como pode ser isso”? E Jesus: “Tu que (entre nós dois) é Mestre de Israel, te perturbas com estas coisas terrenas? Que te não acontecerá então, se te falar das coisas celestiais (espirituais)?”.

Logicamente Jesus não podia esperar que Nicodemos entendesse as interpretações mais profundas desse ensinamento, nem tão pouco estava querendo ensinar-lhe o batismo, nesta passagem, como muitos querem justificar”.

“Se o Cristo falava realmente do batismo para Nicodemos, por que não o convidou a se batizar? E por que o próprio Cristo não o batizou? Leia em João 4:2 que Cristo não batizava, quem batizava eram os discípulos. E por que diante de tantas curas, milagres e encontros, como no da “Adúltera”, com “Zaqueu”, com o “Centurião”, com a “Cananéia”, Cristo nunca falou em batismo? Não seria uma oportunidade para este convite? No entanto, sua recomendação era para a mudança interior: “vai e não peques mais para que coisa pior não te venha acontecer”.

“E Jesus conclui exemplificando: “como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim o Filho do Homem será erguido da Terra”. (Veja a história da serpente erguida no deserto no Livro Números – vicrá- 21:4-9)”

“Aqui o Cristo prevê o que aconteceria a Ele, ou seja, a sua morte na cruz para que hoje seja erguido na terra como filho de Deus e dirigente de toda a nação terrena”.

“Paulo, em sua epístola a Tito 3:4-5, interpreta bem esta citação do Cristo: “Mas quando apareceu a vontade de Deus, nosso salvador, e o seu amor para com os homens, não por obras da justiça que tivéssemos feito, mas segundo sua misericórdia nos salvou pelo lavatório da reencarnação, e pelo renascimento de um espírito santo”.

. “Aqui, Paulo deixa bem claro que Deus nos salvou não porque o tivéssemos merecido, mas por Sua misericórdia, servindo-se da reencarnação a qual é um “lavatório” (de água) e um “renascimento do espírito”. A palavra grega do texto a que se refere Paulo é … (a palavra está em grego que não temos condições de reproduzir) “Palingenesia” – isto é, “renascimento”, “Novo Nascimento”,REENCARNAÇÃO”.

A título de esclarecimento, todos os negritos e grifos acima são do texto original.

3 – Jó 1, 20-21 e 14, 10-14 – Os reencarnacionistas declaram que Jó expressou esperança na reencarnação. Jó não está referindo ao retorno da alma, ou espírito, a um outro corpo, numa outra encarnação, mas sim à descida do corpo à sepultura. A palavra “Ventre” é usado por Jó praticamente para eqüivaler a “terra”. Jó não cria na reencarnação; cria que ressuscitaria num corpo imortal. Ele declara esta esperança em Jó 19, 24-26.

Existe uma outra passagem em Jó 8, 8-9, que diz: “Pois, eu te peço, pergunta agora a gerações passadas, e atenta para a experiência de seus pais; porque somos de ontem, e nada sabemos; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra”. Observar que “somos de ontem, e nada sabemos” é exatamente o que o Espiritismo diz sobre reencarnação (somos de ontem) e sobre o esquecimento (nada sabemos) das vidas anteriores.

Quanto a citação que faz o autor de Jó 1, 20-21: “Então Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça, e lançou-se em terra, e adorou; e disse: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu voltarei; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!”. Em outra oportunidade, ouvimos esta mesma explicação que a palavra “ventre” quer significar terra. Entretanto, na seqüência desse livro, quando amaldiçoa o dia que nasceu e anseia pela morte diz Jó (3, 10-11): “Pois não fechou as portas do ventre de minha mãe, nem escondeu dos meus olhos o sofrimento. Por que não morri eu na madre? Por que não expirei ao sair dela?”. (Em algumas traduções ao invés de madre encontramos a palavra ventre.) Assim, a palavra ventre tem o significado normal dela, e não como quer o nosso detrator.

Vamos ver agora a outra passagem citada, ou seja, Jó 14, 10-14. Iremos recorrer, mais uma vez, ao Dr. Severino Celestino, autor do livro “Analisando as Traduções Bíblicas”. Segundo esse autor, a tradução correta para Jó 14, 13 e 14 é: Oxalá me abrigasses no SHEOL e lá me escondesses até se passar a tua ira e me fixasses um dia para te lembrares de mim: pois se alguém morrer; tu limitas o renascimento ou reviver? Todos os dias de minha pena eu luto e espero, até que chegue minha troca (halifati)”.

Ao que explica:

“Há um questionamento da parte de Jó com relação ao fato de que se acreditava que os mortos impreterivelmente iriam para o Sheol e de lá não mais sairiam”.

“Chamamos primeiramente atenção para a pergunta que, segundo a tradução literal acima, demonstra um sentido reencarnacionista e a descrença no Sheol eterno. Primeiro ele mostra que Deus se lembraria dele. Veja a palavra (vetizkreni=lembrar de mim)”. Condicionada a esta lembrança está a libertação, na qual Jó acredita plenamente e prova com a pergunta: Se alguém morre, limitas o seu renascimento? Ou ainda; impedirás de reviver? Veja o verbo limitar (higvil) que dá o principal sentido da pergunta. Resumindo: Jó não acredita que Deus impedirá ou limitará o seu e o nosso renascer”.

“Todos os dias eu luto (tsavaí), = militar. É a luta diária, uma verdadeira luta militar por parte de quem busca vencer as imperfeições da matéria em busca de Deus. O sentido do texto é completado quando Jó afirma, com o verbo no futuro: “esperarei que chegue a minha nova vida, minha substituição ou troca (Reencarnação)”.

“A maioria traduz halifá como sendo alívio, mudança, soerguimento, revezamento e substituição. Observe quantos sinônimos para uma mesma palavra cujo sentido no texto é Reencarnação. Não é curioso? Os tradutores sempre procuram mascarar, com os mais diversos sinônimos, toda citação bíblica que significa Reencarnação”.

“Nestes versículos, Jó eleva seu coração a Deus, e a pergunta que lhe dirige é a expressão da esperança que ele acalenta no fundo da alma. Acredita e pressente a Reencarnação, a troca, a substituição. Esse pressentimento dá-lhe forças para suportar resignado as dificuldades da vida presente, esperando que chegue a troca, ou substituição: outra vida feliz, como resultado da expiação que sofre, ou da provação à qual se acha submetido”.

Vamos continuar com Dr. Severino, pois na seqüência ele traz a outra passagem de Jó citada pelo nosso detrator. Segundo ele, a tradução literal de Jó 19, 25 e 26 é:

“E soube que vive o meu redentor, e que no último dia hei de ressurgir do pó e de novo serei envolvido com a minha pele e em minha carne imaginarei ou pensarei em Deus”.

“Compare a tradução da Bíblia de Jerusalém”

“Eu sei que meu Defensor está vivo e que no fim se levantará sobre o pó: depois do meu despertar, levantar-me-á junto dele e em minha carne verei a Deus” (Bíblia de Jerusalém) (tradução incorreta).

“Observe que embora a tradução da Bíblia de Jerusalém seja uma das melhores, deixa, em determinadas passagens, dúvidas sobre o verdadeiro sentido do texto. Observe como Jó afirma “eu soube que vive o meu salvador”. Como o verbo colocado no passado, parece que ele teve uma revelação recente, eu soube”.

“Observamos um forte sentido de certeza no retorno à matéria, demonstrado nesses versículos. Observe a tradução literal e acompanhe: “eu soube, meu salvador vive” – goali chai. No final da vida me levantarei (iakum) e em minha pele (‘ori) e em minha carne (umibessari) pensarei em Deus. Aqui se completa o sentido da revelação recente”.

“O pressentimento da Reencarnação se converteu em certeza, quase em evidência, no ânimo de Jó. Ele já sabe que ressurgirá de novo na terra, envolto na sua pele e com um corpo carnal, no qual verá a misericórdia do seu Deus, concedendo-lhe outra vida de prova para conquistar, pelos seus merecimentos, um grau mais elevado de felicidade e perfeição. Isto será realizado, quando agarrados aos ensinamentos divinos, pudermos caminhar em seus preceitos”.

