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Filho unigênito de Deus

O Nazareno se denominou o Filho do Homem, isto é, o ser humano mais importante
de todos os tempos. Ele se intitulou também Filho de Deus. E sempre afirmava que
Deus era Pai Dele e de todos nós. Mas nunca disse que Ele era Deus e o único Filho
de Deus.

A expressão “Filho Unigênito de Deus” não seria, pois, uma das interpolações
bíblicas? Realmente, essa expressão é contraditória, pois ela contradiz o que Jesus
deixou muito claro para nós nos seus Evangelhos: Ele e todos nós somos filhos do
Deus Único. E Paulo confirmou-o: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus”(Rm 8,16). Como, pois, Cristo poderia ser o “Filho Unigênito”
ou “Único” de Deus? O filólogo Ètienne Dolet morreu enforcado e queimado em Paris,
em 1546, porque disse que a frase correta seria: “Jesus Cristo é Filho do Deus único”.

No Concílio de Nicéia (325), Constantino e o bispo Ósio usaram a expressão grega
“Homoousios” (de mesma substância), para dizer que J. Cristo era da mesma substância
divina, sendo, portanto, Deus. Mas, todos nós, em espírito, somos também da mesma
substância divina, como já o afirmava Tertuliano no 3º século. Stº Atanásio defendia
a tese “Homoiousios” (de substância semelhante). Já Ário, apoiado pelo bispo Eusébio
de Nicomédia, apresentou a proposta “Anomoios” (de substância diferente). Constantino
queria que Jesus fosse Deus, como o eram considerados os deuses pagãos, com o que
o Cristianismo seria mais forte e, conseqüentemente, o Império Romano seria também
mais forte e mais unido. E a tese do poderoso Constantino tornou-se vitoriosa no
citado Concílio de Nicéia (325). Mas depois disso, o Cristianismo nunca mais teve
paz. E hoje, a maioria dos teólogos do mundo é ariana, exceto os da ortodoxia cristã
(nosso livro “A Face Oculta das Religiões”, págs. 66 e 173).

Os teólogos justificaram essa doutrina estranha da divinização de Jesus, colocando
no Credo a seguinte expressão sobre Jesus Cristo: “gerado, não criado”. Mas, se
foi gerado, Cristo não existia antes de ser gerado pelo Pai. Logo, Ele não é Deus,
pois Deus é eterno!