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Livre-Arbítrio

Fala-se muito em livre-arbítrio, cidadania, liberdade. Mas, realmente, o
que é e o que significa tudo isso?

A Doutrina Espírita, através de “O Livro dos Espíritos”, questão 872, dá-nos
resposta sábia a esta questão. Ensina-nos ela que o livre-arbítrio resume-se
assim:

  1. O homem não é fatalmente levado ao mal;
  2. seus atos não foram previamente determinados;
  3. os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino.

Daí ele poder, por prova ou expiação, “escolher uma existência em que seja
arrastado ao crime, quer pelo meio em que se ache colocado, quer pelas
circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir”.

Desta maneira, o livre-arbítrio existe para ele, tanto no plano espiritual,
onde poderá escolher uma nova existência e as provas a sofrer, quanto no plano
da carne, cedendo ou resistindo aos “arrastamentos” a que todos nós, de maneira
voluntária, temos sido submetidos. A educação cabe o dever de combater essas
tendências más.

Na verdade, em que consiste o livre-arbítrio para o Espírito? Em escolher, de
acordo com seu grau de perfeição, quando no estado de erraticidade, as futuras
existências corporais. Nem a reencarnação anula esta liberdade. Se o homem
sucumbe diante das provas, multas vezes dolorosas, é porque ele mesmo as
escolheu. Deve, então, apelar para Deus e os bons Espíritos, a fim de ajudá-lo a
vencê-las. Se não possuísse livre-arbítrio, ou seja, livre escolha, não teria
culpa por praticar o mal, nem mérito pela prática do bem.

Desta maneira, o homem não poderá arquitetar desculpa nenhuma pela prática de
seus delitos, quando encarnado, tentando fugir deles, porque foi ele mesmo quem
os escolheu, através de sua liberdade de pensar e livremente agir.

A Doutrina Espírita admite, no homem, o livre-arbítrio, que o impele à
prática do bem ou do mal, pela ação mesma da sua livre vontade. Diz-nos Kardec
na citada questão 872:

“Essa teoria da causa determinante dos nossos atos ressalta com evidência de
todo o ensino que os Espíritos hão dado. Não só é sublime de moralidade, mas
também, acrescentaremos, eleva o homem aos seus próprios olhos. Mostra-o livre
de subtrair-se a um jugo obsessor, como livre é de fechar sua casa aos
importunos. Ele deixa de ser simples máquina, atuando por efeito de uma impulsão
independente da sua vontade, para ser um ente racional, que ouve, julga e
escolhe livremente de dois conselhos um. Aditemos que, apesar disto, o homem não
se acha privado de iniciativa, não deixa de agir por impulso próprio, pois que,
em definitivo, ele é apenas um Espírito encarnado que conserva, sob o envoltório
corporal, as qualidades e os defeitos que tinha como Espírito.”

No momento que atravessamos, quando ocorrem tantas perversidades, por conta e
risco de ser o planeta Terra um mundo de expiações e provas, compete-nos, como
espíritas que somos, tudo fazer para aqui não voltarmos, após a presente
existência. Como? Usando para o bem o nosso livre arbítrio, o que vai depender
unicamente de nós.

Para finalizar, leiamos a resposta do Espírito de Verdade a Allan Kardec,
quando da questão 843 de “O Livro dos Espíritos”:

“Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

– Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o
livre-arbítrio, o homem seria uma máquina.”

(Dados colhidos em “O Livro dos Espíritos”, 76ª ed. FEB, 1995.)