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Fim do Ano

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O espírita perante Deus

“Quando o homem, venha de onde vier, seja religioso, ateu, livre-pensador,
etc…, entra no Espiritismo, abre-se ante ele um campo tão vasto de
investigações, que, de momento, não se dá conta de tamanha grandeza. À medida
que vai ampliando os seus estudos e as suas experiências, mais ampla se torna a
perspectiva do que antes lhe era desconhecido, e em tudo começa a ver a grandeza
de Deus”.

Em resumo:

 

O espírita deve portar-se perante Deus como um bom filho, que agradece ao seu
pai por havê-lo criado; deve respeitar a grandeza de seu Criador, adorar a sua
Onipotência, amá-lo por sua Sublimidade; e esse respeito, essa adoração, esse
amor, essa gratidão, devem ser manifestados ao Todo Poderoso tanto quanto
possível; já para que ele se porte como um bom filho, perante um sublime e
amoroso Pai, já para atrair a Sua influência e a dos bons espíritos, de que
tanto necessitamos em nossa condição de atraso, num mundo em que imperam a
ignorância e a dor.

 

Entre os irmãos e nos centros

Todo espírita deve portar-se com a maior humildade possível, perante os seus
irmãos. Porque a humildade é sempre um exemplo de boas maneiras, jamais nos
compromete, nem é causa de distúrbios e de rixas. Essa humildade, porém, não
deve ser nunca fingida, mas leal e sempre disposta a servir. O espírita deve
sempre considerar-se inferior a seus irmãos, dispondo-se a ser o servidor de
todos.

Porque sabe que o servidor de todos deve ser o primeiro, e por mais que faça
nunca poderá pagar Aquele que tudo criou. E por mais que saiba, jamais alcançará
a infalibilidade. Assim, pois, sempre poderá equivocar-se.

Portanto, assim compreendendo, nunca fará alardes de saber, nem de possuir
faculdades, e menos ainda de considerá-las extraordinárias, mas exporá sua
idéias de maneira prudente, sensata e com oportunidade.

 

Se alguma vez for importunado por um de seus irmãos, procurará responder de
bom modo. Se não for possível que, de momento, o irmão entenda a sua razão,
calará, esperando uma ocasião propícia. Então, com a humildade que deve
caracterizá-lo, tentará convencê-lo e levá-lo à razão, se possível. Assim estará
usando a caridade, porque todo espírita deve ser caridoso para com o seu irmão.

Da mesma maneira que, para realizar uma empresa, um negócio, adquirir algum
objeto que nos agrada, fazemos às vezes sacrifícios e trabalhos, e os
conseguimos, o espírita não deve olvidar que não há empresa maior, nem trabalho
mais nobre que atrair o amor leal e sincero de seus irmãos. Nada há na Terra tão
proveitoso como fazer-se uma criatura de paz, de amor e de concórdia. Que assim
se faz, torna-se uma garantia para a tranqüilidade e o progresso de seus irmãos,
e constitui uma base para toda a propaganda proveitosa e eficaz do Espiritismo.

Em resumo:

Entendemos que nos Centros Espíritas deve haver quem dirija e ensine, mas
estes não se fazem por meio de votação ou da vontade de alguns irmãos, pois que
já vem escolhidos do Alto; por isso, é preciso o maior cuidado em saber
reconhecer os que estão mais aptos para o trabalho especial; uma vez
reconhecidos, deve-se procurar fazer que ocupem o lugar para o qual vieram ao
Centro, e, enquanto não houver motivo, deve-se fazer que permaneçam no posto,
pois do contrário se corre o risco de perder a verdadeira orientação lógica e
cair em graves erros.

 

O espírita e a humanidade

Disse o Senhor: “Vós sois o sal da terra; se o sal perder o seu sabor, com o
que se há de salgar?” E foi como se dissesse que sois a luz do mundo; se a luz
perder a sua claridade, com o que se iluminará? Todo espírita que fez profissão
pública de sua crença não deve jamais esquecer-se de que, por onde passa, aonde
vai, e ali onde freqüenta, está sendo observado e estudado.

Por que nos observam e estudam, para ver como agimos nós, os espíritas, pois
sabem que a nossa maneira dos que não seguem as nossas idéias. De foram que
devemos ter bem presentes aquelas palavras de um grande espírito: Prudência de
pensar, prudência no falar, prudência no agir. Porque, se nos esquecermos das
regras que o Espiritismo nos prescreve, algumas das quais estão anotadas nos
capítulos anteriores, podemos cair no ridículo, por não estarem os nossos atos
de acordo com a moral que o mundo espera de nós.

