Moderna sentença Salomônica
Num pronunciamento semelhante ao do rei Salomão, um juiz determinou, a 21 de
julho de 1978, que um casal divorciado deve cremar o corpo de seu filho e cada
um ficar com parte das cinzas, a não ser que cheguem a um acordo sobre quem tem
direito de enterrar a criança.
O juiz itinerante do Condado de Kene, George Cook, fez essa determinação no
caso que envolve os pais de Greg Dunn, de 13 anos, que morreu dias atrás, vítima
de fibrose cística. Os pais, James Dunn e Anne Simmons não chegaram a um acordo
sobre quem teria o direito de enterrar o menino.
Lou Hoos, advogado de Simmons, disse que sua cliente ficou horrorizada pela
sugestão e que não faria mais qualquer esforço para enterrar seu filho no jazigo
na família. O juiz Cook declarou que esta foi uma das decisões mais difíceis que
teve de tomar. Segundo Cook “Nós, juízes, somos requisitados para fazer papel de
Deus, um papel para qual não somos treinados nem preparados”. Cook disse que não
viu outra solução, a não ser que os pais decidam, fora do Tribunal quem terá a
custódia do corpo de Greg Dunn.
Segundo o juiz, “é obvio que ambos amavam profundamente o filho. Ambos
enfrentaram um inferno particular, o qual, provavelmente, nenhum de nós pode
compreender ou avaliar e que, espero, nunca tenhamos de enfrentar”.
A determinação de Cook foi semelhante à história bíblica do rei Salomão, que
resolveu o problema de duas mulheres que alegavam mães da mesma criança.
Salomão ordenou que a criança fosse cortada ao meio e dividida entre as duas.
Quando uma das mulheres disse que preferia entregar seu filho a vê-lo morto,
Salomão disse então que era ela a mãe verdadeira. E você que atitude tomaria?