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O Natal, Por que 25 de dezembro?

O Natal, Por que 25 de dezembro?

A Bíblia não apresenta nenhuma referência relativa à data do nascimento de
Jesus Cristo. Não é uma questão de esquecimento, e muito menos de ser tratado
como um fato irrelevante. Pelo contrário! Na realidade os antigos calendários
romanos eram muito pouco confiáveis, e Roma, através de Júlio César tinha recém
apresentado em 45 AC, um novo modelo, que incluía o mês de Julho, em sua própria
homenagem. Posteriormente o Imperador Augusto, que o sucedeu, incluiu Agosto,
também com 31 dias, por se considerar igualmente importante. Por isso até hoje
Fevereiro, órfão no inverno europeu, tem menos dias que os demais meses do ano.
Os antigos calendários romanos tinham às vezes, semanas de quinze dias e meses
de dez dias, de acordo com o humor do Imperador reinante.

Os antigos, não tinham o privilégio de saberem as datas de nascimento,
casamento ou falecimento, pois estas simplesmente não estavam disponíveis para
os menos abastados. Esses registros só são tratados de forma sistemática, pela
Igreja Católica, a partir de 1640. Não existem registros históricos a respeito
de ”Festas de Aniversário” na Antigüidade. Não é de se supor que existissem.
Pelo menos nada contribui para que assim se pense.

Além disso, o tempo era tratado de forma cíclica e repetitiva, sob a
perspectiva lunar voltada mais para a agricultura, e a pequena criação de
animais domésticos. Sob esse aspecto, os solstícios da Primavera e do inverno,
eram reverenciados com certo grau de importância. Os Celtas, descendentes
provavelmente dos Hititas e que imigraram do Oriente Médio para o norte da
Europa em duas levas, entre 7.000 e 5.000 AC, tratavam o Solstício do Inverno,
em 25 de dezembro, como um momento extremamente importante em suas vidas. O
ingresso no túnel longo e escuro do inverno, não dizia quem regressaria da
viagem insólita. Longas noites de frio, por vezes com poucos gêneros
alimentícios e rações, para si e para os animais com que conviviam num mesmo
cômodo, para manter a temperatura mais amena. Ao grande banquete de despedida,
no dia 25 de dezembro, seguiam-se 12 dias de festas terminando no dia 6 de
Janeiro.

Esses rituais pagãos receberam, no decorrer dos tempos, outros nomes, em
outras sociedades.

Em Roma, o Solstício do Inverno era celebrado, muitos séculos antes do
nascimento de Cristo. Os Romanos o chamavam de Saturnálias (Férias de Inverno),
em homenagem a Saturno, o Deus da Agricultura, que permitia o descanso da terra.
Em 274, o Imperador (270-275) Aureliano (214-275), proclamou o dia 25 de
dezembro, como “Dies Natalis Invicti Solis” (O Dia do Nascimento do Sol
Inconquistável). O Sol reinando com seu calor no espaço, muito acima do frio
inverno na Terra.

O Papa (337-352) Júlio I (280-352), decretou em 350, que o nascimento de
Cristo, deveria ser comemorado no dia 25 de Dezembro, pois o calor do seu amor
eterno, era mais importante do que qualquer outra forma de proteção.

Santo Agostinho (354-430), filho de Santa Mônica, e Bispo na Numídia, no
norte da África, foi o primeiro grande Teólogo da Igreja Católica, e que
escreveu “Cidade de Deus” e “Confissões”, foi o primeiro sacerdote da Igreja
Católica a dedicar-se ao estudo do tempo, sob a perspectiva platônica. Suas
analogias entre a “Cidade de Deus” e a “Cidade dos Homens”, guiaram o pensamento
da cristandade até a Idade Média. São Tomás de Aquino, apenas reorientou-o,
embasado na lógica aristotélica.

No entanto o Calendário Juliano, elaborado sob a orientação do Cônsul Romano
Júlio César, tinha o defeito de perder um dia a cada 128 anos, fazendo o “Ano
Tropical” se deslocar cada vez mais para trás.

Posteriormente o Papa (1572-1585) Gregório XIII (1502-1585) através da Bula
Papal, “Inter Gravissimus”, assinada em 24 de fevereiro de 1582 apresentou um
novo calendário, com um “Ano Tropical”, de 365,2524 dias (365 97/400), fazendo
com que o erro de um dia fosse diluído por 3.300 anos. A proposta foi formulada
Aloysius Lilius, um físico napolitano, e aprovada no Concílio de Trento
(1545/1563). O erro foi corrigido, fazendo com que ao dia 4 de outubro de 1582,
sucedesse imediatamente o dia 15 de outubro do mesmo ano.

Onze dias de erros acumulados, desapareceram do mapa! Nesses período de
tempo, ninguém nasceu, casou ou faleceu nas Penínsulas Itálica e Ibérica,
incluindo ai as colônias portuguesas e espanholas nas Américas. Outros países o
adotaram posteriormente. România em 1919 e Rússia em 1918, foram os últimos.

Mas o fato interessante desta correção, é que a distribuição do erro pelo
decorrer do ano, fez com que o Solstício do Inverno, mudasse de data, passando a
acontecer, dependendo do ano, entre o dia 21 e o dia 23 de dezembro. Esta era a
razão fundamental para comemoração do Nascimento de Jesus, no dia 25 de
Dezembro, a porta de entrada da estação do inverno no Hemisfério Norte.

O Natal continuou a ser comemorado no dia 25 de Dezembro!

Outros problemas persistem ainda sem solução. Inclusive o do ano em que
vivemos atualmente. Quando Cristo nasceu, estávamos sob o Calendário Juliano,
que só começou a ser seguido fielmente a partir do ano 8. Hoje em dia, sabemos
que há pelo menos uma diferença de no mínimo 6 anos, em relação ao ano correto
do nascimento de Cristo. Antigamente os anos eram contados a partir da fundação
de Roma. Mas a data da fundação de Roma, não é corretamente conhecida. A mais
comumente aceita, é 21 de Abril do terceiro ano, da 6a Olimpíada, que
corresponderia a 753 AC, segundo os cálculos de Varro (116-27 AC). Na era
Varroniana, 753 AC é conhecido como o ano 1 AUC, “Ab Urbe Condita” (desde a
fundação da cidade).

Dionysius Exiguus, que viveu no 6o século DC, procurou estabelecer uma
sucessão seqüencial dos governantes romanos, para fixar o ano do nascimento de
Cristo. Cometeu no entanto dois grandes erros conhecidos;

  1. não computou que Caesar Augustus, sobrinho-neto de Julius Caesar, governou
    quatro anos sob o nome de “Otaviano”, como parte de um triunvirato.
  2. considerou como ano anterior ao ano 1 DC, o ano 1AC. Com isto mais um ano,
    o “ano zero”, deixou de ser incluído na contagem.

Portanto o Natal não é comemorado no dia do Solstício do Inverno, como se
pretendia, nem estamos no ano 2001! Conseqüentemente Cristo nasceu, segundo se
sabe até agora, no ano 6 AC, o que é uma grave incoerência. Mas o que importa é
o que nossos corações estão dispostos a oferecer de amor. Esta é a verdadeira
lição que Ele nos legou.