Tamanho
do Texto

A Morte Segundo Cairbar Schutel

A nossa História já bem registrou informes sobre muitos beneméritos da humanidade. Espíritos sábios que souberam aproveitar a célere oportunidade de uma vida, exemplificando pelos atos e palavras a convicção absoluta na existência de Deus e no insuperável testemunho de Jesus, retornando da morte para atestar a continuidade da vida. Um desses certamente foi Cairbar de Souza Schutel.
Espírito lúcido e cônscio de suas tarefas e compromissos, marcou a Pátria amada, durante sua trajetória pela terra adorada, com indeléveis e inesquecíveis lições e textos, os últimos reunidos em um dos maiores legados por ele deixados: seus livros.
A problemática da morte, seguramente, foi uma questão com a qual se preocupou. Afinal, quem não tem interesse em melhor entender este inexorável desfecho, a alcançar-nos, mais hoje, mais amanhã. Motivado pelas inúmeras e oportunas abordagens do Bandeirante do Espiritismo sobre o tema, recolhemos algumas delas em uma pesquisa não exaustiva, disseminadas ao longo da sua valiosa herança escrita:
Espiritismo e Protestantismo (1911)
“O estacionamento é a morte e nós espíritas cremos na vida eterna.” (cap. XIII – A crença por decreto)
Histeria e Fenômenos Psíquicos (1911)
“Ora, o nosso corpo, sobrevive à morte terrestre com todas as suas faculdades (…)” (cap. IV – Teoria mecânica e espírita)
O Diabo e a Igreja (1914)
“Pelo que vê o leitor, nosso fim é despertar, em todos, o raciocínio e o sentimento da Imortalidade – convidar os trôpegos, os estropiados e os humildes – aqueles que não querem adquirir o Reino do Mundo, mas querem possuir o Reino dos Céus, que é o reinado da Paz, do Amor, da Sabedoria, colunas indestrutíveis e portentosas em que se acha assentado o Templo da Verdade!” (Prefácio)
Espiritismo para crianças (1918)
“O que é Religião?
É a ciência que nos conduz a Deus, tornando-nos conhecedores dos nossos deveres e dos nossos destinos depois da morte.” (Religião)
“Sendo a religião uma ciência que nos ensina os nossos destinos depois da morte, qual é a natureza intima do homem? O homem é apenas corpo?” (O Homem e a Imortalidade)
“Não, o corpo humano não é mais do que o instrumento de que o Espírito se serve neste mundo para trabalhar pelo seu adiantamento. Por ocasião da morte, o “homem espiritual” abandona o corpo como nós fazemos à roupa velha.” (O Homem e a Imortalidade)
Interpretação Sintética do Apocalipse (1918)
“A ideia religiosa traz, como consequência, a sobrevivência do Espírito à morte do corpo, e deste axioma derivam as condições físicas e morais do homem depois da morte.” (Deduções filosóficas da religião)
Cartas a Esmo (1918)
“Com esse intuito é que Deus permite as manifestações espíritas, provas irrefragáveis da existência da alma e sua sobrevivência à morte do corpo.” (cap. III – A Crença Cega e a Crença Raciocinada)
Médiuns e Mediunidades (1923)
“O Espírito tinha a sua individualidade antes de se encarnar e conserva a sua individualidade depois da morte do corpo.” (cap. XXXVI – Resumo dos ensinos dos espíritos)
“Por toda a parte está a vida, e até na própria morte ela se manifesta, porque a morte não é mais que um movimento de renovação, de transformismo para a perfeição.” (cap. XXXVIII – A vida e a morte)
Gênese da Alma (1924)
“As manifestações póstumas dos animais deixam ver claramente que eles são dotados de um corpo imponderável que sobrevive à morte do corpo carnal.” (cap. XXXI – Demonstração positiva da alma dos animais)
“O nada não existe: trevas, morte, sepulcros, não são mais que berços que acalentam as variadas formas da Vida para entregá-las à Eternidade.” (Súmula)
“Que deus é esse que cria seres [animais] que sentem e que amam, em quem se verificam os mesmos cinco sentidos que caracterizam o bípede humano, fá-los passar por uma série longa de sofrimentos e por fim aniquila-os para sempre, extingue-os na noite tenebrosa da morte!” (cap. III – As tábuas do Sinai)
Espiritismo e Materialismo (1925)
“Para ter certeza se a alma sobrevive à morte do corpo, o meio mais seguro é procurarmos estabelecer relações com essas almas nossas amigas que já se despojaram do seu corpo material.” (cap. III – Estudo experimental)
