Harmonia Interior
O uso da música para combater enfermidades é tão antigo quanto a própria música e são muitas as evidências disso em épocas diferentes. Os papiros médicos egípcios descobertos em Kahum. em 1899, mostram registros que datam por volta do ano 1500 a.C.. Platão (427-347 a.C.) ressaltava que “a música dá asas ao pensamento. vôo à imaginação, encanto à tristeza, alegria e vida a todas as coisas”. Aristóteles (384-322 a.C.) também defendia o valor terapêutico da música.
Já no século XIX, o renomado educador e músico suíço Emile Jacques – Dalcroze (1865-1950) dizia que a música deve desempenhar um papel importante ria educação em ,geral, reintegrando corpo e mente, pensamento e comportamento. Nos Estados Unidos, desde a Primeira Guerra Mundial, os veteranos contratavam músicos profissionais para o auxílio no tratamento.
A música sempre esteve ligada à evolução do homem e, em especial, aos cultos religiosos como torna de expressão e louvor a Deus. Apesar destes poderosos aliados, o ser humano ainda não aprendeu a se equilibrar. Do computador pessoal ao cabo de fibra ótica. do satélite de comunicação ao CD, o homem do nosso tempo domina os mais poderosos instrumentos de informação da história da humanidade. Infelizmente. o progresso científico nem sempre é acompanhado da evolução espiritual.
São inúmeros os relatos de pessoas que encontram na Doutrina Espírita o bálsamo consolador para as dores da alma. A prática espírita consciente e racional, fundamentada na ciência, na filosofia e na religião, tem respondido às argumentações do homem no final deste século. Mas, de acordo com Herculano Pires,”não basta compreender a doutrina; é preciso assimila-la” e aplicar os ensinamentos em nossa vida cotidiana. Como tudo que se passa na vida atual é agitado, também é sonoro, ou melhor, barulhento. Para contrabalançar, os sons da TV, do rádio e da própria voz têm que ser aumentados numa competição enlouquecedora.
Atualmente já é comprovado que o sistema auditivo está intimamente ligado ao nervoso, logo, o som interfere rias ondas cerebrais. Urna sobrecarga sonora pode causar dor de cabeça, fadiga, irritabilidade, aumento da concentração de suco gástrico entre outros sintomas, por isso a Organização Mundial de Saúde adverte sobre os perigos da poluição sonora, tão arrasadora quanto os outros tipos de poluição. A relação desgastante entre o homem e o meio ambiente também é fonte de desequilíbrio.
Entretanto, a música é um exímio instrumento na busca da reflexão, do auto conhecimento, da paz e da desobsessão. André Luiz, no livro “Ação e Reação” (cap. 10) nos relata que certo obsessor insistia no desejo impetuoso de vingança, apesar da doutrinação de instrutores espirituais. Porém, cientes de que o perseguidor admirava Beethoven, ‘levaram-no para uma casa onde se ouvia a Pastoral. O obsessor, ao ouvir a preciosa obra-prima do compositor, foi então recuperando o equilíbrio e a paz, após “expungir do coração ferido as suas dores, narrando o seu drama íntimo.”
Léon Denis explica no livro “O Espiritismo na Arte” que “a harmonia musical quando sustentada por nobres palavras. pode elevar as almas pis regiões celestes, já que o cântico produz uma dilatação salutar da alma, uma emissão fluídica que facilita a ação das torças invisíveis”. “A música, melhor do que a palavra, representa o movimento, que é uma das leis da vida: por isso ela é a própria voz do mundo superior”.
Os sons da natureza também abrem as portas para a reconquista da paz e, normalmente, não emite ruídos que ultrapassam o limite tolerado pelo ser humano. Os sons dos pássaros, da água, do vento batendo nas folhas são relaxantes, agradáveis. O tempo para a pausa em busca da descoberta de sons curativos e do silêncio é, sem dúvida, uma forma eficaz de evitar o estresse. É estender o equilíbrio do centro espírita para nossa vida diária.
Maristela Rocha
O Médium – Ano 66 – nº 596 – 07 e 08/97