De início lembremos que no Livro dos Espíritos, questões 27 e 79, é-nos revelado que há dois elementos gerais no Universo: matéria (elemento material) e Espírito (elemento inteligente) e, acima de tudoDeus, que opera através de suas imutáveis e soberanas Leis Naturais. Acresce ao elemento material o fluido universal, o qual embora possa ser classificado como elemento material, dele se distingue por propriedades especiais. Está colocado entre o Espírito e a matéria, e, sob a ação do Espírito, produz a infinita variedade das coisas das quais conhecemos apenas uma mínima parte. Esclarecem os Espíritos que o fluido universal, sob a ação do elemento inteligente, é responsável pela coesão e as qualidades gravitacionais da matéria. Pode-se deduzir que a matéria, tal como a conhecemos, representa o estado mais condensado do fluido universal. Estes conceitos constituem a base, para que possamos seguir adiante.
Com relação à gênese espiritual, apreende-se (questões 606/607) que emanam do mesmo princípio inteligente a alma dos animais e do homem, com a diferença que a do homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal, elaboração esta feita numa série de existências que precedem o período de Humanidade.
Assim a alma do homem representa o resultado da elaboração do princípio inteligente dos seres inferiores da criação, pois que ?tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade?. Nos seres inferiores o princípio inteligente se elabora e pouco a pouco se individualiza, semelhante à germinação, até sofrer uma transformação, tornando-se Espírito. ?Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza?.
Para que se tenha em conta a profundidade deste tema, é preciso considerar que mesmo entre os Espíritos há divergência quanto às origens da alma do homem e dos animais, acreditando alguns que o Espírito do homem teria pertencido sempre à raça humana, sem passar pela fieira animal. Segundo esta linha de pensamento, cada espécie constituiria, física e moralmente, um tipo absoluto, cada um haurindo da fonte universal a quantidade do princípio inteligente que lhe seja necessário. (Ver Questão 613 – LE – Comentários).
Mas voltando às nossas pesquisas, encontramos na Questão 728:
a)- As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por que passa.
Na Questão 729 asseveram os Espíritos:
Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir. Fica novamente evidenciada a elaboração progressiva do Princípio Inteligente.
Comentando a Questão 585, a respeito dos reinos da Natureza, Kardec observa: ?585…
Esses quatro graus apresentam, com efeito, caracteres determinados, muito embora pareçam confundir-se nos seus limites extremos. A matéria inerte, que constitui o reino mineral, só tem em si uma força mecânica. As plantas, ainda que compostas de matéria inerte, são dotadas de vitalidade. Os animais, também compostos de matéria inerte e igualmente dotados de vitalidade, possuem, além disso, uma espécie de inteligência instintiva, limitada, e a consciência de sua existência e de suas individualidades. O homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro, a percepção das coisas extra-materiais e o conhecimento de Deus.
Pouco adiante, (Q.589) questiona se algumas plantas como as carnívoras, teriam a faculdade de pensar, em face do modo como apanham os insetos para sugá-los. Sugere inclusive se não formariam uma classe intermediária entre a Natureza vegetal e a animal, a que os Espíritos respondem:
Tudo em a Natureza é transição, por isso mesmo que uma coisa não se assemelha a outra e, no entanto, todas se prendem umas às outras. As plantas não pensam; por conseguinte carecem de vontade. Nem a ostra que se abre, nem os zoófitos pensam: têm apenas um instinto cego e natural.
Insiste Kardec (Q.590) se não haveria uma espécie de instinto de conservação nas plantas e nos animais obtendo a resposta:
– Há, se quiserdes, uma espécie de instinto, dependendo isso da extensão que se dê ao significado desta palavra. É, porém, um instinto puramente mecânico. Quando, nas operações químicas, observais que dois corpos se reúnem, é que um ao outro convém; quer dizer: é que há entre eles afinidade. Ora, a isto não dais o nome de instinto.