E, finalmente, arremata Dr. Severino:

“Para concluir o livro de Jó, apresentamos uma completa notícia da Reencarnação encontrada no capítulo 33, 21-30 do seu livro: “Consome-se sua carne, desaparecendo da vista, expondo os ossos que antes não se viam. Sua alma aproxima-se da sepultura, e sua vida do jazigo dos mortos, a não ser que encontre um Anjo favorável, um Mediador entre mil, que dê testemunho de sua retidão, que tenha compaixão dele e diga: Livra-o de baixar à sepultura, que encontrei resgate para sua vida; e sua carne reencontrará a força juvenil e voltará aos dias de sua juventude. Suplicará a Deus e será atendido, contemplará com alegria sua face. Anunciará aos homens sua justificação, cantará diante deles e dirá: Pequei e violei a justiça: e Deus não me tratou de acordo com a minha culpa. Salvou minha alma da sepultura, e minha vida se inunda de luz. Tudo isso faz Deus duas ou três vezes ao homem, para tirar sua alma da sepultura e iluminá-lo com a luz da vida”(grifo do original)

“Observe que todo este trecho refere-se à misericórdia divina dando uma nova chance àquele que errou. O último versículo grifado confirma, ainda, que Deus salva nossa alma da sepultura, duas ou três vezes, inundando-a de luz. “Duas ou três vezes” é um número simbólico que significa quantas vezes seja necessário até a nossa completa evolução”.

E ainda o articulista vem dizer: Jó não cria na reencarnação; cria que ressuscitaria num corpo imortal.

O que a Bíblia ensina é uma existência única, durante a qual o homem tem oportunidade de acertar-se com Deus (Hb 9,27). O desejo de Deus é que “todos os homens sejam salvos” (2 Tm 2,4). Ele não quer que “nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3,9).

Se a Bíblia ensina uma só existência, como você diz, como poderemos explicar a passagem de Mateus 16, 13-17, onde Jesus pergunta aos discípulos o que o povo dizia a respeito dele? A resposta dos discípulos foi: “Uns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas”. Uma resposta desta só poderia ser dada por quem acredita que alguém morto pudesse voltar, para àquela época ressuscitar. E Jesus não disse que isso não ocorreria, muito pelo contrário, quando afirma, em outra oportunidade, peremptoriamente que João Batista era o Elias, e que não o tinham reconhecido. Ora, ele não foi reconhecido exatamente porque seu espírito habitava um novo corpo.

A tão citada passagem de Hebreus 9, 27: “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo”. Porque será que não foi dito: E, assim como aos homens está ordenado viver uma só vez, mas morrer uma só vez, já que se quer que isto signifique somente uma vida? O corpo físico que habitamos em nossas várias vidas, incontestavelmente, só morre uma vez, e não somos nós que diremos o contrário. E, a cada nova reencarnação um novo corpo, que morrerá mesmo somente uma vez. Entretanto, quanto ao nosso Espírito não acontece o mesmo, pois ele é imortal. Assim, concluímos: “E não te admires de eu te dizer: Importa-vos nascer de novo”. (João 3, 7) “Tu és mestre em Israel, e não compreendes estas cousas?”. (João 3, 10).

Vejamos agora estas outras passagens que cita: O desejo de Deus é que “todos os homens sejam salvos” (2 Tm 2,4). Ele não quer que “nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3,9).Ora, pela reencarnação é justamente isto que acontece, ou seja, todos os homens serão salvos, já que é desejo de Deus que ninguém pereça. Assim, somente pela reencarnação é que nós chegaremos ao arrependimento de nossos erros e os pagaremos “até o último ceitil”. Nada poderá acontecer contra a vontade de Deus. E só pela reencarnação sua vontade concretizar-se-á.

SALVAÇÃO PELAS BOAS OBRAS

Allan Kardec no livro o Evangelho Segundo o Espiritismo afirma: “Meus filhos, na máxima “Fora da caridade não há salvação” estão contidos os destinos dos homens na terra como nos céus”. As boas obras nunca salvaram, nem ajudam a salvar. Paulo afirma, em Efésios 2, 8-10, que a salvação é pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, e nele somos criados para as boas obras, a fim de que as pratiquemos.

Já provamos anteriormente sobre a incoerência de Paulo a respeito do que é necessário para a nossa salvação.

A máxima “Fora da caridade não há salvação” contém um ensinamento que todos os homens podem por em prática, não dependendo de qual Igreja siga, e principalmente não contraria o “a cada um segundo suas obras”.

Analisando os ensinamentos de Jesus, veremos, sem sombra de dúvidas, ressalva feita apenas quanto aos fanáticos, que Ele colocou o amor ao próximo como fundamento principal de sua doutrina. Na parábola do Bom Samaritano, por exemplo, a quem Ele diz para imitar? Ao sacerdote, ao levita ou ao herético samaritano? Não se esquecer, ainda, de que o samaritano era desprezado pelos outros dois, e quem sabe não serão eles os “donos da verdade” de hoje? Na passagem que simboliza o final dos tempos, onde os bodes serão separados das ovelhas, quem vai para a direita? Não foram justamente os que fizeram bem ao próximo? A quem qualifica de homem prudente? Não é o que cumpre a vontade do Pai (amor ao próximo)?

É, estranho que, se somos obra do demônio, porque ele recomenda exatamente seguir os ensinamentos de Jesus com relação a Deus e ao nosso próximo? Nosso argumento quanto a isso é: “Se, pois, Satanás se acha dividido contra si mesmo, como se manterá seu reino?” (Jesus, por Lucas, 11, 18).

CONCLUSÃO
O atual avanço do Espiritismo em todo o mundo é um sinal do final dos tempos, pois a Palavra de Deus avisa que nos últimos tempos, muitos darão ouvidos a doutrinas demoníacas (1 Tm 4, 1).

Neste momento, para nosso conforto espiritual, lembramo-nos de Jesus, quando Ele disse: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançando fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo de alqueire, mas no velador, e alumia a todos que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”.

3º Texto: Reencarnação e comunicação com os mortos.

Elaborado por: Roque Lopes de Carvalho Filho – RJ

Integrante do Centro de Pesquisas Religiosas do STB

sucesso da novela espírita A viagem, vocês lembram?, foi alguma coisa fora do comum, alcançando um recorde de audiência nunca visto até hoje, com 60 pontos de IBOPE, ela suplantou todas as programações que coincidiam com o seu horário na TV.

Uma das provas contundentes é o esgotamento dos livros sobre espiritismo nas livrarias. Estas venderam milhares de livros de Allan Kardec e solicitaram às editoras a produção de mais livros.

Ivani Ribeiro, autora da novela, confessou o seu envolvimento com o espiritismo e afirmou que o sucesso da novela se deve, em grande parte, às cenas que apresentavam o além – espécie de céu onde ficam os espíritos evoluídos.

O sucesso da novela se deu também, pelo conforto (ilusão) levado àqueles que perderam pessoas queridas ou tem medo da morte. A perspectiva de felicidade após a morte é um dos fatores que tem levado milhares de pessoas a acreditarem no espiritismo. O espiritismo tem avançado assustadoramente no Brasil. São milhares de pessoas interessadas e simpatizantes com a possibilidade de morrer e reencarnar. Um dos fatos marcantes no Brasil, chegado a ser um tremendo disparate, foi a absolvição de João de Deus, acusado de assassinar a sua esposa Gleide, ex-miss Campo Grande, em março de 1980. O réu levou ao tribunal uma carta psicografada por Chico Xavier, cuja autoria seria da própria Gleide, inocentando-o. Embora um documento dessa natureza não possa ser veiculado no mundo jurídico, acabou caindo nas mãos do desembargador Higa Nabukatsu, espírita Kardecista convicto, que aceitou a carta como coerente. Por sete votos a zero, João de Deus foi absolvido (Revista Isto É, de 11 de maio de 1994).

