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Festival ecumênico

José Reis Chaves

Domingo, 9 do mês em curso, foi o encerramento de mais um Jubileu dos Congadeiros Moçambiqueiros, em honra de Nossa Senhora do Rosário e de Santo Antônio de Pádua, da Pampulha Velha.

As origens do congado remontam ao tempo de Salomão e seu famoso arquiteto Hirão, construtor fenício do Templo de Jerusalém. Na Idade Média, o congado é representado pelos Templários, extintos em 1312 pelo Papa Clemente V, dominado por Filipe, o Belo, que, injustamente, prendeu o Grão-Mestre dos Templários, Jacques de Molay, queimado vivo em 1314, depois de um processo iníquo promovido por esse rei francês, cujo objetivo foi o de se apossar dos bens dos Templários. No lugar desses, surgiu a Ordem de Cristo. Ambas organizações eram militares, e participaram da Guerra das Cruzadas contra os islâmicos.

No Século 15, é criada na Alemanha a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, a padroeira dos congadeiros. Essa organização chegou ao Congo através do seu Rei Kuwu, e se estendeu até Moçambique, donde se origina a expressão “Congadeiros Moçambiqueiros”. Em Minas, seu líder hierárquico maior é o advogado e filósofo, Dr. Manoel Fonseca dos Reis, que foi coroado Rei Perpétuo dessa organização pelo Cardeal Dom Lucas Neves e, mais recentemente, por Dom Luciano Penido, Arcebispo de Mariana.

O Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, tem também prestigiado muito os congadeiros, que, carinhosamente, chama-os de “Meus Filhos”. E, em 1995, foi concretizado um grande sonho deles, ou seja, a construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Bairro Jaraguá, feita pelo Vittorio Medioli, cuja esposa Laurinha, a sogra Glorinha e outros seus familiares vêm também prestando grande e valioso apoio aos Congadeiros Moçambiqueiros, que, em mais uma atenção especial de Dom Serafim, têm agora o seu próprio capelão, isto é, o Pe- Djalma Dâmaso.

Participaram do Jubileu deste ano cerca de 1500 congadeiros da Capital e de várias cidades do Interior de Minas, ao qual compareceram o Secretário de Cultura do Estado de Minas Gerais, Exmo Sr. Dr. Ângelo Oswaldo de Araújo, vários vereadores e milhares de pessoas.

O canto de músicas umbandistas e católicas, com espíritas transportando o andor de Nossa Senhora do Rosário, e a missa conga; contando até com a presença de alguns evangélicos, constituíram o ponto alto do evento.

Tivemos, assim, um verdadeiro festival de congado e ecumenismo, com os Congadeiros Moçambiqueiros ou “Homens Livres”, como se intitulam também, vivenciando o que desejou e preconizou o Homem de Nazaré, ou seja, “Um só rebanho e um só pastor”.

Autor do livro, entre outros, “A Face Oculta das Religiões”, (Ed. Martin Claret). E-mail: escritorchaves@ig.com.br