Entrevê-se, nos tópicos acima, a ação do princípio inteligente atuando – já à partir do reino mineral – como:
a)- afinidade no reino mineral;
b)- como vitalidade e um instinto cego e natural nos vegetais;
c)- e uma inteligência instintiva nos animais, além da reafirmação de que “Tudo em a Natureza é transição, por isso mesmo que uma coisa não se assemelha a outra e, no entanto, todas se prendem umas às outras”.
No livro a Gênese – Capítulo X é tratada a questão da geração espontânea e escala dos seres orgânicos, que resumimos abaixo:
Geração espontânea:-
Observa-se que no mundo atual o princípio da geração espontânea aplica-se aos seres de organismo extremamente simples, rudimentar, do reino vegetal e animal, como o musgo, o líquen, o zoófito, os vermes intestinais. Muito embora os seres de organização complexa não se reproduzam espontaneamente, não se sabe como começaram, pois ninguém conhece o segredo de todas as transformações, entendendo-se assim a teoria da geração espontânea permanente apenas como hipótese.Escala dos seres orgânicos
– No início da escala situam-se os zoófitos (animais-plantas), que têm a aparência exterior da planta, mantém-se preso ao solo, mas como o animal, a vida nele se acha mais acentuada: tira do meio ambiente a sua alimentação.
– As plantas e os animais têm em comum: nascem, vivem, crescem, nutrem-se, respiram, reproduzem-se e morrem. Necessitam de luz, calor, água, ar puro. Enquanto as plantas se mantém presas ao solo, os animais, um degrau acima, se movimentam, como os pólipos; após o início do desenvolvimento dos órgãos, atividade vital e instintos estão os helmintos, moluscos (lesma, polvo, caracol, ostra), crustáceos (caranguejo, lagosta), insetos (em alguns dos quais se desenvolve o instinto engenhoso, como nas formigas, abelhas, aranhas). Segue-se a ordem dos vertebrados (peixes, répteis, pássaros) e os mamíferos (organização mais complexa).
– Se percorrermos a escala degrau por degrau, sem solução de continuidade, chegaremos da planta aos animais vertebrados, podendo compreender a possibilidade de que os animais de organização complexa sejam o desenvolvimento gradual da espécie imediatamente inferior, até chegar ao primitivo ser elementar. Assim o princípio da geração espontânea aplicar-se-ia somente aos seres de organização elementar, sendo as espécies superiores resultantes das transformações sucessivas daqueles. Após adquirirem a faculdade da reprodução, os cruzamentos originaram novas variedades. À partir daí não mais havia necessidade dos germens primitivos, pelo que desapareceram. Esta teoria, que tende a predominar na Ciência, evidencia a causa de não haver geração espontânea entre animais de organização complexa.
No Capítulo XI da Gênese, Kardec trata sobre o Princípio Espiritual, do qual destacamos e resumimos o seguinte:
Princípio Espiritual:- Decorre do princípio: “Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente”.As ações humanas denotam um princípio inteligente, que é corolário da existência de Deus, pois não é concebível a Soberana Inteligência a reinar eternamente sobre a matéria bruta. Sendo Deus soberanamente justo e bom, criou seres inteligentes não para lançá-los ao sofrimento e em seguida ao nada, mas para serem eternos, sobrevivendo à matéria e mantendo sua individualidade.
O Princípio Espiritual é independente do Princípio Vital, pois há seres que vivem e não pensam, como as plantas; a vida orgânica reside num princípio inerente à matéria, independente da vida espiritual, que é inerente ao espírito. Independe também do fluído cósmico universal, tendo existência própria e sendo, juntamente com o princípio material, os dois princípios constitutivos do universo. O elemento espiritual individualizado constitui o Espírito, enquanto que o elemento material forma os diferentes corpos da natureza, orgânicos e inorgânicos. Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir por esforço próprio, através do trabalho imposto a todos até atingir a perfeição. Todos são igualmente objeto da solicitude divina, não havendo quaisquer favorecimentos.