Não temos nada a falar sobre o texto acima, e confessamos que não conseguimos identificar o que do texto foi tirado da Revista Isto É pelo autor. Mas, sigamos em frente, pois teremos coisas que realmente merecem ser comentadas.

Definição

O espiritismo é uma das crenças mais antigas da raça humana. Mas antes de definir espiritismo, é bom definir espiritualismo: O termo significa o pensamento de todo aquele que acredita em algo além do material; aquele que crer e admite a existência de algo além do corpo físico.

Neste caso, o cristianismo é uma região espiritualista. O espiritismo se diz espiritualista, mas de crê de forma diferente dos ensinos transmitidos pela Bíblia. A base do espiritismo é a reencarnação (tornar à carne) e na comunicação com os mortos. Os espíritos podem atingir um determinado estado de evolução, não precisando reencarnar ou podem reencarnar sucessiva vezes até o atingir o estado de purificação. A lei do carma (causa e efeito) é o preço que as pessoas pagam nesta vida. Os sofrimentos (efeitos) comuns à vida humana são males provocados na outra vida (causa).

A não ser por pura ignorância do que realmente seja o Espiritismo, é que se pode dizer que ele é uma das crenças mais antigas da raça humana. Se ele tem como início o dia 18 de abril de 1857, dia em que Kardec lança o “Livro dos Espíritos” e, na oportunidade, é que ele cria os termos: Espiritismo, Espírita e Médium.

Agora, quanto às manifestações espirituais, estas sim, são tão antigas quanto à humanidade, pois são percebidas pela faculdade mediúnica inerente aos seres humanos, e, uma vez havendo um ser humano, ela aí estará. Todos os profetas eram médiuns, que por suas sensibilidades mantinham contato com os espíritos.

Os princípios do Espiritismo não são somente os dois citados pelo autor. Para que tenha uma informação correta, citaremos os quinze princípios fundamentais da Doutrina Espírita. São eles:

1 – Deus

“Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”. (LE 1 – Que é Deus?).

“Eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom”. (LE 13 -sobre os atributos de Deus).

2 – Jesus

“Guia e modelo mais perfeito para o homem”. (LE 625 – Qual é o tipo mais perfeito, que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?).

3 – Espírito

“Ser inteligente da criação”. (LE 76 – Que definição se pode dar dos Espíritos?).

“Criado simples e ignorante”. (LE 115 – Entre os Espíritos, alguns foram criados bons e outros maus?).

4 – Perispírito

“Substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao espírito e liga a alma ao corpo”. (item 3º, LE 135 – Existe no homem outra coisa que a alma e o corpo?).

“Tem a forma que o espírito queira” (LE 95 – O envoltório semi-material do Espírito tem formas determinadas e pode ser perceptível?).

5 – Evolução

“São os próprios Espíritos que se melhoram e, melhorando-se, passam de uma ordem inferior para outra mais elevada”. (LE 114 – Os Espíritos são bons ou maus por natureza, ou são eles mesmos que se melhoram?).

6 – Livre-arbítrio

“O homem tem a liberdade de pensar e de agir. Sem o livre-arbítrio, ele seria máquina”. (LE 843 – O homem tem o livre arbítrio dos seus atos?).

7 – Causa e efeito

“Deus tem suas leis a regerem todas as vossas ações. Se a violais, vossa é a culpa. A punição é o resultado da infração da lei”. (LE 964 – Deus tem necessidade de se ocupar de cada um dos nossos atos para nos recompensar ou nos punir, e a maioria desses atos não são insignificantes para ele?).

8 – Reencarnação

“Consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas” (LE 171 – Sobre que está baseado o dogma da reencarnação?).

“Para expiação e melhoramento progressivo da humanidade. Sem isto, onde a justiça?” (LE 167 – Qual é o objetivo da reencarnação?).

9 – Pluralidade dos mundos habitados

“São habitados todos os globos que se movem no espaço, e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência, em bondade e em perfeição”. (LE 55 – Todos os globos que circulam no espaço são habitados?).

10 – Imortalidade da Alma

“A existência dos espíritos não tem fim: é tudo o que podemos, por agora, dizer”. (LE 83-Os espíritos têm fim?).

11 – Vida Futura

“O sentimento de uma existência melhor reside no foro íntimo de todos os homens. A vida futura implica a conservação da nossa individualidade, após a morte”. (LE 959-De onde vem ao homem o sentimento instintivo da vida futura?).

12 – Plano Espiritual

“No instante da morte, a alma volta a ser espírito, isto é, volve ao mundo dos espíritos, donde se apartara momentaneamente”. (LE 149-Em que se torna a alma no instante da morte?).

“Os espíritos estão por toda parte”. (LE 87-Os espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no Espaço?).

13 – Mediunidade

“Faculdade inerente ao homem. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por esse fato, médium”. (LM 159 – Cap. XIV – dos médiuns).

14 – Influência dos Espíritos na nossa Vida

“Influem muito mais do que imaginais. A tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”. (LE 459 – Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?).

“Tendes muitos deles de contínuo ao vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes”. (LE 87 – Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no Espaço?).

15 – Ação dos Espíritos na Natureza

“Deus não exerce ação direta sobre a matéria”. (LE 536 – Os grandes fenômenos da Natureza, os que se consideram como uma perturbação dos elementos, são devidos a causas fortuitas ou têm um fim providencial?).

“Os espíritos são uma das potências da natureza e os instrumentos de que Deus se serve para execução dos seus desígnios providenciais”. (LE 87 – Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no Espaço?).

(Fonte: Apostilas da União Espírita Mineira).

Realmente, graças a Deus, que cremos de forma diferente sobre os ensinamentos da Bíblia, pois ao invés da fé cega, valorizamos a inteligência de que Deus nos dotou, utilizando a razão e a lógica como base de nossa fé.

Histórico

Traços do espiritismo são encontrados em diversos povos antigos, como os chineses, egípcios, hindus, romanos, cananeus, babilônios, etc. A consulta aos mortos era feita com o intuito de conhecer o que vinha após a morte.

O espiritismo foi se desenvolvendo gradativamente através dos séculos.

Em 1848 o espiritismo vai encontrar nas irmãs Fox a arrancada para sua expansão no mundo. Diziam elas ouvir pancadas nas paredes e vários ruídos na casa onde moravam.Afirmavam que se comunicavam com agentes invisíveis que respondiam às batidas nas paredes. A busca de contatos com espíritos de outro mundo se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos. Mais tarde gerou-se uma grande controvérsia sobre a veracidade das irmãs Fox, ficando as suas experiências somente no plano da suposição, já que ora negavam, ora confirmavam.

Em 1856, o espiritismo alcança o auge, o seu maior divulgador foi um jovem francês chamado Hyppolyte Léon Denizar Rivail. Reconhecido como homem culto e capaz, Léon publicou diversos livros expandindo o espiritismo em todo o mundo. O seu pseudônimo, Allan Kardec, surgiu quando da publicação do material O Livro dos espíritos, considerado como a “bíblia do espiritismo”.

Reafirmamos: traços de manifestações espirituais são encontrados em diversos povos antigos, é um fato que aceitamos sem protestar. Entretanto, estão muito longe de ser Espiritismo. Quanto à questão da consulta aos mortos, até a Bíblia registra este fenômeno, que é utilizada muito mais para as coisas frívolas e mundanas. Mas as consultas para eles eram aos deuses, já que consideravam, por pura ignorância, todos os espíritos como se fossem deuses. E, diante disso, não restava outra alternativa a Moisés senão proibi-las. Só aceitaríamos como provindas de Deus, se estivessem no Decálogo.

Líderes e Grupos espíritas no Brasil.