 

Em resumo:

A Humanidade geme, chora, desespera-se, pelo muito que sofre; o egoísmo tudo
devora; as vítimas da maldade se sucedem sem parar; as religiões se desviaram do
caminho; os homens de bem, intermediários entre a Humanidade e a Providência,
são escassos; os espíritas estão encarregados de trazer a luz, já que sabem
porque a Humanidade sofre, porque chora, porque se desesperar; sacrifiquemo-nos,
pois, para poder explicar-lhe a causa de seus sofrimentos, de suas lágrimas, de
seu desespero; procedamos de maneira a mostrar que a dor depura, eleva,
santifica, exalta, e assim cumpriremos a nossa missão.

O espírita que muito quer fazer por seus semelhantes não deve perder de vista
ao Senhor, – quando O açoitavam atado ao pilar, quando O coroavam de espinhos,
quando carregava a cruz, quando consumava o seu sacrifício, – para saber
imitá-Lo em seus atos de amor pela Humanidade, de abnegação e de sacrifício.

 

“Vós sois o sal da terra; se o sal perder o seu sabor, com o que se há de
salgar?”

O espírita na família

Se o Espírita deve ser prudente, virtuoso, tolerante, humilde, abnegado e
caridoso, entre os seus irmãos de ideal e no seio da Humanidade, quanto mais o
deve ser na família! Se são sagrados os deveres que temos de cumprir entre
nossos irmãos e na Humanidade, muito mais o são os que temos de cumprir na
família. Porque devemos considerar que, além dos vínculos que nesta existência
nos unem com laços indissolúveis, temos sempre histórias passadas, que se
enlaçam com a história presente.

Sua conduta na família deve ser um belo modelo de todas as formas da virtude,
para que o exemplo possa um dia levar à compreensão, ou pelo menos à tolerância
da parte dos seus. E mesmo que a tanto não seja possível chegar, que não se
rebele, que se deixe sacrificar, se for necessário, lembrando-se de que o hoje é
o resultado do ontem, pois assim fazendo poderá esperar grande recompensa. Vi,
na minha vida de espírita, dois irmãos que sofreram muito com suas famílias. E,
apesar de seus sacrifícios, de sua paciência e abnegação, não conseguiram a
tolerância dos familiares, sendo constantemente objeto de zombaria e de desprezo
por parte dos seres mais queridos. Destes dois irmãos, já desencarnados, tive
ocasião de receber comunicações que, moralmente falando, são de enorme elevação
e demonstram uma felicidade tão grande, que, posso assegurar, nenhum outro
jamais demonstrou, entre os desencarnados na nossa época.

Às vezes, nem todos os filhos são bons como o pai deseja. Pelo contrário,
acarretam desgostos e dissabores, que redundam em grande sofrimento. Os pais,
então, precisam saber sofrer, tendo muito cuidado em manter o mesmo afeto para
todos os filhos, tanto para os bons, como para os que os desgostam. O espírita
deve sentir o mesmo amor por todos os seus filhos. E não deve olvidar que os
mais necessitados de sua misericórdia são os menos providos de bondade e
compreensão. Há filhos que levamos pela mão a toda parte, e há outros que não
basta tomá-los pela mão, é preciso arrastá-los. Conheço pais espíritas que,
embora amando a todos os filhos, deram preferência aos mais pacíficos e mais
obedientes.

Em resumo:

 

Cremos que o espírita, em todas as situações da vida, há de portar-se como
bom filho, bom esposo, bom pai, bom irmão e bom cidadão; assim, como praticante
da lei divina, cujo sentido prático está no ensinamento e no exemplo do Senhor e
Mestre: será luz para iluminar os que estão ao seu redor; será mensageiro de paz
e de amor para todos; e levará a paz das Moradas da Luz até os homens da Terra.

 

O espírita perante si mesmo

Todo homem é demasiado indulgente para consigo mesmo. Sempre encontra meios
para justificar a sua conduta, ainda que esta não seja suficientemente correta.
Procura sempre desculpar os seus defeitos e atenuar as suas faltas. Tanto assim
é, que ouvimos amiúde, daqueles a quem falamos de Espiritismo: “Eu não creio em
nada, apenas acompanho a maioria; mas, no tocante à outra vida, acho que o
melhor é fazer todo o bem possível. Assim, se houver alguma coisa depois desta
vida, nada de mal poderá acontecer-me.”

Bem sabemos quanto é difícil sermos justos em todas as coisas. Mas o
espírita, embora ainda conserve os resíduos do que foi no passado, deve lutar
constantemente para avançar no caminho da depuração, sem desalentar-se diante
das dificuldades que encontra para reabilitar-se, até chegar a ser uma criatura
inteiramente digna.