Os mundos materiais fornecem aos Espíritos elementos de atividade para o desenvolvimento de suas inteligências. Os seres espirituais progridem normalmente até atingir a perfeição relativa; como Deus criou desde toda a eternidade, quando do surgimento da Terra, já havia seres espirituais que tinham atingido o ponto culminante da escala, assim como outros surgiam para a vida.
Encontramos na Gênese Cap.VI – Item 19 – A criação universal, a afirmação do Espírito Galileu:
Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogando-lhes, todavia, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.
Observa-se então que em vários pontos da codificação delineia-se a idéia básica da elaboração progressiva do Princípio Inteligente à partir do reino mineral, passando pelo reino vegetal, animal, até finalmente individualizar-se como Espírito, quando passa a encarnar somente no reino hominal, continuando sua ascensão na escala do progresso intelectual e moral, através de encarnações sucessivas, com a finalidade de atingir o máximo grau de perfeição relativa, de vez que somente Deus detém a perfeição absoluta.
Leon Denis, no livro “O PROBLEMA DO SER, DO DESTINO E DA DOR” às pág. 122/123 declara:
“A lei do progresso não se aplica somente ao homem; é universal. Há, em todos os reinos da Natureza, uma evolução que foi reconhecida pelos pensadores de todos os tempos. Desde a célula verde, desde o embrião errante, boiando à flor das águas, a cadeia das espécies tem-se desenrolado através de séries variadas até nós. Cada elo dessa cadeia representa uma forma da existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida; mas, na escala da evolução, o pensamento, a consciência e a liberdade só aparecem passados muitos graus. Na planta, a inteligência dormita; no animal, sonha; só no homem acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente; à partir daí, o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da Natureza, só se pode realizar pelo acordo da vontade humana com as leis Eternas“.
Jorge Andréa, autor contemporâneo dedicado a estudos científicos no campo da paranormalidade, evolução, psiquiatria, esposa esta tese amplamente desenvolvida em seu livro “IMPULSOS CRIATIVOS DA EVOLUÇÃO”, de onde destacamos inicialmente às pág.42:
“De modo que, quando os minerais, por intermédio dos corpos simples, se foram juntando em suas imensas variedades e combinações, as organizações atômicas e moleculares obedeceram a uma energia que os convidou a uma união – uma forma inicial de consciência – um psiquismo em sua mais simples apresentação que, com as idades, se enriquecerá de todas as potencialidades do reino mineral inorgânico, para depois grangear o mundo orgânico, o mundo vegetal e o mundo animal. No seu trajeto, os milhões de milhões de anos se vão desfilando e as energias puras, sem experiências, que partiram do foco central de Energia Universal – Deus, percorreram a escala decrescente até a matéria, como substância transformativa e de possibilidades íntimas totais, fazendo a sua volta ao seio energético de origem como unidades perfeitamente categorizadas (Individualidades) e variáveis pelas nuanças evolutivas, carregadas de experiências que as idades sem conta depositam – é o Princípio Inteligente marchando em constante e ordenada busca…“
Adiante, às fls.114 a 120 aduz:
“O princípio inteligente, essa energia espiritual em constantes experiências e labutas milenares, teria, naturalmente de passar pelos diversos caminhos das organizações da vida terrestre, com finalidade de aprimoramento e cumprimento das suas exigências evolutivas. Para isso o princípio inteligente comandaria o cenário das organizações físicas do planeta nos seus diversos reinos: mineral, vegetal e animal (pág.114) … Terá de existir um princípio inteligente (embora sem consciência de sua mecânica) a comandar e dirigir, em corretas posições, a organização mineral, onde os conhecidos sistemas cristalográficos obedecessem a uma ordem imperiosa e harmoniosa…O princípio inteligente, além das aquisições da fase anterior (mineral), ganharia, na fase vegetal, os novos potenciais da ?sensibilidade?. Este novo vórtice irradiador e mantenedor das necessidades das células