O espiritismo divide-se em diversos grupos: umbanda, quimbanda, candomblé e outros. Estamos tratando do Kardecismo, conhecido como “mesa branca”, assim chamado por não sacrificar animais nos seus cultos. Entre os kardecistas temos alguns grupos bastante conhecidos: Téosofismo, Rosa-crucianismo, Vale do Amanhecer, Racionalismo Cristão e a LBV. A LBV tem confudido muitas pessoas, até mesmo evangélicos, que contribuem mensalmente para a manutenção de creches e construção de seus templos. A LBV tem conquistado o apoio e a simpatia de diversos órgãos da sociedade.

Uma análise do espiritismo à luz da Bíblia Sagrada, deve ser a base para uma confrontação. Vamos analisar os pontos mais fortes divulgados pela novela A viagem: a comunicação com os mortos e a reencarnação.

Já não é mais por ignorância, é burrice pura mesmo, pois não há como dividir o Espiritismo em diversos grupos, já que ele é um só. Somente os que seguem toda a codificação de Kardec, poderiam dizer-se Espíritas. Entretanto, como a Doutrina Espírita não tem patente do vocábulo Espírita, nem a posse exclusiva das manifestações espirituais, vemos por toda parte pessoas se utilizando desse vocábulo em situações que não são práticas do Espiritismo. Não custa-nos lembrar o que já dissemos anteriormente: apesar de botar ovos, tartaruga não é uma ave.

Temos, por nós que, se Deus não faz acepção de pessoas, por essa razão, também não poderemos fazer. Assim, devemos auxiliar a todos os que se dedicam a uma causa que tem por objetivo ajudar aos necessitados, pouco importando sua bandeira religiosa. Lembra-se da parábola do Bom Samaritano?

A comunicação com os mortos.

Em cima do texto bíblico de Deuteronômio 18:9-14, Allan Kardec em seu livro O Céu e o Inferno, fez a seguinte colocação:

“Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário seria inútil a proibição. Ora, se os mortos podiam vir naqueles tempos, também o podem hoje; e se são espíritos de mortos os que vêm, não são exclusivamente demônios. Demais, Moisés de modo algum fala nesses últimos”.

Ainda comenta Kardec:

“… junto aos hebreus as evocações eram um meio de adivinhar; entretanto os espíritas só evocavam os mortos para receber sábios conselhos e obter alívio em favor dos que sofrem…”(O Céu e o Inferno pg. 161).

Quando Moisés proibiu a evocação dos mortos, não era porque estes podiam vir, mas porque o Senhor assim o determinara. O versículo 12 diz que “todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor”. Se era abominável naquela época, o é também agora. Kardec torce o real significado do texto bíblico.

A proibição de consulta aos mortos era clara, e quem fazia isso era o povo cananeu. Uma das razões da destruição deste povo foi exatamente a necromancia, isto é, consulta aos mortos.

A proibição da evocação aos mortos não ficou limitada ao Pentateuco. Podemos vê-la em diversos livros da Bíblia: “Quando vos disserem: consultai os que têm espíritos familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei: Acaso, não consultará um povo ao seu Deus? Acaso, a favor dos vivos consultará os mortos? (Isaías 8:9)”.

Consultará alguém os mortos a favor dos vivos? Vejam o que Kardec disse:
“…os espíritas só evocam os mortos para receber sábios conselhos e obter alívio em favor dos que sofrem”.

O texto de Isaías continua dizendo: “A Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva”. (Isaías 8:20).

Aqueles que não atentarem para a proibição da evocação dos mortos nunca verão com clareza a palavra.

Consulte ainda Levítico 19:31; 20:6 e Isaías 19:3.

O nosso detrator não conseguiu entender o pensamento de Kardec a respeito da comunicação com os mortos. No fundo, quis dizer que: a própria proibição de se comunicar com os mortos é o maior atestado que o intercâmbio entre os “vivos” e os “mortos” ocorre, já que não tem sentido algum proibir algo que não possa ocorrer.

Se a comunicação com os mortos é abominável ao Senhor, como diz, explique-nos, então: Jesus disse em várias oportunidades que veio cumprir a vontade daquele que O tinha enviado, ou seja, Deus. Ora, ao que consta da Bíblia, justamente Ele, o próprio Jesus, se comunica com os mortos. Não se lembra da passagem da transfiguração onde aparecem os Espíritos Moisés e Elias conversando com Ele, na presença de Pedro, Tiago e João? Assim, para não contradizermos o que Jesus fez, diremos que a proibição não era da vontade de Deus. E se foi feita essa comunicação por Jesus naquela época, é porque poderemos fazer agora (“quem crê em mim fará as obras que eu faço”. João 14, 12).

E mais, Moisés que diz que Deus tinha proibido tal fato, se contradiz aparecendo espiritualmente a Jesus e seus discípulos. Kardec, pois não torce o real significado bíblico, muito pelo contrário, está de pleno acordo com ele. Mas querer que fanáticos enxerguem isso, é exigir muito.

Ora, a proibição de Moisés era para que os hebreus não fizessem as práticas que os cananeus faziam, como não somos nenhum dos dois, essa proibição não cabe a nós, pois, além do mais, vivemos em outra época. Somos cristãos do Novo Testamento, e não, judeus do Velho Testamento.

É bom que se diga, para deixar o significado sem qualquer distorção, que necromancia é a evocação dos mortos para fins de adivinhação, coisa muito comum naquela época, Talvez aí resida mais uma razão para Moisés ter proibido, mas não é o que fazemos, com absoluta certeza. Portanto, não nos imponha aquilo que não condiz com as nossas práticas.

O texto de Isaías citado é 8, 19-20, mas para sabermos a tradução correta, seremos forçados a buscar ajuda do Dr. Severino Celestino da Silva, que diz:

“E se vos disserem consulte ou exija a presença dos antepassados ou dos patriarcas (el-haovot) e dos adivinhos, cochichadores e balbuciadores. Por acaso o povo (halô-‘am) não poderá exigir a presença dos seus deuses? Consultar os “mortos” a favor dos vivos?”

Comenta: “Após essa tradução literal, fica evidente que o profeta Isaías não via nada demais na consulta aos que estão do outro lado ou “mortos”. E ainda questiona: Por acaso o povo (halô-‘am) não deve exigir a presença dos seus “mortos” (hametim) em favor dos vivos? (hachaim). Chamamos ainda atenção para o fato de que Isaías generalizou essa consulta, quando se referiu ao povo e não a uma minoria ou mesmo aos sacerdotes ou profetas a quem poderia se atribuir esse direito”.

Perceba que entendeu as coisas exatamente ao contrário do que diz o texto. E dizendo mais ou menos conforme você disse: aqueles que não aceitam a comunicação com os mortos nunca verão com clareza a palavra.

Sessão de En-Dor

Uma das coisas mais controvertidas sobre a evocação dos mortos é a de I Samuel 28:1-35. Alguns teólogos acreditam que ouve uma comunicação entre Saul e Samuel. Acham que o espírito de Samuel teria aparecido a Saul com a permissão de Deus, para reprovar as suas atitudes. Outros acham que foi uma enganação da feiticeira que conhecia a vida de Saul. Outros ainda acham que foi uma obra diabólica.

Analisando o texto, apresentamos alguns argumentos que descartam a possibilidade da comunicação entre Saul e Samuel:

– A necromancia é pecado gravíssimo, sendo condenada pela Bíblia e castigada com pena de morte (Levítico 20:27; Deuter. 18:10-12; Atos 16:18; Ap. 21:8). Diria Deus uma coisa e faria outra?

– Quando Saul consultou ao Senhor, ele não lhe respondeu, e nunca responderia, devido a situação em que se encontrava. Foi, então, Saul consultar uma necromante. Logo o que ele ouviu não veio de Deus. Saul foi castigado pela sua atitude (I Crôn. 10:13-14).

– Os profetas falavam da parte de Deus. Fosse realmente Samuel falando com Saul, seria na verdade Deus respondendo a Saul, pois Samuel não podia falar a não ser inspirado por Deus. Mas sabendo que não foi o Senhor que falou, concluímos claramente que também não foi Samuel.

