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Literatura Espírita

Já me reportei a este assunto anteriormente abordando-o de determinada perspectiva, que considera com amplitude de vistas a realidade amplamente debatida hoje em dia da fartura de novos autores, sobretudo de novas obras ditas mediúnicas no mercado literário.
Fiz ênfase na verdade de que, ao lado de se fazer prevalecer cautela com o conteúdo de todo livro dito psicografado ou espírita, atentando para quaisquer indícios de aberração doutrinária, todavia, não é compatível com os propósitos dos próprios benfeitores desencarnados a promoção de uma caça às bruxas, desenfreada no Movimento, condenando todo autor e médium novo. Há que se alertar para o fato de que as realidades da vida nas dimensões espirituais obedecem ao fluxo dinâmico da existência, que de modo algum é estático. Isto posto, fácil se depreender que, incessantemente, reencarnam no orbe indivíduos comprometidos com a tarefa de dar continuidade ao noticiário dos mentores e da Espiritualidade benfeitora, a respeito de um conhecimento contínuo do que constitui a nossa jornada para além da vida na matéria, de vez que mesmo esses planos espirituais evoluem, se modificam. A própria ciência, hoje, em todo o mundo, já debate estes temas com destemor e amplitude. Por conseguinte, é coisa insensata o sequer pensamento de que a literatura espírita aceitável está confinada nos mestres e autores que nos antecederam, no serviço luminoso de informativo dos acontecimentos nas dimensões espirituais, a exemplo de Léon Denis, Ernesto Bozzano, Yvonne Pereira e tantos outros, que pavimentaram esta trajetória digna.
Quero aqui retomar o tema, todavia, na posição de autora nesta mesma área espírita, para, a bem da justiça, considerar o outro lado da questão; e, para tanto, fazendo menção à vertente da literatura onde desenvolvo minha tarefa de parceria mediúnica com os autores espirituais de meus livros – a dos romances espíritas. Somando argumentos de contrapartida no sentido de que, de fato, e especialmente neste estilo de literatura, deve-se passar o pente fino em conteúdos, antes de considerá-los como coisa digna de ser comprada e lida, ou mesmo merecedora de apreço na missão de se transmitir aos leitores do Espiritismo, principiantes, ou já familiarizados com a Doutrina transmitida pelos Espíritos da Codificação, a mensagem consoladora do que se trata nossa trajetória evolutiva na eternidade.
Aqui, contudo, vem a pergunta: como fazer para se passar este pente fino? Para julgar conteúdos de dezenas de obras que vêm a público no decorrer das últimas duas décadas, no fluxo rendoso do filão literário que mais vende nas livrarias espíritas ou espiritualistas e nos Clubes dos Livros?
O respeitável Raul Teixeira, em uma de suas inspiradas palestras a respeito do tema, tocou no ponto crítico deste problema. E, como nunca é demais se falar a respeito, por amor daquilo a que nos dedicamos sob o patrocínio da Espiritualidade assistente, quero aqui também fazer coro ao que se constitui como o método mais indicado para não se cair em armadilhas que, em lugar de informar, desinformam os interessados sinceros do assunto: o estudo!
Amigos, nunca será demais repetir que a base do conhecimento espírita autêntico, que sempre nos oferecerá subsídios seguros sobre o que é ou não é idôneo no território dos informes espíritas, é, como será sempre, o Pentateuco de Allan Kardec!
Claro que também encontramos ressonância em conteúdos literários respeitáveis n’outros autores, e mesmo n’outras frentes do conhecimento religioso e filosófico disponível sobre as grandes Verdades Espirituais ao longo dos milênios. Com muita propriedade, o senhor Antônio Plínio, saudoso presidente palestrante da Sociedade Espírita Ramatis, no Rio de Janeiro, nos lembrava, em mais de uma vez, que fontes seguras dessas mesmas verdades também seriam encontradas pelo pesquisador e estudioso sério em Ordens milenares, como a Antiga e Mística Ordem Rosacruz, nos ensinamentos da Grande Fraternidade Branca, dentre vários outros canais. Sabe-se que há muitos caminhos, igualmente valiosos, que nos levam ao Criador, em obediência ao exercício sagrado do livre-arbítrio de cada busca individual.