vegetais comandaria e sustentaria todo o manancial fisiológico de que se acham investidas (pág.116)… Seria da Lei quando uma energética possui um princípio inteligente, em sua própria posição de trabalho, tentará buscar novas telas de manifestação para afirmação de sua íntima mecânica evolutiva. O Principio inteligente vegetal, mais vivido e experiente de sua fase, despontará nas formas animais, buscando novas afirmações nos instintos. Como os minerais e os vegetais estariam na dependência de um condutor e orientador nas suas expressões planetárias, os animais possuiriam o princípio inteligente, mais avançado e evoluído, como uma alma-grupo de seu reino.(Pág.118)… À medida que as espécies vão perdendo o contacto de colônia, próprio das formas mais simples, vão adquirindo relativa Individualidade e, com isso, o vórtice dinâmico, que dirige seus destinos, já consegue lapidar, na massa energética da alma-grupo-da-espécie, um verdadeiro núcleo (pequeno EU) . Desse modo a alma-grupo dinamismo conjunto que dirige colônias minerais, vegetais e primeiros animais, iria apresentando em seu seio, por maturação evolutiva, pequenos fulcros vorticosos, início de afirmações individuais, porém, que ainda não ousam nem podem viver fora da colônia dinâmica que lhe deu origem e donde se nutrem. Dessa forma, podemos explicar porque a sociedade dos insetos (caso específico das abelhas e das formigas) instintivamente desenvolvem atividades perfeitas e complexas diante de nossa análise e o homem, com sua maior evolução espiritual, muitas vezes se encontra perdido pelo caminho… É que, na sociedade dos insetos, a direção da alma-grupo é inflexível dentro das leis limitadas que convidam o animal à execução dos instintos da espécie, sem possibilidades de análise. No homem, pela maior libertação, pela conquista de grau evolutivo onde existe o livre arbítrio, a sua atividade de horizontes espirituais muito mais largos deixa à zona consciente, sem interferência da zona inconsciente ou espiritual, a escolha do caminho, buscando a segurança consciente e suplantando os determinismos instintivos.” (Pág.120).
Selecionamos finalmente à pág. 124, onde Jorge Andréa cita André Luiz:
“À medida que o princípio espiritual avança na evolução é como se fosse afastando dos determinismos cósmicos e adquirindo diretrizes próprias que o livre-arbítrio pode conceder. Quanto mais evoluído mais livre e mais responsável; quanto menos evoluído mais limitado pela Lei e menos responsável. Ainda André Luiz: ?Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é a base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza qual ser vivo, de forma em forma, até configurar-se no indivíduo humano, em trânsito para a manutenção sublimada no campo angélico“
Dentro do mesmo pensamento, o Espírito Áureo, no livro “UNIVERSO E VIDA”, à pág.42 coloca:
“O Princípio Espiritual é o gérmen do Espírito, a protoconsciência. Uma vez nascido, jamais se desfará, jamais morrerá. Filho de Deus Altíssimo, inicia então a sua lenta evolução, no espaço e no tempo, rumo ao principado celeste, à infinita grandeza crística. Durante milênios vai residir nos cristais, em longuíssimo processo de auto-fixação, ensaiando aos poucos os primeiros movimentos internos de organização e crescimento volumétrico, até que surja, no grande relógio da existência, o instante sublime em que será liberado para a glória orgânica da Vida.“
Em seguida, à pág. 47 (Universo e Vida), cita comunicação contida em ?Os Quatro Evangelhos?, obra mediúnica coordenada por Roustaing que – muito embora sobre outros pontos apresente teorias divergentes em relação à codificação kardequiana – no assunto em questão expressa, de uma forma poética, a origem e trajetória do Princípio Espiritual através dos três reinos da Natureza:
“Ao serem formados os mundos primitivos, na sua composição entram todos os princípios, de ordem espiritual, material e fluídica, constitutivos dos diversos reinos que os séculos terão de elaborar. O princípio inteligente se desenvolve ao mesmo tempo que a matéria e com ela progride, passando da inércia à vida. (…) Essa multidão de princípios latentes aguarda, no estado catalético, em o meio e sob a influência dos ambientes destinados a fazê-los desabrochar, que o Soberano Mestre lhes dê destino e os aproprie ao fim a que devam servir, segundo as leis naturais, imutáveis e eternas por ele mesmo estabelecidas. Tais princípios sofrem passivamente, através das eternidades e sob a vigilância dos Espíritos prepostos, as transformações que os hão de desenvolver, passando sucessivamente pelos reinos mineral, vegetal e animal e pelas formas e espécies intermediárias que se sucedem entre cada dois destes reinos. Chegam, dessa maneira, numa progressão contínua, ao período preparatório do estado de Espírito formado, isto é, ao estado intermédio da encarnação animal e do estado espiritual consciente. Depois, vencido esse período preparatório, chegam ao estado de criaturas possuidoras de livre-arbítrio, com inteligência capaz de raciocínio, independentes e responsáveis pelos seus atos. Galgam assim, o fastígio da inteligência, da ciência e da grandeza.“
Constata-se assim a aceitação geral – tanto por autores encarnados como também pelos Espíritos de escol que nos transmitem seus ensinamentos por via mediúnica – da teoria da dualidade: Elemento Espiritual/Elemento material criados simultaneamente por Deus, sendo que o Elemento Espiritual, desde suas primeiras manifestações, acumula sempre as experiências adquiridas em seu trajeto até o estado de Espírito, sem jamais retrogradar, enquanto que a matéria – criada para a manifestação do Elemento Espiritual que a dirige – pela sua própria natureza está sujeita às transformações, que incluem, nos três reinos, o nascimento, crescimento, decrepitude e morte com a conseqüente destruição (assim entendida como retorno aos elementos constitutivos), para formar novas formas manifestadas pelo Espírito em sua trajetória rumo à Perfeição.
Poder-se-ia, no entanto, questionar como fazer uso, na prática, de todo esse conhecimento.
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Quando levamos em conta que o Espírito é sempre o agente responsável pelos fenômenos que envolvem essa dualidade, torna-se menos árido entender, por exemplo:
a)- o modo pelo qual é naturalmente formado o perispírito, como resultado da atração magnética dos fluidos condizentes com o estágio evolutivo do Espírito, fluidos esses provindos dos mundos em que sucessivamente ele habita;
b)- a memória das experiências, ou seja, a agregação pelo perispírito de todas as experiências adquiridas na condição de Princípio Inteligente durante toda a escala evolutiva até ao estágio atual, o que proporciona o controle e execução das funções automáticas do corpo humano, como por exemplo a função digestiva, a função auto-regenerativa, o controle da circulação sangüínea, etc.), independentemente do grau de conhecimento que o Espírito encarnado tenha à respeito de tais sábias funções;
c)- a transmissão do pensamento e sua ação perante o fluido cósmico universal, podendo-se figurar os nossos pensamentos como os sons de um sino, que fazem vibrar todas as moléculas do ar ambiente, tornando-se então audíveis. Assim, o pensamento impulsionado pela vontade do Espírito, produz a vibração mental que por sua vez repercute no fluido cósmico, desta forma transmitindo-se e podendo ser captado por outros Espíritos, sem verbalização;
d)- torna-se então mais fácil entender-se a formação das formas-pensamento, plasmadas pelo Espírito, como resultado das vibrações no fluido universal;
e)- a formação e manutenção fluídica da aura, assim entendida como emanação do Espírito, identificando seu estado de equilíbrio ou desequilíbrio energético.
Vemos então que a compreensão dos fenômenos naturais se faz mais facilmente quando consideramos sempre a ação da dualidade – Espírito/matéria e levando em conta que o Espírito comanda, consciente ou inconscientemente, as ações da matéria.
Deixamos assim estas reflexões à disposição dos estudantes da Doutrina Espírita, esperando que o estudo a que nos propusemos possa servir como auxiliar no entendimento de questões tão emocionantes como as perquirições a respeito de nossas origens e nossa manifestação no mundo das formas.
Blumenau, 20 de abril de 2002
Joel Matias.
(Publicado no Boletim GEAE Número 440 de 02 de julho de 2002)