– Quem afirmava ver Samuel era a necromante e não Saul.

– Nem Abraão, nem Isaque e nem Jacó perderam a sua integridade diante de Deus. Seria Samuel o único a contrariar um principio divino e fazer o que ele nunca fizera quando em vida?Impossível.

Diante dos argumentos apresentados, concluímos que quem respondeu a Saul foi um espírito mau. A Bíblia menciona a existência de anjos maus que assumem a identidade de pessoas que usadas por esses anjos maus, revelam algo que pode ser verdadeiro ou não, confundindo as pessoas.

(Êxodo 7:11-22; 3:7 Atos 16:16/17; II Corint. 11:14-15; Efésios 5:12).

Uma coisa é muito certa e clara: Deus proíbe a consulta aos mortos porque estes não podem se comunicar com os vivos, e o Diabo, sabendo dessa impossibilidade, se aproveita da ignorância humana para manifestar suas revelações dominíacas. Deus proíbe que consultemos os mortos para que não sejamos envolvidos nas ciladas e artimanhas satânicas, que visam nos cegar espiritualmente e nos afastar de Deus.

Esta passagem nós já analisamos anteriormente, por isso aqui só faremos considerações naquilo que nos parece diferente.

Respondemos: Deus jamais diria uma coisa e faria outra, por isso concordamos plenamente com o autor do texto em análise. Mas, queremos acrescentar que é justamente por isso que não aceitamos que essa proibição seja de ordem divina. Veja bem, se Deus considera a necromancia como pecado gravíssimo punido com a pena de morte, estaria dizendo uma coisa e fazendo outra, ou você se esqueceu de Deuteronômio 5, 17 ou de Êxodo 20, 13? Vamos lembrar-lhe: Não Matarás! E mais ainda, se é pecado gravíssimo a comunicação com os espíritos dos mortos, por que ela não consta dos Dez Mandamentos?

Para sabermos por que Saul foi castigado, teremos que recorrer a 1 Samuel 15, 2-3, onde segundo o relato bíblico, Deus diz a Saul: “(…) põe-te em marcha e massacra Amalec! Vota ao extermínio tudo o que lhe pertence, sem poupá-lo. Matarás tanto homens como mulheres, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos”. Mas, ao invés de cumprir rigorosamente esta “ordem divina”, Saul fez o seguinte, conforme narrado nos versículos 8-9: (…) Entretanto Saul e a tropa pouparam a Agag e as melhores reses do gado miúdo e vacum, as reses gordas e os cabritos, em uma palavra, tudo quanto era de valor, e não quiseram votá-lo ao extermínio; só o gado sem valor e o refugo o submeteram ao extermínio”. Nos versículos 10-11, é relatada a indignação divina: “Estou arrependido de ter feito rei a Saul, porque se afastou de mim e não cumpriu minhas ordens”.

Seguindo os relatos bíblicos, vejamos o que consta de 1 Samuel 28, 18-19, quando o Espírito Samuel diz a Saul: “Não obedeceste à voz do Senhor e não fizeste sentir a Amalec o fogo de sua cólera: eis porque o Senhor te trata hoje assim. E mais: o Senhor vai te entregar Israel, juntamente contigo, nas mãos dos filisteus. Amanhã, tu e teus filhos estareis comigo, e o Senhor entregará aos filisteus o acampamento de Israel”.

E, por fim, vejamos como morreu Saul, em 1 Samuel 31, 1-5: “Entretanto, os filisteus atacaram Israel, e os israelitas fugiram diante deles, caindo feridos de morte no monte de Gelboé. Os filisteus investiram contra Saul e seus filhos, matando Jônatas e Abinadab e Melquisua, filhos de Saul. A violência do combate se concentrou contra Saul. Os arqueiros descobriram-no e foi ferido no ventre. Disse ao seu escudeiro: “Tira a tua espada e traspassa-me, para que não o venham fazer esses incircuncisos, ultrajando-me!” Mas o escudeiro não o quis fazer, porque se apoderou dele um grande terror. Então tomou Saul a sua espada e jogou-se sobre ela. O escudeiro, vendo que Saul estava morto, arremessou-se também ele sobre a sua espada e morreu com ele”.

Agora, sim, vejamos a passagem de 1 Crônicas 10, 13-14, que não relata com fidelidade a causa da morte de Saul: “Saul morreu por causa da infidelidade, da qual se tornara culpado contra o Senhor, não observando a palavra do Senhor e por ter consultado necromantes. Não consultou o Senhor e o Senhor o fez morrer, transferindo assim a realeza para Davi, filho de Isaí”.

Primeiramente, queremos chamar a sua atenção para a afirmativa de que Saul não consultou o Senhor. Mas não é o que consta de 1 Samuel 28, 6: “E consultou o Senhor, o qual não lhe respondeu nem por sonhos, nem pelo urim nem pelos profetas”. Isso é exatamente contrário ao que o cronista diz ter ocorrido, não é mesmo? Na seqüência dos acontecimentos, é que Saul vai consultar a pitonisa de En-dor, ou seja, após ter consultado a Deus, e não ter obtido resposta, resolve consultar os “mortos” para saber o que lhe iria acontecer na batalha contra os filisteus. Se Deus já tinha resolvido tirar a realeza de Saul, isto, sim, é que era o motivo de Saul ter sido entregue aos filisteus. Só que Saul não querendo cair vivo nas mãos deles, suicida-se. A morte de Saul não tem nada a ver com a consulta dos “mortos”, como narra o cronista. Se não cometesse o suicídio, Saul fatalmente seria morto pelos filisteus, e se assim tivesse ocorrido, a realeza de Saul seria tirada. Era esse, justamente, segundo a Bíblia, o objetivo de Deus, ou seja, entregar Saul aos filisteus, para lhe tirar a realeza a fio de espada.

Você diz que: Os profetas falavam da parte de Deus. Fosse realmente Samuel falando com Saul, seria na verdade Deus respondendo a Saul, pois Samuel não podia falar a não ser inspirado por Deus. Ora, como ficou mais do que provado que foi realmente Samuel que apareceu para Saul, assim, utilizando seus mesmos argumentos, diremos que foi Deus que na verdade respondeu a Saul. E, repetimos, quem diz que foi Samuel que apareceu é a própria narrativa bíblica, entretanto como não quer aceitar de jeito nenhum, apela feio dizendo ser o demônio em pessoa que ali esteve. O que vale mais sua palavra ou a da Bíblia?

Quando vivo, Samuel era tido como profeta, veja o que encontramos a seu respeito na Bíblia, em 1 Samuel 9, 9: “Antigamente, em Israel, todo o que ia consultar a Deus, dizia: “Vinde, vamos ao vidente”.Chamava-se então vidente ao que hoje se chama profeta”. Poderemos acrescentar: o que antigamente chamava-se vidente é o que atualmente se chama MÉDIUM. Se você tivesse a preocupação de ler 1 Samuel 9, 3-26 encontraria a narrativa do episódio, onde o pai de Saul, Cis, tinha perdido as jumentas (não se diz quantas). Saul, depois de procurar por vários lugares, resolve procurar o vidente Samuel, para que ele pudesse revelar onde elas se encontravam. Para quem está acostumado aos fenômenos mediúnicos, percebe-se claramente que Samuel agiu como, infelizmente, ainda agem muitos médiuns, utilizando a intermediação com os espíritos mais para as coisas frívolas da vida. E isso nós, os espíritas, não fazemos de forma alguma, pois tais práticas são “condenadas” na Codificação. Sabemos que existem outras correntes religiosas que possuem tais práticas, mas é problema delas com Deus, não nosso, já que não cabe a nós julgar as ações dos outros.

