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Harry Potter – O Medo e o Delírio

Luiz Carlos D. Formiga

Harry Potter é livro dos mais vendidos nos USA. É a história de um pequeno feiticeiro que não perdoa seus adversários. Não é novidade que o tema feitiçaria seduziria ingleses e americanos. Leciona como invocar poderes demoníacos e como fazer rituais com palavras mágicas. É criação de uma professora que explora a feitiçaria.

Soube que alguns pais e educadores estão com medo e se perguntam: por que ela empregou toda a sua energia num projeto que se coloca contra Deus e Jesus? Ouvi dizer também que a autora respondeu numa entrevista a um repórter: – “estes livros levam as crianças a entenderem que o fraco e idiota Filho de Deus não passa de uma brincadeira.” Isto parece ser um “jogo de cena” para ampliar a polêmica e aumentar ainda mais o seu poder de venda.

Delírio acontece na declaração de um sacerdote de Satanás (USA) que ao mesmo tempo evidencia a energia sutil que faz parte da atmosfera psíquica apropriada para receber ataques terroristas: “Harry é um enviado dos deuses para a nossa causa. Uma organização como a nossa, prospera com esse sangue novo, e nos temos tido mais pessoas se juntando a nós nestes dias do que podemos lidar, e é claro a maioria delas é muito jovem e ainda são virgens, o que para nos é realmente muito suculento!”

Harry é órfão, de pais assassinados, e vai morar em baixo da escada da casa de tios maldosos. Produzir a dor no outro é algo relativamente fácil, ainda mais no livro ou no cinema. Para isso o inimigo se disfarça. No entanto, é como aquele cavalo de parada. Com a fantasia sai bem na fotografia, mas não sabe saltar nem correr. Só tem pose. Só tem enfeite. Pouco evoluído fornece amplos sinais de inferioridade. Não compreende o comportamento ético de Jesus e é incapaz de aceitar o desafio de amar a alguém que tudo tenha feito para não merecê-lo.

Eles também sabem que o melhor período é o infantil e não poderiam deixar de fazer o investimento na “educação”. Outro que vem obtendo bons resultados na infância é o narcotráfico.

Na América do Norte, nos anos 90 os que buscavam a adoração a Satanás estava em torno de 100 mil, hoje, estima-se 14 milhões. Na sua maioria são crianças e adultos jovens. É o resultado de uma “contra-evangelização”, onde as crianças são bombardeadas com todo tipo de ação, aventuras, sexo, suspense e terror na TV e no cinema.

“Jesus morreu porque ele era um fraco e um estúpido”, disse uma garotinha americana. Um garoto de 10 anos, que poderá ser um daqueles que atirará aleatoriamente nos colegas na escola, confidenciou: “Eu quero aprender uma praga para fazer sofrer a minha professora de ciências por ter me dado uma nota baixa”.

É necessário investir no período infantil. São quatro livros em menos de dois anos. Será que existe alguma orientação em relação aos seus conteúdos? E no Brasil?

O problema é que os pais não possuem tempo disponível para examinar o tipo de material que seus filhos estão lendo. Na verdade, se olharem apenas o título dos livros não perceberão a necessidade de participar desta leitura. É preciso desconfiar dos importados de “países desenvolvidos”. Alguns costumam endeusar o que vem rotulado de “primeiro mundo”.

Quem já é avô deve recordar do programa “Incrível, Fantástico, Extraordinário” que ia ao ar através das ondas de rádio, onde “você não vê, mas enxerga”.

Lembro-me que ouvia com medo aquelas histórias, mas não conseguia me afastar do rádio ao mesmo tempo em que procurava ficar mais perto de minha mãe. Ela tinha o cuidado de discutir o truque de meter medo nas crianças e nos mais velhos mal informados. Truque semelhante é encontrado em em Harry Potter.

Onde termina a ficção e começa a realidade?

Alguns irão desfraldar a bandeira da censura. Outros vão dizer que os efeitos podem ser contrários. A discussão vai chegar aos responsáveis pela Evangelização Infanto-juvenil.

É verdade que ainda estamos nos tempos de Moisés. Entendemos a proibição. Ele sabia dos interesses escusos que estavam por trás das evocações.

Concordamos que, ainda hoje, possuímos os que se prestam a atos deploráveis e que devemos tudo fazer para melhorar o nível de consciência de todos.

A coleção “Harry Potter” está chegando com superpoderes diferentes daquele do “Incrível, Fantástico e Extraordinário”.

‘Harry Potter’ é um menino, de 11 anos, que de repente vê a sua vida se transformar ao receber a notícia de que está inscrito numa célebre escola de bruxaria. Nela, as crianças aprendem maldições irreversíveis.

Como seus pais que eram ilustres bruxos, Harry possui também, um grande poder mágico. É isso que faz dele um personagem sedutor. Com ele entra-se em contacto com o mundo da feitiçaria, da magia.

Até onde as crianças sofrerão influências? Haverá por trás desta proposta além de um apelo comercial a incitação à magia?

