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Mediunidade e a Evolução do Psiquismo

Mediunidade e a Evolução do Psiquismo

Isso vem mostrar a importância do estudo da Doutrina Espírita, por ter sido
quem melhor elaborou as condições de exercício da mediunidade, como um dos
adequados caminhos de evolução psicológica. Exercício de mediunidade será o
constante impulso de aperfeiçoamento a buscar todas as angulações no bem.

Nessa síntese, tentativa de descrição do fenômeno mediúnico, conhecido,
comumente, como sendo mediunidade de incorporação (termo inadequado), são
imensas e incontáveis as variações que, por sua vez, estariam atadas aos biótipo
psicológicos de cada ser. Conforme as zonas dos centros corticais(no cérebro)
que fossem mais solicitados, teríamos as variações mediúnicas refletidas nas
conhecidas psicografias, psicofonias (zonas da linguagem), vidência(centro
visuais) e tantas outras modalidades onde as ativações de locais específicos se
mostrem mais contundentes.

Como não existem, no panorama da vida, posições estáticas, a dinâmica
mediúnica avança em constante desenvolvimento, onde o processo de incorporação
em suas variedades – consciente, semiconsciente e inconsciente – estarão na
dependência da solicitação e dominância do comunicante (entidade
espiritual).Desse modo, o processo mediúnico vai sendo como que, a pouco e
pouco, substituído, sem apagamento definitivo, por mecanismo em que o próprio
médium tem uma atuação mais dominante e efetiva.

Na mediunidade de incorporação, a irradiação da entidade espiritual que se
comunica é bem mais ativa do que a posição do médium, que se torna mais passiva.
Esta condição pode ser denominada de mediunidade receptiva – o médium com sua
passividade recebe o que lhe é imposto pelo comunicante.

No segundo caso, onde o médium exerceria, pela sua vontade, uma espécie de
procura sobre as condições dos seus porquês, ele impõe, mesmo de modo
inconsciente, forte carga afetiva-emocional, o que propiciaria alargamento e
ampliação de suas antenas mediúnicas (campo de irradiação perispiritual). Com
isso, passaria a trafegar nas correntes superiores de pensamento, buscando
idéias mais precisas na definição das suas inquirições. Neste caso, teríamos a
outra variedade mediúnica que poderíamos chamar de mediunidade captativa. A
região cerebral mais adequada a tal cometimento seria a dos lobos frontais, onde
centros nervosos específicos devem existir em virtude de suas apuradas funções,
ao lado da ajuda e ativação do hemisfério cerebral direito; enquanto que, no
outro tipo mediúnico(processo receptivo), as zonas do centro cerebral seriam as
mais solicitadas. No mecanismo receptivo prepondera o processo analítico, no
mecanismo captativo o processo sintético; no receptivo, portanto, o intelecto,
no captativo a intuição. Hoje temos como assertiva que o lado esquerdo do
cérebro, onde existem os centros de linguagem, é região da programação racional,
dos fatos analíticos que compõem o nosso dia-a-dia da pesquisa intelectiva. O
lado direito do cérebro estaria ligado aos processos criativos, imaginativos,
aos dons artísticos e todos os componentes da intuição.

Desse modo, o fator evolutivo que acompanha a vida na sua eterna busca do
Infinito também estaria presente na dinâmica mediúnica, onde a variedade
denominada incorporação, de características analíticas, iria avançando para uma
posição mais abrangente de totalidade, de síntese, a desembocar nos fatores da
intuição.

Será bem lógico de compreender-se que os degraus evolutivos terão de ser
experienciados, e que não se pode ter as antenas da intuição ativadas e bem
ajustadas se não houver passagem pelos degraus das posições analíticas que, por
sua vez, em esgotando os potenciais por maturação de vivências, despertariam no
degrau superior, onde a intuição mostra uma nova gleba a ser trabalhada e
elaborada. A mediunidade que vem acompanhando o homem, através das conhecidas
civilizações se irá beneficiando dos imensos fatores aquisitivos, reconhecidos
no dia-a-dia pelas pesquisas da ciência e da filosofia. Esta última, por sua
vez, oferece no desfile dos pensamentos as condições éticas para um estado de
religiosidade. Assim, o homem inquieto dos dias presentes, na busca de seu
próprio estado de religiosidade, não mais atende moldes religiosos constituídos
de aparatos externos, mas, sim, a busca de um Deus na intimidade de sua própria
consciência.

.Revista “Presença Espírita”, jan./fev.de 1994