Quanto à conclusão a que você chegou de que quem respondeu a Saul foi um espírito mau, ela não condiz com a narrativa bíblica. E você ainda diz que Kardec torce os textos bíblicos! Não seremos nós quem irá dizer que não existem os espíritos maus (demônios), sabemos que tanto eles quanto os bons (anjos) podem se manifestar, já que pelo estudo da Codificação encontramos esta informação. E temos todas as condições de saber quando é um ou outro. Entretanto, não encontramos na Bíblia nenhuma informação de que uma vez evocados os espíritos “dos mortos”, quem aparece é o demônio. É o cúmulo do absurdo dizer que: Deus proíbe a consulta aos mortos, mesmo que estes não possam se comunicar com os vivos, quem diz isso terá que acreditar que Deus proibiu algo que não pode acontecer. Este é o fato, e não há como contestar, desde que se utilize um pensamento racional e lógico, já que Deus não é burro, e atribuir a Ele incongruências é blasfêmia!

O diabo aproveita mesmo da ignorância humana, para manifestar suas revelações demoníacas, principalmente nas Igrejas dos que acreditam muito no poder dele, como se ele fosse outro Deus, o do mal, Igrejas que mais se fala nele do que em Deus! Já dizia um velho ditado popular: “O diabo só aparece para quem tem medo dele”.

A Reencarnação

O crescimento do espiritismo gira especialmente em torno da reencarnação, pois nela muitas pessoas vêem a possibilidade de uma vida feliz após a morte. É tudo regido pela lei de causa e efeito, quem faz o bem é recompensado alcançando um mundo melhor, e quem faz o mal, reencarnar sucessivas vezes até atingir a purificação de seus pecados. É dessa maneira que o espiritismo explica a questão do sofrimento. Os que estão sofrendo são os que estão se purificando do mal que fizeram em outras vidas.

Analisemos as palavras de Kardec a luz da Bíblia e vejamos se suas declarações são confirmadas.

As teologias dogmáticas também pregam a possibilidade de uma vida feliz após a morte, pois prometem o céu para os que lhes seguem o caminho. Algumas dizem que isso é fácil, desde que paguem regularmente seu dízimo. Outras dizem que é mais fácil ainda, é só crer que Jesus é o nosso Senhor e Salvador. Todas são exclusivistas, já que somente aos seus profitentes é permitido alcançar o céu. Egoísmo puro. Onde está o amor fraternal ensinado por Jesus? Será que são seguidores mesmo Dele?

Aí existe um grande abismo entre o Espiritismo e essas teologias, pois para nós, já que Deus não faz acepção de pessoas, todos nós nos salvaremos, desde que cumpramos a lei de amor: “Amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos”, pois nisso se resume “toda a Lei e os Profetas” (Mateus 22, 40).

Imaginemos por qual das hipóteses Deus manifestaria a Sua Misericórdia. Colocando-nos para sofrer eternamente no inferno? Sua Misericórdia, neste caso, não seria infinita, mas o castigo sim! Não seria a pena muito superior à falta, pois uma é eterna a outra não? Deixando-nos voltar em novas vidas, ou seja, reencarnando, para pagarmos “até o último ceitil”, não é mais lógico? Em qual dessas duas hipóteses, repetimos, Deus agiria com mais Justiça e Misericórdia? Assim, até mesmo por questão de pura lógica, deduzimos que é pela reencarnação que Deus se mostra plenamente Misericordioso e Justo.

Nascer ou Renascer?

João 3:1-9, narra o episódio ocorrido entre Jesus e Nicodemos. Kardec torce as palavras de Jesus e diz o seguinte: “Se alguém não renascer da água e do espírito não pode entrar no Reino de Deus”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, pg 68). Jesus disse nascer e não renascer, Kardec interpreta como renascer, que sugere reencarnação.

De forma nenhuma o texto sugere o que Kardec tem ensinado. A palavra escrita no grego é Anoothen, que significa nascer da água (batismo) e do espírito (Espírito Santo). Em hipótese nenhuma se refere a idéia de reencarnação.

O texto de Colossenses 2:12 e 3:9-10 – esclarece o que Jesus quis dizer sobre o novo nascimento.

“Tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno, segundo a imagem daquele que o criou”.

Um Novo Nascimento é a idéia de ser uma nova criatura, arrependida, cheia dos valores de Deus que são distribuídos pelo Espírito Santo. (Gálatas 5:22-26).

A palavra reencarnar significa voltar a carne, nascer novamente. Foi exatamente isso que Nicodemos pensou: “Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?”. Jesus poderia ter lhe respondido que sim se estivesse ensinando sobre o nascimento físico, sobre a reencarnação; mas Jesus queria dizer outra coisa muito mais profunda: “Tu és Mestre em Israel e não entendes estas coisas?”. Jesus jamais ensinou a reencarnação como forma de redenção. A Salvação está em Jesus Cristo, somente nele: “Quem crê nele não é julgado; o que não crê, já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. (João 3:18).

Já comentamos anteriormente muito do que está colocado nesse item, não vemos, portanto, a necessidade de voltar a este assunto. Entretanto, não poderemos deixar passar em branco a afirmativa de nosso detrator de que Kardec torce as palavras de Jesus, dizendo que Jesus teria dito nascer e não renascer. Encontramos, mais um apressado, pois se tivesse lido, com mais cuidado, deveria ter visto o que Kardec disse na Introdução do E.S.E: “Além disso, respeitamos escrupulosamente a tradução de Sacy, assim como a divisão em versículos”, assim ele colocou a palavra da Bíblia utilizada pelo seu próprio tradutor. Fato esse que quem quiser pode também facilmente comprovar nas Bíblias das seguintes editoras:

Ave Maria: quem não renascer da água e do Espírito…

Loyola: quem não nascer da água e do Espírito…

Vozes: quem não nascer da água e do Espírito…

Anotada: quem não nascer da água e do Espírito…

Barsa: quem não renascer da água, e do Espírito…

Assim, fica provado que quem torce as coisas é você, meu caro. Mais convictos disso nós ficamos, quando lemos o que você colocou a respeito do pensamento de Nicodemos: “Como pode um homem nascer de novo sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer? Já que nesta fala você não colocou a última frase completa, pois ela deveria ser, conforme a narrativa bíblica: Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer segunda vez?

E quanto à salvação ninguém poderá contradizer o que Jesus disse: “a cada um segundo suas obras” (Mateus 16, 27). Ora, não foi dito a cada um segundo crê ou segundo sua Igreja, isso que é muito claro. Se ainda lhe persistir alguma dúvida do que realmente nos salva, é só ver o que Jesus diz nessas passagens:

– O que faltou ao moço rico fazer (Mateus 19, 16-26)?

– A quem nos é dado como exemplo a seguir na parábola do Bom Samaritano (Lucas 10, 30-37)?

– Qual o critério da separação dos bodes das ovelhas (Mateus 25, 31-46)?

– E quais são os verdadeiros discípulos de Jesus, são os que dizem: Senhor! Senhor!, ou são os que ouvem a palavra e as põe em prática cumprindo a vontade do Pai (Mateus 7, 21-27)?

João Batista é Elias encarnado?

Allan Kardec afirma enfaticamente que João, o Batista, era Elias encarnado. Para isso, se baseia no texto de Mateus 17:10-13:

“Mas os discípulos o interrogaram: Porque dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?Então Jesus respondeu: De fato Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos deles. Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista”.

Jesus disse no versículo 12 que “Elias já veio” e no versículo 13, lemos que os discípulos entenderam que falara a respeito de João Batista.

Parece haver uma idéia de reencarnação, mas combatemos tal idéia com a passagem bíblica de João 1:21:

“Então, lhes perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não”.

Os espíritas refutam dizendo: “Ora, João não sabia que era Elias, ele não se lembrava. É assim que acontece, nós não nos lembramos de quem éramos.”

Pensam os espíritas que podem usar a Bíblia para afirmar a reencarnação, mas estão muito enganados. Uma coisa vamos deixar bem claro ou Kardec está mentindo ou o espírito que lhe fez tal revelação. Vamos as provas:

– Primeiro, se João, o Batista, fosse Elias reencarnado, Elias teria de ter morrido para reencarnar. Perguntamos aos espíritas qual o texto da Bíblia que confirma a morte de Elias? A resposta é: nenhum. Elias não morreu. Será que os espíritas aceitariam a Bíblia como um livro inspirado, ou vão torcer o significado do texto?