Mas, aqui, neste espaço conciso, quero fazer foco no capítulo de determinado estilo literário espírita que, hoje, conta com quilos de volumes nas prateleiras de todo o país, de modo a verdadeiramente atordoar o leitor sincero, que talvez principie seu interesse pelos temas associados ao que já nos noticiou com grandes claridades Espíritos como Emmanuel e André Luiz, na psicografia do querido Chico Xavier.
Diante de tanta oferta, sem referência segura daquilo que é o mais indicado, adequado a uma informação segura do assunto na linha dos romances, portanto, amigos, como se conduzir? Apegar-se somente a autores consagrados, como sugerem alguns, numa linha radical de pensamento, e como se ninguém mais fosse digno de confiança na sucessão dos trabalhos da Espiritualidade em parceria de psicografia com médiuns que se comprometeram a dar continuidade ao esclarecimento do espírito humano na face material terrena? Não é sensato.
Convém, por outra, e isso sim, o estudo dos autores consagrados e dos livros da Codificação, para uma segura base doutrinária, e, paralelo a isso, que se mantenha aberta a mente para se avaliar, a partir disso, com conhecimento de causa, o que nos é oferecido diariamente na praça literária espírita!
O que este ou aquele romance nos ensina, como pano de fundo da história de amor bela e comovente, desta ou daquela procedência? Uma moral útil, iluminada, de molde a nos inspirar às transformações individuais na compreensão dos nossos verdadeiros objetivos e desafios ao reencarnar? A história romântica entre o casal ligado por um carma difícil, ou entre mães ou pais e filhos, nos ensina, na sua conclusão, que os caminhos do ódio, da mágoa e do egoísmo mais não fazem do que reforçar este mesmo carma negativo, que não leva ninguém à felicidade? O conteúdo do romance espírita, por mais comovente que seja, é nobre, e seus autores nos elevam o íntimo às claridades desejáveis das paragens espirituais benfeitoras da vida humana? Ou, de modo sub-reptício, sutil, deparamos enredos que se prestam mais a oportunidades de se exacerbar as emoções do leitor com detalhamentos deprimentes de licenciosidades no território sexual, ou de cenas violentas, ao molde do que se assiste à farta em novelas ou filmes arrasa-quarteirões interessados em audiências numerosas que se deixam atrair e seduzir pela excitação doentia dos nervos diante de cenas sombrias?
O que se vê em tal ou qual livro é uma ode ao amor, à luz, ou uma exposição aleatória, como enaltecimento gratuito, de acontecimentos ligados às atitudes mais torpes de que os seres humanos se mostram capazes?
Nenhum conteúdo dito espírita que, de leve sequer, remeta à intenção de alimentar no leitor incauto emoções doentias que, no contexto reencarnatório atual de todos, já são em excesso exploradas de modo lamentável por veículos de entretenimento, mais interessados em cifras milionárias do que em conteúdo saudável para o espírito humano, amigo leitor, merece, de fato, a sua atenção! E é por esta exata razão que se faz imprescindível, aos que se dizem espíritas, ou pelo menos aos que estão interessados em informação saudável e fidedigna das mensagens importantes da Espiritualidade assistente de nosso mundo, o estudo prioritário da Doutrina, que anteceda, ou que se dê em paralelo, à leitura dos romances que, se de boa qualidade, e provenientes de uma autoria espiritual confiável, realmente amorosa, de fato nos embevecem, enriquecem e complementam os ensinamentos que Allan Kardec, Jesus, e outros vultos nobres a serviço do progresso da humanidade pretenderam nos trazer, em diversas épocas!
Munido desta salvaguarda, nenhum receio merece lugar nas nossas considerações. Bons e maus livros, de autores novos ou reconhecidos, falarão por si, e o conteúdo inadequado será rejeitado. E o próprio leitor saberá fazer a diferença, com maior segurança, da mensagem verdadeiramente voltada à realização de uma rota segura, que nos encaminhe, pelas vidas sucessivas, a um pleno estado de felicidade e de despertamento espiritual.
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ECOS NA ETERNIDADE