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O membro fantasma

O membro fantasma

 

O ilustre pensador e Codificador Espírita Allan Kardec vem ao encontro do notável
almirante britânico, ratificando e complementando:

“O perispírito é o laço que à matéria do corpo prende o Espírito, que o tira
do meio ambiente, do fluido universal. Participa ao mesmo tempo da eletricidade,
do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que
é a quintessência da matéria. É o princípio da vida orgânica, porém não o da vida
intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores.
No corpo, os órgãos, servindo-lhes de condutos, localizam essas sensações.”
3

E mais adiante volta a esclarecer:

“Do mesmo modo, se o Espírito não tivesse perispírito, seria inacessível a toda
e qualquer sensação dolorosa.” 4

Segundo o neurologista V. S. Ramachadran não são apenas pernas e braços fantasmas,
há muitos casos de seios fantasmas em muitas pacientes que sofreram uma mastectomia
radical (retirada da mama). O renomado neurologista registra também um caso de apêndice
fantasma onde o paciente se recusava a acreditar que o cirurgião o tinha retirado
devido as dores que persistiam.

O neurocirurgião norte-americano Wilder Graves Penfild (1891-1976) durante as
décadas de 1940 e 1950, estabeleceu uma distribuição topográfica detalhada das áreas
sensoriais e motoras do cérebro, isto é, um mapa desenhado com informações compiladas
de cérebros humanos reais. Penfild fez várias cirurgias de cérebro em pacientes
sob anestesia local e como em muitas vezes grande parte do cérebro ficava exposta
durante a operação, ele aproveitava a oportunidade para fazer experiências que nunca
tinham sido tentadas antes. Estimulando regiões específicas dos cérebros de pacientes
com um eletrodo e simplesmente perguntando o que sentiam, Penfild trouxe a tona
todos os tipos de sensações, imagens e lembranças, e as áreas do cérebro puderam
ser mapeadas. Penfield descobriu surpreso que a área envolvida com os lábios ou
com os dedos, ocupava tanto espaço quanto a área envolvida com todo o tronco do
corpo e concluiu que assim seria porque os lábios e os dedos são altamente sensíveis
ao toque e capazes de discriminação muito apurada, enquanto o tronco seria menos
sensível. Muito bem!

Essas questões levaram Tim Pons e seus colegas a entrarem na pesquisa:

“Sua estratégia foi registrar sinais dos cérebros de macacos que tinham sido
submetidos a uma rizotomia dorsal – um procedimento em que todas as fibras nervosas
que transportam informações sensoriais de um braço para a medula espinhal são completamente
cortadas. Onze anos depois da cirurgia, eles anestesiaram os animais, abriram seus
crânios e fizeram registros a partir do mapa somatossensório. Como o braço paralisado
do macaco não estava enviando mensagens ao cérebro, não se esperava registrar quaisquer
sinais quando você tocasse na mão inútil do macaco e registrasse a partir da “área
da mão” no cérebro. Deveria haver um grande nesga de córtex silenciosa correspondente
à área afetada.

De fato, quando os pesquisadores bateram na mão inútil, não houve nenhuma atividade
nesta região. Mas, para sua surpresa, eles descobriram que, quando tocaram no rosto
do macaco, as células cerebrais correspondentes à mão “morta” começaram a se excitar
vigorosamente. (O mesmo aconteceu com as células correspondentes à face, mas isso
já era esperado.) Aparentemente, a informação sensorial da face do macaco não somente
ia para a área da face no córtex, como aconteceria num animal normal, mas também
tinha invadido o território da mão paralisada!” 5

O Dr. Ramachadran resolveu também embarcar na pesquisa e descobre no rosto de
Tom (um de seus pacientes com membro fantasma), um mapa completo da mão fantasma
e concluiu que a maneira de explicar o toque, que gerou sensações na mão fantasma
numa área tão distante do tronco (o rosto), seria no mapeamento peculiar das partes
do corpo no cérebro, como rosto se localizando logo abaixo da mão.

Não satisfeito o Dr. Ramachadran continuou a explorar a superfície do corpo de
Tom. Quando tocava seu tórax, o ombro direito, a perna direita ou a parte inferior
das costas, ele tinha sensações apenas nesses lugares e não no fantasma. Mas pesquisa
vai, pesquisa vem e o Dr. Ramachadran descobri um segundo e bem traçado mapa de
sua mão desaparecida, agora na parte superior do braço esquerdo, acima poucos centímetros
da linha da amputação. Quando tocava a superfície da pele deste mapa no braço de
Tom, o Dr. Ramachadran provocava sensações localizadas precisamente em cada dedo.
Uau!

Não demorou muito e o neurologista italiano, Dr. Salvatore Aglioti descobriu
que muitas mulheres submetidas a mastectomia radical sentiam nítidos seios fantasmas.
Procurando por respostas ele resolve pesquisar e descobre que estimulando regiões
adjacentes no tórax, isto é, partes do esterno e da clavículas, produzia sensações
no mamilo do seio fantasma.

A causa destes fenômenos não é o cérebro, como querem os acadêmicos reducionistas
e sim o Espírito via perispírito. Com a palavra Allan Kardec:

“…Ora, não sendo o perispírito, realmente, mais do que simples agente de transmissão,
pois que no Espírito é que está a consciência, lógico será deduzir-se que, se pudesse
existir perispírito sem Espírito, aquele nada sentiria, exatamente como um corpo
que morreu.” 6

Lamentamos profundamente pelo descaso dos neurocientistas que pensam que o cérebro
é tudo. As vezes parecem mágicos tentando tirar da cartola não apenas coelhos, mas
sim, o segredo da vida. Outras vezes parecem malabaristas e com contorcionismos
mentais tentam agradar a gregos e troianos. Parece que agora temos uma neofrenologia!

Mais uma vez vamos ao encontro de Kardec, para ouvir suas advertências:

“Tomando em consideração apenas o elemento material ponderável, a Medicina, na
apreciação dos fatos, se priva de uma causa incessante de ação. Não cabe, aqui,
porém, o exame desta questão. Somente faremos notar que no conhecimento do perispírito
está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis.” 7

Vale a pena lembrar que no fenômeno da amputação o que é cortado ou retirado
é a parte física do corpo. A chave para explicação dos membros ou sensações fantasmas,
é o perispírito e fim papo!

Bibliografia:

  • Grande Enciclopédia Larousse Cultural, Nova Cultural, 1998, vol. 18, pág.
    4452
  • Fantasmas no Cérebro – Uma investigação dos mistérios da mente humana, V.S.
    Ramachadran, Ph.D e Sandra Blakeslee, tradução de Antonio Machado, Editora Record,
    2002, pág. 49
  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 76ª edição,
    FEB, pág. 165, Ensaio teórico da sensação nos Espíritos.
  • Idem, pág. 167
  • Fantasmas no Cérebro – Uma investigação dos mistérios da mente humana, V.S.
    Ramachadran, Ph.D e Sandra Blakeslee, tradução de Antonio Machado, Editora Record,
    2002, págs. 54 e 55
  • O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 76ª edição,
    FEB, pág. 167, Ensaio teórico da sensação nos Espíritos.
  • O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, tradução Guillon Ribeiro, 62ª edição, FEB,
    pág. 78, segunda parte, Das manifestações espíritas, capítulo 1, Da ação dos Espíritos
    sobre a matéria, item 54