– Segundo, se João, o Batista, era Elias encarnado, como se justifica a presença de Elias na transfiguração (Mateus 17:1-6). Quem deveria ter aparecido era João e não Elias.

Segundo a Bíblia entendemos o texto da seguinte maneira:

João Batista, deveria fazer o seu ministério dentro do espírito ministerial de Elias (Malaq. 4:5-6; Lucas 1:17). Vejamos algumas peculiaridades entre Elias e João:

a) Aparecimento: – Elias (I Reis 17:1) João (Mateus 3:1);

b) Roupa: Elias (II Reis 1:8) João (Mateus 3:4; Marcos 1:6);

c) Élias e Calebe (talvez seja Jezabel?) (II Reis 1:8) João e Herodes (Mateus 14:3-5);

d) Perseguição: Élias (I Reis 19:2-3) João (Mateus 14:6-12).

Fica claro que Jesus nunca ensinou a reencarnação. A Bíblia combate tal ensinamento:

“… aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto o Juízo”. (Hebreus 9:27).

A proposta de uma vida feliz através da reencarnação não é atestada pela Bíblia.

A Palavra de Deus, nos diz que é em Jesus que o homem consegue a expiação dos seus pecados (João 8:24; I João 1:7-9). O homem só é salvo pela graça de Deus, sem nenhum esforço meritório (Efésios 2:8-9; Atos 4:12; Romanos 4:4-5).

Nesse item sobre a reencarnação, praticamente foi repetido o que consta do texto anterior a este. São os mesmos argumentos de sempre, para os quais nos reportamos aos nossos contra-argumentos anteriores.

Como já afirmamos as semelhanças que sempre realçam entre Elias e João Batista vêm justamente confirmar que João é a reencarnação de Elias, e não como querem interpretar nosso opositor. Ainda tem a coragem de dizer que somos nós que torcemos os texto. O pior cego é aquele que não quer ver.

Se conforme diz o homem só é salvo pela graça de Deus, sem nenhum esforço meritório, perguntamos: então o que Jesus veio fazer com o seu Evangelho?

Aceitamos, sim, que a Bíblia tenha algumas coisas inspiradas. Não toda ela, pois nela encontramos, conforme já dissemos anteriormente, lendas, mitologias, coisas impossíveis perante a ciência, entre outras. Poderíamos exemplificar dizendo que a Bíblia é igual uma mina de ouro, que apesar do valor inestimável que possui contém muita escória e cascalho que nenhum valor possuem.

Palavras Finais

A Bíblia nos promete uma vida futura no céu com Deus (João 14:2-3; Apoc. 7:9-17). O céu é um lugar real e sem nenhum tipo de sofrimento.

Confiemos em Deus e na sua Palavra, pois ela atesta uma promessa muito melhor que a falsa promessa divulgada pelo espiritismo, pois não passa de mais uma mentira de Satanás.

Jesus disse que “o reino de Deus está dentro de nós” (Lucas 17, 21, Editora Barsa), portanto ele não é um lugar localizado, é acima de tudo um estado de consciência. Daí nós podemos concluir também que o inferno só poderá ser o sofrimento que o indivíduo passará, quando sua consciência o acusar de seus erros, não sendo, pois, um lugar geográfico real, como querem alguns. Mas não é sem motivo isso, pois é através dele que amedrontam seus fiéis, e a peso de ouro, vendem-lhes um lugar “real” no céu. Fazem os mesmos erros que a Igreja Católica fez no passado, ela que não aceita mais esse tipo de inferno. Mas, “a mentira tem pernas curtas”!

Conclusão

Para fechar este nosso texto, deixaremos o próprio Kardec defender o Espiritismo:

“De resto, todos vós que combateis o Espiritismo, o compreendeis? Vós os estudastes, escrustaste-o em seus detalhes, pesando maduramente todas as suas conseqüências? Não, mil vezes não. Falais de uma coisa que não conheceis; todas as vossas críticas, não falo das tolas, deselegantes e grosseiras diatribes, desprovidas de todo raciocínio e que não têm nenhum valor, falo daquelas que têm pelos menos a aparência do sério; todas as vossas críticas, digo eu, acusam a mais completa ignorância da coisa”.

“Para criticar é necessário opor um raciocínio a um raciocínio, uma prova a uma prova; isso é possível sem conhecimento profundo do assunto do que se trata? Que pensaríeis daquele que pretendesse criticar um quadro sem possuir, ao menos em teoria, as regras do desenho e da pintura; discutir o mérito de uma ópera sem saber a música? Sabeis qual é a conseqüência de uma crítica ignorante? É ser ridículo e acusar uma falta de julgamento. Quanto mais a posição crítica é elevada, mais estiver em evidência, tanto mais seu interesse lhe manda circunspecção, para não expor a receber desmentidos, sempre fáceis de dar a quem fale daquilo que não conheça. É por isso que os ataques conta o Espiritismo têm tão pouca importância, e favorecem seu desenvolvimento em lugar de detê-lo. Esses ataques são da propaganda; provocam o exame, e o exame não pode senão nos ser favorável, porque nos dirigimos à razão”. (…).

“(…) Vós todos que o atacais, quereis, pois, um meio certo de combatê-lo com sucesso? Vou vo-lo indicar. Substituí-o por uma coisa melhor; encontrai uma solução MAIS LÓGICA para todas as questões que ele resolve; dai ao homem uma OUTRA CERTEZA que o torne mais feliz, e compreendei bem a importância dessa palavra certeza, porque o homem não aceita como certo o que não lhe parece lógico; não vos contenteis em não dizer que isso não é, o que é muito fácil; provai, não por uma negação, mas por fatos, que isso não é, jamais foi e NÃO PODE SER; provai, enfim, que as conseqüências do Espiritismo não são as de tornar os homens melhores pela prática da mais pura moral evangélica, moral que se louva muito, mas que se pratica tão pouco. Quando tiverdes feito isso, serei o primeiro a me inclinar diante de vós. Até lá, permita-me considerar vossas doutrinas, que são a negação de todo futuro, como a fonte do egoísmo, verme roedor da sociedade, e, por conseqüência, como um verdadeiro flagelo. Sim, o Espiritismo é forte, mais forte que vós, porque se apóia sobre as próprias bases da religião: Deus, a alma, as penas e recompensas futuras baseadas no bem e no mal que se fez, vós vos apoiais sobre a incredulidade; ele convida os homens à felicidade, à esperança, à verdadeira fraternidade; vós, vós lhes ofereceis o NADA por perspectiva e o EGOÍSMO por consolação; ele explica tudo, vós não explicais nada; ele prova pelos fatos, e vós não provais nada; como quereis que se oscile entre as duas doutrinas?”. (Revista Espírita, janeiro 1860)

“O Espiritismo não está somente na crença na manifestação dos Espíritos. O erro daqueles que o condenam é crer que ele não consiste senão na produção de fenômenos estanhos, e isso porque, não se dando ao trabalho de estudá-lo, dele não vêem senão a superfície. Esses fenômenos não são estranhos senão para aqueles que não lhe conhecem a causa; mas quem as aprofunda nelas não vê senão os efeitos de uma lei, de uma força da Natureza que não se conhecia, e que, por isso mesmo, não são nem maravilhosos, nem sobrenaturais. Esses fenômenos provando a existência dos Espíritos, que não são outros senão as almas daqueles que viveram, provam, conseqüentemente, a existência da alma, a sua sobrevivência ao corpo, a vida futura com todas as conseqüências morais. A fé no futuro, encontrando-se assim apoiada sobre provas materiais, torna-se inabalável, e triunfa da incredulidade. Eis porque, quando o Espiritismo se tiver tornado a crença de todos, não haverá mais nem incrédulos, nem materialistas, nem ateus. Sua missão é a de combater a incredulidade, a dúvida, a indiferença; não se dirige, pois àqueles que têm uma fé, e a quem essa fé basta, mas àqueles que não crêem em nada, ou que duvidam. Ele não diz a ninguém para deixar sua religião; respeita todas as crenças quando elas são sinceras. A liberdade de consciência, aos seus olhos, é um direito sagrado; se não a respeitasse, faltaria ao seu primeiro princípio que é a caridade. Neutro entre todos os cultos, será o laço que os reunirá sob uma mesma bandeira, a da fraternidade universal; um dia se estenderão a mão, em lugar de se lançarem anátemas”.