Para se conseguir isso, aconselhamos uma prática que temos seguido durante
muitos anos, e que nos deu os melhores resultados, ajudando-nos a obter todas as
condições necessárias para atingirmos o nosso propósito de viver com justiça,
dentro do amor de Deus.

Cada espírita procurará, todos os dias, antes de deitar-se, fazer um exame de
tudo o que sentiu e realizou no correr da jornada. Há três maneiras de cometer
faltas: por pensamentos, palavras e ações. A falta por pensamento decorre
de paixões injustas ou mal contidas, de não ser indulgente para as faltas do
próximo, de cobiçar coisas indevidas. O espírita pode sentir desejos condenados
pela lei divina.

Falta por pensamento – Os espíritos perturbadores muitas vezes tentam
o espírita através dos desejos indevidos.

Muitas vezes conseguem mantê-lo sob o seu domínio. Ainda que ele não chegue a
cometer a falta, isso causa mal-estar e lhe impossibilita, enquanto está sob a
tentação, conceber bons pensamentos e bons desejos, e portanto praticar o bem.
Ao fazer o exame diário, vendo que está sugestionado por maus pensamentos, o
espírita deve tomar o firme propósito de resistir a essas influências impuras e
descaridosas. Para isso, pedirá forças ao Pai, recordará a pureza das palavras e
dos atos do Mestre Sublime, e não deve esquecer-se de que todos temos um
Anjo-Guardião, encarregado de guiar-nos, o qual terá muita satisfação em
colaborar na nossa regeneração, ajudando-nos como seu protegido, desde que
persistamos nos bons propósitos.

Falta por palavras – Se cometeu falta por palavras, sendo indiscreto
por imprevidência, intolerante ou brutal, o espírita não deve tomar-se de
amor-próprio, mas, reconhecendo o seu erro, há de, sem mais tardar, procurar o
ofendido ou os ofendidos e dar-lhes plena satisfação, com absoluta sinceridade,
demonstrando verdadeiro arrependimento, até conseguir que a falta lhe seja
perdoada. Então, ao fazer o seu exame de conduta, o espírita tem mais o que
pedir ao Pai e rogar ao Senhor, que tão amável foi para com todos. Deve chamar
com veemência o seu Guia Espiritual, procurando tomar as boas resoluções que
sejam necessárias para corrigir-se desse defeito, fazendo tudo para cumprir os
bons propósitos que tomar.

Falta por ação – Se a falta é por ação, é mais grave, e o espírita
deve procurar, por todos os meios possíveis, evitar de nela incorrer de novo. Há
ações que podem constituir faltas leves, como outras que podem ser graves.

As primeira, o espírita pode corrigi-las com a ajuda de Deus, dos Bons
Espíritos e dos seus irmãos encarnados.

Digo com a ajuda destes também, porque o espírita, quando incorre numa falta
dessa natureza, não deve fiar-se em si mesmo, mas, além dos seus propósitos e da
ajuda dos Bons Espíritos, deve ainda procurar o conselho dos irmãos que, mais
experientes, tenham já adquirido outro temperamento e outras virtudes. Sendo
humilde e estando realmente arrependido de suas faltas, os irmãos podem ajudá-lo
com seus conselhos. Assim, com o auxílio do Alto, dos irmãos na Terra, e
firmando nos seus propósitos, pode chegar a corrigir-se e tornar-se um espírita
correto.

É a falta de estudo de si mesmos, de cuidado na maneira de pensar, de falar e
de agir, que acarreta essas conseqüências. Há, pois, que viver apercebidos, que
não distrair-se na vida terrena, que aproveitar-se dela para o progresso, para a
conquista do verdadeiro bem-estar. É necessário orar, pedir, suplicar, e também
aconselhar-se com os que tem mais experiência da vida de purificação. Há que
consultar livros de moral espírita, sobretudo O Evangelho Segundo o Espiritismo,
de Allan Kardec, no qual estão previstos muitos dos perigos com que nos podemos
defrontar na vida terrena.

É preciso não esquecer, – isto todos os espíritas devem ter presente, – que o
tempo de nossa vida na Terra é sumamente curto, e que o tempo que teremos de
passar, e que sem remissão nos espera no Espaço, será sumamente longo, sendo
felizes ou infelizes, segundo tenhamos cumprido ou deixado de cumprir os nossos
deveres espirituais. procuremos, pois, progredir em virtudes, em amor, em
adoração ao Pai, em respeito e veneração para com os nossos semelhantes, e não
duvidemos de que a nossa felicidade será grande. Terão chegado ao fim os
sofrimentos e os males, que por tantos anos nos afligem e nos mantém retidos em
planetas de expiação.