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Os Expoentes da Codificação Afonso de Liguori

Afonso Maria Antônio João Cosme Damião Miguel Gaspar de Liguori nasceu na
casa de fazenda do seu pai em Marinella, perto de Nápoles, numa terça-feira, 27
de setembro de 1696.

Era de família antiga e nobre. Seu pai, Dom José de Liguori foi um oficial
naval e Capitão Real de Galés. Sua mãe era descendente de espanhóis.

Era o mais velho de sete crianças e a esperança da sua casa. Brilhante e
rápido, fez grandes progressos em todos os tipos de aprendizado. Seu pai o fazia
praticar cravo três horas por dia, e na idade de treze anos ele tocava com
perfeição de mestre.

Cavalgava e praticava esgrima como recreação. Afirmava não poder se tornar um
atirador devido a sua péssima pontaria.

Na sua mocidade tornou-se um aficcionado em ópera. Quando subiam as cortinas,
ele tirava os óculos para não ver os atores distintamente e assim melhor se
extasiar com a música.

Afonso não foi educado em escolas mas sim por tutores, sob o olhar vigilante
do seu pai. Aos 16 anos, em 21 de janeiro de 1713 formou-se em Direito, embora o
normal fosse graduar-se com 20 anos de idade. Diziam que ele era tão pequeno na
época que a toga o engolia, arrancando risos da platéia. Logo após a sua
formatura estudou para os exames da Ordem dos Advogados, e aos 19 anos já
praticava a sua profissão na Corte.

Em 8 anos de carreira como advogado, afirma-se que ele jamais perdeu uma
causa. Contudo, em 1723, Afonso foi um dos advogados numa ação judicial entre um
nobre napolitano e o Grão Duque de Toscana, cuja propriedade valia 500.000
ducados. Após proferir um brilhante discurso de abertura, sentou-se confiante na
vitória. Mas, um documento, por ele lido e relido, mas entendido em forma
diversa da que foi apresentada pelo seu oponente, no Tribunal, fez com que ele
perdesse a causa.

Durante 3 dias ele recusou qualquer tipo de alimento. Depois da tempestade
passada, começou a pensar que a humilhação da derrota tinha sido enviada a ele
por Deus, para quebrar o seu orgulho e afastá-lo do mundo. Estava seguro que
algum sacrifício era necessário, embora não soubesse exatamente qual seria.

Desgostoso, apesar da consternação do pai, resolveu abandonar a carreira de
advogado. Para se manter ocupado, passou a visitar doentes em hospitais de
incuráveis.

Em agosto de 1723, exatamente durante uma dessas visitas ao Hospital de
Incuráveis, subitamente se viu rodeado por uma luz misteriosa e uma voz interior
lhe disse: “Deixa o mundo. Dá-me de ti mesmo.” Tendo se repetido o
fato mais uma vez, Afonso tomou a solene resolução de entrar para o corpo
eclesiástico.

Como padre, continuou a trabalhar em um Hospital de Incuráveis, assistiu os
condenados à forca, foi amigo dos marginalizados, considerados uma chaga da
sociedade em Nápoles.

Numa cidade de cerca de 500 mil habitantes e 15 mil sacerdotes, Afonso se
destacou como um homem extraordinário que realizou o seu trabalho em situações
difíceis e ingratas. Eram em torno de 40 mil os “desclassificados” em Nápoles e
ele passou a realizar “capelas noturnas”. Eram reuniões do povo nas ruas e nas
praças para o ensino do Evangelho, oração e encontro fraterno.

No púlpito, tinha um estilo inteligente, simples e sincero que enchia os
corações com amor e misericórdia. No confessionário, preocupava-se muito mais em
atender as criaturas, do que em punir os “criminosos”.

Apesar de tudo, se mantinha inquieto. Trazia a intuição de que algo mais
deveria ser feito. Foi após um encontro com o povo pobre das montanhas, pastores
de ovelhas e cabras, que ele decidiu: iria trabalhar entre os pobres mais
pobres.

Junto a um grupo de companheiros, fundou em 09 de novembro de 1732, em Scala,
nas proximidades de Nápoles a Congregação Redentorista. Era a sua resposta ao
considerado “terceiro mundo”, constituído de pobres e abandonados, pois os
missionários redentoristas deviam viver no meio dos abandonados, na época,
especialmente aqueles das zonas rurais.

Escritor, escreveu 113 obras teológicas, ascéticas, místicas e pastorais que
chegaram a atingir 60 edições. Também deixou escritas 1.700 cartas. Para compor
a sua obra principal, a Teologia Moral, leu 800 autores, anotando em fichas.

Com um anseio de saber, buscava nas livrarias de Nápoles as mais recentes
obras de seu tempo, de forma constante. Homem versátil, foi também poeta, músico
e pintor. Como gramático, escreveu regras gramaticais com o objetivo exclusivo
de alfabetizar um irmão na Congregação. Trabalhador incansável, serviu como
pedreiro na construção da primeira casa de retidos da Congregação.

Com tanto trabalho e dedicação, teve ainda que enfrentar uma insidiosa
enfermidade, que fez da sua vida um martírio. Por oito vezes, esteve à morte. Um
ataque de febre reumática, no período de maio de 1768 a junho de 1769, terminou
por deixá-lo paralisado até o fim dos seus dias. Pelo resto da sua vida física,
ele teve que tomar seus alimentos através de tubos.

Mesmo com toda esta problemática, ele somente poderia retornar para sua
pequena cela em Noccera, em julho de 1775, dispensado então dos serviços pelo
Papa. Foram mais 12 anos de grandes aflições e sofrimentos físicos e morais.
Estes últimos, por questiúnculas que envolveram a Congregação e que afetaram
muito a Afonso.

Aos 91 anos de idade, em 1º de agosto de 1787, ele desencarnou. Reconhecendo
seus grandes méritos, a Igreja o resolveu elevar à categoria de “Santo”,
concedendo-lhe a canonização 49 anos após a sua morte. Em O livro dos médiuns
(pt. 2, cap. VII, item 119),
o Codificador refere-se a essa canonização
antes do tempo prescrito, por ter sido visto Afonso, durante sua vida terrena,
em dois lugares diversos, ao mesmo tempo: em sua cela de sacerdote e assistindo
o Papa, em processo de desencarnação, no Vaticano, o que passou por milagre.

Na mesma obra, o próprio Afonso, indagado por Kardec, responde às questões de
números 1 a 4, a respeito da bi-corporiedade.

Em 1871, o Papa Pio IX lhe conferiu o título de “Doutor da Igreja” e, em
1950, Pio XII o proclamou “Patrono dos Confessores e Professores de Teologia
Moral”.

Fonte: Harold Castle
Transcribed by Paul T. Crowley
The Catholic Encyclopedia, Volume I

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