“Afinal, nós não acreditamos em bruxos, mas eles existem!” Uma prova disso é que apareceram, em outubro de 2001, ao povo da Guatemala. Tomamos conhecimento de seu surgimento nas vésperas do Terceiro Congresso Espírita Mundial, através do foro, no portal www.terra.com.gt, a questão nele encontrada foi: “¿Estás de acuerdo con que se celebre en Guatemala la Convención Mundial de Brujos?”. Enviamos colaboração para ampliar a discussão, de onde nasce a luz. Dissemos que recentes progressos têm fortalecido a hipótese de que a consciência humana sobrevive à morte do corpo. Seu destino post-morten é um tema que merece séria reflexão, pois pode ter enorme impacto sobre o modo como vivemos.

É um dever de todos assegurar a efetivação dos direitos à cultura, à dignidade, à liberdade e à convivência pacífica. Um Congresso é um espaço de discussão de saberes, onde se pode exercer o direito ao conhecimento. Este progresso é estimulado pelo regime de diálogo franco e aberto, no exercício da fraternidade na aceitação da diversidade e no relacionamento pacífico entre os diferentes.

A realidade e a ficção podem possuir uma zona fronteiriça onde o individuo precisa aguçar a observação para distinguir fantasia e realidade.

O que acontece com a mente infantil, no cotidiano, quando é surpreendida pelas cenas de terrorismo explícito e guerras na televisão?

O que acontece com o adulto mal informado quando vê um cartaz se referindo a um Congresso Espírita Mundial? Um outro ponto é que a maturidade religiosa não pode ser definida em separado da maturidade emocional. Religião amadurecida leva o homem a uma compreensão adulta da realidade. Há vida após a morte?

O espírita vê a morte como a interrupção do fenômeno da reencarnação. Logo que ocorre o desenlace pela morte do corpo físico o espírito lúcido recupera a plenitude das suas faculdades. Perdemos o corpo e por isso há mudança de estilo de vida.

A primeira conferência internacional sobre a investigação paranormal, realizada na universidade do colorado (USA), entre 7-10 de julho de 1988, após rigoroso exame, publicou em sua ata um manifesto em favor do reconhecimento científico da hipótese da reencarnação.

“Hoje em dia, a hipótese da reencarnação é tão vigorosa que se pode considerar uma perversidade continuar duvidando”. A vertente materialista da ciência possui uma vantagem sobre nós. Ela ajuda seus adeptos a ficarem tranqüilos, assegurando-os de que não existe nada no escuro que possa assustá-los. Por outro lado, serão incapazes de perceber toda a extensão do fenômeno “Harry Porter”.

Nossas crianças não poderão fugir da transversalidade. “Imaginemos um pai que, a pretexto de amor, decidisse furtar um filho querido de toda relação com os reveses do mundo. Semelhante rebento de tal devoção afetiva seria mantido em sistema de exceção. Isolar-se-ia de todo contacto humano para não arrostar problemas e desconheceria todo o noticiário ambiente para não recolher informações que lhe desfigurassem a suavidade da vida interior. Chega, porém, o dia em que o progenitor se ausenta compulsoriamente do lar e, tangido pela necessidade, o moço é obrigado a entrar na corrente da vida comum. O homem feito sofre o conflito da readaptação, que lhe rasga a carne e a alma, para que se lhe recupere o tempo perdido e o filho acaba enxergando insânia e crueldade onde o pai supunha cultivar preservação e carinho.”

“A imagem ilustra claramente a necessidade da encarnação e da reencarnação do espírito nos mundos inumeráveis da imensidade cósmica, de maneira a que se lhe apurem as qualidades e se lhe institua a responsabilidade na consciência. Dificuldades e lutas semelham materiais didáticos na escola; amealhada a cultura, desaparecem uns e outros.”(*)

Lembro-me das histórias horripilantes que os avós contavam. Depois a gente dava um jeito de ir dormir na cama dos pais. No entanto, adorávamos aquelas coisas incríveis, fantásticas e extraordinárias. As crianças de hoje não são diferentes e mais adiante elas perguntarão de onde vieram e qual o sentido da vida.

Harry Potter não poderá ser subestimado. Pais autoritários deverão refletir: “Ingenuidade é predicado encantador na personalidade, mas se o trabalho não a transfigura em tesouro de experiência, laboriosamente adquirido, não passará de flor preciosa a confundir-se no pó da terra, ao primeiro golpe de vento.”(*) Por outro lado, não poderão esquecer a necessidade de acompanhar o tipo de leitura que os filhos estão fazendo.

Quando conseguimos vacinar 80 a 90 % de uma população susceptível a determinadas doenças transmissíveis ficamos tranqüilos diante do micróbio adversário. Para a vacinação das mentes infanto-juvenis necessitamos de pais e evangelizadores conscientes da importância do processo. A proibição aguçará a curiosidade. Proibir um livro é admitir que o tememos. Quando os livros espíritas foram lançados à fogueira o tiro saiu pela culatra.

“Harry Potter e a Pedra Filosofal” chega aos cinemas nas férias escolares para arrebatar bilheterias e avaliar a nossa evangelização infanto-juvenil. Você está tranqüilo?

(*) Emmanuel @ Xavier, FC. No domínio da provas. Livro “Coragem”. (Volta)

Luiz Carlos D. Formiga
neufundao@hotmail.com