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No Dia do Julgamento

No Dia do Julgamento

s. Trabalhava numa
indústria de grande porte do setor automobilístico, pegava o seu serviço a seis
horas da manhã e largava às quinze horas. Como morava muito longe, saía de casa
pontualmente às quatro horas da madrugada, o sol ainda nem tinha se levantado.
Apesar de todas as dificuldades não reclamava, ao contrário, sempre agradecia a
Deus pelo trabalho, pela casa e pela família.

Sua esposa e seus dois filhos vinham todos os dias esperá-lo no portão da
casa. Os filhos ao vê-lo, acabando de dobrar a esquina, iam ao seu encontro numa
disparada de braços abertos para um abraço apertado. Nos fins de semana iam ao
clube para o merecido descanso e lazer. Também era muito estimado no bairro onde
morava. Assim era a vida de João Honesto. Até que um dia…

Pouco depois de sair de casa, foi surpreendido por um assaltante que, de
revólver em punho, lhe exigiu todo o dinheiro. João assustado não conseguia nem
falar, mas diante da insistência do assaltante teve que vencer esta dificuldade
e entregou ao larápio todo o dinheiro que possuía no bolso. Era uma quantia
muito pequena, pois somente levava o suficiente para a lotação e um pequeno
lanche na fábrica. O ladrão ao ver a quantia que tinha em suas mãos soltou um
palavrão (que não posso colocar aqui) e desfechou um tiro certeiro na cabeça de
João, que imediatamente caiu ao chão e, poucos segundos depois, deu o seu último
suspiro.

Família em desespero, amigos inconformados, todos indignados com tanta
violência era o quadro de seu velório. Naquele mesmo dia a polícia conseguiu
prender o assaltante. Todos aguardavam ansiosamente o dia em que ele seria
levado à justiça.

O tempo não parava de correr, até que um dia chegou o julgamento do
assaltante. Formada a corte, com o Meritíssimo Juiz e os jurados, para iniciar o
processo que o povo movia contra ele, pela morte de João Honesto.

O Promotor de Justiça conseguiu provar pelos fatos, que o assaltante era
realmente o culpado pela morte de João. O advogado de defesa ficou sem
argumentos, pois as provas eram tão evidentes que pouco lhe restou fazer para o
seu cliente. Os que iriam julgar ficaram convencidos da culpa, era esperada a
sentença de uns trinta anos de reclusão.

Entretanto o desfecho não foi o esperado, pois o Juiz absolveu o réu. Mas
como??? É simples. Antes de dar a sentença o Juiz perguntou ao assaltante o que
tinha a dizer em sua defesa. Tomando a palavra, disse que estava sinceramente
arrependido de ter matado a João Honesto e que nunca mais faria coisa igual.
Assim, diante disso, o Juiz o absolveu.

É um absurdo. Ouvi você dizer. Concordo plenamente com você. Mas pense bem,
não é o que a maioria espera em relação aos nossos crimes perante a justiça
divina, ou seja, que simplesmente seremos perdoados e pronto. Ora, se não
concordamos com uma justiça humana desta maneira, por que então haveremos de
concordar com uma justiça divina semelhante?

Por outro lado, se nestes casos a justiça humana aplica uma pena de tal forma
que o indivíduo tenha chance de se recuperar e voltar a viver em sociedade, como
pensar que a justiça divina nos coloca a pagar ETERNAMENTE, sem nenhuma
oportunidade de recuperação? Temos dito que se Deus nos impuser uma pena eterna,
quando do nosso julgamento apelaremos para a justiça dos homens, pois, dentro
desta ótica, são mais “humanos” do que Deus. Você não faria o mesmo?

A nossa vida de espírito é apenas uma, mas a nossa passagem pelo corpo físico
ocorre várias vezes, assim é que a justiça divina se faz. O que não podemos
pagar numa vida no corpo físico pagaremos em outra, até que finalmente tenhamos
pago o “último ceitil”. Pense nisso.

Maio/2001.