“Os fenômenos, longe de serem a parte essencial do Espiritismo, dele não é senão o acessório, um meio suscitado por Deus para vencer a incredulidade que invade a sociedade; é sobretudo na aplicação de seus princípios morais. É nisso que se reconhecem os Espíritas sinceros. Os exemplos de reforma moral provocados pelo Espiritismo são já muito numerosos para que se possa julgar os resultados que produzirá com o tempo. É preciso que a sua força moralizadora seja bem grande para triunfar dos atos inveterados pela idade, e da leviandade da juventude”.

“O efeito moralizador do Espiritismo tem, pois, por causa primeira os fenômenos das manifestações que deu a fé; se esses fenômenos fossem uma ilusão, assim como os incrédulos o pretendem, seria preciso bendizer uma ilusão que dá ao homem a força de vencer seus maus pendores”. (Revista Espírita, março 1865).

“Nenhuma doutrina filosófica dos tempos modernos jamais causou tanta emoção quanto o Espiritismo, jamais alguma foi atacada com tanta obstinação; está aí a prova evidente de que se lhe reconhece mais vitalidade e raízes mais profundas do que às outras, porque não se toma a picareta para arrancar um talo de erva. Os Espíritas, longe de se amedrontarem com isso, devem se rejubilar, uma vez que isso prova a importância e a verdade da Doutrina. Se esta não fosse senão uma idéia efêmera e sem consistência, uma mosca que voa não se lhe atiraria uma bala de canhão vermelha; se ela fosse falsa, seria atacada vivamente com argumentos sólidos que não lhe teriam deixado triunfar; mas, uma vez que nenhum daqueles que se lhe opõe, puderam detê-la, é que ninguém encontrou o defeito da couraça; no entanto, não foi nem o talento nem a boa vontade que faltaram aos seus antagonistas”.

“Nesse vasto torneio de idéias, onde o passado entra em luta com o futuro, e que tem por campo fechado o mundo inteiro, o grande júri é a opinião pública; ela escuta o pró e o contra; ela julga o valor dos meios de ataque e de defesa, e se pronuncia por aquele que dá as melhores razões. Se um dos dois combatentes emprega armas desleais, é logo condenado; ora, há de mais desleais do que a mentira, a calúnia e a traição? Recorrer a semelhantes meios, é se confessar vencido pela lógica; a causa que fica reduzida a tais expedientes é uma causa perdida; não é um homem, nem alguns homens que pronunciaram a sua sentença, é a Humanidade que a força das coisas e a consciência do bem arrastam para o que é mais justo e mais racional”.

(…) “O Espiritismo caminha através de adversários numerosos que, não tendo podido prendê-lo pela força, tentam prendê-lo pela astúcia; insinuam-se por toda a parte, sob todas as máscaras, e até nas reuniões íntimas, na esperança de ali surpreender um fato ou uma palavra que, freqüentemente, terão provocado, e que esperam explorar em seu proveito. Comprometer o Espiritismo e torná-lo ridículo, tal é a tática com a ajuda da qual esperam primeiro desacreditá-lo, para terem mais tarde um pretexto de fazer-lhe interditar, se isso se pode, o exercício público. É a armadilha contra a qual é preciso estar em guarda, porque está estendida por toda a parte, e à qual, sem o querer, dão a mão aqueles que se deixam levar pelas sugestões dos Espíritos enganadores e mistificadores”. (Revista Espírita, Junho 1865).

(…) “Àquele, pois, que diria: “Tenho minha fé e não quero mudá-la; creio na eternidade absoluta das penas, nas chamas do inferno e nos demônios; persisto mesmo em crer que é o Sol que gira porque a Bíblia o diz, e creio que minha salvação é a esse preço”, o Espiritismo responde: “Guardai vossas crenças, uma vez que elas vos convêm; ninguém procura vos impor outras; não me dirijo a vós, uma vez que não quereis”; e nisto é fiel ao princípio de respeitar a liberdade de consciência. Se há os que crêem estar em erro, são livres para olhar a luz, que brilha para todo o mundo; aqueles que crêem estar na verdade são livres para agastar os olhos”. (Revista Espírita, Janeiro 1863).

(…) “A verdade não se prova pelas perseguições, mas pelo raciocínio; as perseguições, em todos os tempos, foram a arma das más causas, e daqueles que tomam o triunfo da força bruta pelo da razão. A perseguição é um meio mau de persuasão; pode momentaneamente abater o mais fraco, convencê-lo, jamais; porque, mesmo na aflição em que o tiver mergulhado, exclamará, como Galileu em sua prisão: e pur si mouve! Recorrer à perseguição é provar que se conta pouco com o poder de sua lógica. Não useis, pois, de represálias; à violência oponde a doçura e uma inalterável tranqüilidade; restituí aos vossos inimigos o bem pelo mal; por aí dareis um desmentido às suas calúnias, e forçá-lo-eis a reconhecer que vossas crenças são melhores do que dizem”. (Revista Espírita, março de 1863).

Outubro/2001.

Bibliografia

  • Revista Espírita, de 1858 a 1868, Allan Kardec, IDE, SP, 1ª edição, 1993.
  • Analisando as Traduções Bíblicas, Severino Celestino da Silva, Idéia Editora, João Pessoa – PB, 2001, 3ª Edição.
  • Bíblia Sagrada, Editora Vozes, Petrópolis, 1989, 8a. Edição;
  • Bíblia Sagrada, Editora Ave Maria, São Paulo, 1989, 68a. Edição;
  • Bíblia Sagrada, Edições Paulinas, São Paulo, 37a. Edição, 1980;
  • Bíblia Sagrada, Edição Pastoral, Sociedade Bíblia Católica Internacional e Paulus, 14a. Impressão, 1995;
  • Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, São Paulo: Mundo Cristão -, 1994.
  • A Gênesis – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 4ª edição, 1993.
  • O Evangelho Segundo o Espiritismo / Allan Kardec; tradução de J. Herculano Pires. Capivari – SP, Editora EME, 3a. Reimpressão, 1997.
  • O Céu e o Inferno (ou A Justiça Divina) Segundo o Espiritismo/ Allan Kardec; tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 4ª edição, 1993.
  • A Face Oculta das Religiões, José Reis Chaves, Editora Martin Claret, São Paulo, 1a. Edição, 2001.
  • Novo Testamento, LEB – Edições Loyola, São Paulo, SP, 1984;
  • A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, José Reis Chaves, Editora Martin Claret, São Paulo, SP, 5ª. Edição, 2001.
  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec; tradução de Salvador Gentile, revisão de Elias Barbosa. Araras, SP, IDE, 37ª Edição, 1987.

[1] Esclarece-nos o autor do livro, Dr. Severino que: O termo QAL ou qal é uma palavra hebraica que significa “Fácil” que tem o sentido gramatical de “forma fácil” ou “simples” de conjugação do verbo na língua hebraica. O verbo em hebraico possui sete graus de conjugação (Qal, nif’al, piel, pual, hif’iil, haf’al e hitpa’el.) Nesse caso específico foi colocado com relação ao verbo nascer (nolad-em hebraico). O incompleto que é o futuro do verbo na forma QAL que é a mais simples das conjugações.

[2] ) Neste ponto Dr. Severino coloca a palavra em grego, na fonte SIL EZRA, que não colocamos por não a possuirmos.

 

Paulo da Silva Neto Sobrinho