“Seria mesmo impossível conceber uma alma sem corpo, pois é lógico que a alma existindo deve forçosamente ter um corpo imperecível que a acompanha antes e depois da morte.” (cap. IV – A alma revestida do seu corpo fluídico)
Fatos Espíritas e as Forças X… (1926)
“Desça o homem do pedestal em que falsamente se colocou, e reconhecerá as suas aptidões, compreenderá a sua existência independente do corpo carnal e sua sobrevivência à morte desse corpo, instrumento que é da sua manifestação na Terra.” (cap. VII – Espírito – força e matéria)
Parábolas e Ensinos de Jesus (1928)
“Mas a morte foi vencida, e não teve outro resultado senão demonstrar a Vida!” (Preâmbulo)
“Há alma morta em corpo vivo, porque, assim como o corpo sem alma é morto, o Espírito sem a Fé que vivifica e felicita é um ser inerte como um cadáver.” (As duas mortes)
“A cruz, emblema da morte, vai cair, para dar lugar ao Espírito, personificação da ressurreição…” (Cruz e cruzes)
“O Espírito vive, insistamos, e a morte não é mais que uma transformação para um estado melhor.” (Cristianismo e imortalidade)
O Espírito do Cristianismo (1930)
“De fato, o que nos valem os ensinos de Jesus, os exemplos que nos legou de uma vida de pureza, as maravilhas que produziu, se não temos a crença na Imortalidade, se julgamos que tudo se finda com a morte, se o nosso Saduceísmo vai ao ponto de crer que Deus é só para esta existência!” (As manifestações póstumas)
A Vida no Outro Mundo (1932)
“Para saber o que se passa no momento da morte, como se desenrola esse fenômeno, podemos recorrer à descrição de muitos clarividentes, que observaram a crise da morte, assistindo a moribundos.” (cap. XI – O mistério da morte)
Vida e Atos dos Apóstolos (1933)
“Paulo viu a Jesus depois dos judeus O haverem crucificado e matado; e eles achavam que isso era impossível. Para essa gente a morte era a destruição de tudo, mas para Paulo assim não era, pois tinha não só o testemunho pessoal de que Jesus vivia, como também o testemunho alheio que corroborava o seu testemunho.” (A Exposição de Festo ao Rei Agripa)
Preces espíritas (1936)
“Deixastes o grosseiro invólucro sujeito às vicissitudes e à morte; conservais somente o invólucro etéreo, imortal e inacessível aos sofrimentos.” (34 – Por alguém que acaba de morrer)
Conferências Radiofônicas (1937)
“E assim que se explica a indissolubilidade do Amor contra a qual a morte não tem poder; é assim que se explica o brado de São Paulo, nos combates do espírito contra a morte e seu definitivo triunfo da vida: – “Ó morte, onde está o teu aguilhão! – ó túmulo, onde está a tua vitória!”” (O espiritismo através dos livros sagrados)
“Felizmente, graças às experiências espíritas, a morte está perdendo o seu caráter aniquilador.” (A morte reformada)
Com relação às três obras: A questão religiosa, Liberdade e progresso e Pureza doutrinária, infelizmente não pudemos realizar a pesquisa por falta de cópias dos livros, fossem elas físicas ou mesmo em arquivos digitais.
O Batismo (1941)
O Batismo, como se sabe, não foi propriamente escrito por Cairbar, mas consiste numa consolidação realizada pelos editores, ao reunirem textos escritos de sua autoria, na época esparsos e ainda não publicados, que foram encontrados após seu desencarne. No livro, não há menção explícita sobre a morte, mas, se desejarmos, podemos ver a mão de Cairbar oferecendo mais um legado à posteridade, quando, mesmo já não estando entre os “vivos”, pode ter sugerido a elaboração desta obra, em mais uma demonstração da inexistência da morte. Além disso, o batismo pode ser visto simbolicamente como o momento do nascimento da criança, perante a comunidade, ou seja, mais uma vez a vida prevalecendo.
Destas poucas citações selecionadas, pois que há muitas outras, percebe-se o quão distante da morte viveu o Apóstolo de Matão. Certamente aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar de seu convívio, devem ter sentido esta pujança de vida ao longo da existência deste singular Espírito.
A ideia da perpetuidade da vida foi muito clara para Cairbar, porquanto, poucas horas depois de sua desencarnação, em mais um atestado eloquente da imortalidade, reapareceu e pela mediunidade de Urbano de Assis Xavier nos deixou outra inolvidável pérola: “Vivi, vivo e viverei, porque sou imortal.”

Autor: Rogério Miguez